Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA GIOVANNA DA COSTA SANTOS ARQUITETURA X CUBO Salvador - Bahia 2017 Introdução O cubo pode ser visualizado, por alguns, apenas como um poliedro regular de seis faces. Todavia, na arquitetura, ele atua como base fundamental do processo criativo ao permitir que, através de transformações em sua forma, sejam criados os mais diversos projetos e espaços. A versatilidade desse sólido é marcante na paisagem urbana, seja quando utilizado na base formadora das ideias, no pensamento estruturante das construções ou nos detalhes que conferem personalidade aos mais simples volumes. Numa perspectiva histórica, o cubo e suas variações foram amplamente utilizados pelo movimento neoplasticista, que buscava ressaltar o aspecto puro da criação através da simplicidade das formas e da abstração geométrica. Influenciados por Piet Mondrian, grandes nomes ao redor do globo, como Theo van Doesburg e Ole Scheeren imprimiram em suas obras esse misto de estética e lógica, diretamente relacionado às formas tridimensionais, à harmonia e ao equilíbrio. As possibilidades de transformação Em seu livro Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem, o arquiteto Francis Ching explora e desenvolve as diferentes maneiras de se alterar a forma do cubo — as transformações dimensionais, aditivas e subtrativas. A manipulação dos sólidos primários é mostrada, em suas ilustrações, como a base da concepção dos volumes à nossa volta, que são facilmente modificados a partir da modificação de suas formas originais. As transformações dimensionais, como definidas pelo autor, possibilitam alterar o sólido sem tirá-lo de seu grupo de formas prismáticas semelhantes, conservando sua identidade ao alterar apenas suas dimensões. Já as transformações aditivas e subtrativas podem alterar a família a que a forma pertence, pois modificam significativamente o corpo ao acrescentar ou remover partes até gerar o volume final. O cubo na obra de Theo van Doesburg Fortemente influenciado por Mondrian, foi conduzido à estilização dos objetos e à sua simplificação até as formas geométricas puras, obedecendo aos princípios da construção ortogonal e buscando deixar para trás o materialismo, substituindo-o por uma abstração espiritualizada e mecanizada. Adotou um método de exposição gráfica que permitia ver todos os elementos componentes da casa, que possuíam plantas assimétricas feitas de forma que seus volumes prismáticos aparentassem “crescer” a partir de um núcleo central. “A subdivisão dos espaços funcionais está determinada estritamente por planos retangulares, que não possuem formas individuais em si mesmos pois, embora estejam limitados (um plano por outro), podem imaginar-se como estendidos até o infinito, formando assim um sistema de coordenadas cujos diferentes pontos corresponderiam a um número igual de pontos no espaço universal aberto.” O cubo na obra de Ole Scheeren Parte de um escritório que leva seu nome, Ole Scheeren é responsável por grandiosos projetos espalhados pelo mundo, muitos deles levando o cubo como base de sua forma final. Dentre seus projetos, pode-se citar a casa de leilões e centro cultural Guardian Art Center e o estúdio de arte Studio ZX, ambos na China, o complexo residencial The Interlace, em Singapura, e o edifício MahaNakhon, na Tailândia. Guardian Art Center, China Studio ZX, China The Interlace, Singapura MahaNakhon, Tailândia “Vemos beleza na crueza e no refinamento, na desmaterialização e até na monumentalidade [...]. Somos inspirados pela complexidade. Pela sua beleza e liberdade, pela sua natureza subversiva, pela sua inabilidade de ser completamente definida. Mas também somos comprometidos com a clareza, com uma racionalidade forte e lógica, e com um entendimento total de qualquer coisa que esteja em jogo. ”
Compartilhar