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AGENDA POR UM BRASIL SEM DESIGUALDADES

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AGENDA POR UM BRASIL SEM DESIGUALDADES 
O Brasil é um país de desigualdades extremas. Como mostrado ao longo do relatório, renda, riqueza e serviços essenciais são desigualmente distribuídos na sociedade. Via de regra, as pessoas com as menores rendas são também aquelas com os menores patrimônios, e vivem em situação mais precária no que concerne ao acesso a serviços públicos. São também aquelas que pagam proporcionalmente mais impostos, que mais precisam de gastos sociais, que enfrentam mais desafios de discriminação e estão mais expostas ao vai e vem do mercado de trabalho. Por fim, a grande maioria dos brasileiros e brasileiras estão distantes dos processos decisórios de políticas que podem reduzir drasticamente as desigualdades e lhes garantir direitos. Após um ciclo longo de inclusão da base da pirâmide social, que teve início em meados dos anos 1990 e arrefeceu em 2015, voltamos a testemunhar o retorno da pobreza e o aumento das desigualdades no País. Diante deste cenário, além de continuar a defender as políticas de inclusão social – necessárias e, como visto, bem-sucedidas – é necessário promover mudanças estruturais que têm papel decisivo na garantia de direitos. A Oxfam Brasil acredita que reduzir a distância entre regiões, pobres e ricos, negros e brancos, mulheres e homens não deve ser uma pauta reservada a grupos políticos específicos, mas um projeto de nação. Neste contexto, acreditamos que uma agenda por um Brasil sem desigualdades passa por pelo menos seis questões fundamentais. 
3.1TRIBUTAÇÃO
Nosso sistema tributário é injusto com os mais pobres e a classe média, e benevolente com os super-ricos. Torná-lo mais justo é um desafio histórico, que se tem revelado tão difícil quanto necessário para a redução de desigualdades. A Oxfam Brasil defende a redistribuição da carga tributária brasileira, diminuindo a incidência de tributos indiretos e aumentando os tributos diretos. Nesta direção, contribuem o aumento do peso da tributação sobre patrimônio na arrecadação total, bem como o aumento da progressividade do IRPF para as camadas de rendas mais altas – criando faixas e respectivas alíquotas, eliminando os juros sobre capital próprio e acabando com isen- ção sobre lucros e dividendos distribuídos. É igualmente fundamental que avancemos no combate a mecanismos de evasão e elisão fiscal, que atingem dimensões expressivas no Brasil. Da mesma forma, o País deve ter compromisso sério com o fim de paraísos fiscais. 
3.2. GASTOS SOCIAIS
Gastos sociais se mostraram, em todo o mundo, eficientes meios de redução de desigualdades. No Brasil, eles têm sido decisivos para o combate à pobreza e para a proteção social. Nesse sentido, a Oxfam Brasil defende que os orçamentos públicos das três esferas – federal, estadual e municipal – assegurem recursos adequados para políticas sociais, e que governos os executem. É fundamental a expansão de gastos públicos em educação, saúde, assistência social, saneamento, habitação e transporte público, sendo imperativa a revisão do teto de gastos imposto pela Emenda Constitucional 95. Considerando a corrupção sistêmica que atinge a gestão pública no País, defendemos medidas que melhorem a qualidade do gasto público, tornando-o mais transparente, mais eficiente, mais progressivo e com efetiva participação social, mantendo o compromisso de universalidade que assumimos na Constituição Federal de 1988. 
3.3. EDUCAÇÃO
Educação é um dos pilares da mobilidade social e do desenvolvimento de um País. No Brasil, apesar de avanços importantes na inclusão educacional, restam enormes desafios que, se não superados, irão dificultar a realização de mudanças estruturais necessárias para a garantia de direitos. A oferta de vagas em creches e escolas infantis deve ser drasticamente aumentada, tanto pelo efeito educacional na criança quanto pelo papel de inclusão da mulher no mercado de trabalho. Além disso, deve-se priorizar a enorme evasão escolar – sobretudo de jovens negros – e a baixa qualidade do ensino público no País. Por fim, a Oxfam Brasil defende o aumento do alcance do ensino superior, sobretudo para jovens negros e de baixa renda. Estas são medidas previstas no PNE, que se plenamente implementado, reduzirá desigualdades estruturais no País. 
3.4 DISCRIMINAÇÃO
As desigualdades mensuráveis – renda e escolaridade, por exemplo – revelam as diversas discriminações sofridas por negros, negras e mulheres em geral no Brasil. Há também outros tipos de desigualdades, mais difíceis de serem medidas, mas igualmente graves, como o tratamento de instituições públicas e da própria sociedade. A Oxfam Brasil defende políticas afirmativas para reverter o quadro de discriminação e violência que sofrem esses setores da sociedade, seja pela inserção em ambientes excludentes (universidades, serviço público, mercado de trabalho, especialmente cargos de direção em empresas, entre outros), seja pelo combate à violência institucional (sobretudo a violência de policiais contra jovens negros, e a violência no atendimento à saúde da mulher negra). Também reconhecemos como fundamental a inclusão da igualdade de gênero e valorização das diversidades nas políticas públicas, como base fundamental para a superação da discriminação racial, de gênero e outras. 
3.5. MERCADO DE TRABALHO
A redução do desemprego e o aumento da formalização do mercado de trabalho tiveram impactos relevantes no combate às desigualdades no Brasil, nos últimos 15 anos. É fundamental garantir direitos básicos, que possibilitem o exercício do trabalho decente no Brasil. Neste contexto, a Oxfam Brasil defende a revisão da recentemente aprovada reforma trabalhista, onde ela significou a perda de direitos. Defende ainda, que o salário mínimo continue aumentando em termos reais, devido ao seu conhecido impacto na redução de nossa desigualdade de renda. 
3.6. DEMOCRACIA
Mudanças estruturais nas desigualdades brasileiras requerem aumentar o acesso da população ao sistema político e limitar a excessiva influência de elites sobre a produção e implementação de políticas públicas. A Oxfam Brasil defende um Estado que funcione para todos, não em função do interesse de poucos. Neste sentido, é necessário que avancemos em mecanismos de prestação de contas e transparência, incluindo uma efetiva regulação da atividade de lobby e o fortalecimento das instâncias de participação da sociedade civil. A atuação de governantes deve visar o resgate da confiança nas instituições públicas. Nesta linha, o combate à corrupção é central para o fortalecimento do poder pú- blico como agente de redistribuição de renda, riqueza e serviços. Mais além, a Oxfam Brasil defende que mudanças no sistema político sejam realizadas, em debate amplo com a sociedade, no sentido de aprofundar nossa democracia, possibilitando a concretização das suas três dimensões, representativa, participativa e direta. 
O papel de cada um, e o papel de todos e todas 
O poder público deve propor mudanças no sistema tributário, ampliar recursos orçamentários para a realização progressiva de direitos, assegurar políticas educacionais inclusivas, lutar contra a violência institucional no seu próprio âmbito e oferecer espaços de participação amplos para a definição de suas prioridades, agindo com transparência e eficiência. 
Empresas devem cumprir suas obrigações legais de pagar impostos, promover a inclusão social em seu próprio ambiente de trabalho, formalizando a mão de obra contratada e os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. 
Nós, cidadãos e cidadãs brasileiras, devemos acompanhar e cobrar mudanças de políticas e práticas de governos e empresas. Temos responsabilidade por quem elegemos.

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