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UNIPAC – LAFAIETE MÁQUINAS DE FLUXO 3º parte Engenharia Industrial Mecânica Prof.: Edilberto SUMÁRIO TURBINAS A VAPOR .................................................. 3 Introdução ... ....................................................... 3 Elementos construtivos ...................................... 4 Classificação das turbinas a vapor..................... 5 Regulagem das Turbinas a vapor .................... 13 Regulagem da potência ......................... 13 Regulagem de velocidade ..................... 15 Regulagem de pressão .......................... 16 VENTILADORES ...................................................... 18 Introdução ........................................................ 18 Classificação .................................................... 18 Fundamentos da Teoria dos Ventiladores........ 21 Diagrama das velocidades..................... 21 2.6 TURBINAS A VAPOR 2.6.1) Introdução A pré-história das turbinas a vapor se remonta desde 175 a.C. quando Herón de Alexandría fez a primeira descrição. A turbina de Herón consistia de uma esfera que podia girar livremente em torno de um eixo diametral, apoiada nos extremos dos mesmos, em dois suportes, por cujo interior fazia entrar, na esfera, o vapor produzido por dois tubos diametralmente opostos e direcionados em sentido contrário. A transformação de pressão em velocidade está totalmente ligada ao elemento móvel (esfera ou "rodete"). A história da turbina a vapor se iniciou no final do século passado. Entre os muitos investigadores que contribuíram para o seu desenvolvimento, mencionaremos só os principais, que foram os criadores das turbinas a vapor modernas. O primeiro inventor foi o suéco De Laval (1845-1913), que criou a turbina a vapor de ação de um só estágio. Desenvolveu um bocal (Tobera) convergente-divergente com velocidade supersônica de saída de vapor e o eixo flexível, cuja velocidade crítica chegava por debaixo da velocidade de giro da turbina, 30.000 RPM. O segundo inventor foi o inglês Parsons (1854-1931), que em busca de um motor marinho apropriado, desenvolveu a turbina a vapor de reação de vários estágios em 1895. Utilizando um rotor duplo, ele conseguiu melhores rendimentos comparados aos das máquinas alternativas de vapor, utilizadas até então nos barcos. As turbinas a vapor são máquinas de grande velocidade. Se todo o salto entálpico disponível se transforma em energia cinética no bocal, a velocidade do vapor na saída da mesma é muitas vezes superior à velocidade do som, e a velocidade periférica do rotor para aproveitar com bom rendimento esta energia, poderia chegar a ser superior ao limite de resistência dos materiais empregados. Além das altas velocidades, as turbinas a vapor modernas trabalham em condições supercríticas de pressão e temperatura (acima de 250 bar e 600°C, respectivamente). Figura 1: Turbina de Herón Figura 2: Esquema de uma turbina a vapor de ação com um escalonamento; turbina De Laval Figura 3: Turbina a vapor aberta 2.6.2) Elementos Construtivos Uma turbina a vapor é constituída basicamente dos seguintes elementos: 1) Uma carcaça, geralmente dividida em 2 partes longitudinalmente para facilitar o acoplamento e desmontagem, e que contém o sistema de pás fixas ou distribuidores; 2) Um rotor com pás em sua periferia, sobre o qual incide o vapor e onde é feita a transformação na direção e magnitude da velocidade do vapor; 3) Um sistema de comando e válvulas para regular a velocidade e potência da turbina, modificando a descarga do vapor; 4) Um acoplamento para conexão mecânica com o gerador que vai acionar; 5) Um dispositivo de expansão, sempre constituído de um bocal fixo ou móvel (diretrizes), no qual a energia de pressão do vapor se transforma em energia cinética; 6) Junta de labirinto, necessária para reduzir o calor gerado quando acontece o contato rotor-estator, já que, devido às altas velocidades, o calor gerado, quando ocorresse qualquer contato, poderia produzir calor suficiente para fundir o material do rotor ou até mesmo danificar o eixo. Figura 4: Rotor forjado em uma peça com os discos de uma turbina a vapor de contrapressão de 25 MW Figura 5: Rotor de discos separados de uma turbina a vapor de 6 MW Figura 6: Diversos tipos de juntas de labirinto, Figura 7: Conjunto rotor-estator utilizadas nas turbinas a vapor 2.6.3) Classificação das turbinas a vapor As turbinas a vapor podem ser classificadas segundo os seguintes critérios: 1) Quanto a direção do movimento do vapor em relação ao rotor: -Turbinas a vapor axiais: são aquelas que o vapor se move dentro do rotor em direção aproximadamente paralela ao eixo são as mais comuns. -Turbinas a vapor radiais: são aquelas em que o vapor se desloca aproximadamente em sentido perpendicular ao eixo da turbina. -Turbinas a vapor tangenciais: são aquelas em que o vapor se desloca tangencialmente ao rotor. 2) Quanto a forma do vapor atuar no rotor : -Turbinas a vapor de ação: quando o vapor se expande somente nos órgãos fixos (pás diretrizes e bocais) e não nos órgãos móveis (pás do rotor). Portanto, a pressão é a mesma sobre os dois lados do rotor. -Turbinas a vapor de reação: quando o vapor se expande também no rotor, ou seja, quando a pressão de vapor na entrada do rotor é maior que na saída do mesmo. -Turbinas a vapor mistas: quando uma parte da turbina a vapor é de ação e outra parte de reação. Ação: Reação: 3) Quanto ao número e classe de escalonamentos: -Turbinas a vapor de um só rotor. -Turbinas a vapor de vários rotores: as quais, segundo a forma dos escalonamentos, podem ser : -Turbinas a vapor com escalonamento de velocidade -Turbinas a vapor com escalonamento de pressão -Turbinas a vapor com escalonamento de velocidade e de pressão 4) Quanto ao número de pás que recebem o vapor: -Turbinas a vapor de admissão total: quando o vapor atinge totalmente as pás do distribuidor. -Turbinas a vapor de admissão parcial: quando o vapor atinge somente uma parte das pás. 5) Quanto a condição do vapor de escape: -Turbinas a vapor de escape livre: nas quais o vapor sai diretamente para a atmosfera. Portanto a pressão de escape é igual a pressão atmosférica. -Turbinas a vapor de condensador: nas quais na saída existe um condensador onde o vapor se condensa, diminuindo pressão e temperatura. A pressão de escape do vapor é inferior a pressão atmosférica. -Turbinas a vapor de contrapressão: nas quais a pressão de escape do vapor é superior a pressão atmosférica. O vapor de escape é conduzido a dispositivos especiais para sua posterior utilização (ex: calefação, alimentação de turbina de baixa pressão, etc). -Turbinas a vapor combinadas: nas quais uma parte do vapor é retirada da turbina antes de sua utilização, empregando-se esta parte subtraída para calefação e outros usos; o resto do vapor continua a sua evolução normal no interior da turbina e, na saída, vai para a atmosfera ou ao condensador. 6) Quanto ao estadodo vapor na entrada: -Turbinas a vapor de vapor vivo: quando o vapor de entrada vem diretamente da caldeira. Por sua vez elas podem ser: -de vapor saturado -de vapor superaquecido -Turbinas a vapor de vapor de escape: quando se utiliza a energia contida no vapor de escape de uma outra máquina térmica (por ex.: a máquina a vapor, a turbina de contrapressão, etc). A maioria delas são de vapor saturado. 2.6.4) Tipos e Características das turbinas a vapor Após a classificação feita no item anterior podemos fazer uma grande variedade de combinações de modo a obter o tipo mais adequado de turbina a vapor às nossas necessidades. Porém, na prática e por diversas razões econômicas e construtivas, algumas destas combinações não são possíveis. A seguir, descreveremos alguns modelos típicos de turbinas a vapor. 1) Turbinas a vapor elementar de ação e de um só estágio: Conhecida também como turbina De Laval. Possui um único estágio de pressão e de velocidade, todo o "salto térmico" ocorre neste estágio, sendo a transformação de entalpia em energia cinética feita nos bocais e a transformação de energia em trabalho feita nas palhetas. Suas principais vantagens são o pequeno espaço ocupado e a simplicidade de construção. Por outro lado, tem uso restrito para pequenas potências (até 30 HP) e trabalham em altas rotações. 2) Turbinas a vapor de ação com um só estágio de pressão e vários estágios de velocidade: Conhecida também como roda de Curtis. O vapor se expande por completo no bocal de entrada, transformando a entalpia em energia cinética. No primeiro rotor é convertida toda a diferença de pressão em velocidade. A transformação da energia cinética em trabalho ocorre em vários estágios de velocidade, separados por palhetas fixas que apenas mudam a direção do escoamento, mantendo a velocidade e pressão constantes. Como, por todos os estágios, deve passar a mesma quantidade de vapor e a velocidade vai diminuindo, é necessário que, nas seções por onde passa, o vapor vá aumentando, o que implica numa variação do diâmetro dos rotores sucessivos. Figura 2.6.9: Corte de uma turbina a vapor com escalonamento de velocidade (Turbina Curtis). Figura 2.6.10: turbina a vapor com escalonamento de velocidade (Turbina Curtis). O principal inconveniente dos estágios de velocidade é que, devido as altas velocidades do vapor, aumentam consideravelmente as perdas por atrito, sobretudo se existirem muitos estágios. Esta é a causa para que na prática, se adote um pequeno número de estágios. Em resumo, os estágios de velocidade são particularmente vantajosos para as turbinas de baixa e média potência (até 4000 HP) que necessitam de reduzido número de estágios. 3) Turbinas a vapor de reação com um só estágio de velocidade e vários estágios de pressão: Conhecida também como turbina de Prazos. É equivalente a várias turbinas simples montadas num mesmo eixo, uma em seguida da outra. A queda total de pressão (salto térmico total) entre a entrada e a saída é subdividida em um certo número de quedas parciais, uma para cada estágio. Figura 2.6.11: Expansões sucessivas do vapor em uma turbina com escalonamento de pressão. A Figura anterior mostra as expansões sucessivas do vapor em função das quedas de pressão em cada estágio (representação do trabalho específico interno). Como o volume específico do vapor aumenta de um estágio ao outro, as seções por onde o vapor passa devem ir aumentando sucessivamente. Figura 2.6.12: Turbina com escalonamento de pressão (Turbina Rateau). Como as diferenças de pressão utilizadas nos diferentes estágios são reduzidas, as velocidades adquiridas pelo vapor também são pequenas, de forma que as perdas por atrito serão pequenas, permitindo assim um maior número de estágios. 4) Turbinas a vapor de reação de fluxo radial: Também conhecida como turbina Ljungström. O vapor flui no sentido radial desde o eixo até a periferia da máquina. Ambos os sistemas de pás giram em direções contrárias. Tem a vantagem de um pequeno custo do sistema de pás e ocupa pouco espaço. A figura a seguir mostra este tipo de turbina a vapor. Figura 2.6.13: Corte do rotor de uma turbina de fluxo radial Ljungström. A próxima figura mostra uma turbina a vapor de reação axial-radial (turbina Durax) onde o vapor entra na turbina axialmente, se expansiona de forma radial, e na sua saída, segue expansionando nas pás. Figura 2.6.14: Esquema de uma turbina de fluxo radial e axial Durax, da ASEA. 5) Turbinas a vapor de contrapressão: Não tem condensador e o vapor de escape esta ligado a um aparato que utiliza vapor a uma pressão mais baixa. É utilizada em indústrias em que, além de gerar sua própria energia elétrica, precisam de vapor a pressões moderadas para utilização industrial (aquecimento, por exemplo). É também utilizada para aumentar a potência de uma central de vapor já construída, sendo denominada, neste caso, "turbina superior". O vapor de escape dela entra em algumas ou em todas as turbinas da instalação com menor pressão. Figura 2.6.15: Corte longitudinal de uma turbina de contrapressão Escher Wyss. Potência: 3 MW; velocidade: 10000 rpm; pressão de entrada de vapor: 100 kg/cm2; temperatura de entrada de vapor: 600°C; contrapressão: 11 kg/cm2. 6) Turbinas a vapor Tándem-Compound: Caracterizada por ser constituída por vários corpos. Representa a concepção das turbinas a vapor mais modernas. O vapor procedente da caldeira entra no primeiro destes corpos, que é de alta pressão, donde se expande e, na sua saída, se introduz no corpo seguinte, de menor pressão, onde sofre nova expansão, e assim sucessivamente. Geralmente, depois da saída do último rotor, o vapor, a baixa pressão, entra no condensador. Todos os rotores são montados no mesmo eixo. São utilizadas nas centrais térmicas. Se a turbina a vapor Tándem Compound permitir que seja extraído vapor em diferentes pontos intermediários, elas são ditas de extração. Esse vapor pode ser usado para secagem, aquecimento, etc. A próxima figura ilustra este tipo de turbina a vapor. Figura 2.6.16: Turbina Tándem Compound. Figura 2.6.17: Corte longitudinal de uma Turbina Tandém Compound Elliot, de dupla extração. Observe nesta figura a forma e a disposição de todos os elementos constitutivos das turbinas a vapor em geral. 2.6.6) Regulagem das Turbinas a vapor Existem várias grandezas que devem ser controladas e reguladas para que as turbinas a vapor funcionem normalmente; entre elas, as três mais importantes são: -Regulagem da potência; -Regulagem da velocidade de rotação; -Regulagem da pressão. A seguir veremos em detalhes cada uma delas, sendo que há uma interligação entre a primeira e as outras. a) Regulagem da potência: A regulagem da potência da turbina a vapor é feita controlando-se a quantidade de vapor admitido no rotor, de acordo com as necessidades de carga. Esse controle de admissão pode ser feito de 4 formas diferentes: -Regulagem por Estrangulamento (ou Regulagem Qualitativa): A quantidade de vapor que entra na turbina é regulada por meio de umaválvula de estrangulamento situada na entrada da turbina. Figura 2.6.27: Regulação qualitativa: (a) esquema de regulação; (b) processo no plano h-s. É o mecanismo mais utilizado, sobretudo em turbinas de pequena e média potência, devido ao seu baixo custo inicial já que seu mecanismoé simples. O princípio de funcionamento é basicamente o seguinte: a válvula (V1) é a válvula geral de admissão que se abre ou se fecha totalmente com acionamento manual ou motorizado; a válvula (V2) é a válvula de estrangulamento que regula a carga. Ela é acionada por um servomotor que se movimenta de acordo com a velocidade da turbina. Obs: no processo de estrangulamento, todo o vapor perde pressão antes de alcançar a turbina, quando esta trabalha com carga parcial. -Regulagem por meio de Bocais (Regulagem Quantitativa): Consiste na utilização de uma série de válvulas de seta, uma para cada passagem de vapor que sai da caldeira, quantas forem necessárias para satisfazer a demanda da carga, cada uma destas passagens abastece uma bateria (câmara) de bocais. Figura 2.6.28: Esquema de um regulador mecânico para turbinas a vapor, com controle de vapor por meio de toberas. As válvulas se abrem sucessivamente de acordo com um mecanismo exterior que está diretamente relacionado com a velocidade da turbina. A grande vantagem é que se permite utilizar o vapor a uma pressão praticamente igual a pressão da caldeira, já que o estrangulamento do vapor acontece somente na válvula que estiver parcialmente aberta, ao contrário da regulação por estrangulamento, na qual todo o vapor perde pressão antes de chegar a turbina. -Regulagem mista: É uma combinação da regulação quantitativa e qualitativa. Na proximidade da carga normal, que é a zona mais freqüente de funcionamento, a regulagem se faz quantitativamente, variando o grau de admissão, com o qual se consegue que, nesta zona, a turbina trabalhe sempre com bom rendimento; porém, ao passar a cargas menores que 50% da carga normal, a regulagem se faz por estrangulamento da válvula, com o qual se consegue uma simplificação da instalação. -Regulagem por by-pass: É utilizada na sobrecarga da turbina a vapor acima da carga normal. Figura 2.6.29: Regulação de turbinas a vapor por by-pass de alguns escalonamentos. Ao aumentar a carga normal, a válvula (V2) se abre e assim entra vapor (depois de sofrer um estrangulamento na válvula) em um ponto intermediário diretamente sem passar por estágios anteriores. b) Regulagem de velocidade: Como a velocidade de "embalamento" de uma turbina a vapor alcança aproximadamente o dobro da velocidade nominal, nenhuma turbina a vapor poderia resistir tal sobrevelocidade; portanto, a limitação e controle da velocidade de rotação é de grande importância. É constituído por um par de massas esféricas ligadas de maneira articulada a um eixo (que gira com a mesma velocidade de rotação que o rotor) sobre o qual atua um sistema de guia articulado às esferas. Figura 2.6.30: Regulador de Watt. Ao aumentar a velocidade da turbina a vapor, as bolas se separam devido ao aumento da força centrífuga, deslocando-se a guia para cima. Se a carga aumenta, a velocidade diminui, o que faz com que as esferas se aproximem, deslocando-se a guia para baixo. O movimento desta guia é que provoca a regulação, pois o mesmo pode atuar por meio de um servo motor sobre uma válvula geral de admissão de vapor ou sobre as válvulas dos bocais, fazendo com que a mesma feche quando há um aumento de velocidade e se abra quando há uma diminuição de velocidade. A próxima figura mostra um corte de um regulador de velocidade bastante utilizado. Figura 2.6.31: Regulador de velocidade da firma Hartung e Kuhn. Existem outros tipos de reguladores (elétricos, hidráulicos, etc) cujo princípio de funcionamento é basicamente o mesmo e portanto não serão apresentados. Obs: Geralmente as turbinas a vapor são equipadas por um mecanismo de limitação de velocidade que atua quando a velocidade excede uns 10%, aproximadamente, da velocidade normal, evitando o "embalamento". Às vezes o próprio regulador de velocidade tem essa função. Figura 2.6.32: Dispositivo de Rateau contra o embalamento. c) Regulagem de pressão: Geralmente, atua na entrada da turbina a vapor mantendo constante a pressão da caldeira, o que é muito vantajoso para o funcionamento da mesma, cuja pressão não sofre, assim, oscilações com a carga. Pode também ser utilizada (feita) em outros pontos intermediários de um ciclo. O sistema de regulagem de pressão consiste basicamente de uma válvula que restringe a passagem do vapor, alterando assim a pressão. Figura 2.6.33: Regulador de pressão.1 - Elemento sensível à pressão; 2 - Tubo onde atua a pressão; 3 - Volante; 4 - Servomecanismo. 2.8 VENTILADORES E EXAUTORES 2.8.1) Introdução Ventiladores são turbomáquinas geratrizes ou operatrizes, também designadas por máquinas turbodinâmicas, que se destinam a produzir o deslocamento dos gases. A rotação de um rotor dotado de pás adequadas, acionado por um motor, em geral o elétrico, permite a transformação da energia mecânica do rotor nas formas de energia que o fluido é capaz de assumir, ou seja, a energia potencial de pressão e a energia cinética. Graças à energia adquirida, o fluido (no caso, o ar ou os gases) torna-se capaz de escoar em dutos, vencendo as resistências que se oferecem ao seu deslocamento, proporcionando a vazão desejável de ar para a finalidade que se tem em vista. Os ventiladores são usados nas indústrias em ventilação, climatização e em processos industriais, como na indústria siderúrgica nos altos-fornos e em sinterização; em muitas indústrias nas instalações de caldeiras; em pulverizadores de carvão, em queimadores, em certos transportes pneumáticos e em muitas outras aplicações. O ventilador é estudado como uma máquina de fluido incompressível, uma vez que o grau de compressão que nele se verifica é tão pequeno, que não é razoável analisar seu comportamento como se fosse uma máquina térmica. Quando a compressão é superior a aproximadamente 2,5 kgf/cm2, empregam-se os turbocompressores, cuja teoria de funcionamento, em princípio, é igual à dos ventiladores, havendo porém necessidade de levar em consideração os fenômenos termodinâmicos decorrentes da compressão do ar e os aspectos inerentes ao resfriamento dessas máquinas. 2.8.2) Classificação Existem vários critérios segundo os quais se podem classificar os ventiladores. Mencionaremos os mais usuais. a) Segundo o nível energético de pressão que estabelecem, podem ser de: -Baixa pressão: até uma pressão efetiva de 0,02 Kgf/cm-2 (200 mm H2O); -Média pressão: para pressões de 0,02 a 0,08 Kgf/cm-2 (200 a 800 mmH2O); -Alta pressão: para pressões de 0,08 a 0,250 Kgf/cm-2 (800 a 2.500 mmH2O); -Muito alta pressão (Pressão Elevada): para pressões de 0,250 a 1,0 Kgf/cm-2 (2.500 a 10.000 mm H2O); b) Segundo a modalidade construtiva: -Centrífugos: quando a trajetória de uma partícula gasosa no rotor, se realiza em uma superfície que é aproximadamente um plano normal ao eixo, portanto uma espiral; -Hélico-centrífugos: quando a partícula, em sua passagem no interior do rotor, descreve uma hélice sobre uma superfície de revolução cônica, cuja geratriz é uma linha curva; -Axiais: quando a trajetória de uma partícula em sua passagem pelo rotor é uma hélice descrita em uma superfície de revolução aproximadamentecilíndrica. Figura 2.8.1: Modalidades construtivas dos rotores dos ventiladores: (a) centrífugas, (b) helicoidais, (c) hélico-axiais e (d) axiais.c) Segundo a forma das pás: -pás radiais retas; -pás inclinadas para trás, planas ou curvas. Podem ser de chapa lisa ou com perfil em asa (airfoil); -pás inclinadas para a frente; -pás curvas de saída axial. ( A )PÁS RADIAIS RETAS Robusto. Movimenta grandes cargas de partículas. Trabalho pesado. Rendimento baixo ( B )PÁS CURVAS PARA TRAS Usado para gases limpos. Silencioso. Bom rendimento. Potência autolimitada. Alta pressão. ( C )PÁS CURVAS PARA FRENTE Bom rendimento. Alta pressão. Ventilador Sulzer com pás para trás ( D ) PÁS CURVAS DE SAÍDA RADIAL Alta pressão. Grandes vazões. ( E ) PÁS RETAS PARA TRAS Média pressão. Para gases limpos ou com baixa concentração de partículas. Figura 2.8.2: Formas das pás de ventiladores centrífugos. EXAUSTORES AXIAIS COM TRANSMISSÃO Com motor externo e transmissão blindada, por correias, para gases corrosivos ou explosivos EXAUSTORES COM TRANSMISSÃO TIPO TTR EXAUSTORES INDUSTRIAIS Para ventilização e exaustão em grandes ambientes e processos industriais Figura 2.8.4: ventiladores-exaustores axiais da Metalúrgica Silva Ltda. ROTOR DO TIPO A, PÁS AIRFOIL PARA TRÁS (HIGROTEC) Elevado rendimento e nível de ruído muito baixo. TRANSMISSÃO DIRETA O rotor é montado diretamente sobre o eixo do motor. A temperatura máxima de operação é 100ºc TRANSMISSÃO POR CORREIA Rotor é montado em um robusto eixo sobre rolamentos. Para temperaturas acima de 100ºc, um disco de refrigeração pode ser montado entre a carcaça e os mancais, permitindo gases a até 350ºc. TRANSMISSÃO POR CORREIA E BASE ÚNICA O motor do ventilador e a transmissão por polias e correias são montados em uma robusta base formando uma unidade completa pronta para ser acionada. Figura 2.8.6: Variantes de acionamento do ventilador HC da Fläkt Técnica de Ar Ltda. d) Segundo o número de entradas de aspiração no rotor: -Entrada unilateral ou simples aspiração -Entrada bilateral ou dupla aspiração. e) Segundo o número de rotores: - de simples estágio, com um rotor apenas. É o caso usual; - de duplo estágio, com dois rotores montados num mesmo eixo. O ar, após passar pela caixa do 1º estágio, penetra na caixa do 2º estágio com a energia proporcional pelo 1º rotor (menos as perdas) e recebe a energia do 2º rotor, que se soma a do 1º estágio. Conseguem-se assim pressões elevadas da ordem de 3.000 a 4.000 mm H2O. 2.8.3) Fundamentos da Teoria dos Ventiladores 2.8.3.1) Diagrama das velocidades Nos ventiladores, aliás, como em todas as chamadas turbomáquinas, uma partícula de fluido em contato com a pá (palheta) do órgão propulsor não tem a mesma trajetória que a do ponto do órgão propulsor com a qual, a cada instante, se acha em contato. Ao mesmo tempo em que o ponto da pá descreve uma circunferência, a partícula percorre uma trajetória sobre a superfície da pá (movimento relativo). Da composição desse movimento relativo e do movimento simultâneo do ponto da pá (movimento de arrastamento), resulta para a partícula um movimento segundo uma trajetória absoluta, em relação ao sistema de referência fixo no qual se acha o observador. Esta trajetória absoluta seria, portanto, aquela que o observador veria a partícula descrever. Para um determinado ponto M correspondente a uma partícula de fluido em contato com a pá, podemos caracterizar o movimento pela velocidade ao longo da trajetória correspondente. Para um determinado ponto M correspondente a uma partícula de fluido em contato com a pá, podemos caracterizar o movimento pela velocidade ao longo da trajetória correspondente. Assim, temos que U é a velocidade circunferencial, periférica ou de arrastamento, tangente à circunferência descrita pelo ponto M da pá. Seu módulo é dado pelo produto da velocidade angular = (n)/30 (radianos por segundo) pelo raio r correspondente ao ponto M. ou seja; U = r (2.8.1) n é o número de rotações por minuto; W é a velocidade relativa, isto é, da partícula no ponto M percorrendo a trajetória relativa e que corresponde ao perfil da pá; Figura 2.8.12: Diagrama de velocidades para os pontos 1 (entrada), 2 (saída) e M (ponto qualquer) da pá. V é a velocidade absoluta, soma geométrica das duas anteriores e tangente à trajetória absoluta no ponto M. V U W (2.8.2) O diagrama formado pelos vetores W, U e V é denominado diagrama das velocidades. Completa-se o diagrama indicando-se, ainda: - O ângulo , que a velocidade absoluta V forma com a velocidade periférica U; - O ângulo , que a velocidade relativa W forma com o prolongamento de U em sentido oposto. É o ângulo de inclinação da pá no ponto considerado; - A projeção de V sobre U, isto é, a componente periférica de V que é representada por VU. Esta grandeza aparece na equação da energia cedida pelo rotor ao fluido (ou vice-versa, no caso de uma turbomáquina motriz): - A projeção de V sobre a direção radial ou meridiana designada por Vm. Esta componente intervém no cálculo da vazão do ventilador. São especialmente importantes os diagramas à entrada e à saída das pás do rotor, designados com os índices “1” e “2”, pois representam as grandezas que aparecem na equação de Euler conhecida como equação da energia das tucbomáquinas. Equação da energia Se for aplicada uma potência N, pelo rotor a uma massa de um gás de peso específico , este gás adquire uma energia He (altura de elevação) graças à qual tem condições de escoar segundo uma vazão Q. Podemos escrever: NeQHe Na maioria dos casos projeta-se o rotor de forma que a entrada do fluido se dê radialmente, o que elimina o termo negativo (condição de entrada meridiana, = 90°), de modo que a equação de Euler se simplifi ca para Observa-se, portanto, a importância fundamental do que se passa à saída do rotor e, portanto, a velocidade periférica de saída U2 e do ângulo de inclinação das pás à saída do rotor 2. Se aplicarmos a equação de Bernoulli aos pontos à entrada e à saída do rotor, chegaremos a uma expressão para a altura total de elevação He útil na análise do que ocorre no rotor do ventilador, e que é de fato, a energia cedida pelo rotor se apresenta sob duas formas: - Energia de pressão (pressão estática) - Energia dinâmica ou cinética As grandezas referentes ao que ocorre à entrada e à saída do rotor são fundamentais para o projeto do ventilador. Para quem adquire um ventilador a fim de aplicá-lo ao contexto de uma instalação, interessa mais conhecer o que se passa à entrada e à saída da caixa do ventilador (se for do tipo centrífugo ou hélico-centrífugo) e à entrada e à saída da peça tubular, se o ventilador for axial. Alturas energéticas Quando se representam as parcelas de energia que a unidade de peso de um fluido possui, para deslocar-se entre dois determinados pontos, expressas em altura de coluna fluida de peso específico , elas se denominam de alturas de elevação. Uma altura de elevação representa um desnível energético entre dois pontos, e este desnível pode ser de pressão, de energia cinética ou de ambos, conforme o caso que se estiver considerando. Vejamos a conceituação de algumas dessas alturas. Altura útil de elevação Hu ou pressão totalÉ a energia total adquirida pelo fluido (sempre se refere à unidade de peso do fluido) em sua passagem pelo ventilador, desde a boca de entrada (índice “1”) até à de saída (índice “2”). Graças a esta energia recebida, o fluido tem capacidade para escoar ao longo de tubulações ou dutos. Esta energia útil consta de duas parcelas: 1- Altura de carga estática Hs ou simplesmente carga estática, pressão estática, PE, ou pressão manométrica total (medidas em altura de coluna líquida). 2- Altura de carga dinâmica Hv ou simplesmente carga dinâmica ou pressão dinâmica. É o ganho de energia cinética do fluido em sua passagem pelo ventilador, desde a entrada até a saída da caixa. Altura total de elevação He É a energia total cedida pelo rotor do ventilador ao fluido. Uma parte dessa energia se perde no próprio ventilador por atritos e turbilhonamentos (que se designam por perdas hidráulicas), de modo que sobra para a altura útil He HuHc Altura motriz de elevação Hm É a energia mecânica produzida pelo eixo do motor que aciona o ventilador. Nem toda esta energia é aproveitada pelo rotor para comunicar ao fluido a energia He, pois uma parte se perde sob a forma de perdas mecânicas Hp nos mancais, e em transmissão por correia: Hm He Hp Potências O trabalho efetuado ou a energia cedida para efetuar trabalho na unidade de tempo constitui a potência. Portanto, a cada altura de elevação corresponde uma potência com a mesma designação. - Potência útil: é a potência adquirida pelo fluido em sua passagem pelo ventilador. Nu QHu - Potência total de elevação: é a potência cedida pelas pás do rotor ao fluido. Ne QHe - Potência motriz: mecânica ou efetiva, ou ainda brake horse-power (BHP), é a potência fornecida pelo motor ao eixo do rotor do ventilador. Nm QHm Figura 2.8.7.1: Ventiladores da Otam S.A. Ventiladores Industriais. Figura 2.8.7.2: Ventiladores da Otam S.A. Ventiladores Industriais. Figura 2.8.8.1: Ventiladores da Otam S.A. Ventiladores Industriais. Figura 2.8.8.2: Ventiladores da Otam S.A. Ventiladores Industriais. Sulzer, de pás de passo ajustável, tipo PV. Figura 2.8.11: ventilador VAV (volume de ar variável).
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