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Feminicídio – A nova lei terá a capacidade de diminuir a número de assassinatos contra a mulher em Pernambuco. 
Feminicide - The new law will have the capacity to reduce the number of murders against women in Pernambuco.
Nathaly Marques da Silva
Resumo: A violência contra a mulher que resulta em feminicídio é uma realidade vivenciada no estado de Pernambuco. Analisando todo o aspecto histórico de vulnerabilidade e discriminação contra a mulher, abordando as questões socioeconômicas, culturais e jurídicas. 
Em combate a desigualdade de gênero e violência contra a mulher os movimentos feministas contribuem bastante para a mudança do cenário violento no estado. O objetivo deste trabalho é apresentar os casos de feminicídio no estado de Pernambuco, e a necessidade de mais políticas públicas para igualdade de gênero e proteção as mulheres.
Palavra-chave: políticas públicas, violência, mulher e desigualdade.
	
Abstract: Violence against women resulting in femicide is a reality experienced in the state of Pernambuco. Analyzing the whole historical aspect of vulnerability and discrimination against women, addressing socioeconomic, cultural and legal issues.
In combating gender inequality and violence against women, feminist movements contribute greatly to changing the violent landscape in the state. The aim of this paper is to present the cases of feminicide in the state of Pernambuco, and the need for more public policies for gender equality and protection of women.
 Key words: public policies, violence, women and inequality.
Introdução 
Este trabalho tem como propósito nortear os casos de feminicídio praticados no estado de Pernambuco, trazendo uma análise jurídica e social, com intuito de promover a visibilidade para esta qualificadora do crime de homicídio. Apresentando também os movimentos feministas/sociais, onde há atuação das demandas de decretos e políticas públicas em combate a violência de gênero (feminino) e desigualdade de gênero. 	Esclarecendo o porquê das diretrizes nacionais de feminicídio para investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres, também o interesse social pelo protocolo Latino-Americano de investigação de mortes violentas de mulheres por razões de gênero. A falta de informação social acerca do tema, a necessidade de estruturas para mulheres vítimas de agressões, e a urgente necessidade de desconstrução da cultura machista.
Não basta apenas a tipificação da lei, é primordial mudanças estruturais em nossa sociedade que permitam segurança e dignidade paras as mulheres. Podemos observa que o Estado/Governo de Pernambuco tem buscado efetividade pois possui diversos programas voltados a proteção e tratamentos de mulheres em situação de violência, porém necessita de mais auxílio dos mecanismos e órgãos públicos.
 	
HISTÓRICO: MACHISMO, PATRIARCADO E VIOLÊNCIA DE GÊNERO E ESTRUTURA TÍPICA DO FEMINICÍDIO.
Machismo um comportamento, expresso por atitudes e opiniões, de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros sexuais, favorecendo o sexo masculino sobre o feminino, o machismo acompanha as culturas das quais somos herdeiros, culturas que prevalece a autoridade masculina, que somente os homens podiam trabalhar, e ser o provedor do lar, que a mulher não possui opinião relevante nem voz ativa, diante da sociedade, relatado na maior parte dos tempos históricos. 
 	Uma das culturas que se destacam em referência a dominação e autoridade masculina é a cultura do patriarcado, (a figura do poder patriarcal é predominante), uma realidade de mulheres submissas aos seus maridos, concedendo aos homens mais poderes e direitos dos que as mulheres, caracterizando a dominação masculina e a opressão feminina. 	
 	Além do excesso de dominação masculina, o poder político, o poder nos espaços públicos, a homem passar a exercer o poder sexual sobre as mulheres consumado pelo casamento, considerado uma espécie de contrato. 	
O caráter natural da subordinação é questionado, uma vez que ela é decorrente das maneiras como a mulher é socialmente construída. Isto é fundamental, pois a ideia subjacente é a de que o que é construído pode ser modificado. Portanto, alterando as maneiras como as mulheres são percebidas seria possível modificar o espaço social por elas ocupado (PISCITELI, 2002, p. 2).
 	A invisibilidade do estado, a sociedade que crescer e começa a notar a descriminação da condição de mulher, a fragilidade feminina, diante da dominação machista, a relação de submissão começa a ser questionada a invisibilidade tornasse visível a segregação social do estado, pós questionamentos feitos pela a própria sociedade. Surge então a necessidade de autonomia de ambos os gêneros feminino e masculino. 
Tratada como uma propriedade de posse masculina por décadas em todas as fases históricas da humanidade. Violência de Gênero é um comportamento deliberado e consciente, que pode provocar lesões corporais ou mentais à vítima. O termo vem do latim “violentĭa” e está vinculado à ação que é executada com força/brutalidade, e que se realiza contra a vontade do outro. A violência de gênero entre 2015 até os dias atuais é um tema bastante intrigante digamos assim, pois carrega uma geração de preconceitos e discriminação.
A prevalência de estereótipos culturais discriminatórios por razões de gênero segue constituindo um obstáculo ao exercício dos direitos das mulheres e meninas e impede seu acesso à administração de justiça e contradiz a obrigação de devida diligência dos Estados que devem modificar padrões sociais e culturais de homens e mulheres e eliminar preconceitos e práticas consuetudinárias baseadas em ideias estereotipadas de inferioridade ou superioridade de algum dos sexos (MESECVI/OEA, 2014. p. 3).
 Contudo cumpre saltar a distinção entre sexo e gênero, o sexo é algo determinado biologicamente, o gênero é construído socialmente. Portanto qualquer mulher pode se encontrar em situação de inferioridade e violência, a qual não atinge necessariamente seu corpo, mas sua dignidade sexual, sua sanidade mental, seu patrimônio, sua moralidade e por fim atinge sua própria vida. 
Maria Trouxe as outras, o sobrenome dela é penha que abriu as portas para outras tantas Marias. A lei 11.340/2006 popularmente conhecida como lei Maria da penha entrou em vigor em 2006 com intuito de coibir a violência contra mulher, surgiu para proteger a mulher da violência doméstica e familiar, porém o número de assassinatos contra as mulheres não diminuiu, ao contrário, conforme o mapa de violência (Cebela/Flacso), pesquisa mais recente sobre o tema, dentre 83 países analisados o Brasil assume a quinta colocação no ranking mundial, portanto diante de números exorbitantes de assassinatos contra mulheres foi necessário a criação de uma qualificadora do crime de homicídio contra a mulher: Feminicídio. 	
 	O feminicído surgiu da necessidade de punibilidade, a pressão social em resposta da omissão e irresponsabilidade do estado. Mulheres em busca de justiça, responsabilização e visibilidade para a crescente violência de gênero 
A doutrina divide o feminicídio em três tipos: íntimo, não íntimo e por conexão, feminicídio íntimo é aquele cometido por homens com quais a vítima tem ou teve uma relação íntima, familiar de real convivência ou afins, o feminicídio não íntimo é aquele cometido por homens com os quais a vítima não tinha realações íntimas, familiares ou de convivência, o feminicidio por conexão é aquele em que uma mulher é assassinada porque se encontrava no mesmo local de um homem que tentava matar outra mulher: aberratio ictus.	
Para que possa incidir a qualificadora do feminicídio, e necessário que o sujeito passivo seja uma mulher e que o crime tenha sido cometido por razões da sua condição de sexo feminino. Assim indaga-se, quem pode ser considerada mulher, para efeitos d reconhecimento do homicídioqualificado? Existe três posições na doutrina para identificar a mulher com a finalidade de aplicar a qualificadora do feminicídio. A primeira posição doutrinaria diz respeito ao critério psicológico. Para essa corrente doutrinária, deve-se desconsiderar o critério biológico para identificar como mulher toda aquela cujos aspectos psíquicos ou comportamentais são femininos. A segunda posição doutrinária leva em conta o critério jurídico cível deve ser considerado o sexo que consta no registro civil. Há ainda a terceira posição, que adota o critério biológico, segundo o qual identifica-se se a mulher em sua concepção genética ou cromossômica. (RAMOS, 2016, p.143).
 	No Brasil, o crime de feminicídio foi definido com a Lei nº 13.104 que entrou em vigor em 2015, alterando o texto do artigo 121, § 2º do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº 2.848/1940) acrescentando a este inciso VI; o § 2º - A,I e II, e, o § 7º, I, II, III, para incluir o tipo penal como circunstância qualificadora do crime de homicídio. Tipificando o feminicídio como homicídio qualificado, considerado crime hediondo, condição que agrava a conduta delituosa do agente e consequentemente a pena imputada.
Pode-se ressaltar a criação da lei supramencionada como um dos mais relevantes avanços legislativos no combate à violência contra a mulher, por denunciar o cotidiano de violência doméstica e tornar visível uma violação de direitos protegida pelo véu da vida privada. (MACHADO, 2015, p.14)
O estado iniciou novas estratégias e políticas públicas com o intuito de defender e preservar os direitos humanos, com influências e inspirações em documentos e pesquisas jurídicas internacionais.
1.1 Elementos que comprovam a veracidade do feminicído
	Nem todo homicídio de uma mulher é necessariamente um feminicídio, é necessário analisar os elementos que identifica que o homicídio realmente é um feminicídio. Para ser caracterizado feminicídio a morte precisa ser causada por razões de condição do sexo feminino.
Com o objetivo de contribuir para a identificação de um feminicídio, o escritório da ONU Mulheres no Brasil, em parceria com a então Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, promoveram um processo de adaptação à realidade nacional do protocolo latino-americano para investigação dos assassinatos de mulheres por razões de gênero. (PRADO, SANEMATSU, 2016, p.19).
	Desta união de direitos nasceu as diretrizes nacionais para investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres, desta feita cumpre promover e auxiliar no aprimoramento de investigações policias acerca de crimes de feminicídio em todo o país. 
O objetivo do documento é de promover a inclusão de perspectiva de gênero na investigação criminal e processo judicial em casos de mortes violentas de mulheres para seu correto enquadramento penal e decisão judicial inserta de estereótipos e preconceitos de gênero que sustentam a impunidade, criam obstáculos ao acesso à justiça e limitam as ações preventivas nos casos de violência contra as mulheres. (PASINATO,2014, p.17).
	 Uma versão adaptada do Modelo de Protocolo latino-americano para investigar as mortes violentas de mulheres por razões de gênero (femicídio/feminicídio), elaborado pelo Escritório Regional da ONU Mulheres e o Escritório Regional do Alto Comissionado de Direitos Humanos.
	O resultado da investigação policial e do processo deverá permitir o correto enquadramento dessas mortes como feminicídio tentado ou consumado, de acordo com o tipo penal estabelecido pela Lei 13.104/2015, considerando as características previstas de violência praticada no ambiente doméstico e familiar ou por menosprezo e discriminação à condição de mulher. 	
 	 Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres – ONU Mulheres, Exerce um papel de liderança global em prol das mulheres e meninas de todo o mundo para que tenham direito a uma vida livre de discriminação, violência e pobreza, colocando a igualdade de gênero como um requisito central para se alcançar o desenvolvimento. 	
 	O Brasil Registrou ao menos oito casos de feminicídio por dia entre março de 2016 e março de 2017, segundo dados dos ministérios públicos estaduais, totalizando 2.925 casos no país, dados alarmantes que revelam a realidade no Brasil. O estado de Pernambuco ocupa a 17º posição no ranking nacional de violência contra a mulher. No ano passado a SDS Secretaria de Defesa Social registrou a porcentagem de 20,4 assassinatos de mulheres por mês, de janeiro de 2017 até junho de 2017, já foram contabilizados 133 crimes de homicídio contra a mulher, no estado de Pernambuco a região mais afetada é a região agreste com 10 (dez) do total de 37 (trinta e sete) assassinatos em agosto de 2017, de acordo com a Secretaria de Defesa Social. 	
As consequências do crime devem ser buscadas não só no resultado da conduta, em seu impacto na vida da vítima e na cena do crime, como também, na repercussão que o tem para o agressor, em termos de” recompensa” ou” benefícios”, a fim de entender porque se decide levar a cabo um femicídio. (PASINATO, 2016, p. 40).
 	O salto das estatísticas foi tão alto que o DPMUL – Departamento de polícia da Mulher decidiu criar um núcleo de estudos de feminicídio para ser devidamente analisado sobre cada um dos 37 assassinatos ocorridos em agosto de 2017. 
CASOS DE FEMINICÍDIO EM PERNAMBUCO: POLÍTICAS DE GÊNERO.
	Em Pernambuco os casos de feminicído eram apresentados como “crime passional” como um ato isolado, um momento de descontrole emocional do parceiro, ou intensa emoção em que o suposto comportamento de quem foi vítima é apontado como justificativa para dizer que ela, e não o homicida foi responsável pela agressão sofrida. 	Com o surgimento de grupos de iniciativa popular como: isso é feminicídio, não me kahlo, o feminicídio tomou visibilidade nas mídias sócias, internet, televisão e movimentos de concentrações e manifestações no centro do Recife, cumpre ressaltar o papel dessas organizações feministas com o intuito de desconstruir a cultura do machismo, e instituir a cultura da igualdade, mulher não quer superioridade mulher quer respeito. 
	Diante da visibilidade dada a sociedade sobre o feminicídio, o governo do estado resolveu estabelecer uma estruturação definitiva para a secretaria da mulher, reforçando a luta pela igualdade de gênero, em 29 de março de 2017, juntamente com a secretaria de direitos humanos o governador do estado trouxe a realização de concurso público, para profissionais qualificados da área de psicologia, serviço social, educação, segurança e direito para compor ao quadro de funcionários da secretaria da mulher, para melhor atender os interesses das mulheres no estado de Pernambuco. 	
 	 Durante o evento, o governador Paulo Câmara também assinou os Convênios de Cooperação Técnica entre a SecMulher e a Universidade de Pernambuco (UPE) para o atendimento às Mulheres Vítimas de Violência. 
	A importância das políticas públicas de igualdade de gênero para uma sociedade igualitária.
No dia 20 de julho, O Marco Zero, no Bairro do Recife, foi palco de um protesto contra os índices de feminicídio em Pernambuco. A Manifestação fez parte da campanha “Isso é Feminicídio”, realizada pelas organizações Rede Meu Recife e Rede Minha Igarassu para recolher assinaturas pedindo ao governador Paulo Câmara que sancione decreto sobre a criação do Subtítulo “Feminicídio” nos boletins de ocorrências policiais do estado. (Jornal Diário de Pernambuco) 
Foram realizados três meses intensos de campanha pressionando o governo, pela adesão do protocolo latino americano de investigação de feminicídio e a criação do subtítulo de feminicídio nos boletins de ocorrência. Diante das manifestações populares, em resposta, o governador do estado Paulo Câmara assinou um decreto em 04 de Setembro de 2017 que buscar prevenir e diminuir a taxa de assassinatos contra mulheres no estado de Pernambuco, o decreto que institui o feminicídio nos registros de crimes emPernambuco, substituindo o uso da motivação crime passional nos boletins de ocorrência, o documento prevê que as mulheres vítimas de crimes letais intencionais, pela condição do gênero feminino, terão como motivo de crime o feminicídio, contudo será logo registrado o documento no Sistema de Mortalidade de Interesse Policial ( SIMIP) da Secretaria de Defesa Social (SDS).
A sentença de ser mulher – Causas e Consequências do Feminicídio, levantando a bandeira: nenhuma a menos, foi a temática da audiência pública realizada na câmara municipal do Recife, Pernambuco, pela vereadora professora Ana Lúcia no dia 13 de setembro de 2017, compondo a mesa nomes como a delegada Gleide Ângelo chefe do departamento de Polícia da Mulher de Pernambuco. Ressaltando o comparecimentos de famílias vítimas nesta audiência como o tio da vítima e falecida Maria Alice Seabra. 
 	 É com esta visão de prevenção e combate ao feminicídio que a delegada, inicia sua jornada neste ano de 2017, do DHPP Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, para o Departamento de Polícia da Mulher. 	
 	De acordo com a vereadora, sua equipe vai encaminhar um relatório aos gabinetes, ao poder executivo do estado e a Secretaria da Mulher para promover, compartilhar e sugerir mais políticas públicas sobre o enfrentamento e o combate da violência contra a mulher. 	
 	O crime que resultou na morte de Maria Alice Seabra, 19 anos, cujo corpo foi encontrado em um canavial na cidade de Itapissuma, no Recife, começou a ser planejado por seu padrasto, Gildo Xavier, 35 anos há aproximadamente dois meses antes. 	
 	O crime que resultou no estrupo e a morte de Tássia Mirella Sena de Araújo, 28 anos, no dia 5 de abril deste ano, em um flat em Boa viagem, Zona Sul do Recife. Crime cometido pelo comerciante Edvan Luiz da Silva, vizinho da vítima. 	
 	Os crimes de feminicídio acima citados todos eles foram cometidos no estado de Pernambuco chocando o país pelos requintes de crueldade utilizado nos crimes, o caso Maria Alice Seabra destaca a consumação do delito que foi anteriormente planejado 2 (dois) meses antes de acontecer, sendo seu padrasto o agressor. 	
 	 O caso Tássia Mirella o agressor foi o seu vizinho do lado, ou seja, a vítima não suspeitou em momento algum do perigo que estava passando todos os dias em sua residência. Além de serem crimes de feminicídio, outra característica que merece nossa atenção é que as vítimas não conseguiram suspeitar ou identificar qualquer hipótese ou indicio de crime em seus agressores, pela confiança de Maria Alice em seu Padrasto, e Tássia Mirella pela insignificância de seu vizinho, que aparentemente nenhum deles demonstrou antes dos crimes a intenção do delito. 	
 	No dia 18 de setembro, a ordem dos advogados de Pernambuco, OAB/PE promoveu uma Audiência Pública, para debater sobre a Efetividade da Lei do Feminicído no estado de Pernambuco. Trazendo a temática da efetividade da lei no estado, compondo a mesa personalidades jurídicas de diversas áreas do direito, a audiência trouxe uma reflexão e visibilidade no âmbito jurídico principalmente para o profissional da advocacia a atualização acerca da lei de feminicídio. 	
 	O surgimentos de movimentos feministas/sociais trazendo à tona a discursão de desigualdade, violência contra a mulher. A Rede Meu Recife e a Rede Minha Igarassu se reuniram e formaram a campanha isso é feminicídio desfavorecendo como já citado anteriormente o “crime passional” para a identificação de feminicídio, foi somente o início da busca por políticas públicas no estado, tem como foco na categorização e remediação do problema, através de mobilização. Esta mobilização está tomando forma e volume, a campanha está saindo do estado de Pernambuco e estabelecendo políticas públicas em outros estados paulatinamente. 
O Que Vem Depois da Tipificação
A falta de dados oficias sobre mortes de mulheres no Brasil, e as denúncias de omissão por parte do poder público, fez com que a senado federal criasse a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da violência contra a mulher.
A CPMI nasceu, portanto, no contexto de um aumento visível nos últimos 30 anos, do número de homicídios praticados contra mulheres. Ela concluiu, após realizar várias audiências públicas em todo o Brasil, acerca da necessidade de tipificar a figura do femicídio ou feminicídio, e encaminhou projeto de lei para incluir no código penal o crime de feminicídio, caracterizado na forma mais extrema de violência de gênero resultante de três contextos: quando há relação íntima de afeto ou parentesco entre a vítima e o agressor; quando há prática de qualquer violência sexual contra a vítima, e em casos de mutilação ou desfiguração de mulheres, o que possibilitaria a identificação do assassinato em questão como praticado pela mera razão de a mulher pertencer ao gênero feminino. (RAMOS, 2016, P.131).
Diante do relatório da CPMI e o reconhecimento da qualificadora do feminicídio pela ONU Mulheres, depois de aproximadamente um ano e meio de trabalhos e investigações de ambos, o reconhecimento da necessidade se torna indispensável a tipificação do feminicídio.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:            
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:  
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:           
I - violência doméstica e familiar;            
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.           
Com a tipificação veio a atualização de dados oficiais e concretos, com o fornecimento de informações sobre a violência contra a mulher. 
Aumento de pena no feminicídio.
	É necessário que o agente tenha conhecimento da gestação da vítima para caracterizar o aumento de pena, caso contrário o réu não terá a pena aumentada em 1/3. Também por comprovação do registro civil da vítima para casos contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, e maiores de 60 (sessenta) anos (idosos), e pessoas com deficiência física ou mental será comprovada mediante o laudo pericial, ou por outros métodos de comprovação da deficiência.
Artigo 121 do código penal §7º:
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:            
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;    
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;     
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
	Quando o agente realiza a prática de crime de feminicídio algumas hipóteses podem acontecer.
 a) A mulher e o feto sobrevivem
- nesse caso, o agente deverá responder pela tentativa de feminicídio e pela tentativa de aborto;
b) A mulher e o feto morrem: aqui, deverá responder pelo feminicídio consumado e pelo aborto consumado;
c) A mulher morre e o feto sobrevive; nessa hipótese, teremos um feminicídio consumado, em concurso com uma tentativa de aborto;
d) A mulher sobrevive e o feto morre: in casu, será responsabilizado pelo feminicídio tentado, em concurso com o aborto consumado. (GRECO,2015 P.)
	Para acontecer o referente aumento de 1/3 da pena em crime de feminicídio é realmente necessário a análise do termos citados anteriormente e todos autorizados por órgãos de investigação competentes para avaliar tais indícios. 
Conclusão 
	Como podemos observa ao longo do trabalho, o feminicídio não é apenas uma ato insolado, fruto de um lapso de emoção do agressor, mas uma violência continua de agressões de diversas maneiras diferentes, portanto é indispensável a procura por coibir penalmente essa violência de gênero. Inicialmente pautada no machismo epatriarcalismo arraigados na nossa atual sociedade, raízes culturais como o sentimento de posse sobre o corpo feminino (objetificação), que configuram todos os motivos, que infelizmente justificam o tratamento desigual. 
	O passo mais importante é torna a efetividade plena a começar pelos serviços de proteção, informação, capacitações de profissionais motivacionais, além leis constitucionais, que estabelecem os deveres do estado em punir, coibir e prevenir as violências que leva a morte de mulheres. Com os recentes decretos e transformações que estamos vivenciando no estado de Pernambuco, as mulheres realmente estão conquistando um espaço e visibilidade diante da sociedade como por exemplo o projeto nenhuma a menos lançado no plenário da câmara dos vereadores do Recife, mas não obstante, a iniciativa de mais audiências públicas, campanhas, concentrações e discursões pautadas neste tema de grande relevância no estado, existe ainda normas, manuais e recomendações como o protocolo latino-americano para investigação dos assassinatos de mulheres por razões de gênero (ONU Mulheres, 2014) gerando uma ataptação nas Diretrizes Nacionais para investigar, processar e julgar com perspectiva de gênero as mortes violentas de mulheres (ONU Mulheres, 2016), documento reúne elementos já citados anteriormente para aprimorar o combate, sobre como cumprir os deveres para a garantia dos direitos das mulheres de maneira integral. 
Visibilizar e reconhecer as relações de poder desiguais que vunerabilizam a condição feminina e o contexto discriminatório que permeia as violências é ponto essencial. “O combate à impunidade é importante mas é insuficiente. É preciso investir na educação e na comunicação social, pois precisamos construir espaços de discussão da violência de gênero e de socialização para uma sociedade menos violenta. (PRADO, SANEMATSU, 2016, P.97)
	O feminicídio é um crime evitável e o estado possui a sua função constitucional para formulação de decretos e medidas de proteção, prevenção e reparação dos danos causados a esta mulheres. É de grande valia destacar o instituto Clarice Lispector que tem desenvolvido um trabalho magnifico com psicólogos, advogados, assistência social e assistência motivacional é um abrigo para mulheres vítimas de violências que pediram ajuda e estão tendo a estrutura necessária para amparar sua situação de risco. 
	 A necessidade é que todos trabalhem em conjunto, a delegacia da mulher (especializada), centro de referência, institutos voltados a proteção (abrigo) e demais instituições de apoio, outra forma de combate é aprimorando e especializando a conduta de profissionais envolvidos nos processos de investigação do delito. Com a existência de auxilio desses mecanismos podemos romper o ciclo de violações, desconstruir a cultura do machismo e instituir a cultura da igualdade de gênero.
Referências
MELLO, Adriana, Feminicídio, uma análise sociojurídica da violência contra a mulher no Brasil, ed.G/Z, 2º edição. Acessado em: 20/10/2017.
Como morre uma mulher disponível em https://www.issoefeminicidio.meurecife.org.br/. Acessado em: 15/10/2017
ONU Mulheres Brasil. Modelo de Protocolo Latino-Americano de Investigação
das Mortes Violentas de Mulheres por Razões de Gênero (Femicídio/Feminicídio). Brasília: ONU Mulheres, 2014. Disponível em http://www.onumulheres.org.br. Acessado em: 10/10/2017.
Estruturação definitiva da Secretaria da Mulher reforça luta pela igualdade de gênero, disponível em http://www.pe.gov.br/blog/2017/03/29/estruturacao-definitiva-da-secretaria-da-mulher-reforca-luta-pela-igualdade-de-genero/. Acessado em: 29/09/2017.
Senado Federal. Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com a
finalidade de investigar a situação da violência contra a mulher no Brasil. Relatório Final.
Brasília: Senado Federal, 2013. Disponível em http://www.senado.gov.br. Acessado em:24/09/2017.
Protesto contra os índices de feminicídio em Pernambuco disponível em http://www.diariodepernambuco.com.br. Acessado em: 20/09/2017.
Dossiê feminicídio disponível em http://www.agenciapatriciagalvão.org.br/dossies/feminicidio/creditos. Acessado em: 02/09/2017.
Mapa da violência 2015. Homicídios de Mulheres no Brasil. Brasília, 2015. http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2012/mapa2012_mulher.pdf.. Acessado em: 30/08/2017.

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