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Fisioterapia gineco obstreticia.

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Fisioterapia B
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www.atlanticaeditora.com.br
ISSN 1518-9740
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Março / Abril de 2010
Movimento
•	 Goniometria e fleximetria do joelho
•	 Arco longitudinal medial e tipo de pé
•	 Mobilização articular do ombro
Queimaduras
•	 Microcorrente e reparo tecidual
Cardiorrespiratório
•	 Avaliação da função pulmonar de lactentes
Profissão
•	 Fisioterapia e promoção da saúde
Saúde da mulher
•	 Tratamento da dor pélvica crônica
•	 Fisioterapia e dismenorréia
•	 Incontinência urinária de esforço
Fisioterapia Brasil
P h y s i c a l T h e r a p y B r a z i l
(vol. 11, nº 2 março/abril 2010 - 81~160)
EDITORIAL
A respeito do peso e da leveza, Marco Antonio Guimarães da Silva ............................................................................................. 83
ARTIGOS ORIGINAIS
Estudo comparativo entre as medidas da goniometria e da fl eximetria passiva na articulação 
do joelho, Caroline dos Anjos Bezerra Batista, Mírian Aguiar Caires Vasconcelos Meira, 
Levy Aniceto Santana .................................................................................................................................................................... 84
Análise do arco longitudinal medial em idosos institucionalizados e sua relação com o tipo de pé, 
Gustavo José Luvizutto, Célia Regina Covolan .............................................................................................................................. 88
Efeitos da massagem do tecido conjuntivo e cinesioterapia no tratamento da dismenorréia 
primária, Aline Fae, Hedioneia Maria Folleto Pivetta.................................................................................................................... 92
Efeito da imagética motora sobre a onda alfa em imagéticos visuais e cinestésicos, 
Paulo Alexandre Azevedo, Bianca Kalil de Macedo Jakubovic, João Batista Corrêa, 
Januário Gomes Mourão, Vernon Furtado da Silva ........................................................................................................................ 99
Efeitos da aplicação de microcorrente no processo de reparo tecidual de queimaduras, 
Sharin de Assis Costa, Angela Miranda de Freitas, Carina Oliveira dos Santos ............................................................................. 103
Efeitos da mobilização articular sustentada na fl exibilidade das estruturas posteriores do ombro, 
Priscila Fernanda Figueiredo Borges, Priscila Abbári Rossi, Elaine Cristine Lemes Mateus de Vasconcelos, 
Adriano Pezolato, Everaldo Encide de Vasconcelos ...................................................................................................................... 109
Aproximação com a saúde pública e a promoção da saúde no exercício da docência em fi sioterapia, 
Andriele Gasparetto, Maria Cristina Flores Soares ....................................................................................................................... 115
Avaliação da força muscular e ativação pressórica do assoalho pélvico de mulheres climatéricas 
com incontinência urinária de esforço, Daniela Gómez Martin, Lígia Silveira, 
Elizabeth Pereira Zerwes, Maria da Graça Martino Roth ............................................................................................................. 122
Alongamento balístico versus sustentar e relaxar: comparação do ganho imediato e após 24 horas, 
Taylor Ferreira, André Luiz Almeida Pizzolatti, Heiliane de Brito Fontana, Bruno Seara Polidoro, 
Cristiano Diniz Campelo Silva .................................................................................................................................................... 128
Frequência de distúrbios álgicos da coluna vertebral e tratamento osteopático, Giliane Altomare, 
Renato Rocha Junior, João S. Pereira ........................................................................................................................................... 133
REVISÕES
Novas perspectivas na avaliação da função pulmonar de lactentes, Fernanda de Cordoba Lanza,
José Carlos Molero Junior, Gustavo F. Wandalsen, Dirceu Sole .................................................................................................... 138
A fi sioterapia em mulheres com dor pélvica crônica, Gabriela Faller Vitale, Ivaldo Esteves Junior ........................................... 145
RELATOS DE CASO
Método Kabat no fortalecimento muscular da espasticidade, 
Marisete de Lourdes de Vasconcelos Claudino Sobrinha, Moema Texeira Maia, 
Carina Carvalho Correia Coutinho, Ana Cristina da Nóbrega Marinho Torres Leite, 
Sheila Carla Agra Farias ............................................................................................................................................................... 151
NORMAS DE PUBLICAÇÃO .........................................................................................................................................159
EVENTOS .........................................................................................................................................................................160
Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201082
© ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, ele-
trônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer 
responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confi abilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no 
material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é 
uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.
I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes.
Fisioterapia Brasil
www.fisioterapiabrasil.com.br
Editor
Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ – Rio de Janeiro)
Conselho científico
Abrahão Fontes Baptista (Universidade Federal da Bahia – BA)
Anamaria Siriani de Oliveira (USP – Ribeirão Preto)
Dirceu Costa (UFSCAR, Uninove – São Paulo)
Elaine Guirro (Unimep – São Paulo)
Espiridião Elias Aquim (Universidade Tuiuti – Paraná)
Fátima Aparecida Caromano (USP – São Paulo)
Guillermo Scaglione (Universidade de Buenos Aires – UBA – Argentina)
Hugo Izarn (Universidade Nacional Gral de San Martin – Argentina)
Jamilson Brasileiro (UFRN)
João Carlos Ferrari Corrêa (Uninove – São Paulo)
Jones Eduardo Agne (Universidade Federal de Santa Maria – Rio Grande do Sul)
José Rubens Rebelatto (UFSCAR – São Paulo)
Lisiane Tuon (Universidade do Extreme Sul Catarinense – UNESC)
Marcus Vinícius de Mello Pinto (Centro Universitário de Caratinga – MG)
Margareta Nordin (Universidade de New-York – NYU – Estados Unidos)
Mario Antônio Baraúna (Universidade do Triângulo Mineiro – UNIT – Minas Gerais)
Mario Bernardo Filho (UERJ – RJ)
Neide Gomes Lucena (Universidade Fed. da Paraíba – UFPB – João Pessoa)
Nivaldo Antonio Parizotto (UFSCAR – São Paulo) 
Norberto Peña (Universidade Federal da Bahia – UFBA – Bahia)
Roberto Sotto (Universidade de Buenos Aires – UBA – Argentina)
Grupo de assessores
Antonio Coppi Navarro (Gama Filho – São Paulo)
Antonio Neme Khoury (HGI – Rio de Janeiro)
Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro)
João Santos Pereira (UERJ – Rio de Janeiro)
José Roberto Prado Junior (Rio de Janeiro)
Lisiane Fabris (UNESC – Santa Catarina)
Jorge Tamaki (PUC – Paraná)
José Alexandre Bachur (FMRP/USP)
Marisa Moraes Regenga (São Paulo)
LuciFabiane Scheffer Moraes (Univ. do Sul de Santa Catarina)
Philippe E. Souchard (Instituto Philippe Souchard)
Solange Canavarro Ferreira (HFAG – Rio de Janeiro)
Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço de e-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br
Revista Indexada na LILACS - Literatura 
Latinoamericana e do Caribe em Ciências 
da Saúde, CINAHL, LATINDEX
Abreviação para citação: Fisioter Bras
E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br
www.atlanticaeditora.com.br
Diretor
Antonio Carlos Mello
mello@atlanticaeditora.com.br
Atlântica Editora 
e Shalon Representações
Praça Ramos de Azevedo, 206/1910
Centro 01037-010 São Paulo SP
Atendimento
(11) 3361 5595 / 3361 9932
E-mail: assinaturas@atlanticaeditora.com.br
Assinatura
1 ano (6 edições ao ano): R$ 240,00
Editor executivo
Dr. Jean-Louis Peytavin
jeanlouis@atlanticaeditora.com.br
Editor assistente
Guillermina Arias
guillermina@atlanticaeditora.com.br
Direção de arte
Cristiana Ribas
cristiana@atlanticaeditora.com.br
83Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
Editorial
A respeito do peso e da leveza
Tenho que reconhecer que os meus editoriais, amparados 
em críticas do tecido social e da “subclasse política”, tem-se 
pautado pela pesada caracterização que dou aos antagonistas 
que crio, verdadeiros Górgonas do século XXI.
A metáfora peso, entendida como a subtração da leveza, 
pode também ser pensada como a inércia que envolve os ho-
mens, aniquilando quaisquer reações, ou quem sabe também 
interpretada como a opacidade que refl ete o lado escuro e 
sombrio da natureza humana, todas aplicadas aos protago-
nistas de meus editoriais. Estava, pois, decidido a iniciar uma 
nova fase e inaugurar uma escrita com fi guras mais leves, tal e 
qual fi zera Milan Kundera, quando cria o personagem Tomas 
em a Insustentável Leveza do Ser. 
Já havia, em editorial passado, introduzido essa idéia, 
quando sugeria que nos tornássemos turistas em nossa própria 
terra, vivendo sem nenhum compromisso com quaisquer 
problemas, sejam de ordem política ou social. Kundera avança 
ainda mais, incluindo, dentro dessa total falta de compromis-
so, as relações amorosas.
Reconheço o perigo da omissão e da linearidade do agir, 
opções do protagonista da obra tcheca mencionada já tema-
tizadas no meu citado editorial. No entanto, para evitar falsas 
interpretações e equívocos, sugiro uma leitura com refl exões 
diretamente remetidas a Nietzsche (Eterno Retorno) e indi-
retamente a Hegel (tese - antítese).
 
“E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em 
tua mais solitária solidão e te dissesse: Esta vida, assim como 
tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma 
vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, 
cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o 
que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida 
há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e 
do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do 
mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta 
da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, 
poeirinha da poeira! Não te lançarias ao chão e rangerias os 
dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou 
viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe res-
ponderias: “Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!” 
Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como 
tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta 
diante de tudo e de cada coisa: Quero isto ainda uma vez e 
inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre 
o teu agir! Ou, então, como terias de fi car de bem contigo e 
mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa 
última, eterna confi rmação e chancela?” 
Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência, aforismo 341.
Talvez fosse essa a grande questão de nossas vidas. Quere-
mos viver essa vida mais uma, mais duas, mais n vezes?
De volta à leveza dos meus personagens. Veio a chuva 
no Rio e com ela a tragédia, vitimando e matando centenas 
e desamparando milhares de pessoas. Com essa chuva, veio 
também a inevitável contestação de uma incompetência 
administrativa ou de descaso com a coisa pública, ampara-
das, respectivamente, sob a minha ótica, em visões jurídicas 
culposas ou dolosas.
Não haveria, portanto, como subtrair o “peso” de meus 
antagonistas, porque a culpabilidade está presente. 
Mas, e nós, representados pelos sofridos cidadãos, es-
taríamos condenados a ser protagonistas cuja leveza do ser 
nos colocaria como meros e conformados expectadores? Aí 
estaria o meu grande e paradoxal desafi o: dar leveza aos meus 
protagonistas e, simultaneamente, levá-los a romper o círculo 
vicioso e as omissões por eles cometidas.
Tenho esperanças; afi nal Perseu sustentou-se nas nuvens 
e no vento para vencer a Medusa.
Marco Antonio Guimarães da Silva
marco@atlanticaedu.com.br
*Professor Associado da UFRRJ e de Doutorado no exterior. 
Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201084
Estudo comparativo entre as medidas da goniometria 
e da fl eximetria passiva na articulação do joelho
Comparative study of passive goniometry and fl eximetry measures 
on knee joint
Caroline dos Anjos Bezerra Batista, Ft.*, Mírian Aguiar Caires Vasconcelos Meira, Ft.*, Levy Aniceto Santana, M.Sc.**
*Universidade Católica de Brasília – UCB, **Docente da Universidade Católica de Brasília – UCB
Resumo
Objetivo: O objetivo deste estudo foi comparar as medidas 
da goniometria e da fl eximetria passiva na articulação do joelho. 
Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, cuja amostra foi 
composta por 33 indivíduos saudáveis de ambos os sexos, 17 ho-
mens e 16 mulheres com média de idade de 21,76 ± 2,11 anos. Os 
instrumentos utilizados para o estudo foram o Goniômetro Universal 
Carci e o Flexímetro Sanny. O registro da medida da goniometria e 
da fl eximetria foi obtido após a fl exão passiva do joelho dominante 
em sua amplitude máxima com o indivíduo em decúbito ventral. 
Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste t student e a 
correlação de Pearson. Resultados e conclusão: Foram encontradas 
diferenças estatisticamente signifi cativas entre as medidas dos ins-
trumentos, porém com correlação positiva entre elas, possibilitando 
o uso de ambos na avaliação da amplitude de movimento passiva 
devendo, entretanto, sempre utilizar o mesmo instrumento em um 
mesmo indivíduo.
Palavras-chave: amplitude de movimento articular, goniometria, 
fl eximetria, joelho.
Artigo original
Abstract 
Objective: To compare measures taken with passive goniometry 
and fl eximetry in knee joint. Methodology: Transversal study with 33 
healthy subjects, 17 men and 16 women, 21.76 ± 2.11 years old. 
A Carci Universal Goniometer and Sanny Fleximeter were used to 
register passive fl exion of dominant knee in its full range of motion, 
with the person in ventral decubitus position. T-Student test, and 
Pearson correlation were used to statistical analyses. Results and 
conclusion: Statistically signifi cant diff erences between these tools 
measurements were found, although there was positive correlation 
between both of them, making it possible to use them when eva-
luating passive range of motion. However, it must be used always 
the same tool to assess the same individual.
Key-words: range of motion, goniometry, fl eximetry, knee.
Recebido em 20 de março de 2008; aceito em 25 de novembro de 2009.
Endereço para correspondência: Levy Aniceto Santana, QS 07 Lote 1, Águas Claras, 72030-170 Taguatinga DF, Tel: (61) 3451-1028, E-mail: levy@
ucb.br
85Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
Introdução
A medida da Amplitude de Movimento (ADM) articular 
é um relevante parâmetro na avaliação física, permitindo aosprofi ssionais acompanhar de modo quantitativo a evolução do 
tratamento [1,2]. “A avaliação da amplitude do movimento 
faz parte da defi nição da propedêutica e do prognóstico de 
um indivíduo submetido à fi sioterapia” [2].
A ADM pode ser medida de forma passiva ou ativa, sendo 
a primeira com maior confi abilidade, pois a articulação é 
levada passivamente pelo avaliador até a máxima quantidade 
possível da articulação, devido ao estiramento (alongamento) 
elástico dos tecidos. [2-5]. Por outro lado, ADM ativa refere-
se à quantidade máxima de movimento articular realizado 
ativamente pelo sujeito [4,5]. 
O goniômetro universal tem sido o instrumento mais 
utilizado para medir a ADM [4], pois apresenta vantagens 
como baixo custo e fácil manuseio [6]. Entretanto, segundo 
Venturini et al. [2], sua precisão é comprometida devido a 
erros referentes ao posicionamento dos braços e também por 
sua escala de medida variar de 2 em 2 graus. Em contraparti-
da, o fl exímetro apresenta maior precisão devido a sua escala 
variar de 1 em 1 grau, apresenta também, maior praticidade 
nas leituras das medidas angulares ativa e passivamente, pelo 
fato da indicação do ângulo ser produzida por efeito da gravi-
dade, entretanto, sua viabilidade é comprometida na aferição 
da amplitude de pequenas articulações [7,8].
Na prática clínica, a ADM tem sido medida em várias 
articulações entre elas o joelho, uma articulação bastante 
suscetível a lesões, por ser do tipo dobradiça e porque seus 
estabilizadores estáticos e dinâmicos podem falhar em razão 
da sua mecânica [9-11]. Por esse motivo, diferentes procedi-
mentos para medir sua amplitude são muito utilizados [1].
Sabe-se da importância da mensuração da ADM articular 
com dados quantitativos, o que facilita o diagnóstico, conduta 
e avaliação da recuperação funcional. Estudos comparativos 
do uso de diferentes instrumentos são importantes para certifi -
car os valores com maior confi abilidade na avaliação da ADM. 
Alguns estudos [2,12-15] compararam os valores de ADM 
do goniômetro universal com diferentes instrumentos de 
medida de várias articulações, mas em recente revisão biblio-
gráfi ca foram encontrados apenas dois estudos comparando 
o goniômetro com o fl exímetro [16,17], porém ambos para 
medidas ativas de fl exão de joelho. 
Partindo do pressuposto que o fl exímetro também pode 
ser usado para medidas passivas, o objetivo deste estudo foi 
comparar as medidas da goniometria e da fl eximetria passiva 
na articulação do joelho. 
Material e métodos
Foi realizado um estudo transversal com 33 indivíduos, 
estudantes da Universidade Católica de Brasília – UCB, sendo 
17 homens e 16 mulheres com média de idade de 21,76 ± 
2,11 anos (20-28), média de peso de 59,45 ± 10,72 quilos 
(43,80-83), média de altura de 1,68 ± 0,09 metros (1,52-1,91) 
e média do IMC de 21,14 ± 2,81 (15,96-26,21). 
Os indivíduos foram selecionados por meio de uma ana-
mnese e exame físico, sendo excluídos aqueles com história 
prévia de patologia ortopédica ou neuromuscular, cirurgias, 
presença de dor na articulação do joelho e os que apresenta-
vam retração do músculo reto femoral confi rmada pelo teste 
ELY [7]. Todos receberam informações sobre o objetivo e o 
procedimento do estudo, e assinaram um termo de consenti-
mento livre formal no momento da coleta, concordando em 
participar da pesquisa. O protocolo experimental do presente 
trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa – CEP 
da UCB sob o Nº. 16 CEP/UCB/2007.
As medidas angulares foram realizadas utilizando-se o 
Goniômetro Universal Carci – 1275 (Figura 1) e o Flexímetro 
Sanny – FL 6010 (Figura 2).
Figura 1 - Goniômetro Universal Carci – 1275.
 
Fonte: Pesquisa dos autores.
Figura 2 - Flexímetro Sanny – FL 6010.
Fonte: Raimundo et al., 2007.
Durante a coleta, os indivíduos usaram roupa apropria-
da, deixando a área a ser avaliada desnuda, e posicionados 
em decúbito ventral com os joelhos apoiados na maca e os 
tornozelos ultrapassando sua borda, sendo aferido sempre 
o membro dominante. As medidas da goniometria foram 
realizadas segundo metodologia proposta por Norkin & 
White [4] (Figura 3). E a fl eximetria, conforme proposto por 
Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201086
Raimundo et al. [7] (Figura 4), na qual o fl exímetro deve ser 
posicionado na face lateral da perna em seu terço médio, 15 
cm acima do maléolo lateral.
Figura 3 - Posição inicial (a) e fi nal (b) para teste de goniometria 
de fl exão de joelho.
A análise do teste t student para amostras dependentes 
encontrou diferença estatisticamente signifi cativa [t(32) = 
12,17; p = 0,0001] entre as medidas dos instrumentos, sendo 
os valores obtidos com o fl exímetro maiores (Tabela II). En-
tretanto, foi encontrada correlação positiva (Figura 5) entre 
as medidas dos instrumentos (r = 0,42; p = 0,02). 
Tabela II - Análise comparativa das medidas dos instrumentos.
Instrumen-
tos
Mínimo
(graus)
Máximo
(graus)
Média
(graus)
DP
(graus)
Valor 
de p
Goniômetro 141,33 155,00 150,40 3,63 0,0001*
Flexímetro 148,33 163,00 158,82 3,75
* p < 0,05
Figura 5 - Gráfi co da correlação de Pearson entre as medidas.
 a b
Fonte: Pesquisa dos autores
Figura 4 - Posição inicial (a) e fi nal (b) para teste de fl eximetria 
de fl exão de joelho.
a b
Fonte: Pesquisa dos autores
Todas as medidas foram realizadas durante a fl exão passiva 
do joelho até sua amplitude máxima, na qual o calcanhar 
tocasse a região glútea. As aferições foram realizadas sempre 
pelo mesmo avaliador e repetidas três vezes com cada instru-
mento para obtenção de um valor médio, sendo a escolha da 
sequência aleatória.
Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizada a 
planilha eletrônica Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 
versão 10.0 sendo comparadas as médias aritméticas das três 
mensurações dos instrumentos pelo teste t student e testada a 
correlação pelo coefi ciente de Pearson, ambos com nível de 
signifi cância de 5%.
Resultados
A comparação das medidas entre homens e mulheres pelo 
teste t student para amostras independentes (Tabela I) mostrou 
que as diferenças não foram estatisticamente signifi cativas 
tanto para as mensurações do goniômetro [t(28) = -0,77; 
p = 0,45] quanto para as do fl exímetro [t(26) = -1,06; p = 
0,30]. Por isso, as comparações estatísticas prosseguiram sem 
diferenciar os gêneros. 
Tabela I - Comparação das medidas entre os sexos.
Instrumen-
tos
Masculino
Médias ± DP 
(em graus)
Feminino
Médias ± DP 
(em graus)
Va-
lor t
Valor 
p
Goniômetro 149,77 ± 4,17 151,08 ± 2,94 -1,06 0,30
Flexímetro 158,33 ± 4,52 159,33 ± 2,77 -0,77 0,45
p < 0,05
Discussão
O presente estudo comparou as medidas da goniometria 
e da fl eximetria passiva na articulação do joelho em indiví-
duos saudáveis de ambos os sexos. Quando se comparou as 
medidas entre os sexos, apesar das diferenças não terem sido 
estatisticamente signifi cativas, as mulheres obtiveram valores 
médios discretamente maiores, talvez devido aos aspectos 
morfológicos como menor tônus muscular e ligamentos mais 
lassos [18]. Segundo Palmer & Epler [5], muitos estudos 
foram realizados para determinar a diferença na ADM entre 
os sexos e em síntese, constatou-se que as mulheres costumam 
ter maiores amplitudes, entretanto não há consenso sobre 
esse fato. 
Ao se comparar os instrumentos de medida, observou-se 
que o fl exímetro apresentou valores médios maiores com 
diferenças estatisticamente signifi cativas. Esses achados não 
puderam ser comparados com outros estudos, pois não foram 
encontradas pesquisas similares na literatura comparando a 
goniometria e a fl eximetria passiva. Entretanto, traçando 
comparações paralelas com estudos que investigaram medidas 
ativas, nossos resultados concordam com Oliveiraet al. [17], 
porém discordam de Polanowski et al. [16], que descreveram 
diferenças praticamente nulas entre os instrumentos (menor 
Goniômetro
156154 152 150 148 146 144 142 140 
Fl
ex
ím
et
ro 
164 
162 
160 
158 
156
154 
152 
150
148 
87Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
que 1%), mas os autores não utilizaram estatística analítica 
para descrever seus resultados.
Segundo Oliveira et al. [17], uma das hipóteses para expli-
car o fato de registrar maiores medidas pela fl eximetria seria 
porque o fl exímetro é um instrumento mais acurado, pois não 
necessita de controle de variáveis como o posicionamento do 
fulcro, braço móvel e fi xo, variáveis essas que podem com-
prometer os resultados das medidas feitas pelo goniômetro. 
Além disso, o fl exímetro é um instrumento mais preciso, pois 
sua escala varia apenas de 1 em 1 grau.
Norkin & White [4] enfatizam que os modos de medida, 
o posicionamento do indivíduo, a forma e a quantidade de 
aferições são fatores que podem alterar as medidas de ADM, 
porém acreditamos que esses fatores não infl uenciaram no 
resultado deste estudo, pois eles foram controlados. 
Este trabalho utilizou a medida da ADM de forma 
passiva, porque, de acordo com diversos autores [3,4,7,12], 
desse modo atinge-se a máxima ADM articular e, por isso, é 
a medida mais usada na prática clínica. Além disso, segundo 
Araújo [18], a medida da ADM passiva é melhor porque 
sofre menos infl uência de variáveis como força muscular, 
coordenação motora e motivação individual. 
Apesar do goniômetro e o fl exímetro registrarem valores 
estatisticamente diferentes para as medidas de ADM de acordo 
com as condições experimentais utilizadas neste estudo, as 
medidas apresentaram correlação positiva, mostrando que 
ambos os instrumentos podem ser utilizados para registrar a 
ADM passiva, porém, seguindo sugestão proposta por Norkin 
& White [4] e Raimundo et al. [7], deve-se sempre utilizar o 
mesmo instrumento para acompanhar a evolução do quadro 
clínico do paciente. Sugere-se que novos estudos comparem o 
desempenho desses instrumentos na aferição da ADM passiva 
de outras articulações do corpo.
Conclusão
Os resultados deste estudo mostraram que há diferença 
estatisticamente signifi cativa entre as medidas do goniômetro 
e do fl exímetro para aferição da ADM para fl exão passiva de 
joelho, porém há correlação positiva entre elas, possibilitando 
o uso de ambos os instrumentos na prática clínica devendo, 
portanto, sempre utilizar o mesmo instrumento em um 
mesmo indivíduo.
Deste modo, conclui-se que o fl exímetro pode ser utilizado 
para medir a ADM passiva de joelho, assim como o goniô-
metro, mudando o conceito de que o fl exímetro só pode ser 
usado para aferição de fl exibilidade. Estudos futuros deverão 
investigar se esses resultados se confi rmam quando aplicado 
em outras articulações.
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Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201088
Análise do arco longitudinal medial em idosos 
institucionalizados e sua relação com o tipo de pé
Analysis of the medial longitudinal arch in institutionalized elderly 
people and its relationship with foot type
Gustavo José Luvizutto, Ft.*, Célia Regina Covolan, Ft., M.Sc.**
*Fisioterapeuta da Seção Técnica de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), 
**Especialista em Fisioterapia Gerontológica pela Unicamp/SP e Docente das disciplinas de Fisioterapia aplicado à Gerontologia, 
Fisioterapia aplicada à Reumatologia I e II
Resumo
A análise plantar é utilizada para identifi car os diversos tipos de 
pés e seus arcos fi siológicos, uma vez que se sabe da relação existente 
entre o equilíbrio e o alinhamento de várias articulações. O estudo 
teve por objetivo analisar as alterações no tipo de pé e sua relação 
com o arco longitudinal medial (ALM) em idosos institucionaliza-
dos. Foram analisadas impressões plantares de 13 idosos com idade 
de 74,5 ± 10,8 anos, utilizando-se o pedígrafo. Os dados foram 
analisados através de cálculos algébricos para descrever o tipo de pé 
e o índice do ALM (IA) através do protocolo de Staheli, utilizando 
o teste t student (p < 0,05) para realizar a comparação entre os pés. 
Os idosos que apresentaram PPG1 a média do IA foi de 0,66, para 
PPG2 a média do IA foi de 0,74, PCG1 a média foi de 0,46 e 
PCG2 de 0,27. Houve correlação positiva com ALM alto e PPG2 e 
ALM baixo e PPG2, nas outras alterações também houve correlação 
positiva, mas dentro dos limites normais do IA.
Palavras-chave: análise plantar, marcha, envelhecimento.
Artigo originalAbstract
Th e plantar foot pressure analysis is used to identify the diff erent 
foot types and its physiological arches, as it is known the existing cor-
relation between balance and joint alignment. Th e objective of this 
study was to analyze the alterations of foot type and its relationship 
with the medial longitudinal arch (MLA) in institutionalized elderly 
people. For measuring foot pressure of 13 elderly people with 74.5 
± 10.8 years, it was used a pedobarograph. Data were analyzed 
through algebraic equations to describe foot type and MLA index 
(AI) through Staheli protocol, using the t student test (p < 0,05) 
to compare one foot to another. Th e elderly who showed PPG1 AI 
average was 0.66, for PPG2 AI average was 1.3, PCG1 AI average 
was 0.46 and PCG2 of 0.27. It was found a positive correlation with 
high MLA and PPG2 and low MLA PPG2, also the other alterations 
had positive correlation, but within the normal limits of AI.
Key-words: plantar foot analysis, gait, aging.
Recebido em 24 de dezembro de 2008; aceito em 21 de janeiro de 2010.
Endereço para correspondência: Gustavo José Luvizutto, Avenida da Saudade, 225, 18650-000 São Manuel SP, Tel: (14) 3841-1284, E-mail: 
gustavoluvizutto@bol.com.br
89Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
Introdução
O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo 
no qual há alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas 
que vão alterando o organismo, tornando-o mais susceptível 
a agressões e deformidades, acometendo diversos órgãos e 
estruturas do corpo humano, sendo os pés uma das estruturas 
acometidas [1,2]. 
Nos idosos há várias alterações morfofuncionais nessa 
estrutura, como hálux valgo, calosidades e as deformidades 
nos artelhos (dedos em martelo, em garra, nódulos). Segundo 
alguns autores há uma diminuição no arco longitudinal me-
dial dos pés, consequentemente uma perda de estatura nessa 
população, caracterizando-os com pé plano [3]. 
O pé é um elemento chave para o alinhamento das ar-
ticulações dos membros inferiores, sua estrutura anatômica 
compõe-se por 33 articulações e 26 ossos, sendo subdividido 
em três segmentos funcionais, classifi cados em retropé, me-
diopé e antepé, apresentando várias curvaturas, como o arco 
longitudinal lateral (ALL), os arcos transversos anteriores 
(ATA) e o arco longitudinal medial (ALM), que são respon-
sáveis pela adaptação do pé às irregularidades do solo [4,5]. 
Apesar de importante, pouco se tem encontrado na lite-
ratura a respeito das alterações ocorridas no arco longitudinal 
medial ao longo do processo de envelhecimento. Há escassez 
de publicações quando esse tema envolve o idoso, sendo que 
geralmente é citado que esse arco sofre desabamento, embora 
não seja explicado o como e o porquê deste fato. O objetivo 
do presente estudo foi verifi car a relação entre o arco longi-
tudinal medial e o tipo de pé em idosos institucionalizados.
Métodos
População amostral
A casuística foi composta por 13 idosos de ambos os sexos 
(6 homens e 7 mulheres) com mais de 60 anos de idade, faixa 
etária considerada população idosa de acordo com a Organiza-
ção Mundial da Saúde para países em desenvolvimento [6] que 
frequentam um centro de atenção à pessoa idosa (centro-dia).
Procedimento
Após aprovação do comitê de bioética da Faculdade Ma-
rechal Rondon (COEBE-FMR) o projeto foi iniciado. Foram 
colhidas as informações pessoais de cada idoso por entrevista 
direta, onde cada um assinou um termo de consentimento 
livre e esclarecido como forma de aceitação dos participantes 
à pesquisa. A avaliação foi individualizada, sendo que cada 
paciente foi encaminhado para a sala de que realizaram a 
descarga de peso no pedígrafo para a impressão plantar. Pos-
teriormente foi avaliado o índice de Staheli e classifi cado o 
tipo de pé de acordo com os cálculos algébricos supracitados.
Instrumentos para coleta de dados
Técnica de impressão plantar [7-10]: método de classifi -
cação dos pés que pode ser utilizado para medir o arco lon-
gitudinal medial (ALM) e o tipo de pé. O indivíduo realizou 
descarga de peso em pé descalço sobre o pedígrafo, onde foi 
impresso o contorno do pé por meio de uma almofada com 
tinta sob um papel. O examinador fi cou a frente do idoso, 
dando-lhe as mãos e instruindo para que ele desse um passo 
descarregando o peso sobre a almofada do pedígrafo e em 
seguida saísse do mesmo. Fez-se a captação de ambos os pés. 
O examinador fi cava atento com o deslocamento inadequado 
do idoso sobre o pedígrafo, pois poderia alterar a impressão 
plantar.
Figura 1 - Descarga de peso para realizar a impressão plantar no 
pedígrafo.
Protocolo de Staheli [11]: após realizada a impressão em 
pedígrafo analisamos o índice do arco longitudinal medial 
(IA) através do traçado de duas retas: a primeira (A), na região 
relativa do mediopé (istmo), e a outra (B), na região posterior 
da impressão plantar, correspondente a região do calcâneo. 
Com uma régua, fez-se a medição em milímetros das duas 
larguras e em seguida fez-se a relação A/B. Com base nesse 
critério classifi cou-se: arco alto (IA < 0,3), arco normal (0,3 
≥ IA ≤ 1,0), arco baixo (IA > 1,0).
Figura 2 - Esquema para cálculo do índice do arco longitudinal 
medial.
 
A
B
Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201090
Cálculos algébricos para classifi cação do tipo de pé [12]: 
inicialmente encontramos o ponto médio transversal da região 
do retropé. Em seguida com auxílio de uma régua simples, 
traçamos uma linha L1 com origem nesse ponto inicial, a 
qual era projetada até o segundo interdígito. Após, outras 
duas linhas (L2 e L3), paralelas à primeira, eram traçadas 
nas duas bordas (medial e lateral) da região do antepé. Com 
essas duas linhas traçadas, tomava-se a medida entre elas, com 
graduação em milímetros, a qual corresponde à medida da 
largura da região do antepé. Logo após encontramos a medi-
da da região do mediopé, a qual é delimitada anteriormente 
pelos metatarsos e posteriormente pelo início da curvatura 
do calcâneo. Essa medida foi obtida da seguinte maneira: 
tendo como referência a linha L1, traçamos outras duas linhas 
perpendiculares a ela (L4 e L5) na região correspondente ao 
ponto mais extremo do retropé (L4) e na região mais extre-
ma do antepé (L5), excluindo a região dos artelhos. Com o 
ponto médio da distância entre as linhas L4 e L5, traçamos 
outra linha perpendicular à linha L1, a qual indica a região 
do mediopé e de onde com o auxílio de uma régua tomamos 
a medida em milímetros do mediopé (região com descarga 
de peso impressa). Utilizando a classifi cação do pé segundo 
Valenti apud Barroco [12], o qual utiliza os seguintes parâ-
metros: pé cavo grau 1 (PCG1), quando o indivíduo tem a 
largura da impressão plantar do mediopé (istmo) menor que 
1/3 da medida do antepé, pé cavo grau 2 (PCG2), quando o 
indivíduo tem a largura do mediopé menor que 1/5 da medida 
do antepé. Pé cavo grau 3 é quando a largura do istmo é igual 
a 0. Pé normal (PN), quando o indivíduo tem a largura da 
impressão plantar do istmo correspondente a 1/3 da largura 
da impressão plantar do antepé. Pé plano grau 1 (PPG1), 
corresponde ao pé que, na sua impressão plantar, apresenta a 
largura do mediopé superior a 1/3 da largura do antepé. Pé 
plano grau 2 (PPG2) é considerado o pé que possui a medida 
do mediopé superior a ½ da largura do antepé. Pé plano grau 
3 (PPG3) é o pé que apresenta a medida da região de mediopé 
superior à largura do antepé. 
Figura 3 - Cálculo algébrico para classifi cação do tipo de pé nos 
idosos.
Resultados
A média de idade foi de 74,5 ± 10,8 anos (Min = 61 e Max 
= 93). A frequência dos tipos de pés (Figura 4) apresentados 
foi de: 38,46% com PCG1, 15,39% PCG2, 38,46% PPG1 
e 7,69% PPG2.
Figura 4 - Frequência do tipo de pé apresentado na população 
estudada.L4
L1
L3
L2
L5
PN PCG1 PCG2 PCG3 PPG1 PPG2 PPG3
Po
rc
en
ta
ge
m
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Como observado na Figura 5, não houve diferença sig-
nifi cativa das alterações do tipo de pé comparando ambos os 
pés (p > 0,05).
Figura 5 - Relação das alterações do tipo de pé comparando ambos 
os pés.
PN PCG1 PCG2 PCG3 PPG1 PPG2 PPG3
Po
rc
en
ta
ge
m
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Pé direito
Pé esquerdo
A prevalência de idosos em relação ao ALM foi: 15,38% 
apresentaram ALM alto, 61,62% apresentou ALM conside-
rado normal e 23% ALM baixo (Figura 6).
Os idosos que apresentaram PPG1 a média do IA foi 
de 0,66, para PPG2 a média do IA foi de 1,30 e os que 
apresentaram PCG1 a média foi de 0,46 e PCG2 de 0,27, 
sendo a correlação estatisticamente signifi cativa, com p < 
0,05 (Figura 7).
Não houve diferença signifi cativa comparando as altera-
ções do ALM em ambos os pés, sendo o p > 0,05 (Figura 8).
Análise dos dados
Os dados foram compilados no programa Excel para o 
cálculo da média e desvio padrão do grupo amostral e o teste 
t student com signifi cância em 5% (p < 0,05), para levanta-
mento de suas frequências e correlações.
91Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
Figura 6 - Arco longitudinal medial apresentado pelos idosos. Este fato demonstra a importância deste tipo de estudo, pois 
um pé plano inicial nem sempre poderá vir acompanhado de 
um ALM baixo e um pé cavo inicial de um ALM alto.
Conclusão
Nossos estudos mostraram relação entre o arco longitu-
dinal medial e os tipos de pés, sendo os mais predominantes 
PCG1 e PPG1, demonstrando na população um ALM em 
sua maioria normal. Em longo prazo essas alterações podem 
prejudicar a marcha do idoso, com alterações como supina-
ção do antepé ou contratura do tendão calcâneo em fl exão 
plantar no caso de pé plano acentuado ou pronação e varis-
mo do calcâneo em pé cavo acentuado, sendo necessário o 
conhecimento dos profi ssionais envolvidos para que possam 
intervir adequadamente nessas situações. Há que se ressaltar 
a necessidade de novos estudos para complementação dos 
conhecimentos adquiridos e suplementação necessária aos 
profi ssionais que atendem essa população.
Agradecimentos
Agradecemos ao apoio da Faculdade Marechal Rondon 
e ao Centro de Convivência de Idosos – CCI (Aconchego) 
pelo carinho e motivação aos idosos e a nós pesquisadores 
por nos proporcionar suas instalações às devidas pesquisas, 
visando sempre a melhor qualidade de vida dos participantes.
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Brasileira de Medicina e Cirurgia do pé; 2003.
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Alto Normal Baixo
Arco longitudinal medial
Figura 7 - Relação do arco longitudinal medial com o tipo de pé 
apresentado.
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
PPG2PPG2 PPG1 PCG1 PCG2
Tipo de pé
ALM
Figura 8 - Relação do arco longitudinal medial comparado em 
ambos os pés.
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
PPG2PPG2 PPG1 PCG1 PCG2
Tipo de pé
Ín
di
ce
 d
o 
AL
M
ALM direito
ALM esquerdo
Discussão
Os resultados expostos neste trabalho concordam com Ra-
zeghi et al., Canavagh et al. e Cashmere et al. [5,8,9], os quais 
citam que o arco longitudinal medial vem acompanhado com 
alterações morfofuncionais do pé (plano ou cavo), mostrando 
correlação positiva neste estudo. Já no que diz respeito ao arco 
longitudinal sofrer desabamento ao longo do tempo, há certa 
contradição no presente estudo, uma vez que o ALM perma-
neceu normal na maioria da população estudada (Figura 6). 
Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201092
Efeitos da massagem do tecido conjuntivo e 
cinesioterapia no tratamento da dismenorréia primária
Effects of massage of the connective tissue and kinesiotherapy 
in the treatment of primary dysmenorrhea
Aline Fae*, Hedioneia Maria Folleto Pivetta, M.Sc.** 
*Acadêmica do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), **Docente do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), 
Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Resumo
A dismenorréia primária caracteriza-se por dor pélvica que acom-
panha a menstruação sem comprometimentos patológicos. Como 
a dismenorréia primária possui índices elevados entre as mulheres, 
causando desconfortos e afetando a qualidade de vida, buscou-se 
analisar os efeitos da massoterapia e da cinesioterapia sobre a sin-
tomatologia dolorosa da dismenorréia primária, estabelecendo um 
estudo comparativo entre os dois recursos. Trata-se de uma pesquisa 
quali-quantitativa caracterizando-se como um estudo experimental. 
Participaram da pesquisa 11 mulheres com idade entre 19 e 24 anos, 
sendo que um grupo, com 5 participantes, recebeu a massagem do 
tecido conjuntivo e o outro grupo, com 6 participantes, realizou um 
programa de exercícios terapêuticos, ambos uma vez na semana. O 
período da pesquisa compreendeu os meses de agosto a outubro de 
2008 totalizando 8 encontros. Os dois grupos obtiveram resultados 
satisfatórios com relação à diminuição dos desconfortos apresentados 
durante o período menstrual, entretanto o grupo que recebeu sessões 
de massoterapia foi o que obteve melhor resultado. 
Palavras-chave: dismenorréia, cinesioterapia, massoterapia, 
saúde da mulher.
Artigo original
Abstract
Th e primary dysmenorrhea is characterized by pain in the lo-
wer abdomen occurring just before or during menstruation period 
without pathological problems. Since the primary dysmenorrhea 
shows up in high levels in women, causing discomfort and aff ecting 
quality of life, we aimed to analyze the eff ects of massage therapy 
and kinesiotherapy on painful symptoms of primary dysmenorrhea, 
establishing a comparative study of these two resources. Th is is a 
qualitative and quantitative research characterized as an experimental 
study. Eleven women 19 to 24 years old participated of this study. 
One group, with 5 participants, received massage in their connective 
tissues and the other group, with 6 participants, performed physical 
therapy exercises, both programs once a week. Th e research was 
carried out from 2008 August to October, totalizing 8 meetings. 
Both groups had satisfactory results concerning the reduction of 
discomforts that occur during menstruation period. However, the 
group that receivedmassage therapy sessions obtained better results.
Key-words: dysmenorrhea, kinesiotherapy, massage therapy, 
women health. 
Recebido em 9 de março de 2009; aceito em 23 de novembro de 2009.
Endereço para correspondência: Hedioneia Maria Folleto Pivetta, Rua 01, Casa 05, Loteamento Santos Dumont, Camobi, Santa Maria RS, Tel: (55) 
3226-1116, E-mail: hedioneia@unifra.br, Aline Fae: alilinef@yahoo.com.br
93Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
Introdução
Dismenorréia é o termo que se usa para conceituar a 
menstruação dolorosa, podendo ser primária ou secundária 
[1]. A dismenorréia primária é um desconforto frequente 
entre as mulheres em idade fértil. Caracteriza-se por dor 
pélvica que acompanha a menstruação sem comprometi-
mentos patológicos associados, podendo ser irradiada para 
a coluna e para a coxa superior e, eventualmente, acompa-
nhada de vômito e cefaléia [2]. É um distúrbio ginecológico 
que tem afetado aproximadamente 50% das mulheres que 
menstruam, sendo que em 10% torna-as incapacitadas por 
um ou dois dias [3].
A palavra dismenorréia é derivada do grego e signifi ca 
fl uxo menstrual difícil ou desconfortável. Os autores afi rmam 
que os sintomas mais comuns são: cólicas, náuseas, vômitos, 
tonturas, palidez, sudorese, fadiga, cefaléia, nervosismo, dor 
lombar e em membros inferiores, assim como aumento do 
número de evacuações [3,4].
A etiopatogenia da dismenorréia primária é discutida 
sobre diversas teorias. As principais são: espasmo vascular, 
espasmo muscular, espasmo vascular e muscular, psicogêni-
ca, endócrina e teoria das prostaglandinas [4]. Dentre estas, 
autores referem que a teoria psicogênica envolve as questões 
emocionais e o sistema límbico, e que difi cilmente seja este 
o fator determinante e principal [4,5].
Independente da etiopatogenia da dismenorréia primária, 
a fi sioterapia vem sendo cada vez mais reconhecida e procura-
da entre as mulheres de todas as idades, devido à sua importân-
cia e efi ciência, pois possui diversos recursos fi sioterapêuticos 
que podem ser utilizados para o alívio da sintomatologia. Isso 
pode ser demonstrado por pesquisas que têm comprovado a 
efetividade da aplicação dos recursos fi sioterapêuticos sobre a 
dismenorréia primária. Estas abordam, em sua grande maioria, 
a cinesioterapia e a eletroterapia. No entanto, poucos estudos 
têm se dedicado ao resgate da massoterapia e sua associação a 
outros recursos, no tratamento e prevenção da dor.
A massagem no tecido conjuntivo é considerada uma 
forma terapêutica efi caz, tendo em vista que patologias ou 
desajustes viscerais acarretam alterações no tecido conjunti-
vo em zonas bem defi nidas. Acredita-se que avaliando essas 
zonas e utilizando-se de técnicas de massagem deste tecido, 
possa-se, por via refl exa, promover alívio da dor [6]. A terapia 
através da massagem resgata o valor do toque terapêutico e 
a massagem como recurso, pois esta representa uma mani-
festação de atenção, humanização e cuidado do profi ssional 
com seus pacientes.
Como recurso terapêutico, a cinesioterapia também é 
amplamente explorada, pois além de promover o condiciona-
mento físico, fortalecimento muscular e melhora da circulação 
sanguínea, pode também ser utilizada no alívio da dor da 
dismenorréia primária. As mulheres que praticam exercícios 
físicos possuem menor propensão para o desenvolvimento de 
sintomas pré-menstruais, pois o exercício, através de infl u-
ência neuroendócrina, proporciona liberação de endorfi nas, 
responsáveis por promover sensação de bem-estar [7].
Nesse sentido, considerando que a dismenorréia primária 
possui índices epidemiológicos importantes e que proporciona 
prejuízos na qualidade de vida da mulher e, considerando, 
ainda, que existem poucos estudos sobre os efeitos dos recursos 
fi sioterapêuticos sobre a dismenorréia primária, buscou-se 
avaliar quais os efeitos dos recursos fi sioterapêuticos, mas-
soterapia e cinesioterapia na dismenorréia primária. Sendo 
assim, coloca-se como questão norteadora: quais os efeitos da 
massoterapia e cinesioterapia sobre a dismenorréia primária?
Nesse contexto, esta pesquisa teve por objetivo analisar 
os efeitos dos recursos fi sioterapêuticos sobre os sintomas da 
dismenorréia primária, investigar o alívio da sintomatologia 
dolorosa da dismenorréia primária após o uso de um programa 
de cinesioterapia ou sessões de massoterapia (massagem do 
tecido conjuntivo), estabelecendo um estudo comparativo 
entre os dois recursos.
Materiais e métodos
Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, caracterizan-
do-se esta como um estudo experimental que permite fazer 
cruzamento dos dados, de forma a ter maior confi abilidade 
e, ainda, estudar as relações entre causa e efeito [8-10]. Neste 
caso, foram investigados os efeitos da cinesioterapia e masso-
terapia sobre o alívio da dor na dismenorréia primária.
Respeitando os aspectos éticos em pesquisa com seres 
humanos, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética e Pes-
quisa, conforme resolução n° 196/96 do Conselho Nacional 
de Saúde, e foi aprovado, conforme parecer nº 094.2008.2.
Os sujeitos da pesquisa foram 11 mulheres, com idade 
entre 19 e 24 anos, que apresentaram sintomas da dismenor-
réia primária e que, voluntariamente, aceitaram participar da 
pesquisa, mediante assinatura do termo de consentimento 
livre e esclarecido. Os encontros foram realizados no Servi-
ço Integrado de Saúde (SIS) de uma Instituição de Ensino 
Superior confessional de Santa Maria/RS. As participantes 
da pesquisa foram separadas aleatoriamente em dois grupos, 
conforme disponibilidade dos horários. Um dos grupos 
recebeu massoterapia do tecido conjuntivo e foi composto 
por 5 mulheres. Por sua vez, o grupo de cinesioterapia foi 
composto por 6 mulheres e submetido a um programa de 
exercícios terapêuticos. Os dois grupos realizaram a terapia 
por 30 minutos. As sessões aconteceram uma vez por sema-
na, para ambos os grupos, totalizando oito (8) encontros no 
período de agosto a outubro de 2008.
Para a coleta dos dados, foi utilizado um questionário 
padronizado adaptado [11], aplicado como pré e pós-teste, 
composto por 25 perguntas abertas e fechadas. As questões 
referiam-se ao ciclo menstrual e aos sintomas da dismenorréia 
primária, contendo, ainda, uma tabela para demonstração da 
graduação dos sintomas, numa escala de 0 a 3, sendo 0 – au-
sência de dor e 3 – dor máxima. Também se investigou o local 
Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201094
referido da dor, caracterizando-o como cólica menstrual (dor 
em baixo ventre), dor lombar, cefaléia, náusea e desconforto 
nas mamas. Posteriormente, foi realizada a avaliação física 
das participantes, na posição sentada, compondo-se esta 
de inspeção e palpação das áreas correspondentes às zonas 
dolorosas, a fi m de identifi car retrações do tecido conjuntivo.
A massoterapia do tecido conjuntivo (grupo I) foi realizada 
nos pontos refl exos que correspondem às áreas dolorosas, 
indo do terço superior do sacro, entre as articulações sacro-
ilíacas e estendendo-se à 11ª vértebra torácica. A massagem 
do tecido conjuntivo foi aplicada em decúbito ventral, com 
melhor acomodação das participantes, não sendo utilizado 
óleo para massagem, o que possibilitou maior contato e, com 
isso, melhor apreensão do tecido corporal.
Para o grupo II foi proposto um programa de cinesiotera-
pia, composto de exercícios de fortalecimento e alongamento 
dos músculos do assoalho pélvico, glúteos, abdominais, 
adutores e abdutores de membros inferiores associados a 
exercícios respiratórios com enfoque no padrão diafragmático 
e exercícios para melhorar a mobilidade pélvica, consciência 
corporal e propriocepção perineal. Todos estes exercícios 
foram realizados ativamente pelas participantes da pesquisa. 
Os critérios de exclusão foram asparticipantes que apre-
sentaram dismenorréia secundária (de acordo com o diagnós-
tico médico) e dores pélvicas ou lombares que não estavam 
ligadas ao período menstrual e que poderiam interferir nos 
resultados da pesquisa.
Os dados foram analisados quali-quatitativamente, através 
das fi chas de avaliação, e são apresentados descritivamente 
comparando os resultados obtidos no pré e pós-teste, o que 
permitiu identifi car a relação dos recursos fi sioterapêuticos no 
alívio da sintomatologia dolorosa nas mulheres dos diferentes 
grupos terapêuticos.
Resultados
A média de idade das 11 participantes da pesquisa foi de 21 
anos, variando entre 19 e 24 anos de idade, sendo que a média 
de idade da primeira menstruação foi de 12 anos, variando de 
11 a 14 anos. Todas as participantes apresentaram sintomas de 
dismenorréia primária desde a primeira menstruação. Quanto 
ao uso de contraceptivos, 8 participantes relataram fazer uso.
Avaliação fisioterapêutica do tecido conjun-
tivo
A avaliação do tecido conjuntivo das participantes do 
grupo da massoterapia (Grupo I), no pré-teste, permitiu 
identifi car que somente 1 das 5 não apresentou retração na 
inspeção na área refl exa correspondente. Porém, a retração no 
exame físico foi encontrada em todas as participantes, sendo 
que todas referiram dor à palpação do tecido conjuntivo. No 
grupo da cinesioterapia (Grupo II), foi encontrada retração na 
inspeção em 4 das 6 participantes e a retração no exame físico 
foi encontrada em todas as participantes. Todas as mulheres 
avaliadas referiram sensação dolorosa “cortante” na palpação 
do tecido conjuntivo.
A análise do instrumento de pesquisa, no pós-teste, iden-
tifi cou que no grupo I 3 mulheres apresentaram retração na 
inspeção e 2 não apresentaram. Já com relação à retração no 
exame físico, 2 apresentaram pequena retração e não referiram 
dor; 1 participante apresentava retração sem a dor referida e 
2 apresentaram retração e referiram dor. No grupo II foram 
encontradas 3 participantes com retração na inspeção, sendo 
que 3 não a apresentaram. No que diz respeito à retração no 
exame físico, as 6 participantes apresentaram retração, com 
a variação de que, em algumas participantes, observou-se 
retração em apenas um dos lados da região sacro-ilíaca. Cabe 
ressaltar que todas as participantes deste grupo referiram dor 
na palpação das zonas refl exas. A tabela que segue elucida os 
dados encontrados.
Tabela I - Avaliação na inspeção e física do tecido conjuntivo.
Retra-
ção 
Inspe-
ção pré-
teste
Retra-
ção Ins-
peção 
pós-
teste
Retração Exame Físico
Retração 
c/ dor
Retração 
s/ dor
Pré Pós Pré Pós
Grupo I
5 participantes
4 3 5 2 - 3
Grupo II
6 participantes
4 3 6 6 - -
Análise dos resultados grupo I – massotera-
pia
A análise do instrumento de avaliação também permitiu 
identifi car, no pré-teste, que a média de intensidade da cólica 
menstrual (dor em baixo ventre) do grupo I foi 2,0, sendo 
que todas apresentaram esse desconforto. Já no pós-teste, a 
média foi de 0,8, das quais 2 participantes relataram ausência 
desse desconforto. A dor lombar entre as participantes teve 
como média 1,2, sendo que 2 participantes não apresentaram 
dor nessa região no pré-teste. No pós-teste a média foi de 
0,2, sendo que 4 das 5 participantes não referiram mais este 
desconforto. A intensidade da cefaléia teve como média 1,6 
no pré-teste, de forma que, no pós-teste, notou-se uma leve 
redução, tendo como média 1,4. O desconforto nas mamas, 
referido pelas participantes, atingiu média 1,8 no pré-teste, 
enquanto que no pós-teste reduziu para 1,0. Os gráfi cos que 
seguem demonstram a intensidade da dor no pré e pós-teste 
no grupo I, sendo que a coluna vertical representa a média 
da intensidade da dor e na horizontal está representado o 
segmento corporal da dor referida.
95Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
Gráfi co 1 - Intensidade da dor – Grupo I. Gráfi co 2 - Intensidade da dor – Grupo II.
Intensidade da dor - Grupo I
2 
1,2
1,6
1,8
0,8
0,2
1,4
1
0
 
0,5 
1 
1,5 
2 
2,5 
3
Baixo Ventre Lombar Cefaléia Mamas 
Pré-Teste
Pós-Teste
No pré-teste, das 5 participantes deste grupo, 3 relata-
ram que as cólicas menstruais afetavam o sono às vezes e 2 
relataram que as cólicas menstruais não afetavam o sono. Já 
no pós-teste, todas as participantes relataram que as cólicas 
menstruais não afetavam o sono.
Quanto à infl uência da dor nas atividades da vida 
diária (AVD’s), 4 participantes relataram que as cólicas 
menstruais não interferiam nas suas AVD’s, sendo que 1 
respondeu que interfere, mas não incapacita. No pós-teste, 
todas as participantes relataram que a dor não interfere 
nas suas AVD’s.
Cabe ressaltar que 4 das 5 participantes do grupo I faziam 
uso de medicação para alívio da dor, sendo que a duração dos 
sintomas atingiu média de 84 horas no pré-teste. No pós-teste, 
nenhuma das participantes referiu utilizar medicamentos para 
controlar a dor e relataram que os sintomas tiveram redução 
na sua duração, passando para 54 horas. 
Análise dos resultados grupo II – cinesiotera-
pia
A análise do instrumento de avaliação permitiu identifi -
car, também, que no grupo da cinesioterapia (Grupo II), a 
intensidade da cólica menstrual (dor em baixo ventre), no 
pré-teste alcançou média 2,0, sendo que no pós-teste reduziu 
para 1,5. A dor lombar entre as participantes teve como média, 
no pré-teste 1,2, sendo que 2 participantes não apresentaram 
dor. No pós-teste, a média foi de 0,7 e 3 das participantes 
relataram não apresentar dor nesta região. Outro dado do 
instrumento de avaliação foi a sintomatologia nas mamas 
e a intensidade de cefaléia ligada à menstruação. A análise 
dos dados permitiu identifi car que a intensidade de cefaléia 
atingiu 1,3, como média, no pré-teste e 1,7 no pós-teste. O 
desconforto nas mamas teve como média 1,5 no pré-teste. 
No pós-teste obteve-se a média de 1,7. O gráfi co que segue 
explicita estes resultados.
Intensidade da dor - Grupo II
2 
1,2 1,3
1,51,5
0,7
1,7 1,7
0 
0,5 
1 
1,5 
2 
2,5 
3
Baixo Ventre Lombar Cefaléia Mamas 
Pré-Teste
Pós-Teste
Quanto à infl uência da dor sobre o sono, das 6 participan-
tes, 2 relataram que as cólicas menstruais afetavam o sono às 
vezes, 3 relataram que as cólicas menstruais não afetavam o 
sono e 1 relatou que interfere. No pós-teste, 4 responderam 
que as cólicas menstruais não afetavam o sono, 1 respondeu 
que afetou às vezes e 1 respondeu que as cólicas menstruais 
permaneciam interferindo no sono.
Com relação à interferência que as cólicas menstruais 
geram sobre AVD’s, 2 participantes relataram que não havia 
infl uência nas suas AVD’s e 4 responderam que interferia, mas 
não incapacitava. Conforme o pós-teste, 3 responderam que as 
cólicas menstruais interferiram, mas não as incapacitavam, 2 
relataram que não interferiram e 1 relatou que foi incapacitada 
de realizar suas atividades normalmente.
Quanto à duração dos sintomas, no pré-teste obteve-se, 
como média, 125 horas, variando de 2 a 10 dias. Com relação 
ao uso de medicamentos para alívio dos sintomas, 5 das 6 
participantes faziam uso. No pós-teste, obteve-se como mé-
dia para a duração dos sintomas 96 horas, variando de 2 a 6 
dias. Quanto ao uso de medicação, manteve-se inalterado o 
resultado neste grupo, em comparação ao pré-teste.
Relação dos dados encontrados nos dois 
grupos
Reportando-se ao objetivo da pesquisa, o gráfi co abaixo 
estabelece a relação entre as médias da intensidade da dor nos 
segmentos corporais avaliados do Grupo I e II no pós-teste, 
ou seja, após a aplicação dos recursos massoterapêuticos e 
cinesioterapêuticos respectivamente.
Observa-se, nesse sentido, que a diminuição na média da 
intensidadeda dor no Grupo I foi mais representativa do que 
no Grupo II em todos os sintomas apresentados, ou seja, a dor 
no baixo ventre das participantes do Grupo I, que teve como 
média no pré-teste 2,0, reduziu para 0,8 no pós-teste, ou seja, 
60%. Já o Grupo II, que teve média 2,0 no pré-teste reduziu 
para 1,5 no pós-teste representando 25% na redução da dor. 
A dor lombar referida no pré-teste alcançou média de 1,2 no 
Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 2 - março/abril de 201096
Grupo I reduzindo para 0,2 no pó-teste (83,34%), sendo que 
no Grupo II, de 1,2 reduziu para 0,7 (41,67%). Com relação 
à cefaléia, no Grupo I a média de dor referida alcançou 1,6 
no pré-teste reduzindo para 1,4 no pós-teste, ou seja, 12,5%. 
Entretanto, no Grupo II, a média de 1,3 aumentou para 1,7 
no pós-teste (incremento sobre a dor de 23,5%). A sintoma-
tologia referida nas mamas do Grupo I atingiu média de 1,8, 
no pré-teste, reduzindo para 1,0 no pós-teste (44,45%), sendo 
que no Grupo II, de 1,5 a dor referida nas mamas aumentou 
sua média para 1,7 (incremento de 13,33%).
Gráfi co 3 - Intensidade da dor nos dois grupos no pós-teste.
Quanto à média de duração dos sintomas, houve signi-
fi cativa redução no número de horas nos dois grupos, sendo 
verifi cado que, no grupo I, a média da sintomatologia dolorosa 
no pré-teste foi de 84 horas e no pós-teste foi de 54 horas. No 
Grupo II, a média foi de 125 horas no pré-teste sendo que, 
no pós-teste, foi de 96 horas. 
Discussão
A média de idade da primeira menstruação das 11 partici-
pantes vem ao encontro de achados na literatura, afi rmando 
que a menarca se dá entre os 12 e 16 anos [1]. Da mesma 
maneira, os achados da pesquisa são condizentes com refe-
renciais, quando referem que a dismenorréia primária tem 
seu início logo após a menarca [3,12]. No entanto, outros 
autores afi rmam que os sintomas começam por volta de 6 a 
12 meses após a menarca [4].
Com base nos dados coletados através da inspeção visual 
e no exame físico observou-se que a maioria das participantes 
apresentou retração do tecido conjuntivo, tanto visual, quanto 
na palpação. Estes dados vêm ao encontro dos estudiosos da 
área ao referirem que a dismenorréia primária, por ser uma 
patologia visceral, acarreta alterações no tecido conjuntivo em 
zonas bem defi nidas, causando sensação dolorosa “cortante” 
na palpação do tecido conjuntivo, o que corresponde aos 
achados deste estudo [6,13]. 
A massagem do tecido conjuntivo mostrou-se efi caz, tanto 
para a redução da retração dos tecidos quanto para a sintoma-
tologia dolorosa da dismenorréia primária, cólicas em baixo 
ventre, dor lombar, cefaléia e desconforto nas mamas. Em 
pesquisa realizada, 90% das mulheres relataram redução ou 
desaparecimento da dor, após uma média de 24 sessões, sendo 
realizados dois atendimentos semanais de massagem do tecido 
conjuntivo durante três ciclos menstruais consecutivos [14].
Os sintomas como dor lombar, cefaléia e desconforto nas 
mamas, no grupo I, tiveram alívio, o que pode ser explicado 
por referenciais teóricos que afi rmam que a massagem tera-
pêutica produz efeitos fi siológicos gerais sobre o organismo 
e sobre o sistema nervoso autônomo, gerando sensação de 
bem-estar e relaxamento. Isso pode ser explicado pelos meca-
nismos de liberação de opióides endógenos (pela estimulação 
dos mecanorreceptores), pela teoria das comportas e pelo 
aumento da captação de oxigênio e liberação de catabólitos 
celulares [6,15,16].
Pesquisa constatou que 88,09% das mulheres entrevistadas 
apresentaram cólicas menstruais interferindo signifi cativa-
mente nas atividades da vida diária, no convívio social e na 
sexualidade. Entretanto, este dado está em desacordo com os 
resultados desta investigação, pois apenas 45,5% da amostra 
referiu que há interferência da dor sobre as AVDs [17].
Quanto à duração dos sintomas, os desconfortos gerados 
pela dismenorréia primária geralmente são sentidos antes ou 
logo após a menstruação, podendo ter duração de 48 a 72 
horas [2,5]. Esse achado contraria os dados dessa pesquisa, 
Intensidade da dor nos dois grupos no pós-teste
0,8
 
0,2
1,4
1
1,5
0,7
1,7 1,7
0 
0,5 
1 
1,5 
2 
2,5 
3
Baixo Ventre Lombar Cefaléia Mamas 
Grupo I
Grupo II
Quanto à infl uência da dor nas AVD’s e no sono das 
participantes, a pesquisa demonstrou que houve melhora dos 
sintomas. Entretanto, a massoterapia demonstrou ser mais 
efi ciente, pois teve um resultado mais signifi cativo.
No gráfi co que segue está representada a infl uência da dor 
nas AVD’s e no sono das participantes no pós-teste, sendo 
que a coluna vertical representa o número de participantes e 
a linha horizontal, os resultados do pré e pós-teste.
Gráfi co 4 - Intensidade da dor nas AVD’s e no sono das partici-
pantes.
Interferência da dor nas AVD's e no sono das participantes
1
4
0
4
3 3
0
2
0
1
2
3
4
Grupo I Grupo II Grupo I Grupo II
Pré-teste Pós-teste
AVD
SONO
97Fisioterapia Brasil - Volume 11 - Número 1 - março/abril de 2010
pois para ambos os grupos, a média de duração dos sintomas 
foi de 104,5 horas.
O grupo II apresentou redução da dor em baixo ventre e 
na dor lombar, o que pode ser explicado pela literatura, que 
relaciona a diminuição da dor à sensação de bem-estar após 
a realização de exercícios físicos. Isso se deve à liberação de 
endorfi nas endógenas pela hipófi se anterior, que são similares 
à morfi na. Estas interagem com os receptores de opióides 
cerebrais, inibindo a dor por bloquear sua transmissão pelo 
mecanismo de inibição pré-sináptica [18,19].
Esta redução da dor foi observada também em duas 
pesquisas. A primeira envolve dança do ventre e cinesiotera-
pia no tratamento da dismenorréia primária. Esta pesquisa 
mostrou que 78,43% das participantes obtiveram redução 
da intensidade da dor gerada pelos sintomas da dismenorréia 
primária, e dessas, 15% consideraram não ter dor alguma 
após a realização da dança do ventre [20]. A segunda pesquisa 
comparou a estimulação elétrica transcutânea (TENS) e a 
cinesioterapia. Os resultados indicaram que as participantes 
que receberam tratamento com TENS obtiveram analgesia, 
mas não tão signifi cativa quanto as participantes que rea-
lizaram cinesioterapia [21]. Nas duas pesquisas realizadas 
com cinesioterapia, nas quais foram realizados exercícios de 
fortalecimento muscular, alongamentos, mobilidade pélvica, 
observou-se, de forma signifi cativa, seu efeito analgésico, 
sugerindo que as endorfi nas endógenas, liberadas durante o 
exercício físico, são as grandes responsáveis pela diminuição 
ou bloqueio da dor [22]. 
Outros estudos sobre dismenorréia primária observa-
ram boa aceitação das técnicas fi sioterapêuticas para alívio 
dos sintomas. Entre estes cita-se pesquisa que investigou a 
aceitação da termoterapia e da crioterapia no alívio dos sin-
tomas da dismenorréia primária. Como resultado destaca-se 
a termoterapia como mais utilizada para alívio da dor em 
baixo ventre, mas também houve o reconhecimento de que 
a crioterapia, quando aplicada na região lombar, possui bom 
efeito analgésico [23].
Tanto a massagem quanto o exercício físico possuem a 
propriedade de melhorar a oxigenação dos tecidos pelo au-
mento da circulação sanguínea, melhorando, por essa razão, 
a liberação das prostaglandinas em excesso no organismo, 
reduzindo os desconfortos que a dismenorréia apresenta [24]. 
A estimulação mecânica dos tecidos é produzida por meio da 
pressão e do estiramento; essas duas forças geram vasodilatação 
nos vasos sanguíneos desencadeando uma série de efeitos fi sio-
lógicos e psicológicos importantes para alcançar os benefícios 
terapêuticos da massagem [25]. Além da estimulação sobre a 
circulação sanguínea a massagem também tem a propriedade 
de alongamento e mobilizaçãode fáscias tornando-a mais 
maleável e fl exível [26]. Este dado foi confi rmado com esta 
pesquisa, pois as cólicas em baixo ventre e a dor lombar tive-
ram signifi cativa redução, mais signifi cativa no grupo I do que 
no grupo II. Estes achados corroboram com outra pesquisa 
que comparou os efeitos da massagem do tecido conjuntivo 
e cinesioterapia, pois houve melhora dos sintomas no grupo 
que recebeu a massagem de forma mais signifi cativa que o 
grupo que recebeu cinesioterapia [27]. 
Conclusão 
Baseando-se nos dados obtidos nesta pesquisa, conclui-se 
que os efeitos da massagem do tecido conjuntivo, assim como 
da cinesioterapia, se mostraram benéfi cos sobre a sintomatolo-
gia da dismenorréia primária, especialmente a dor referida no 
baixo ventre e na lombar. Os resultados encontrados permitem 
afi rmar que, para essa amostra de pesquisa, a massoterapia do 
tecido conjuntivo demonstrou ser um método mais efi caz do 
que a cinesioterapia, pois a redução dos sintomas dolorosos 
foi mais signifi cativa nesse grupo de participantes.
Dessa maneira, a fi sioterapia surge como uma modalidade 
de tratamento efi caz para os desconfortos gerados pela disme-
norréia primária, através da massoterapia e da cinesioterapia.
Considera-se relevante outras pesquisas sobre a fi sioterapia 
e a dismenorréia primária, sobretudo utilizando-se da mas-
soterapia, a fi m de obter amostras maiores e com aplicação 
dos recursos fi sioterapêuticos durante maior número de ciclos 
menstruais. Urge a necessidade de divulgar a atuação da Fisio-
terapia na saúde da mulher e o resgate da massoterapia como 
recurso fi sioterapêutico e acredita-se que isso se dá, em grande 
medida, através da comprovação científi ca da resolutividade 
de seus métodos e suas técnicas.
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Efeito da imagética motora sobre a onda alfa 
em imagéticos visuais e cinestésicos
Effects of motor imagery on alpha wave in visual and kinesthetic 
imageries
Paulo Alexandre Azevedo, Ft.*, Bianca Kalil de Macedo Jakubovic, Ft.*, João Batista Corrêa**, 
Januário Gomes Mourão, D.Sc***, André Luís dos Santos Silva D.Sc****, Vernon Furtado da Silva D.Sc*****
*Mestrado em Ciência da Motricidade Humana UCB/RJ, Laboratório de Aprendizagem Neural e Performance Motora 
(LANPEM)- UCB/RJ, **Mestrado em Ciência da Motricidade Humana-UCB/RJ,***Laboratório de Morfologia- UNISUAM/
RJ, ****Laboratório de Análise do Movimento (UNISUAM/RJ), *****Laboratório de Aprendizagem Neural e Performance Motora 
(LANPEM) - UCB/RJ
Resumo
A imagética motora (IM) é a representação do resultado cons-
ciente para a intenção e preparação do movimento. A IM é classi-
fi cada em imagética motora visual e imagética motora cinestésica. 
Poucos estudos relacionam as características visuais e cinestésicas às 
respostas da onda cortical alfa, durante o treinamento de imagética 
motora. O objetivo deste estudo foi observar as respostas da onda 
alfa durante a imagética motora em sujeitos imagéticos visuais 
(IMV) e cinestésicos (IMC). A resposta da onda alfa durante a IM 
realizada apresentou menor variabilidade para os sujeitos imagéti-
cos visuais. Foi observado que as respostas da onda alfa, tanto para 
IMV e IMC, são diretamente dependentes do tipo de treinamento 
mental efetuado e não pela classifi cação dos sujeitos em imagéticos 
visuais ou cinestésicos.
Palavras-chave: imagética motora, onda alfa, treinamento 
mental.
Artigo original
Abstract
Th e motor imagery (IM) is the representation of the conscious 
result to the intention and preparation of movement. Th e IM is clas-
sifi ed into visual motor imagery and kinesthetic motor imagery. Few 
studies relate the characteristics of visual and kinesthetic responses of 
cortical alpha wave, during the motor imagery training. Th e aim of 
this study was to observe the responses of alpha wave during motor 
imagery in Visual Imaging Subjects (VIS) and Kinesthesia Imaging 
Subjects (KIS). Th e response of alpha wave during IM performed 
showed lower variability for the subjects Imaging Subjects. It was 
observed that the response of the alpha wave for both IMC and IMV 
are directly dependent on the type of mental training and not the 
classifi cation of subjects in visual or kinesthetic imaging.
Key-words: motor imagery, alpha wave, mental training.
Recebido em 19 de

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