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Hyman Minsky encontrou o segredo por trás das crises financeiras?
(Did Hyman Minsky find the secret financial crashes? 
BBC News Magazine – 20 março 2014
Disponível em http://www.bbc.com/news/magazine-26680993)
O economista americano Hyman Minsky, morto em 1996, cresceu durante a Grande Depressão, um evento que marcou suas visões e o lançou numa cruzada para explicar como isso aconteceu e como seria possível prevenir uma repetição, escreve Duncan Weldon.
Minsky, durante sua vida, não obteve reconhecimento, mas suas ideias de repente ganharam notoriedade com a crise financeira de 2007-08. Para muitos, pareceu que elas ofereciam uma das explicações mais plausíveis sobre porque isto aconteceu.
Seus livros, desde muito fora de edição, de repente tiveram muita demanda, com cópias sendo negociadas por centenas de dólares – nada mal para escritos densos com títulos como Estabilizando uma Economia Instável.
Seniors de bancos centrais, incluindo a presidente do US Federal Reserve Janet Yellen e o do Banco da Inglaterra Mervyn King, começaram a citar suas ideias. O economista ganhador do Prêmio Nobel Paul Krugman titulou um longo discurso sobre a crise financeira: A Noite em que Eles Releram Minsky.
Aqui estão cinco de suas ideias.
Estabilidade é desestabilizante
A ideia central de Minsky é tão simples que poderia ser escrita numa camiseta com apenas três palavras: “Estabilidade é desestabilizante”.
A maioria dos macroeconomistas trabalha com o que eles chamam “modelos de equilíbrio” – a ideia é que uma economia de mercado moderna é fundamentalmente estável. Isso não quer dizer que nada nunca muda, mas que cresce seguindo um caminho de estabilidade.
Para gerar uma crise econômica ou um boom repentino é preciso que ocorra algum tipo de choque externo – seja um aumento do preço do petróleo, uma guerra ou a invenção da internet.
Minsky discorda. Ele pensava que o próprio sistema poderia gerar choques através de sua dinâmica interna. Ele acreditava que durante períodos de estabilidade econômica, bancos, firmas e outros agentes econômicos tornavam-se complacentes.
Eles assumiam que os bons tempos iriam continuar e começavam a assumir riscos cada vez maiores em busca de lucro. Assim as sementes de uma nova crise são semeadas nos bons tempos.
Três estágios de débito
Minsky tinha uma teoria, a “hipótese de instabilidade financeira”, argumentando que os empréstimos se desenvolvem em três estágios distintos. Ele os apelidou de estágio Hedge, Especulativo e Ponzi, em referência ao fraudador financeiro Charles Ponzi.
No primeiro estágio, logo depois da crise, bancos e tomadores de empréstimos são cautelosos. Os empréstimos são feitos em montantes modestos e o tomador de empréstimo tem como pagar tanto o principal quanto os juros.
À medida que cresce a confiança, os bancos começam a fazer empréstimos em que o tomador só tem recursos para pagar os juros. Normalmente esse empréstimo é contra um ativo que está tendo valorização. Finalmente, quando a crise anterior está distante na memória, alcançamos o estágio final – fundos Ponzi. Neste ponto os bancos fazem empréstimos a firmas e famílias que não podem arcar com o pagamento, nem dos juros nem do principal. Novamente, estas ações são sustentadas pela crença que o preço dos ativos continuará a subir.
A forma mais fácil de entender isto é pensar numa hipoteca típica. Finança Hedge significaria um empréstimo normal de reembolso de capital; finanças especulativas seriam mais parecidas com um empréstimo só que com juros; e finanças Ponzi seriam alguma coisa que vai além ainda disso. É como assumir uma hipoteca, não pagar nada por alguns anos e então esperar que o preço da casa tenha subido o bastante para que sua venda possa cobrir o empréstimo inicial e todos os pagamentos devidos. Você pode ver que o modelo é uma boa descrição do tipo de empréstimo que levou à crise financeira.
Momentos Minsky
O “momento Minsky”, um termo cunhado posteriormente por economistas, é o momento quando o castelo de cartas desmorona. Uma finança Ponzi é sustentada por preços crescentes dos ativos e quando os preços dos ativos eventualmente começam a cair, os emprestadores e bancos percebem que existem débitos no sistema que podem se tornar impagáveis. Nessa situação as pessoas correm para vender seus ativos, causando queda ainda maior dos preços.
É como o momento em que os personagens de desenho animado correm para além do limite do penhasco. Eles permanecem correndo ainda um tempo, ainda acreditam que estão em terreno sólido. Mas então há um momento de percepção – o momento Minsky – quando eles olham para baixo e não vêm nada além de ar. Eles despencam direto para o chão, e esta é uma boa representação da crise e do crash de 2008.
As finanças importam
Até muito recentemente, muitos macroeconomistas não estavam interessados nos detalhes do funcionamento do sistema bancário e financeiro. Eles viam o setor financeiro apenas como um setor intermediário, que levava o dinheiro dos poupadores aos tomadores de empréstimo.
Isto se parece com o por que que as pessoas não estão muito interessadas nos detalhes de como funciona o encanamento enquanto elas tomam seu banho. Desde que o esgotamento esteja funcionando e a água fluindo, não há necessidade de entender o funcionamento em detalhes.
Para Minsky, os bancos não eram apenas os canos, mas o sistema com um todo era mais parecido ao de uma bomba – os bancos não são apenas simples intermediários do movimento dinheiro através do sistema econômico, mas são instituições com fins lucrativos, com incentivo a aumentar seus empréstimos. Isto é parte do mecanismo que torna as economias instáveis.
Preferindo as palavras à matemática ou modelos
Desde a Segunda Guerra Mundial, a teoria econômica do mainstream tem se tornado cada vez mais matematizada, baseada em modelos de como a economia funciona.
Para modelar é necessário fazer suposições. Os críticos da teoria econômica do mainstream argumentam que os modelos e a matemática tornam-se mais e mais complexas e os supostos subjacentes tornam-se mais e mais divorciadas da realidade. O modelo torna-se um fim em si mesmo.
Embora tenha sido treinado em matemática, Minsky preferiu o que os economistas chamam de abordagem narrativa – ele expressava ideias em palavras. Muitos dos grandes teóricos, desde Adam Smith até John Maynard Keynes ou Friedrich Hayek, também trabalharam assim.
Enquanto a matemática é mais precisa, as palavras permitem expressar e relacionar ideias complexas que são complicadas para modelar – coisas como incerteza, irracionalidade e exuberância. Os fãs de Minsky dizem que sua contribuição foi para uma visão da economia que era muito mais “realista” que a do mainstream.
Analysis: Why Minsky Matters is broadcast on BBC Radio 4 at 20:30 GMT, 24 March 2014 or catch up on BBC iPlayer

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