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SEMINARIO EM SERVIÇO SOCIAL 
 SEMINÁRIOS EM SERVIÇO SOCIAL – MOVIMENTOS SOCIAIS 
Esta disciplina tem como objeto de estudo a categoria sociológica Movimentos Sociais. Este termo foi 
utilizado pela primeira vez em 1850 por Lorens Von Stein, em suas considerações sobre a emergência dos 
conflitos entre capitalistas e operários na Europa, durante a consolidação da sociedade industrial. 
Os movimento sociais podem ser entendidos como expressão das contradições existentes dentro da 
sociedade. São formas de pensar e agir coletivamente sobre a realidade em que se vive. Eles representam 
a possibilidade de intervenção crítica do sujeito na preservação ou mudança do status quo, conforme sua 
visão de mundo. 
Nesse sentido, faz-se importante ao profissional de Serviço Social a compreensão dessa importante 
ferramenta de ação coletiva sobre a realidade. A análise dessas manifestações contribui para o 
entendimento da relação entre o individuo, a sociedade e o Estado. Esses movimentos são considerados 
importantes objetos de estudo dentro das Ciências Sociais, como a Sociologia, a Ciência Política e a 
História. Para essas áreas do conhecimento, eles são formas legitimas de expressão da sociedade civil 
organizada, em defesa de seus interessas diante de uma situação desfavorável. 
Assim, o profissional de Serviço Social deve estar atento às dinâmicas de ação crítica da sociedade civil 
perante a estrutura social, bem como compreender o processo de desenvolvimento da relação entre 
individuo sociedade e Estado. Para isso, faz-se necessária uma breve reconstrução histórica e teórica da 
categoria Movimentos Sociais. Será importante o estudo de alguns dos principais movimentos históricos, 
bem como das mais relevantes teorias a esse respeito, tanto em uma abordagem clássica, como em uma 
nova sobre os movimentos sociais. Assim, acredita-se ser possível compreender de que forma essas 
manifestações coletivas contribuem para a construção e exercício de uma cidadania ativa. 
 
OBJETIVO DA AULA estabelecer a relação entre os movimentos operários europe 
1. Identificar a categoria Movimentos Sociais como importante objeto de estudo da Sociologia; 
2. Conhecer os aspectos fundamentais na construção do conceito sociológico de Movimento Social; 
3. Compreender os Movimentos Sociais como forma legítima e democrática de ação crítica; 
4. Distinguir as principais abordagens sociológicas sobre Movimentos Sociais. 
 
BEM VINDO À DISCIPLINA SEMINÁRIOS EM SERVIÇO SOCIAL – MOVIMENTOS SOCIAIS! 
Esta disciplina tem como o objetivo e estudo a categoria sociológica Movimentos Sociais. Este termo foi 
utilizado pela primeira vez em 1850 por Lorens Von Stein, em suas considerações sobre a emergência dos 
conflitos entre capitalistas e operários na Europa, durante a consolidação da sociedade industrial. 
Os movimentos sociais podem ser entendidos como expressão das contradições existentes dentro da 
sociedade. São formas de pensar e agir coletivamente sobre a realidade em que se vive. Eles representam 
a possibilidade de intervenção crítica do sujeito na preservação ou mudança do status quo, conforme sua 
visão de mundo. 
Nesse sentido, faz-se importante ao profissional de Serviço Social a compreensão dessa importante 
ferramenta de ação coletiva sobre a realidade. A análise dessas manifestações contribui para o 
entendimento da relação entre o individuo, a sociedade e o Estado. Esse movimentos são considerados 
importantes objetos de estudo dentro das Ciências Sociais, como a Sociologia, a Ciência Política e a 
História. Para essas áreas do conhecimento. Eles são formas legítimas de expressão da sociedade civil 
organizada, em defesa de seus interesses diante de uma situação desfavorável. 
Assim, o profissional de Serviço Social deve estar atento às dinâmicas de ação crítica da sociedade civil 
perante a estrutura social, bem como compreender o processo de desenvolvimento da relação entre 
individuo, sociedade e Estado. Para isso, faz-se necessária uma breve reconstrução histórica e teórica da 
categoria Movimentos Sociais. 
Será importante o estudo de alguns dos principais movimentos históricos, bem como das mais relevantes 
teorias a esse respeito, tanto em uma abordagem clássica, como em uma nova sobre os movimentos 
sociais. Assim, acredita-se ser possível compreender de que forma essa manifestações coletivas para a 
construção e exercício de uma cidadania ativa. 
AULA 1: O QUE SÃO MOVIMENTOS SOCIAIS? 
1. Compreender os movimentos sociais e as formas de agir da sociedade civil; 
2. analisar as contradições sociopolíticas, econômicas e culturais; 
3. entender o homem em seu processo histórico; 
4. identificar aspectos teóricos da categoria Movimentos Sociais. 
 
AULA 2: MOVIMENTOS SOCIAIS CLÁSSICOS – UMA BREVE RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA 
1. Conhecer a origem do termo movimento social; 
2. analisar a emergência dos conflitos entre capitalistas e operários; 
3. entender a consolidação da sociedade industrial; 
4. compreender a abordagem histórico-estrutural; 
5. saber o que foram o Movimento Operário e a ação coletiva de classe. 
AULA 3: OS MOVIMENTOS SOCIAIS COMO MOTOR DA HISTÓRIA: A CONTRIBUIÇÃO DE 
KARL MARX 
1. Compreender os movimentos sociais e o Marxismo; 
2. definir e entender a luta de classes, os conceitos marxistas relacionados aos movimentos sociais; o materialismo 
dialético e histórico, ideologia, alienação, práxis e a transformação social. 
AULA 4: MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL (SÉCULO XVI AO XIX): DA COLÔNIA À 
REPÚBLICA VELHA. 
1. Entender O impacto das idéias liberais democráticas, abolicionistas e republicanas no Brasil Império e República; 
2. conhecer os primeiros movimentos sociais nacionais; 
3. definir os conceitos de ideologia e imaginário coletivo; 
4. saber o que é a Desconstrução do Mito de Passividade. 
AULA 5: REVOLTAS, MESSIANISMOS E BANDITISMO SOCIAL NO BRASIL 
1. Conhecer os movimentos populares do início do século XX no Brasil; 
2. analisar as contradições da República Velha; 
3. saber o que foi o coronelismo, o messianismo e o banditismo social no campo. 
AULA 6: PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES: O RURAL E O URBANO EM 
MOVIMENTO. 
1. Compreender a transição da Monarquia para República; 
2. entender a concentração de terras e a exploração dos trabalhadores rurais; 
3. conhecer informações sobre a Liga Camponesa e as lutas no campo, o Movimento dos Sem Terra, o Movimento 
Operário e a repressão do Estado, a influência anarquista e comunista no Brasil e a ditadura militar em 1964. 
 
 
AULA 7: A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ E OS MOVIMENTOS SOCIAIS: DA ORDEM 
ECONÔMICA, POLÍTICA E SOCIAL 
1. Conhecer a Constituição da República de 1988; 
2. entender a reconstrução da cidadania; os fundamentos jurídicos dos movimentos sociais contemporâneos; a 
Função Social da Propriedade, os Projetos de Lei por Iniciativa Popular e a Seguridade Social. 
AULA 8: OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS: POR UMA NOVA CIDADANIA 
1. Compreender os novos movimentos sociais; 
2. sintetizar informações sobre a diversidade de grupos e demandas coletivas; 
3. entender as lutas de classes e a tomada do poder. 
4. Saber os conceitos dos seguintes termos ou expressões e relacioná-los: abordagem culturalista; visão de mundo 
versus ideologia marxista; direitos e interesses difusos de cidadania; solidariedade transgeracional; movimentos 
sociais e a globalização. 
AULA 9: OS NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL 
1. Reconhecer novos movimentos sociais no Brasil; 
2. definir os diversos segmentos da sociedade civil; 
3. entender e conhecer o resgate histórico e os movimentos feminista, negro e indígena. 
AULA 10: A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA: O TERCEIRO SETOR EM CENA 
1. Compreender dados e informações sobre a construção da cidadania moderna; 
2. entendera insuficiência do Estado diante das novas demandas sociais e o mercado; 
3. conhecer as organizações civis de promoção e defesa de direitos; 
4. identificar quando o Terceiro Setor entra em cena; 
5. definir criticamente democracia social. 
BIBLIOGRAFIA 
1. Tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil; FGV, 2010. 
2. COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Editora Moderna, 2010. 
3. COSTA, Luís César Amad; MELLO, Leonel Itaussu A. História do Brasil. São Paulo: Editora Scipione,1993. 
4. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da filosofia. História e grandes temas. São Paulo: Editora Saraiva, 2001. 
5. DIMENSTEIN, Gilberto. Dez Lições de sociologia. São Paulo: FTD editora, 2008. 
6. ______. Aprendiz do futuro: cidadania hoje e amanhã. São Paulo: Editora Ática, 2006. 
7. FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo; FERNANDES, Luís Estevam de Oliveira. Nova história integrada. 
Campinas: Companhia da Escola, 2005. 
8. FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Editora Ática, 2005. 
9. GOHN, Maria. Novas teorias dos movimentos sociais. 4. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012. 
10. HOBSBAWN, Eric J. Era dos extremos: o breve século XX. 10. ed. São Paulo: Cia das Letras, 2008. 
11. IANNI, Otávio; CARDOSO, Fernando Henrique. Homem e sociedade. Leituras Básicas de Sociologia. São 
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1976. 
12. MAYO, Henry B. Introdução à teoria marxista. São Paulo. Editora Livraria Freitas Bastos, 1966. 
13. NEGRÃO, Lísias Nogueira. Sobre os messianismos e milenarismos brasileiros. Revista USP. São Paulo. n. 82. 
2009. 
14. PAZZINATO, Alceu Luiz; SENISE, Maria Helena. História moderna e contemporânea. São Paulo: Editora 
Ática, 1993. 
15. PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura Pereira. Messianismo no Brasil e no mundo. São Paulo, 
Dominus/EDUSP, 1965. 
16. SADER, Eder. Quando novos personagens entram em cena: experiências e lutas dos trabalhadores da 
grande São Paulo 1970-1980. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. 
17. SCHAEFER, Richard T. Sociologia. São PauloMcGraw-Hill editora, 2006. 
18. TOMAZI, Nelson Dácio. Iniciação à sociologia. São Paulo: Atual editora, 1997. 
 
A DISCIPLINA Seminário em Serviço Social- Movimentos Sociais visa identificar a categoria Movimentos 
Sociais como importante objeto de estudo da Sociologia, na medida em que traduz as tensões sociais 
existentes; compreender os aspectos históricos e teóricos fundamentais na construção da categoria 
Movimento Social, tanto para a abordagem Histórico-estruturalista quanto para a culturalista; 
compreender o surgimento dos movimentos sociais clássicos a partir da abordagem histórico-estruturalista 
e sua relação com os movimentos operários; compreender o surgimento dos novos movimentos sociais a 
partir da abordagem culturalista e sua relação com as novas demandas sociais; perceber os movimentos 
sociais como forma legítima de ação crítica da sociedade civil organizada na construção e reconstrução do 
seu espaço social; entender os movimentos sociais como formas de construção e exercício de uma 
cidadania ativa. 
 
AULA 1 - MOVIMENTO SOCIAL: O PENSAR E O AGIR SOBRE O MUNDO 
Podemos afirmar que uma das principais diferenças entre o homem e os outros animais é sua capacidade 
de pensar e agir sobre o mundo em que vive. Desta forma, a sociedade é essencialmente resultado da 
vontade humana. O homem, em suas relações sociais, constrói e reconstrói a sua sociedade. Essa complexa 
rede de interações sociais não está livre das relações de poder e opressão. Isso quer dizer que a vida em 
sociedade é marcada por contradições internas, em que determinadas ideias ou interesses são sufocados 
por outros. Neste sentido surgem os conflitos sociais, que podem se desdobrar em movimentos de 
contestação ou preservação do status quo. 
Os movimentos sociais não são novidades no processo histórico. Na idade antiga, os escravos se rebelavam 
contra os seus senhores. Na baixa idade média, podemos relembrar os levantes dos servos contra os 
senhores feudais. Na sociedade moderna, podemos citar os movimentos operários contra as péssimas 
condições de trabalho e vida implementadas pelo modelo capitalista. 
 
 Atualmente, merecem destaques os chamados Novos Movimentos Sociais, que transcendem a ideia da 
divisão da sociedade em classes, como exemplos: os movimentos ambientais e os pacifistas. 
 
FILME CORAÇÃO VALENTE 
No século XIII, soldados ingleses matam a mulher do escocês William Wallace (Mel Gibson) bem na sua 
noite de núpcias. Para vingar a amada, ele resolve liderar seu povo em uma luta contra o cruel Rei inglês 
Edward I (Patrick McGoohan). Com a ajuda de Robert e Bruce, ele vai deflagrar uma violenta batalha com o 
objetivo de libertar a Escócia de uma vez por todas. 
 
 
MASSA E MULTIDÃO VERSUS MOVIMENTOS SOCIAIS 
Sabemos que os movimentos sociais são formas de ação coletiva diante da realidade social desfavorável. 
Entretanto, nem todas as manifestações coletivas são movimentos sociais. 
Vamos compreender melhor a ação humana no mundo. 
 
Ação Humana no Mundo Social: 
De modo geral, agimos, pensamos e sentimos coisas conforme a sociedade à qual pertencemos e que nos 
formou como ser social. Desde a infância aprendemos normas de conduta que são transmitidas pelo 
processo de socialização. Muitas dessas regras e valores são interiorizadas por nós e tidas como 
espontâneas ou naturais, como a língua, o patriotismo, a religião e o trabalho. Assim, apresentamos em 
sociedade comportamentos sociais padronizados, que podem conduzir para o engajamento em 
determinadas manifestações coletivas. Isso irá depender do grau de afinidade ou vínculo social 
preestabelecido. 
 
Excepcionalmente, a vida social apresenta algumas situações que fogem do nosso comportamento social 
típico. Nesses casos, somos tomados por emoções coletivas abruptas que subtraem nossa capacidade de 
racionalização individual ou de classe no momento em que agimos. Quando isso ocorre, chamamos de 
comportamento coletivo. São os casos em que nos encontramos em uma situação de massa e em uma 
situação de multidão. Conheça a seguir um pouco mais sobre as duas situações. 
 
SITUAÇÃO DE MASSA 
Refere-se à influência exercida pelos meios de comunicação de massa sobre comportamento dos 
indivíduos, como no caso da televisão, dos jornais e revistas. Normalmente associada à sociedade de 
consumo e à cultura de massa, os indivíduos apresentam um comportamento passivo e acrítico. 
Em uma situação de massa, os indivíduos agem orientados pela força midiática, que subtrai ou diminui a 
capacidade de racionalidade individual crítica. 
Podemos dizer que enquanto a massa sofre uma determinação externa, o movimento social se 
autodetermina. 
 
TRECHO DA MÚSICA 3ª DO PLURAL, DOS ENGENHEIROS DO HAWAII 
(...) Corrida pra vender os carros 
Pneu, cerveja e gasolina 
Cabeça pra usar boné 
E professar a fé de quem patrocina 
Eles querem te vender, 
Eles querem te comprar, 
Querem te matar (de rir), 
Querem te fazer chorar 
Quem são eles? 
Quem eles pensam que são? (...) 
 
 A música 3ª do Plural, da banda Engenheiros do Hawaii, faz uma abordagem crítica à sociedade de massa, 
na qual comportamentos coletivos são criados para a cultura do consumo no modelo capitalista. 
 
SITUAÇÃO DE MULTIDÃO 
Está relacionada a um aglomerado desorganizado de indivíduos, que estão fisicamente próximos, por um 
breve período de tempo. 
Nessa situação, o estado emocional de um influencia o do outro, levando à determinada conduta que não 
fariam se estivessem sozinhos. 
Outra característica típica da multidão é o anonimato. O indivíduo perde sua identidade pessoal ou social, sendo 
absorvido pela multidão. Ao contrário dos movimentos sociais que são organizadose críticos em sua intervenção 
sobre a realidade, a multidão é desorganizada e acrítica. 
 
OBSERVE A IMAGEM E O TEXTO SEGUINTE. TRATA-SE DE UM EXEMPLO TÍPICO DE MOVIMENTO SOCIAL. 
Imagem diz 
RJ: aumento de tarifa de barcas é adiado, mas protesto é mantido. 
 
CARACTERÍSTICAS E ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE OS MOVIMENTOS SOCIAIS 
Todas essas pessoas estavam reunidas e ORGANIZADAS em prol do mesmo PROJETO: impedir o aumento da tarifa 
cobrada para travessia de barcas. Elas se reconheciam entre si como possuindo a mesma IDENTIDADE SOCIAL, 
porque estavam defendendo o mesmo interesse. Por sua vez, existe claro um CONFLITO entre os interesses dos 
empresários das barcas e os passageiros. Isso se dá pela forma diferente como pensam a realidade. É o que 
sociologicamente podemos chamar de IDEOLOGIA ou VISÃO DE MUNDO. Em meio a esse confronto, o Estado 
aparece tentando controlar o movimento social. 
 
A PARTIR DO TRECHO ACIMA, PODEMOS DESTACAR AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS TEÓRICAS QUE SÃO 
TÍPICAS DE TODO MOVIMENTO SOCIAL: 
 
Organização / Projeto / Identidade social comum / Ideologia ou visão de mundo 
 
Independente do tipo de abordagem preferida, podemos dizer que todo movimento social atua em prol da 
realização de algum projeto. Isso não significa que sempre consiga realizá-lo. Esse objetivo projetado pode ser de 
base Histórico-estrutural, como expressão da luta de classes na relação com o poder político do Estado. Ou ainda, 
numa visão mais culturalista, expressar necessidades de existência social que vão além da esfera de política estatal. 
 
Também podemos afirmar que para se caracterizar um movimento social é necessário algum grau de organização, 
pois ele surge a partir da conscientização de um fato adverso, que precisa ser superado. Por isso, é importante 
estabelecer estratégias para realização do projeto em questão. 
 
Outra característica dos movimentos sociais é a caracterização de uma identidade comum entre os participantes, 
que se reconhecem como compartilhando a mesma situação de opressão. Esta pode ser estrutural, quando está 
relacionada à forma como a sociedade está organizada. Pode ser conjuntural, quando se refere a uma situação 
problemática momentânea. 
 
Por fim, podemos observar a presença de alguma ideologia ou visão de mundo como norteadora do movimento 
social. Os participantes do movimento compartilham um conjunto de valores e crenças sociais que os motivam a 
agir. É o èlan propulsor da ação coletiva de classe ou dos indivíduos. 
 
Em uma abordagem marxista, a ideologia pode significar uma falsa percepção da realidade ou o conjunto de ideias 
de uma classe, seja ela revolucionária ou conservadora. Isso irá depender do grau de consciência da classe em tese. 
Para evitar essa dicotomia conceitual sobre ideologia, preferimos o conceito de visão de mundo, que contempla as 
diversas formas de pensar e interpretar o mundo em que se vive. 
 
Esse conceito é mais amplo do que o de ideologia, pois supera o sentido estritamente político e econômico de 
classe. Também é importante observar que os indivíduos podem possuir diversas visões de mundo, e por isso 
podem participar de diversos movimentos sociais. 
 
TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS E OS SEUS OBJETIVOS 
De modo geral, os movimentos sociais podem tanto buscar a transformação como a preservação das condições de 
opressão. Vejamos um pouco melhor como tipificar os movimentos sociais quanto aos seus objetivos: 
 
MOVIMENTO SOCIAL CONSERVADOR: 
é o movimento que busca preservar ou restaurar o status quo de opressão, que significa a forma como a sociedade 
está organizada. Isso porque os seus integrantes são por ele favorecidos. Assim, a desigualdade de classes, a 
subordinação da mulher ao homem ou a discriminação social e racial devem ser preservados ou reestabelecidos. 
 
Um exemplo desse tipo de movimento foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em que setores 
conservadores brasileiros ligados ao clero, à família e à política se organizaram contra o presidente João Goulart. O 
motivo seria a aproximação do presidente com a política e ideologia comunista, explicitada pelo programa de 
governo de Reformas de Base. Foram várias manifestações em todo o país com mais de um milhão de pessoas 
participando. 
Esses movimentos encontram suas bases nas tradições e valores patrimonialistas, sexistas e racistas. Normalmente 
são chamados de reacionários quando buscam realizar seus objetivos de modo radical. 
 
MOVIMENTO SOCIAL REFORMISTA: 
constitui o movimento que busca alteração de algum aspecto opressor em sociedade sem atacar diretamente a 
estrutura social. O projeto é pontual e não radical. Acredita-se que mudanças gradativas na legislação e 
administração pública são suficientes para superar a situação de opressão em debate. Um bom exemplo são os 
abaixo-assinados que visam pressionar alguma decisão das autoridades públicas. 
 
MOVIMENTO SOCIAL REVOLUCIONÁRIO: 
constitui o movimento que busca a construção de uma nova sociedade, por isso ataca diretamente os fundamentos 
preestabelecidos da estrutura social. O projeto é radical e exige o fim do status quo de opressão. 
 
 Podemos lembrar aqui a Revolução Russa de 1917, em que integrantes do proletariado russo tomam o poder 
destruindo o regime czarista, considerado opressor. Os revolucionários atacam radicalmente a estrutura social e 
instauram o socialismo, considerado por eles como emancipador. 
 
CONCLUSÃO 
 De modo geral, considerando as diversas perspectivas teóricas, podemos definir o conceito de movimento social 
como sendo a ação coletiva consciente e organizada sobre a realidade em conflito, com o objetivo de influenciá-la, 
a partir de uma determinada visão de mundo e de identidade sociocultural comum. 
 
NESTA AULA, VOCÊ: 
Constatou que os movimentos sociais não são novidades no processo histórico; 
compreendeu que os movimentos sociais são formas de ação coletiva diante da realidade social desfavorável; 
verificou que nem todas as manifestações coletivas são movimentos sociais, como a massa e a multidão; 
aprendeu que os movimentos sociais tem como características a organização, o projeto, a identidade social comum 
e a ideologia ou visão de mundo; 
identificou as abordagens teóricas histórico-estrutural, neopositivista e culturalista sobre os movimentos sociais; 
compreendeu que os movimentos sociais podem ser conservadores, reformistas ou revolucionários. 
 
 
AULA 2 - MOVIMENTOS SOCIAIS CLÁSSICOS – UMA BREVE RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA 
Nesta aula, estudaremos a caracterização dos movimentos sociais a partir da abordagem histórica-estruturalista, 
em que os movimentos operários europeus merecem destaque. De acordo com essa abordagem, esses 
movimentos apresentam-se como contestadores do modelo social vigente e propõem a construção de uma nova 
sociedade, justa e igualitária. Essa postura crítica irá influenciar outros movimentos sociais ao longo do processo 
histórico. Vamos ver?! 
A CONSTRUÇÃO DA CATEGORIA TEÓRICA MOVIMENTO SOCIAL 
Vimos, na aula passada, que os movimentos sociais podem ser entendidos como expressão das 
contradições existentes dentro da sociedade. São formas de pensar e agir coletivamente sobre a 
realidade em que se vive. Eles representam a possibilidade de intervenção crítica do sujeito na 
preservação ou mudança do status quo, conforme sua visão de mundo. 
A análise dessas manifestações coletivas contribui para o entendimento e a reflexão sobre a relação entre 
o indivíduo, a sociedade e o Estado. Esses movimentos são considerados importantes no estudo das 
Ciências Sociais, como a Sociologia, a Ciência Política e a História. Para essas áreas do conhecimento, eles 
são formas legítimas de expressão da sociedade civilorganizada, em defesa de seus interesses diante de 
uma situação desfavorável. 
Seja em uma abordagem histórico-estruturalista ou em uma culturalista, ou ainda em uma com a 
denominação de movimento social clássico ou novo, o fato é que essa categoria teórica caracteriza todo o 
processo histórico da humanidade, desde a idade antiga até os dias de hoje. Mas foi na emergência da 
sociedade industrial capitalista que tais movimentos ganham destaque e passam a receber um olhar 
científico próprio. 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
Em 1850, o estudioso Lorenz von Stein utiliza pela primeira vez o termo ‘movimentos sociais’ para 
designar a efervescência dos conflitos de interesses entre os operários e os industriais europeus no 
período. Esses movimentos lutavam contra a intensa exploração presente na relação capital-trabalho. 
Diversos eventos contextualizam a construção dessa categoria sociológica. Vamos conhecer melhor! 
A ORIGEM DOS MOVIMENTOS SOCIAIS EUROPEUS DO SÉCULO XIX 
Vamos compreender melhor de que forma os movimentos sociais europeus no século XIX se constituem 
como símbolos da luta de classes histórico-estruturalistas. 
* Os Três dias gloriosos, de 1830 
* A Primavera dos povos, de 1848 
Dois acontecimentos em especial marcam a França de 1815: a derrota de Napoleão Bonaparte, em sua 
guerra de conquista da Europa, e o consequente Congresso de Viena. Este último restaurou a monarquia 
e impôs uma série de subordinações aos franceses, como a perda de parte do território e a obrigação de 
indenizar as forças aliadas. Evidentemente, o cenário político, econômico e social francês não era dos 
melhores. 
A relação entre o povo e o governo francês entrou em colapso com a reaproximação entre o Estado e a 
Igreja Católica, devolvendo a esta o controle sobre a educação. Soma-se a isso o autoritarismo do Rei 
Carlos X, o aumento dos impostos e o fim da liberdade de imprensa em 1830. Diante desse quadro 
terrível, o povo se rebela contra o Rei e toma as ruas de Paris nos dias 27, 28 e 29 de julho daquele ano. 
São os Três dias gloriosos. 
Apesar da fuga do monarca, o movimento republicano não obteve êxito na transformação da estrutura 
política, devido às forças conservadoras ligadas à burguesia. De todo modo, a revolta de 1830 serviu de 
inspiração para vários outros movimentos liberais na Holanda, Itália, Portugal, Espanha e Polônia. 
Em 1848, a França vive novamente uma forte crise econômica, em que republicanos e socialistas fazem 
oposição ao Governo de Luís Felipe. Em uma dessas manifestações, 16 mil pessoas são mortas e 4 mil 
exiladas. A França volta a ser berço de revoluções, semeando pela Europa o espírito revolucionário. 
O nacionalismo aparece como uma das principais bandeiras de luta dos movimentos sociais daquele 
período. Podemos citar, como exemplo, a luta do povo polonês contra a dominação russa, austríaca e 
prussiana e a luta dos irlandeses contra os ingleses. Essa época de ebulições sociais e políticas ficou 
conhecida como a Primavera dos povos. 
AROMAS DA PRIMAVERA 
Três bandeiras ideológicas se destacam dentre aquelas defendidas pelos movimentos sociais do período. 
São elas: 
* Liberalismo: defendia o constitucionalismo político e era contrário aos regimes monárquicos 
absolutistas. 
* Nacionalismo: afirmava a soberania do Estado e fundamentava-se na identidade nacional. 
* Socialismo: preocupava-se com a questão social e a superação dos problemas oriundos do capitalismo. 
Essas três correntes não se apresentaram de forma uniforme ou pura em toda a Europa. Ao contrário, 
elas se mesclavam e assumiam diversas expressões em cada país. 
A INGLATERRA DO SÉCULO XIX 
O LUDISMO 
Após a Revolução Industrial, a Inglaterra do século XIX apresentava um capitalismo consolidado e 
péssimas condições de existência para o povo: fome no campo, êxodo rural, cidades superpopulosas, 
elevadas jornadas de trabalho (16-18 horas/dia), desemprego pelo uso de máquinas e diversas epidemias 
de tifo e tuberculose. 
As primeiras manifestações operárias são quase instintivas e se direcionam contra as máquinas que 
vinham substituindo o trabalho humano e gerando desemprego. Em 1758 começam os “quebra- 
-quebras” nas fábricas inglesas. Esse movimento ficou conhecido como Ludismo, em alusão a Ned Ludd, 
operário que teria quebrado as máquinas de seu patrão como forma de revolta. 
A reação do governo inglês foi dura e em 1768 foi instituída a pena de morte para quem destruísse 
maquinários fabris. O ludismo teve seu clímax em 1811 quando operários invadiram e destruíram a 
oficina William Cartwright. Treze pessoas foram condenadas à morte e o ludismo perdeu força sem obter 
conquistas significativas. 
O CARTISMO 
Em 1836, é criada em Londres a Associação dos Operários, que anuncia o programa Carta do Povo, na 
defesa do direito do voto como instrumento de conquista dos direitos trabalhistas: salários dignos, 
diminuição da jornada de trabalho e melhores condições de vida. Esse movimento ficou conhecido como 
Cartismo, que obteve a redução da jornada de trabalho para 10 horas para crianças e mulheres em 1847. 
Entretanto, a partir de 1848, a forte repressão do governo levou ao fim esse movimento operário. 
**O Sindicalismo e o Movimento Operário O filósofo francês George Sorel foi o grande ideólogo da 
organização de sindicatos como instrumentos de luta da classe operária na França, Espanha e Itália. Para 
Sorel, somente um movimento operário racionalmente organizado em sindicatos seria capaz de defender 
os interesses de classe perante o governo e os capitalistas, em que a greve constituía um instrumento 
legítimo de luta. “(...) Esses movimentos deram origem a formas de organização coletiva denominadas 
Sindicatos. Na Inglaterra, os sindicatos (trade unions) foram declarados ilegais em 1824. Na França, a 
liberdade sindical só seria conquistada em 1884.” (FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. Editora Ática, 2005. 
Volume único. p. 242.)** 
INSPIRAÇÃO SOCIALISTA 
Percebemos que, ao longo de seu desenvolvimento histórico, os movimentos operários foram ganhando 
sofisticação em suas formas de luta. Isso se explica pela forte influência das teorias socialistas sobre eles. 
De modo geral, o Socialismo se constituiu como uma doutrina política e ideológica contra as 
desigualdades sociais. Para os socialistas, o sistema capitalista preserva a estrutura histórica de 
dominação de classes, cria novas formas de exploração e agrava as já existentes. Os movimentos 
socialistas do período podem ser classificados em: reformistas, revolucionários, utópicos e científicos. 
Além destes, podemos destacar o anarquismo, o anarco-sindicalismo e o catolicismo social como 
filosofias importantes para o desenvolvimento dos movimentos sociais clássicos. 
REFORMA OU REVOLUÇÃO 
Vejamos as principais teorias que floresceram naquela época e como contribuíram para o 
desenvolvimento dos movimentos sociais. 
Em 1848, o movimento operário francês sofreu forte influência das ideias socialistas. De um lado, o 
Socialismo Reformista de Louis Blanc. Do outro, o Socialismo Revolucionário de Auguste Blanqui. 
*O Socialismo Reformista defendia a transformação social gradativa e pregava a reforma da sociedade 
capitalista, por meio das eleições e do processo legislativo, até a implementação total do modelo 
socialista. 
 
*Já o Socialismo Revolucionário proclamava a libertação imediata da classe operária da exploração 
burguesa, por meio da revolução armada como forma de transformar radicalmente a estrutura social. 
 
UTOPIA VERSUS CIÊNCIA 
 
Entre os anos de 1820 e 1840, podemos observar o desenvolvimento do Socialismo Utópico na Europa. 
Seus principais representantes foram Charles Fourier e Claude Saint-Simon, na França, e Robert Owen, 
na Inglaterra.Os socialistas utópicos criticavam a exploração capitalista e propunham o fim da propriedade privada, 
mas não indicavam uma forma concreta para os trabalhadores conseguirem acabar com a estrutura de 
dominação. 
 
Por sua vez, em 1848, na Alemanha, Karl Marx e Friedrich Engels proclamaram o Manifesto do Partido 
Comunista e criaram a Liga dos Comunistas. Estava instaurado o chamado Socialismo Científico. 
 
Essa concepção consistia em uma crítica radical ao capitalismo e pregava a revolução social do 
proletariado (classe operária) para tomada do poder. Seria instaurado um Estado Socialista com 
objetivo de por fim à propriedade privada dos meios de produção e redistribuir a riqueza socialmente 
produzida. Então, uma vez transformada a estrutura social, estariam criadas as condições ideais para 
uma sociedade sem Estado e sem classes, denominada de Comunismo. 
 
OUTRAS CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS 
Por sua vez, o anarquismo propunha o fim imediato do Estado e da propriedade privada. Segundo eles, 
todas as formas de governo são perversas, por isso defendiam uma sociedade organizada na 
participação política direta dos cidadãos. Sua ideologia libertária foi difundida primeiramente pelo 
francês Joseph Proudhon e, em seguida, pelos russos Mikhail Bakunim e Peter Kropotkin. 
 
Tanto os marxistas como os anarquistas criticavam a propriedade privada e a dominação de classes. 
Entretanto, para os marxistas era preciso destruir as bases históricas da dominação de classe. Assim, o 
Estado socialista seria uma etapa necessária de transição para o comunismo. 
 
Já os anarquistas, conhecidos como libertários e influenciados pelo socialismo utópico, eram contra 
qualquer forma de governo. Por isso, defendiam a instauração imediata de uma sociedade sem estado e 
sem classes. 
 
Uma variante do movimento anarquista foi o anarco-sindicalismo, que defendia a união entre as ideias 
libertárias e a ação sindical. Esse movimento teve bastante força na Espanha do século XIX e no Brasil do 
século XX. 
Por fim, não podemos esquecer o catolicismo social ou socialismo cristão, que surge no final do século 
XIX, dentro da Igreja Católica. Diante das péssimas condições de vida da classe operária, o Papa Leão XIII 
edita a Encíclica Rerum Novarum, na qual pregava a humanização da sociedade. Entre outros aspectos 
estava a regulamentação do trabalho feminino e infantil, a diminuição da jornada de trabalho e melhorias 
nas condições de vida. Esse movimento tinha caráter mais reformista e negava o socialismo 
revolucionário de Karl Marx. Os movimentos operários europeus do século XIX marcaram a construção da 
categoria teórica denominada movimento social. De acordo com a abordagem histórico--estruturalista, os 
movimentos sociais são considerados contestadores da estrutura social historicamente opressora. Eles 
propõem a construção de uma nova sociedade, justa e igualitária. O socialismo e o anarquismo foram 
fundamentos teóricos importantes na crítica desses movimentos ao capitalismo. 
 
Nesta aula, você: 
Percebeu a relação entre o surgimento dos movimentos operários europeus e a construção da categoria teórica 
denominada movimento social; 
compreendeu como diversas situações de opressão conduziram o povo europeu à ação coletiva na defesa dos seus 
direitos; 
aprendeu sobre o desenvolvimento do espírito crítico necessário a eclosão de manifestações coletivas 
transformadoras da realidade social; 
compreendeu a importância das teorias socialistas e anarquistas na sofisticação e conscientização dos movimentos 
operários em sua luta. 
 
AULA 3 - OS MOVIMENTOS SOCIAIS COMO MOTOR DA HISTÓRIA: A CONTRIBUIÇÃO DE 
KARL MARX 
 
Nesta aula, vamos conhecer um pouco da contribuição de Karl Marx para a construção da crítica social 
moderna e para o desenvolvimento de movimentos sociais no século XX. Sua teoria está de acordo com a 
abordagem histórica-estruturalista, que considera a realidade social a partir de suas contradições, como a 
desigualdade e dominação de classes. Assim, a luta de classes é motor da história, pois representa o 
mecanismo de crítica e transformação da estrutura social. Para Marx, o capitalismo não inventa a 
exploração de classes, mas a preserva, ao mesmo tempo em que a agrava. Diferentemente do socialismo 
utópico, o socialismo científico de Marx prega a transformação imediata da realidade opressora. Vamos 
conhecer melhor a contribuição desse pensador!? 
 
..na última aula, como o contexto sociopolítico na Europa do século XIX criou as condições propícias para 
que a sociedade civil se organizasse em ações críticas de transformação da estrutura social opressora. 
Assim, os movimentos operários daquela época, inspirados pelas ideias socialistas e anarquistas, que 
floresciam no período, ilustram muito bem a concepção histórico-estruturalista dos movimentos sociais. 
 
Com relação à influência do socialismo, a teoria marxista se destaca com forte contribuição aos 
movimentos sociais do final do século XIX, todo o século XX e até os dias de hoje. 
 
A CONTRIBUIÇÃO DE KARL MARX 
 
Segundo Karl Marx, “A luta de classes é o motor da história”. Essa afirmativa deixa claro que a teoria 
marxista é a principal fundamentação teórica da abordagem histórica-estruturalista. Desta forma, os 
movimentos sociais expressam a luta de classes de modo consciente e organizado, dentro de um 
processo histórico no qual a estrutura social serve para assegurar a dominação de classes. 
 
ALGUNS CONCEITOS MARXISTAS SÃO IMPORTANTES PARA A COMPREENSÃO DOS MOVIMENTOS 
SOCIAIS, SEGUNDO A ABORDAGEM HISTÓRICA-ESTRUTURALISTA. 
 
Para Marx, a “História da humanidade é a história da luta de classes”. Isso quer dizer que em todos os 
tempos históricos, as sociedades humanas se caracterizaram pela divisão e dominação de classes. Como 
exemplos, a escravidão antiga, a servidão medieval e assalariado moderno. Para este pensador, a 
sociedade está dividida em duas classes distintas e antagônicas. A distinção entre as classes se dá pelo no 
fato da classe dominante ter a propriedade privada dos meios de produção, enquanto a classe dominada 
por ser desprovida destes meios, se vê obrigada a submeter a sua força-trabalho em troca da 
sobrevivência material. Assim, a desigualdade e a dominação de classes são asseguradas pela própria 
organização histórica da estrutura socioeconômica vigente. O antagonismo é explicado pela contradição 
de interesses que cada classe possui. A dominante está interessada em preservar as condições de sua 
dominação, ou seja, a manutenção do status quo de desigualdade. Ela busca manter a forma como a 
estrutura social está organizada, com a propriedade privada dos meios de produção e a divisão de classes. 
Por sua vez, a classe dominada luta pela revolução da estrutura social para um status quo de igualdade. 
Isto se daria pelo estabelecimento da propriedade pública ou coletiva dos meios produtivos, ou seja, a 
implementação do socialismo ou do comunismo, respectivamente. Essa contradição social gera o conflito, 
chamado por Marx de luta de classes, que faz com que a história se mova e as transformações sociais 
ocorram. Isso pode acontecer tanto de forma inconsciente, devido à contradição inerente a estrutura 
social, como pode acontecer de forma consciente e organizada, como no caso dos movimentos sociais 
clássicos. Assim, segundo uma leitura marxista (histórico-estruturalista), os movimentos sociais clássicos 
cumprem um papel revolucionário, pois têm como objetivo a destruição da estrutura social de divisão de 
classes e propriedade privada dos meios de produção. Em seu lugar, propõem a construção de uma nova 
sociedade, justa e igualitária. Como exemplos, podemos citar os movimentos operários contra a 
exploração capitalista e a Revolução Russa de 1917. 
 
MATERIALISMO DIALÉTICO 
 
Quando Marx afirma que “A luta declasses é o motor da História”, ele está fazendo uma referência ao 
seu conceito materialista dialético. Segundo esse conceito, o processo histórico decorre de uma relação 
entre forças opostas que conduzem a mudança social. Assim, a dialética é justamente a dinâmica de 
confronto entre essas forças antagônicas, que fazem com que a estrutura social mude de uma forma de 
organização para outra. 
 
ESSE PROCESSO DIALÉTICO É ILUSTRADO PELA EQUAÇÃO TESE - ANTÍTESE - SÍNTESE. 
 
*TESE: constitui a força dominante em um dado contexto histórico, determinada pela estrutura social 
vigente. 
 
*ANTÍTESE: constitui a força contrária ao status quo estabelecido e fundamentado pela estrutura social. 
 
*SÍNTESE: constitui uma nova forma estrutural da sociedade, que surge do confronto entre a tese e a 
antítese. 
 
 ((dialética é uma forma de debate onde as ideias são submetidas à discussão e contraposição)) 
 
TESE X ANTÍTESE = SÍNTESE 
 
Ocorre que uma vez estabelecida, a Síntese se constitui como nova Tese. Caso possua uma contradição 
interna, surgirá sua Antítese. Assim, novamente o conflito dialético se instaura, sendo necessária uma 
nova Síntese. E assim, de forma sucessiva, a história movimenta-se dialeticamente. 
 
SÍNTESE = NOVA TESE X NOVA ANTÍTESE = NOVA SÍNTESE... 
 
Assim, os movimentos sociais podem ser compreendidos como expressão do processo dialético, pois 
traduzem a luta de classes como motor da história. É nesse sentido que Marx afirma o papel 
revolucionário dos movimentos operários na transformação da estrutura social, em que o comunismo 
acabaria com a contradição na estrutura social. 
 
MATERIALISMO HISTÓRICO 
 
Trata-se do método marxista de explicação da realidade social, em que dois fatores são importantes: as 
forças produtivas e as relações de produção. 
 
As FORÇAS PRODUTIVAS constituem as condições materiais de toda produção. Elas são a capacidade de 
produzir relacionada às técnicas, instrumentos, matérias-primas e trabalho humano. 
 
As RELAÇÕES DE PRODUÇÃO constituem as formas pelas quais os homens se organizam para executar a 
atividade produtiva. Elas são o modo como as forças produtivas estão organizadas e como o resultado 
final é distribuído ou concentrado. Como exemplos, podemos citar o cooperativismo, o escravismo, o 
feudalismo e o capitalismo. 
 
Sobre o materialismo histórico ainda é importante destacar a relação entre infraestrutura e 
superestrutura como determinantes do status quo. 
 
A INFRAESTRUTURA OU ESTRUTURA corresponde à base material da sociedade, ou seja, ao sistema 
econômico. Segundo Marx, a classe dominante controla o sistema econômico, por isso a estrutura 
econômica é aquela que atende aos interesses da classe dominante. 
 
A SUPERESTRUTURA corresponde a toda dimensão imaterial da sociedade, como os sistemas político, 
jurídico e ideológico. Para Marx, a Superestrutura imaterial é apenas reflexo da estrutura material. 
 
Podemos entender que existe uma determinação da Estrutura sobre a Superestrutura. Assim, se o 
sistema econômico é capitalista e atende aos interesses da burguesia, logo o sistema político, jurídico e 
ideológico também são. 
 
Isso quer dizer que as relações de produção capitalistas fundamentam a dominação de classes, ao mesmo 
tempo em que as relações políticas, jurídicas e ideológicas asseguram essa dominação, por meio de um 
Estado, um Direito e um conjunto de ideais burguesas que dominam a sociedade. 
 
PRÁXIS 
Outro conceito marxista importante para a compreensão da categoria movimento social é o de práxis. 
Segundo Marx, uma diferença essencial do homem para os outros animais é a capacidade teleológica, ou 
seja, a capacidade humana em idealizar algo e realizá-lo por meio de sua ação. Assim, a práxis consiste na 
expressão dessa capacidade de pensar, projetar e agir sobre si e o mundo em que vive. A partir do 
processo de conhecimento, o homem age criticamente na criação e transformação de si e do mundo. 
 
(...) práxis, a atividade do sujeito que de algum modo aproveita algum conhecimento ao interferir no 
mundo, transformando-o e se transformando a si mesmo. (...) Na práxis, o sujeito age conforme pensa, a 
prática “pede” teoria, as decisões precisam ter algum fundamento consciente, as escolhas devem poder 
ser justificadas. Na práxis, o sujeito projeta seus objetivos, assume seus riscos, carece de conhecimentos. 
(...) 
 
Podemos perceber claramente a relação entre práxis e movimentos sociais. Estes expressam a capacidade 
de pensar, projetar e agir sobre a realidade opressora na construção de uma nova sociedade. 
 
A TEORIA MARXISTA E A REVOLUÇÃO RUSSA 
 
Sabemos que para os marxistas, o socialismo é uma etapa de transição para o comunismo. Neste sentido, 
Marx acredita no desenvolvimento da consciência, união e organização do proletariado em seu papel 
histórico revolucionário. Após a destruição da estrutura capitalista, fundamentada na propriedade 
privada e na dominação de classes, o socialismo instituiria a propriedade pública dos modos de produção. 
Em seguida, o comunismo criaria uma sociedade sem classes, em que todos participariam das decisões e 
os modos de produção seriam coletivos. 
 
Em 1847, Marx e Friedrich Engels instituem a Liga dos Comunistas, reformulando a antiga Liga dos Justos, 
e publicam em 1848 o Manifesto Comunista. A partir de então, as críticas marxistas à sociedade de 
classes e a propriedade privada se espalham pela Europa, servindo de inspiração e fundamento para 
diversos movimentos operários no mundo. 
 
A proposta de Marx consistia em um movimento de união mundial dos operários que, conscientes e 
organizados, lutariam pelo fim da estrutura de dominação de classes. Trata-se de típico movimento 
social clássico, muito bem ilustrado no lema: 
“PROLETÁRIOS DE TODOS OS PAÍSES, UNI-VOS!” 
 
Essa práxis revolucionária pôde ser observada nas chamadas Associações Internacionais dos 
Trabalhadores. Vejamos a seguir. 
 
ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES 
 
 PRIMEIRA INTERNACIONAL COMUNISTA - 1864 – Londres. Reuniu socialistas e 
anarquistas com o objetivo de constituir um grande movimento operário internacional. Foi 
dissolvida em 1876 devido a grande diferença ideológica entre os participantes. 
 
 SEGUNDA INTERNACIONAL COMUNISTA – 1889 – instituiu a greve geral como 
instrumento de luta e o dia 1º de maio como Dia Internacional do Trabalho. Teve seus 
trabalhos encerrados devido à 1ª Grande Guerra Mundial. 
 
 TERCEIRA INTERNACIONAL COMUNISTA - Após a Revolução Russa de 1917, em 
1919 – Lênin funda o chamado Comintern, com objetivo de retomar os fundamentos 
comunistas e criar uma organização das Repúblicas Soviéticas. 
 
 QUARTA INTERNACIONAL COMUNISTA - 1938 – organizada por Leon Trotsky em 
contestação à Terceira Internacional, considerada dominada por Stalin. O principal objetivo 
era o desenvolvimento do socialismo. 
 
 
REVOLUÇÃO RUSSA DE 1917 
 
A Rússia apresentava-se com uma Dinastia Romanov desde 1613, um gigantesco império dominado por 
latifundiários, pelo alto clero da Igreja Ortodoxa e nobres oficiais do Exército. 
 
As ideias marxistas são disseminadas pela Europa e chegam à Rússia influenciando jovens como Vladimir 
Ilitch Ulianov, conhecido como Lenin, que em 1898 fundou o POSDR Partido Operário Social-Democrata 
Russo. 
 
O Partido era dividido entre os Bolcheviques, liderados por Lênin, que defendiam uma revolução 
imediata, e os Mencheviques, que defendiam uma passagem lenta e democrática para o Comunismo, por 
meio de eleições. 
 
Diante do descontentamento popular com as péssimas condições de trabalho e os prejuízos com a guerra 
contra o Japão, é deflagrada uma greve geral em 1905, em que 13 mil trabalhadores enviam um petição 
reivindicando ao czar melhores condições de trabalho.DOMINGO SANGRENTO 
Diante da petição popular, o governo do czar Nicolau II reage de forma extremamente violenta e mais de 
mil manifestantes são assassinados pelas forças do governo. 
A partir deste episódio, o governo czarista na Rússia ficou insustentável. Em fevereiro eclodiu a revolução 
Menchevique. Em outubro, foi a vez dos revolução bolcheviques tomarem ao poder. Conheça mais cada 
uma delas a seguir 
 
REVOLUÇÃO MENCHEVIQUE 
 
Fevereiro de 1917 – chamada de revolução burguesa, porque não se contrapôs ao capitalismo nem à 
propriedade privada. Ficou marcada pela destituição do governo czarista e pela perseguição aos 
Bolcheviques Lenin e Trotsky, que se refugiaram na Finlândia e criaram o Exército Vermelho, uma espécie 
de milícia popular. 
 
REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE 
 
Em outubro de 1917, Lenim retorna da Finlândia e publica suas Teses de abril, em que um dos lemas era 
Paz, Pão e Terra. Era uma crítica aos prejuízos das guerras e à miséria do povo causada pela estrutura 
latifundiária russa. 
 
PAZ, PÃO E TERRA 
Com ajuda de Trotsky, Lênim organiza a queda do governo burguês menchevique. Assim, os sovietes, 
como eram conhecidos os bolcheviques, tomam o poder e criam o Conselho de Comissários do Povo 
(CCP). Estava instituído o governo do proletariado político. 
 
O Governo Comunista eliminou a existência da Igreja, expandiu as artes à população e perseguiu, 
expulsou ou executou a alta burocracia latifundiária e liberal. 
 
Assim, em 1917 estava instituído na Rússia a primeira tentativa de implementação das ideias de Karl 
Marx. Em 1922 foi formada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com a participação da 
Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Transcaucásia, entre outros povos da Ásia. O chamado Socialismo Real, por 
ser aplicação concreta das teorias do Socialismo Científico de Marx, perdurou até 1991 com a queda da 
União Soviética. 
Apesar disso, as ideias de Karl Marx ainda representam importante fundamento teórico para o 
pensamento e ação crítica sobre a realidade hoje. Recentes crises econômicas, como a do setor 
imobiliário norte-americano em 2008, e a intensificação da exploração do capital sobre trabalho na 
globalização neoliberal vêm colocando novamente o marxismo na pauta de pensamento social 
contemporâneo. Isso mostra como as ideias de Karl Marx ainda podem ser consideradas atuais e 
inspiradoras dos movimentos sociais. 
 
As ideias de Karl Marx representam fundamentos teóricos importantes para abordagem histórica-
estruturalista sobre os Movimentos Sociais Clássicos. Segundo esta perspectiva, a contradição da 
estrutura social gera o confronto dialético entre as classes, em que o proletariado cumpre um papel 
histórico de transformação da realidade opressora. A Revolução Russa de 1917 constitui exemplo 
emblemático da práxis marxista na construção de uma sociedade justa e igualitária nos moldes do 
socialismo e do comunismo. 
 
 
 
 
 
1. Explique o lema bolchevique da revolução russa de 1917, "Paz, Pão e Terra"? 
R: A Rússia vinha de guerras malsucedidas contra o Japão e a 1ª Grande Guerra 
Mundial, com grande perda de vidas e prejuízos econômicos. Além disso, os 
sistemas monárquico absolutista e latifundiário impunham fome e miséria à 
população pobre. Por isso, os bolcheviques pregavam o fim das guerras externas, 
a redistribuição da renda e reforma agrária, como formas de acabar com a miséria 
e fome do povo. 
 
2. (UPE) O crescimento da produção industrial favoreceu a burguesia europeia, 
embora aumentando a concentração de riquezas e as injustiças sociais. Surgiram 
muitas ideias contra o capitalismo, dentre elas as defendidas por Karl Marx, ainda 
hoje presentes nas discussões políticas. O marxismo: 
 
(x) defendeu o fim do capitalismo com a imediata instauração de uma sociedade 
socialista, necessária para a transição ao comunismo. 
 
( )influenciou muito pouco os movimentos contra as desigualdades sociais, 
sobretudo nos países da Europa mais industrializados. 
 
( )combateu o capitalismo, mas não negou a propriedade privada dos meios de 
produção. 
 
( )foi uma concepção de mundo original e revolucionária, deslocada 
historicamente devido aos seus princípios utópicos. 
 
( )permaneceu politicamente importante só até os fins do século XIX, sendo a base 
dos movimentos operários europeus. 
 
3. A Revolução Russa de outubro de 1917 foi liderada por Lênin e os revolucionários 
prometiam as seguintes ações: 
 
( )implantação do sistema capitalista na Rússia após a revolução. 
 
( )um governo socialista, apoiado pela nobreza russa. 
 
( )distribuição de terras, igualdade social, democracia e participação do clero nas 
decisões do governo. 
 
( )paz (saída da Rússia da 1ª Guerra Mundial), terra, pão, liberdade e trabalho. 
 
(X)a implantação de um governo czarista e teocrático, com o objetivo de promover 
a justiça social. 
 
4.Explique o lema bolchevique da revolução russa de 1917, "Paz, Pão e Terra"? 
A Rússia vinha de guerras mal sucedidas contra o Japão e a 1ª Grande Guerra 
Mundial, com grande perda de vidas e prejuízos econômicos. Além disso, os 
sistemas monárquico absolutista e latifundiário impunham fome e miséria à 
população pobre. Por isso, os bolcheviques pregavam o fim das guerras externas, 
a redistribuição da renda e reforma agrária, como formas de acabar com a miséria 
e fome do povo. 
 
Nesta aula, você: 
Percebeu a relação entre a teoria marxista e a construção da categoria Movimentos Sociais; 
identificou os principais conceitos marxistas relacionados aos movimentos sociais; 
conheceu a contribuição da teoria marxista para a eclosão dos processos revolucionários da Europa e 
do mundo no século XX, como a Revolução Russa. 
 
AULA 4 - MOVIMENTOS SOCIAIS CLÁSSICOS: DA COLÔNIA À REPÚBLICA VELHA 
 
A crise do feudalismo e a emergência da burguesia conduziram ao desenvolvimento da primeira fase do 
capitalismo, chamada de mercantilismo. Entre outros fatores, a necessidade de produtos a serem 
comercializados levou à expansão marítima e comercial do século XVI. Portugal e Espanha foram 
pioneiros neste empreendimento, que reconfigurou o mapa geopolítico mundial. Podemos dizer que o 
Brasil é resultado desse processo, denominado mundialização da civilização europeia. Deixando de lado a 
controvérsia sobre o acaso ou intencionalidade do evento de 21 de abril de 1500, o fato é que a chegada 
do europeu neste território chamado Brasil marca o nascimento de uma nova sociedade e suas 
contradições. A diversidade étnica, o escravismo, o pacto colonial, o absolutismo monárquico e a intensa 
desigualdade social, ilustram alguns problemas daquela época. Então, em uma abordagem Histórica-
Estruturalista, vamos verificar a emergência das primeiras manifestações coletivas brasileiras a este 
respeito. Iremos perceber que a história do povo brasileiro é uma história de opressão, resistência e 
revolta contra as injustiças presentes na estrutura social. Se do ponto de vista cultural, a cordialidade do 
povo brasileiro sugere uma essência pacífica, do ponto de vista histórico-político, isso está longe de 
significar um comportamento passivo. Os movimentos sociais brasileiros, com suas derrotas e vitórias, 
ajudam a desconstruir esse mito de passividade e revelam um povo oprimido, mas que jamais fugiu à 
luta. 
HISTÓRIA E IDEOLOGIA: FATOS E VERSÕES 
Como já estudamos, no conceito de Materialismo Histórico, que a dominação de classes se apresenta em 
dois aspectos: 
MATERIAL - O primeiro é o material, que consiste na infraestrutura ou estrutura econômica. 
IMATERIAL - O segundo é o imaterial, que consiste na superestrutura política, jurídica e ideológica. Vimos 
que a infraestrutura determina a forma da superestrutura, logo o sistema econômico determina os 
sistemas político, jurídico e ideológico. 
 
 
ParaKarl Marx, se o sistema econômico favorece a classe dominante, os sistemas políticos, jurídico e 
ideológico também. Assim, o Estado, o Direito e as ideias dominantes em uma dada sociedade e época 
são aquelas que interessam à classe dominante. 
É nesse sentido que o marxismo entende a ideologia como dissimulação da realidade e instrumento de 
dominação de classes. A luta de classes que ocorre na realidade material também ocorre no plano 
imaterial da vida. Existe um conflito ideológico, que se divide em ideias ou crenças que interessam à 
classe dominante e outras que interessam à classe dominada. 
Daí, podemos dizer que a história contada é, antes de tudo, uma ideia ou uma crença sobre a história 
vivida. Então, algumas questões se colocam: quem conta a história, como conta e com qual intenção? 
É claro que o fato histórico existe, mas também existe a versão ideológica deste fato. Trata-se da 
interpretação particular ou do olhar de quem está relatando o acontecido. É difícil distinguir o fato 
histórico objetivo de sua versão subjetiva de uma classe social, pois quem conta a história o faz a partir de 
um ponto de vista. Sendo assim, a história também pode ser uma ideologia e atender a certos interesses 
em detrimento de outros. Enfim, a luta de classes que se dá na realidade concreta se desdobra na luta 
ideológica pela versão da história. É importante observar que a história é feita de fatos e versões. Os 
acontecimentos humanos são dados objetivos, mas estão sujeitos a interpretações subjetivas. Isso quer 
dizer que determinado fato ocorrido é um dado objetivo da história. Por exemplo, a chegada do 
português ao território que hoje chamamos de Brasil é um fato histórico. Trata-se de um dado objetivo, 
aparentemente neutro. Entretanto, este mesmo fato sofre leituras subjetivas, conforme os pontos de 
vistas e interesses dos sujeitos envolvidos: foi um descobrimento ou uma conquista? Do ponto de vista 
subjetivo do português, o evento ocorrido em 1500 foi o Descobrimento de um território novo. Essa 
interpretação não é neutra. Ela tem implicações ideológicas que atendem ao interesse do grupo 
dominante, pois sugere apenas um ator histórico: o descobridor português. A expressão “descobrimento 
do Brasil” tende a suavizar o evento ocorrido, pois nega a ocorrência de conflito com outros atores. Além 
disso, ao nomear o território, o português simbolicamente ratifica sua posse como legítima. Afinal, quem 
descobre algo, torna-se seu dono, por isso pode dá-lhe o nome que quiser. Do ponto de vista dos povos 
nativos não é bem assim. Eles já habitavam a mesma região. Viviam organizados em comunidades de 
subsistência. Eram culturalmente autossuficientes. Entretanto, foram expulsos, assassinados, 
escravizados e violentados pelos invasores. Assim, o mesmo fato objetivo é visto subjetivamente como 
uma guerra de conquista e resistência. 
MAS O QUE ISSO SIGNIFICA? 
Significa que a história, ou melhor, as versões dos fatos históricos dependem das relações de poder em 
cena. Em que determinado grupo consegue assegurar o seu ponto de vista em detrimento de outros. No 
caso acima tratado, a ideologia do descobrimento do Brasil serviu para legitimar a posse e a dominação 
do grupo dominante sobre as terras do grupo dominado ontem e hoje. Esse é apenas um dos exemplos 
possíveis das implicações ideológicas no imaginário histórico e social. 
 
 
IDEOLOGIA E IMAGINÁRIO COLETIVO: A DESCONSTRUÇÃO DO MITO DA PASSIVIDADE 
Vimos que a história é feita de fatos e versões. De acordo com a abordagem histórico-estruturalista, é 
importante compreendermos que as versões dominantes são apenas o ponto de vista do grupo vencedor 
na relação de conflito. Assim, a história oficial é sempre relativa, porque tende a expressar uma leitura 
parcial do fato ocorrido. Ela é a versão dos vencedores, preterindo ou negando o ponto de vista dos 
vencidos. Como dizem, a história é contada pela primeira vez pelos vencedores, cabe aos vencidos tentar 
recontá-la. 
No Brasil, isso é facilmente constatado pelas versões ou ênfases dominantes da nossa história, que 
contribuem para criar no imaginário coletivo uma falsa ideia de um povo passivo e submisso. Estamos 
acostumados em olhar para os fatos históricos nacionais e nos depararmos com heróis oriundos das 
elites, nobres e militares. Personagens e ações populares são quase sempre preteridas ou tratadas de 
modo superficial. O povo aparece ideologicamente como expectador da própria história, incapaz e 
desinteressado de lutar por seus direitos. Deste modo, caberia ao homem comum aceitar 
resignadamente o status quo de opressão, como se fosse uma missão divina e esperar pelo “Salvador da 
Pátria”. 
É NESTE SENTIDO QUE VALE A PENA ALGUMAS REFLEXÕES. 
Por um lado, a imagem do povo brasileiro como passivo é verdadeira ou mentirosa? 
É um fato histórico ou uma ideologia de classe? 
A crença popular nessa passividade é interessante para quem? 
Até que ponto a criação de um mito de passividade contribui para desestimular a ação coletiva e crítica 
 na sociedade? 
Por outro lado, o autorreconhecimento do povo como agente histórico, heroico e contestador 
contribuiria para o desenvolvimento da autoestima e cidadania crítica? 
Como pensar isso a partir dos movimentos sociais históricos no Brasil? 
Podemos constatar que a história é contada sempre a partir de grandes feitos e grandes personagens. No 
Brasil, quase todos os feitos são oficialmente omissos ou superficiais em relação à participação popular. 
Pouco se estimula a memória coletiva em exaltar os movimentos populares de luta por direitos e 
transformações sociais. A Independência do Brasil é tratada como se fosse obra de um único homem, D. 
Pedro I. A Abolição da escravatura é consagrada a uma Princesa branca. Da mesma forma, a proclamação 
da República é consagrada à ação de um Marechal. A hipótese aqui é que sempre foi preterido ou 
esquecido o sangue derramado do povo, sejam brancos, negros, nativos ou mestiços que lutaram contra 
as diversas formas de opressão histórica da estrutura social brasileira. É a isso que podemos denominar 
de mito da passividade. Essa ideia de que o povo brasileiro sempre foi pacato, passivo e submisso não 
encontra fundamento nos fatos históricos. É apenas uma versão subjetiva que sempre interessou as 
elites, temerosas de que o povo reconhecesse sua capacidade de ação coletiva transformadora. 
 
Os movimentos sociais do Brasil Colônia até os dias de hoje contam outra história, em que o povo é o 
protagonista. Com muitas derrotas, mas com algumas vitórias que valem muito, pois são a prova de que é 
possível agir historicamente e representam a esperança de construção de uma nova realidade social. 
Assim, resgatar a memória de luta e heroísmo do povo pode contribuir para o desenvolvimento da 
autoestima e da cidadania ativa. 
Enfim, a luta dos nativos na defesa de seu território e de sua liberdade, posteriormente a luta dos 
africanos e seus descendentes, a luta dos colonos pobres brancos ou mestiços contra a exploração da 
metrópole, todos esses exemplos marcam o começo da história de lutas do povo brasileiro e negam a 
falsa ideologia de que é passivo e desinteressado. 
MOVIMENTOS SOCIAIS BRASILEIROS 
A formação histórica da sociedade brasileira é marcada pelas contradições estruturais, que geraram 
opressão sobre os povos nativos, africanos, brancos pobres e mestiços. Em todo tempo houve luta e 
resistência por uma sociedade justa e igualitária, pela transformação do status quo. Ao invés de passivos, 
o povo brasileiro sempre foi bravo e heroico dentro de suas possibilidades. Diversos movimentos ilustram 
a mobilização da sociedade civil brasileira em seu processo histórico. 
REBELIÕES PRÓ INDEPENDÊNCIA 
Podemos destacar a InconfidênciaMineira e a Conjuração Baiana como dois dos principais movimentos 
históricos brasileiros. Embora não tenham obtido êxito em suas propostas, ambos os movimentos 
retratam a insatisfação social presente na estrutura da colônia e representam as bases dos movimentos 
sociais clássicos no Brasil. 
 
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA 
A Inconfidência Mineira foi um movimento mais restrito às elites locais. Deflagrada em Minas Gerais no 
ano de 1789, em pleno ciclo do ouro, a insatisfação se dirige contra a forma de administração da 
Metrópole sobre a economia da colônia. Os altos impostos, como o quinto e a derrama, levaram à 
insatisfação generalizada entre o povo e as elites. Influenciados pelas ideias liberais do Iluminismo 
europeu e pelo modelo constitucional democrático norte-americano, os inconfidentes se organizaram 
para proclamar a independência e a república. Entretanto, o movimento foi abortado devido à delação de 
um dos seus membros, o português Joaquim Silvério dos Reis. Os inconfidentes foram presos e o alferes 
Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes, foi considerado seu líder, sendo o único 
executado no dia 21 de abril de 1792, na cidade do Rio de Janeiro. 
 
LIBERDADE AINDA QUE TARDIA 
O quinto - Imposto que consistia na obrigação de pagar a Portugal 25% de todo ouro descoberto no 
Brasil. 
 
A derrama - Cada região de mineração de ouro deveria pagar 1500 quilos por ano a Portugal. Se a região 
não conseguisse esse montante, os soldados portugueses invadiam as casas locais e confiscavam os bens 
até completar o valor. 
 
 
 
A CONJURAÇÃO BAIANA 
Ao contrário da Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana de 1798 foi um movimento essencialmente 
popular com objetivos sociais mais profundos. O movimento contou com ampla participação de negros 
livres, alfaiates, artesãos, sapateiros, mestiços e escravos. Inspirados na Revolução Francesa e na Revolta 
dos Escravos no Haiti, os revoltosos baianos eram mais radicais em seus objetivos. Além da 
independência e República, pretendiam o fim da escravidão e da estrutura latifundiária opressora. 
Temendo a ameaça de uma mobilização popular revolucionária, a reação da Coroa portuguesa foi rápida 
e conseguiu prender a maioria dos revoltosos. Aqueles de origem mais humilde foram condenados à 
morte, como o alfaiate João de Deus Nascimento. Os de origem intelectual foram presos e absolvidos, 
como o médico Cipriano Barata. 
A Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, como também ficou conhecida a Conjuração Baiana, foi um 
importante movimento popular, que lançou as bases de diversos movimentos abolicionistas no século 
XIX. Além disso, ela é a prova da capacidade de ação crítica do povo na luta por seus direitos. 
 
REVOLUÇÃO DE PERNAMBUCO 
Em 1817 a difusão de ideais iluministas, liberais e republicanos entre as elites, somada à insatisfação 
popular com a elevada taxa de impostos, criou o contexto propício para a eclosão de um movimento 
revolucionário em Pernambuco. Apesar de liderada por militares e comerciantes, a revolta encontrou 
amplo apoio do povo de Recife. Um governo provisório foi instituído após a fuga do governador. Inspirada 
na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da Revolução Francesa. Entretanto, o governo 
revoltoso durou apenas 74 dias, quando a forte reação de tropas governamentais do Rio de Janeiro 
restitui o status quo ante. 
 
REBELIÕES REGENCIAIS 
Mesmo após a independência do Brasil, os problemas políticos, econômicos e sociais continuaram. Isso se 
devia ao fato de que a independência foi muito mais uma mudança de forma do que de conteúdo. 
Formalmente, o Brasil era um país livre, mas na prática a sua estrutura econômica e social estava 
aprisionada ao passado, continuava sendo uma sociedade escravocrata e latifundiária, de uma população 
do interior abandonada e com profunda desigualdade social. 
 
As intensas contradições históricas na estrutura da sociedade brasileira resultaram em uma série de 
revoltas a partir de 1835. Algumas de caráter essencialmente popular como a Cabanagem e a Revolta dos 
Malês. Outras, nem tanto, como Farrapos e Sabinada. De qualquer modo, todas denunciavam a 
insatisfação da sociedade com o status quo vigente e o desejo de sua transformação. 
 
Após a independência, D. Pedro I outorgou uma Constituição para o Brasil, na qual o conteúdo 
contraditório presente na estrutura social, política e econômica da colônia permanecia em coexistência 
com a nova forma assumida no Império. Um bom exemplo disso foi a adoção do sistema censitário para 
as eleições, em que o exercício da cidadania política era limitado por critérios econômicos. 
A Constituição brasileira de 1824 ficou conhecida como a Constituição da Mandioca, pois o sistema 
censitário de votos favorecia os grandes proprietários de terras e excluía a população pobre. Ela criou 
restrições à participação de diversos grupos sociais na organização política do Estado. Isso fez com que 
esses grupos, excluídos do exercício de cidadania, rebelassem-se contra a ordem estabelecida, como foi o 
caso da Cabanagem e da Revolta dos Malês. 
Cabanagem (1835-1840) *PARÁ 
Foi um movimento social deflagrado por trabalhadores rurais que habitavam cabanas nas margens dos 
rios do Pará. Os cabanos, como ficaram conhecidos, reagiram à tentativa de repressão do governador em 
Belém no ano de 1835. Os revoltosos tomaram o poder e executaram o governador. Foi instituído um 
governo cabano, tendo como chefe Felix Antônio Malcher, representante dos fazendeiros que defendia a 
permanência do Pará como província do Império. Entretanto, Eduardo Angelim e Antônio Vinagre, mais 
associados às camadas populares, destituíram Felix Malcher e proclamaram a República do Pará. O 
governo central conseguiu combater a rebelião, que resistiu até 1840. Cerca de 40 mil pessoas foram 
mortas durante a Revolta dos Cabanos. 
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Revolta dos Malês (1835) *BAHIA 
A Revolta dos Malês foi um movimento popular que contou com a participação de 1500 negros de origem 
mulçumana. Eles eram livres e exerciam diversos ofícios. Eram alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos 
e carpinteiros. Além de defenderem o fim da escravidão, rebelaram-se contra o preconceito ao islamismo 
e a imposição da religião católica. Foram violentamente reprimidos e os seus líderes condenados à morte. 
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Balaiada (1838-1841) *MARANHÃO 
Movimento ocorrido no Maranhão entre 1838 e 1841, teve como líderes grandes fazendeiros e 
comerciantes, mas contou com grande apoio da população. Principalmente quando o vaqueiro Raimundo 
Gomes, em resposta à humilhação sofrida por autoridades conservadoras, atacou uma cadeia e fugiu para 
o sertão, encontrando apoio da população pobre. O seu exemplo serviu de impulso a grupos de 
sertanejos que atacaram fazendas. Por sua vez, a rebelião sertaneja inspirou a fuga de escravos, dando 
origem a muitos quilombos na região. Um dos principais quilombos foi chefiado por Cosme Bento das 
Chagas. As rebeliões se espalharam pelo Ceara e Piauí. Tropas do exército enviadas do Rio de Janeiro 
conseguiram desarticular o movimento, que carecia de maior organização e objetivos claros. Apesar 
disso, o negro Cosme conseguiu resistir até 1841, quando foi condenado à morte e enforcado. 
A balaiada representou a vontade do povo de protestar contra as condições de desigualdade da estrutura 
social em que viviam no Maranhão. 
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Sabinada (1837-1838) *BAHIA 
Ente os anos de 1837 e 1838 ocorreu na Bahia mais uma rebelião chamada de Sabinada. Este nome se 
refere ao seu líder do movimento, o jornalista e médico Francisco Sabino Álvares da Rocha. Foi uma 
revolta feita por militares, integrantesda classe média (profissionais liberais, comerciantes etc.) e rica da 
Bahia. Eles defendiam maior autonomia política e um estado federal republicano. Conseguiram proclamar 
a república em 7 de novembro de 1837, mas o governo central reprimiu o movimento e retomou o 
controle sobre Salvador em março de 1838. O saldo dessa rebelião foi mais de 3 mil pessoas presas e mais 
de 2 mil mortas. 
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Farrapos (1835-1845) *RIO GRANDE DO SUL 
A Revolução Farroupilha foi um dos mais importantes conflitos regionais contra o Império. De caráter 
republicano e separatista, a guerra dos farrapos ocorreu entre os anos de 1835 e 1845 no Rio Grande do 
Sul. Os rebeldes eram contra os altos impostos no comércio do couro e do charque na região, exigiam 
protecionismo econômico frente a esses produtos vindos do estrangeiro e maior autonomia para as 
províncias. Em 1836 foi proclamada a República Rio-Grandense e em 1839 proclamaram a República 
Juliana, na região de Santa Catarina. Entretanto, após diversos enfrentamentos com os militares, em 1845 
os farrapos estavam enfraquecidos e aceitaram a rendição proposta pelo governo central. 
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Revolução Praieira (1848-1850) *PERNAMBUCO 
O quadro político do Brasil Imperial era ilustrado pelo rodízio do poder nos ministérios entre os partidos 
liberal e conservador. A perda de poder dos liberais no ano de 1848 levou a mais uma rebelião em 
Pernambuco. Chamada de praieira, pois a sede do jornal liberal era na rua da praia, a revolta criticava a 
falta de autonomia política das províncias e absolutismo monárquico. Tinha como inspiração os ideais 
liberais franceses que se espalhavam pela Europa na denominada Primavera dos Povos. 
 
EM 1º DE JANEIRO DE 1849, OS REVOLTOSOS DIVULGARAM O SEU MANIFESTO AO MUNDO, EM QUE 
EXIGIAM, ENTRE OUTRAS COISAS: 
 independência dos poderes e fim do poder moderador; 
 voto livre e universal; 
 liberdade de imprensa; 
 federalismo. 
Em 1850, os revoltosos foram derrotados pelo governo central. Apesar de muitos manifestantes terem 
sido mortos durante os conflitos, os líderes foram presos e depois anistiados. 
 
REBELIÕES NA REPÚBLICA VELHA 
As contradições históricas na estrutura econômica e social brasileira se revelam 
insustentáveis no início do século XX. O autoritarismo, a desigualdade social e abandono 
da população no campo e na cidade fazem eclodir diversas revoltas populares que 
marcam a República Velha. No Rio de Janeiro, duas revoltas se destacam: a Revolta da 
Vacina e a Revolta da Chibata. 
Revolta da Vacina 
No início do século XX, as condições sanitárias no Rio de Janeiro eram precárias. Diversas epidemias 
atingiam a população pobre, como a febre amarela, peste bubônica e varíola. Diante desse quadro 
terrível, o governo federal determinou a obrigatoriedade da vacinação contra varíola em 1904. A 
imposição desta medida gerou uma insatisfação generalizada nas camadas populares, que se sentiu 
invadida em sua privacidade e direito de autodeterminação. Além disso, os revoltosos temiam estarem 
sendo utilizados como cobaias dos medicamentos. Em 10 de novembro de 1904 eclodiu a chamada 
Revolta da Vacina, que foi sufocada em 17 de novembro do mesmo ano. 
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Revolta da Chibata *Rio de Janeiro 
Em novembro de 1910, mais uma revolta popular ocorre na cidade do Rio de Janeiro: a Revolta da 
Chibata. Naquela época, castigos corporais eram utilizados como forma de disciplina na marinha armada. 
Na verdade, esses castigos físicos representavam a permanência de heranças escravistas. Além disso, 
revelavam a limitação dos direitos de cidadania garantidos pela Constituição da República de 1891 às 
classes baixas, uma vez que a maioria dos marinheiros eram afrodescendentes, mestiços e pobres. 
Liderados por João Cândido, o Almirante Negro, a rebelião exigia o fim da chibata e melhores condições 
de trabalho, como aumento do soldo pago. Os revoltosos tomaram o controle de navios no porto da 
Guanabara e ameaçaram bombardear a cidade caso suas reivindicações não fossem atendidas. O governo 
aceitou as exigências, mas em seguida determinou a prisão de João Cândido e outros participantes. 
 
Podemos concluir que a história do povo brasileiro é uma história de opressão e luta. Ao contrário da 
ideia falsa de passividade, difundida no imaginário coletivo, podemos comprovar nos fatos históricos uma 
postura crítica e ativa. A partir de uma leitura histórico-estruturalista, compreendemos que o povo 
brasileiro sempre assumiu seu papel de agente transformador. Diversos movimentos sociais clássicos, de 
inspiração liberal e social europeia, ilustram a trajetória de luta do povo contra as contradições históricas 
que integram a sua estrutura socioeconômica. O mais importante não é contabilizar as vitórias ou 
lamentar as derrotas, mas sim reconhecer a capacidade de intervenção popular sobre a realidade social 
opressora ontem e hoje. Enfim, reconhecer a incessante luta do povo na construção de uma sociedade 
justa e igualitária. 
 
 
A CONJURAÇÃO BAIANA DE 1798 REVOLTA DOS BÚZIOS LIBERDADE, FRATERNIDADE, 
IGUALDADE. 
A conspiração para o movimento surgiu com as discussões promovidas por esta Academia e contou com a 
participação de pequenos comerciantes, soldados, artesãos, alfaiates, negros libertos e mulatos, 
caracterizando-se assim, como um dos primeiros movimentos populares da História do Brasil. As 
inflamadas discussões na “Academia dos Renascidos” resultarão na Conjuração Baiana em 1798. A 
participação popular e os objetivos de emancipar a colônia e abolir a escravidão marcam uma diferença 
qualitativa desse movimento em relação à Inconfidência Mineira, que marcada por uma composição 
social mais elitista, não se posicionou formalmente em relação ao escravismo. O movimento 
revolucionário baiano de 1798, mais conhecido como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, é um 
dos mais amplos, do ponto de vista político, econômico e social ocorridos no Brasilcolônia. Em 1798, os 
conspiradores colocaram nos muros da cidade papéis manuscritos chamando a população à luta e 
proclamando ideias de liberdade, igualdade, fraternidade e República: “está para chegar o tempo feiliz da 
nossa liberdade: o tempo em que seremos todos irmãos: o tempo em que todos seremos iguais” 
...”Homens o tempo é chegado para vossa ressurreição, sim para que ressuscitaries do abismo da 
escravidão, para que levantareis a sagrada Bandeira de Liberdade”. 
 
Nesta aula, você: 
Conheceu relação entre a abordagem histórica-estruturalista e o desenvolvimento dos movimentos sociais no 
Brasil; 
viu como algumas das principais manifestações coletivas brasileiras constituíram a gênese dos movimentos 
sociais no Brasil; 
compreendeu a contribuição dos movimentos sociais europeus clássicos para a eclosão das manifestações 
coletivas no Brasil da colônia à república velha; 
aprendeu como desconstruir o mito da passividade do povo brasileiro, a partir da constatação fática de sua ação 
coletiva crítica no processo histórico. 
 
AULA 5 – REVOLTAS, MESSIANISMOS E BANDITISMO SOCIAL NO BRASIL 
 
O período de transição do Brasil monárquico para o republicano é marcado pelo continuísmo das 
contradições na estrutura social. A intensa desigualdade e o abandono das populações do campo pelo 
novo modelo político agravam mais ainda o quadro de miséria e desesperança. Soma-se a isso a 
violência dos senhores patrimonialistas sobre os trabalhadores rurais. Chamados de coronéis, esses 
senhores proprietários de grandes latifúndios dominavam e exploravam os homens pobres do campo. É 
nesse contexto de fome, violência e desesperança que surgem expressões populares de ação coletiva, 
como o messianismo e o banditismo social. Vamos compreender melhor algumas dessas categorias 
sociológicas. 
 
CONTEXTO

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