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antropologia cultura unidade 2

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Daisy Libório e 
Ana Paula Henrique Salvan
Antropologia e cultura
03
Sumário
CAPÍTULO 2 – Sociedade do conhecimento e o mercado de trabalho ..................................05
Introdução ....................................................................................................................05
2.1 Sociedade do conhecimento e cultura ........................................................................05
2.1.1 Pós-modernidade ............................................................................................05
2.1.2 Sociedade do conhecimento .............................................................................09
2.1.3 Cultura e Sociedade do Conhecimento ..............................................................11
2.2 Trocas culturais e mercado de trabalho .......................................................................12
2.2.1 Trocas culturais ...............................................................................................12
2.2.2 Culturas híbridas e mercado de trabalho ............................................................12
2.3 Tecnologia, globalização e inovação ..........................................................................15
2.3.1 Globalização e cultura .....................................................................................15
2.3.2 Tecnologia e inovação .....................................................................................16
2.4 Relações entre distintas gerações no mercado de trabalho ............................................17
2.4.1 Gerações e trabalho ........................................................................................17
Síntese ..........................................................................................................................19
Referências Bibliográficas ................................................................................................20
Capítulo 2 
05
Introdução
Você já ouviu falar em pós-modernidade? E em sociedade da informação? Ou quem sabe em so-
ciedade do conhecimento? Esses termos esporadicamente aparecem nos telejornais e em outros 
meios de comunicação, e mesmo que a maioria da população ainda desconheça os seus signi-
ficados, referem-se a um universo de valores e situações com os quais lidamos cotidianamente.
O homem contemporâneo vive numa aceleração tecnológica sem precedentes, o que impactou 
o modo como vive e percebe o seu entorno. E se cultura, como você já sabe, é o conjunto de 
expressões que situam e caracterizam no tempo uma sociedade determinada, não seria diferente 
nos tempos de hoje. A cultura é um conjunto de formas e identidades – isso inclui costumes, 
práticas comuns, normas, códigos, vestimentas, línguas, religiões, rituais, valores e maneiras 
de ser e perceber o mundo – que tem influência sobre os indivíduos, sendo, ao mesmo tempo, 
moldadas por eles. 
Na era da informação, como o período contemporâneo ficou conhecido nos dias de hoje, o ho-
mem passou a perceber o mundo e criar formas culturais a partir da configuração da sua época, 
gerando infinitos fenômenos e nuances de interesse das ciências, inclusive da Antropologia.
Vamos discutir as relações entre a sociedade do conhecimento e a cultura, enfatizando os híbri-
dos culturais, as trocas culturais, a tecnologia e a globalização, bem como as diferentes gerações 
e suas relações com o homem no mercado de trabalho. 
Tenha um bom estudo!
2.1 Sociedade do conhecimento e cultura
Nos debates sobre a pós-modernidade, são inerentes as discussões sobre a sociedade do conhe-
cimento – aquela na qual o conhecimento é o principal fator estratégico de riqueza e poder. Ela 
se caracteriza pela inovação tecnológica ou pelo novo conhecimento, um grande elemento de 
produtividade e desenvolvimento econômico.
O termo sociedade de conhecimento se refere também a um período posterior à sociedade 
industrial moderna. Se antes a sociedade era impulsionada pela aquisição de matérias-primas e 
produção, atualmente vemos que as frequentes mudanças, as inovações tecnológicas, o acesso 
ao conhecimento e a globalização são como molas propulsoras. Neste tópico, veremos o que é 
sociedade do conhecimento, compreendendo a sua relação com o conceito de cultura.
2.1.1 Pós-modernidade
Existem diversas correntes teóricas sobre a pós-modernidade. Saiba que definir esse conceito e 
aquilo que o caracteriza é um desafio, pois ele não é estático, ou seja, as mudanças são frequen-
tes e os fenômenos se modificam mesmo antes de os compreendermos. 
Sociedade do conhecimento 
e o mercado de trabalho
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Antropologia e cultura
Para uma análise integral do conceito de pós-modernidade, recorreremos a Hobsbawm (1977, p. 
222), o qual afirma que na Europa da segunda metade do século XIX foi observado um grande 
avanço tecnológico, desencadeando os novos moldes do capitalismo. A vida urbana, o trabalho 
industrial, a aquisição de bens e outros fatores modificaram a vida do homem ocidental. 
Se antes da Revolução Industrial vivia-se em um universo de repetições e o homem via pouca 
mobilidade social, em que o modo de vida dos filhos era muito semelhante a dos seus bisavôs, 
agora um mundo de possibilidades se abria – e com ele novos conflitos e adaptações. As tec-
nologias ficaram ainda mais evidentes a partir da década de 1970, quando a informática se 
estabeleceu no cotidiano comum, expandindo as relações para outros tipos de vivências e socia-
bilidades. Cabe aqui ressaltar o conceito de globalização como sendo o processo de integração 
econômica, cultural, social e política, que atende às demandas do capitalismo contemporâneo 
de conquistar novos mercados, principalmente se o mercado atual estiver saturado. Veremos os 
seus desdobramentos adiante.
Figura 1 – Grandes aglomerados urbanos surgiram com a Revolução Industrial.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A industrialização modificou nosso cotidiano de tal modo que ainda se tenta mensurar seus efei-
tos na vida de uma grande parcela da população nos dias atuais. A preservação dos costumes, 
as relações pessoalizadas, os valores e tudo mais que se conhecia entrou rapidamente em uma 
espiral de contradições e mudanças. O trabalho tinha uma nova configuração, assim como o 
consumo, a tecnologia, os modos de produção e sustento, os meios de comunicação etc., rede-
senhando as cidades em grandes conglomerados urbanos de gente de todo o tipo. O progresso 
foi a palavra de ordem.
O homem passou a estudar esses fenômenos por meio de diversas ciências: a Sociologia, por 
exemplo, se inquietou diante das perplexidades provocadas pelas mudanças da industrialização 
emergente. Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx lançaram um olhar crítico para o processo. 
De um lado, havia o progresso, as transformações econômicas, sociais, políticas, culturais e 
subjetivas; de outro, o temor, a incompreensão e a automação da vida – algo tão grandioso que 
muitas ciências fixaram os seus olhares nestes fenômenos. 
Émile Durkheim (1858-1917) é considerado o fundador da escola francesa de Sociologia e ti-
nha uma visão positivista da sociedade. Buscou integrar o método empírico com a Sociologia, 
refletindo também nas demais ciências humanas. Para ele, a sociedade era um organismo que 
funcionava como um corpo, e cada órgão tinha uma função de interdependência com os demais. 
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Anomalias sociais poderiam deteriorar o tecido social caso o indivíduo não tivesse integrado com 
a sociedade – o que ele observava na condição do homem após a industrialização instaurada. 
Cada sociedade teria as suas próprias formas de resolver essas anomalias. O teórico via os fatos 
sociais a partir de três aspectos: coerção social, exterioridade e poder de generalização. Os fatos 
sociais são alheios aos indivíduos e impostos até virarem hábitos.
Já KarlMarx (1818-1883), um economista alemão que contribuiu significativamente para o de-
senvolvimento da Sociologia e das demais Ciências Sociais, foi fundador da doutrina comunista 
moderna e tinha uma visão revolucionária. Para ele, a sociedade estava dividida em duas 
classes: a dos capitalistas, ou seja, daqueles que detêm os meios de produção; e o proletaria-
do, cuja única posse é a sua força de trabalho. Logo, as diferenças entre o capital e o trabalho 
geram uma sociedade dividida em classes. Os meios de produção se originam das relações de 
produção, o modo como os indivíduos se organizam para executar a atividade produtiva, o que 
impactam em desigualdades, dando origem à luta de classes.
A diferença entre Marx e Durkheim está em que este último acreditava que a sociedade era um 
organismo funcionando em partes integradas, enquanto Marx afirmava que havia uma ordem 
constituída apenas por existir uma classe de trabalhadores dominada pela classe dos capitalistas. 
Ele também defendia a ideia de que a classe proletária (trabalhadores) deveria se organizar para 
transpor a sua exploração e as desigualdades sociais.
Max Weber (1864-1920), que possuía uma visão compreensiva da sociedade, foi um economista 
alemão e também é considerado um dos fundadores da Sociologia. Compreendia a sociedade 
pela perspectiva histórica, diferentemente dos positivistas. Em seu pensamento, Weber apre-
sentou o conceito de ação social, ou seja, a ação é um comportamento humano e por ela os 
indivíduos se relacionam de modo subjetivo e determinado pelo comportamento do outro. O 
comportamento, nesse caso, precisa ter um significado ou sentido próprio, e esse sentido tam-
bém se relaciona com o comportamento das demais pessoas com quem interage. Para estudar 
os fenômenos sociais, lançou alguns métodos que focam nas peculiaridades do objeto de estudo 
mais fielmente, o que ele chamou de tipo ideal – este possibilitaria a seleção da dimensão do 
objeto de análise e apresentaria essa dimensão de modo mais puro. 
A Antropologia, que vivia uma quebra de paradigma nesse período – o selvagem (como era 
concebido o indivíduo das culturas distantes e diferentes do europeu) deu lugar ao homem do 
campo, logo substituído pelo operário urbano-industrial – ainda tinha os moldes do evolucio-
nismo do século XIX, mas o questionava e se encaminhava para a Antropologia Cultural, na 
Inglaterra, e Social, nos Estados Unidos, e para a Etnologia, na França (vistas a partir no início 
do século XX). Nas décadas de 1920 e 1930, surgiu o Funcionalismo, cujos teóricos que mais se 
destacaram foram Malinowski, Radcliffe-Brown, entre outros, e que viam que os valores sociais e 
culturais transcendiam a biologização das relações sociais.
Já na década de 1930 predominou o Culturalismo Norte-Americano, com foco na identificação 
de padrões culturais, ou seja, estilos de cultura. Nos anos 1940, teve origem o Estruturalismo – o 
mesmo de Lévi-Strauss – que dissociava a natureza e a cultura. O Estruturalismo busca compre-
ender as inter-relações que dão origem ao significado, que é produzido dentro de uma cultura. 
Uma cultura não pode ser explicada pela condição genética de seus membros nem pode ser vista 
de forma isolada: há elementos que se relacionam entre si e com um universo maior, ou seja, há 
indivíduos que possuem aspectos diferentes dos demais membros, mas pertencem a uma mesma 
cultura, bem como há indivíduos de outros grupos que compartilham elementos de uma cultura 
que não é a sua de origem.
Na década de 1960, predominou a Antropologia Interpretativa, com abordagem hermenêu-
tica, ou seja, em que se busca a interpretação, origem e a hierarquização dos sentidos e dos 
significados – com inspirações oriundas de Nietzsche e seu perspectivismo (quando o ponto de 
vista é alterável), a semiótica de Pierce (com a análise dos signos e de suas relações) e a Escola 
de Frankfurt (que propunha uma crítica do fazer científico e influenciou os interpretativistas a 
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Antropologia e cultura
fazerem uma autocrítica), por exemplo. No fim da década de 1980 e início de 1990, se fixou a 
chamada Antropologia Pós-Moderna, com a preocupação de explicar a politização da relação 
observador-observado, ou seja, faz-se uma crítica dos paradigmas teóricos e da “autoridade 
etnográfica” do antropólogo.
Como diria Deleuze (1976, p. 3) “[...] não existe sequer um acontecimento, um fenômeno, uma 
palavra, nem um pensamento cujo sentido não seja múltiplo”. E o início na pós-modernidade, tal 
como ainda é nos nossos dias, foi plural e continua sendo de uma fluidez ainda a ser entendida, 
baseada no consumo, na propaganda e na aparente superficialidade: uma vida cada vez mais 
líquida, como diria Bauman (2001). 
No que tange o mundo do trabalho, conforme a concepção de “vida líquida” de Bauman, as 
fronteiras entre as esferas individuais e públicas, subjetivas e profissionais do indivíduo estão 
cada vez mais tênues: há uma dedicação desmedida e contínua ao mundo do trabalho, que 
transcende o ambiente profissional e invade o espaço domiciliar. A liquidez, mencionada pelo 
autor, refere-se ao fato de o homem, nesse modelo pós-moderno, cada vez mais se desperso-
nalizar e virar uma “coisa” a ser consumida e descartada se necessário. Para desfrutar a vida, o 
indivíduo precisa ser produtivo e “fazer a sua parte”. É preciso manter um padrão de vida, mas 
paga-se com o esgotamento individual, sob o discurso de “sucesso” que sustenta a organização 
civilizatória do mundo ocidental e mesmo globalizado, cada vez menos sólido e mais líquido em 
sua estrutura, já que coloca em segundo plano a subjetividade.
As mudanças decorrentes da industrialização massiva trouxeram consequências, prin-
cipalmente para o século posterior, que não foram apenas as novas tecnologias e um 
novo modo de viver. Quais são os principais problemas modernos enfrentados pelas 
populações? Quanto ao mercado de trabalho: quais as mudanças que vemos hoje, 
que eram inexistentes há um século e meio? Os modos de produção que motivaram a 
expansão das cidades e o desenvolvimento da indústria na segunda metade do século 
XIX reconfiguraram as relações em amplo sentido, como veremos.
NÓS QUEREMOS SABER!
Para alguns teóricos, a pós-modernidade é um paradigma que abrange o período após o século 
XIX e a Revolução Industrial, e que não prevê a próxima etapa, o próximo momento histórico. 
Outros acreditam que a pós-modernidade se iniciou na década de 1970, com a expansão das 
tecnologias de informação e comunicação e com o grande impacto da mídia. Lyotard (2004) e 
Baudrillard (1995) afirmam que a pós-modernidade é o período que inicia no fim da Moderni-
dade (XVIII-XIX) e que dominou a estética e a cultura até final do século XX. Já Benjamin (2014), 
afirma que a Pós-Modernidade se refere apenas à uma extensão da Modernidade. 
Para Jameson (2002) e Harvey (1994), a Pós-Modernidade foi um período conhecido como “capitalismo 
tardio” ou “acumulação flexível” – estágios do capitalismo. Bauman, um dos defensores do termo 
“pós-modernidade”, refere-se a ele como modernidade póstuma ou modernidade líquida – uma 
realidade ambígua, multiforme, em que toda estrutura sólida vem a desfazer. Lipovetsky (2007) 
prefere o termo “hipermodernidade” e acredita não ter havido uma ruptura com os tempos 
modernos – ainda assim são exaltados os conceitos de individualismo, o consumismo, a ética 
hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço, de modo agora mais intenso. Para Habermas, 
a pós-modernidade é o ressurgimento de ideias anti-iluministas há muito existentes, um neocon-
servadorismo. Logo, há uma continuidade do projeto.
Você já mensurou tudo o que cabe neste recorte de tempo? A cultura pop, o consumo em larga 
escala, os modernos meios de comunicação, a automação industrial, as descobertas cientí-
ficas significativas como o DNA, a ciência da computação, ainternet, a poluição, as ações 
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ecológicas, o uso ordenado de eletricidade, as novas mídias e muito mais – um verdadeiro salto 
tecnológico e social.
Mas há quem não goste de se referir a este período por este termo (pós-modernidade) – veja que 
não é unanimidade entre os teóricos usar esse termo. Não há concordância também com a delimi-
tação deste período pelos teóricos. Ao analisar a Modernidade (até o século XIX) e aquele período 
que vem depois, diferenças metodológicas foram propostas. É certo que foi um período conturba-
do e cheio de fenômenos que transcendem aquilo que tentava se explicar pelas teorias clássicas.
NÃO DEIXE DE VER...
Confira a apresentação da antropóloga portuguesa Marta Rosales, Pessoas, coisas 
e produção de relações sociais, para a TED. Nessa apresentação, ela aborda temas 
comuns da sociedade contemporânea, como Migrações Contemporâneas, Culturas 
Materiais e Consumos e Antropologia nas Mídias. Disponível no canal do TED Talks: 
<https://www.youtube.com/watch?v=-DRCKCrq3Nc>.
2.1.2 Sociedade do conhecimento
Para Fridman (1999, p. 2), a “[...] caracterização da pós-modernidade teve início em um debate 
em torno da cultura (arquitetura, pintura, romance, cinema, música etc.) e estendeu-se aos cam-
pos da filosofia, economia, política, família ou mesmo da intimidade”. Nessa discussão, surgem 
dois aspectos importantes para o entendimento desse período: os conceitos de sociedade da 
imagem e da sociedade do conhecimento. 
A sociedade da imagem refere-se à criação de novas narrativas, da disposição de novas realida-
des sobre o real e da mídia incessante. Já a sociedade do conhecimento tem a ver com o grande 
fluxo de conhecimento que envolve a vida social e o processo de seleção da informação para as 
rotinas e no cotidiano. 
Figura 2 – A sociedade atual faz uso constante de novos meios de comunicação.
Fonte: Shutterstock, 2015.
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Antropologia e cultura
NÃO DEIXE DE VER...
No filme clássico Tempos Modernos (1933), de Charles Chaplin, você consegue perce-
ber as mudanças trazidas ao indivíduo pela industrialização massiva no mundo moder-
no, no caso, vivenciadas ao personagem Vagabundo.
A comunicação em massa trouxe consigo a coisificação (a transformação de ideias, pessoas e 
conceitos a objetos concretos) e a reificação – conforme Lukács (2003), que afirma ser a trans-
formação experimentada pela atividade produtiva, pelas relações sociais e pela própria subjeti-
vidade humana, vista, então, por seu caráter inanimado, quantitativo e automático (FRIDMAN, 
1999). Para Baudrillard (1995), a realidade é criada como se fosse para tomar o lugar da expe-
riência vivida, uma colonização da própria vida pela razão e pelos seus instrumentos, conforme 
Habermas (1980). 
A sociedade do conhecimento, e suas incertezas artificiais criadas pela utilização da razão, 
constitui uma nova ordem que não se reduz à fragmentação e à “ausência de centro”. Ela 
inclui fragmentação e ausência de centro, mas se distingue fundamentalmente por relações 
de desencaixe das quais se deve observar as consequências históricas e políticas. Um enorme 
campo de oportunidades e mesmo de ativismos aí se oferecem à investigação, o que não condiz 
com o cultivo do lamento da perda de uma razão unificadora e dos objetivos sociais totais que 
lhe vinham de par. (FRIDMAN, 1999, p. 11).
No mundo do trabalho, a pós-modernidade trouxe uma nova configuração quanto às funções e 
aumentou consideravelmente a empregabilidade, sendo o trabalho parte essencial da vida em 
sociedade (muito mais do que em outros períodos históricos anteriores). Para Baudrillard (1995), 
a lógica do consumo se encerra na impossibilidade de que todos consumam, mas todos devem 
trabalhar. A felicidade e o bem-estar mensuráveis por objetos e sinais de conforto são ideais da 
sociedade do consumo. De Masi (2000) ainda caracteriza a Pós-Modernidade, quanto ao mundo 
de trabalho e produção, pela passagem da produção de bens para uma economia de serviços, 
o crescimento da classe dos profissionais e dos técnicos, o saber teórico supervalorizado e gera-
dor de inovação, a gestão do desenvolvimento técnico, do conhecimento e da tecnologia e pela 
tecnologia intelectual. 
Em suma, a sociedade do conhecimento se refere ao tipo de organização social, cultural, eco-
nômica e científica, cujo termo advém das discussões sobre a Pós-Modernidade. Muitas pessoas 
ainda confundem o termo Sociedade do Conhecimento – que tem um aspecto mais amplo, sendo 
o propulsor econômico de uma sociedade – com Sociedade da Informação – que se refere a uma 
sociedade integrada por complexas redes de comunicação e de trocas de informação; é ela que 
otimizaria o compartilhamento das informações.
NÃO DEIXE DE VER...
O filme Educação na Sociedade do Conhecimento (Una TV, 2013) mostra a filósofa Vivia-
ne Mosé falando sobre as perspectivas da Educação na Sociedade do Conhecimento. Dis-
ponível no canal de Viviane Mosé: <https://www.youtube.com/watch?v=vqkUWJINT_k>.
11
2.1.3 Cultura e Sociedade do Conhecimento
A Pós-Modernidade e, consequentemente, a Sociedade do Conhecimento podem ser vistas como 
um fenômeno cultural, ou seja, é parte efetiva da experiência cultural, filosófica e política. Vê-se 
uma suposta estagnação ideológica e motivacional por parte do indivíduo, cada vez mais absor-
vido pelo cotidiano, pelo consumo, pela quantificação da vida – algo diferente da modernidade, 
período que o antecedeu.
A sociedade pós-moderna é a sociedade em que reina a indiferença de massa, em que domina o 
sentimento de saciedade e de estagnação, em que a autonomia privada é óbvia, em que o novo 
é acolhido do mesmo modo que o antigo, em que a inovação se banalizou, em que o futuro 
deixou de ser assimilado a um progresso inelutável. A sociedade moderna era conquistadora, 
crente no futuro, na ciência e na técnica: institui-se em ruptura com as hierarquias de sangue 
e a soberania sacralizada, com as tradições e os particularismos, em nome do universal, da 
razão e da revolução. Esse tempo torna-se frágil diante de nossos olhos [...]. A confiança e fé 
no futuro dissolvem-se, no amanhã radioso da revolução e do progresso já ninguém acredita, 
doravante o que se quer é viver já, aqui e agora, ser-se jovem em vez de forjar o homem novo 
[...] já nenhuma ideologia política é capaz de inflamar multidões, a sociedade pós-moderna 
já não tem ídolos nem tabus, já não possui qualquer imagem gloriosa de si própria ou projeto 
histórico mobilizador. (LIPOVETSKY, 1989, p. 11).
Cultura refere-se à herança social e total da Humanidade, incluindo os fenômenos ocorridos no 
último século. Dessa forma, a cultura é composta de um grande número de culturas, que carac-
terizam certo grupo de indivíduos. Refere-se a ideias, comportamentos ou simbolização de com-
portamento, incluindo a cultura material. Esta conceptualização de cultura aplica-se a qualquer 
agrupamento humano, mesmo na sociedade tão massiva e acelerada quanto a nossa – dinâmica 
e complexa, que possui nuances tão ricas e detalhes. 
Por simbolização, entende-se o processo de atribuir a uma coisa um valor ou significado. Por 
exemplo, em algumas sociedades asiáticas, o branco é uma cor apropriada para o luto – dessa 
forma, atribuiu-se à cor este valor. Já na sociedade ocidental, a cor que representa o luto é o 
preto. A cultura material refere-se à finalidade ou ao sentido que os objetos têm para um grupo 
social. Ela pode ser aprendida, reproduzida, preservada etc. Já a cultura imaterial refere-se ao 
conhecimento transmitido na prática, muitas vezes de modo oral, e não se refere propriamente a 
um objeto. A capoeira, por exemplo, faz parte da cultura imaterial do Brasil.
Se antigamente, nos primórdios da Antropologia, o antropólogo ia para um rincão afastado de 
sua terra natal para pesquisar sociedades e agrupamentos isolados, por maiscomplexos que 
fossem, hoje, com as escolas antropológicas contemporâneas, os aspectos estudados se envol-
vem em um emaranhado de fenômenos, uma rede de possibilidades e significados. No início da 
Antropologia, por exemplo, se estudava a sociedade como um grupo único, com suas próprias 
problemáticas e dentro daquilo que delimitaria esse grupo. Atualmente, os antropólogos buscam 
categorias similares em contextos diferentes, mostrando que, por mais que uma cultura seja dis-
tante da outra, há a possibilidade de fazer comparações, definir similaridades e contrapontos.
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Antropologia e cultura
Que fenômenos da sociedade atual poderiam ser parte de uma pesquisa antropológica? 
Que situações do seu dia a dia dariam uma boa pesquisa? A sociedade contemporânea 
é repleta de enlaces culturais e simbólicos que podem ser estudados a partir dos métodos 
e pela perspectiva da Antropologia. O mundo do trabalho é palco de muitos fenômenos 
culturais e daria uma boa pesquisa. Por exemplo, a apropriação de espaços públicos 
por trabalhadores informais itinerantes poderia ser uma proposta de pesquisa. Outro 
possível assunto interessante seria a migração de profissionais para o contexto dos home 
office (por que tantos profissionais recorrem a este modelo? Quem são eles? Quais as 
profissões mais comuns? Quais as vantagens e problemáticas? E assim por diante.).
NÓS QUEREMOS SABER!
2.2 Trocas culturais e mercado de trabalho
As trocas culturais e o hibridismo cultural são uma constante nas ditas sociedades pós-modernas. 
E o mercado de trabalho é palco frequente de análise por parte dos teóricos no assunto. Neste 
tópico, observaremos como ocorrem as trocas culturais e os híbridos culturais, enfatizando a sua 
existência no mercado de trabalho.
2.2.1 Trocas culturais
As tradições, os costumes e qualquer elemento cultural não é algo estagnado. Há um dinamismo 
entre os padrões culturais que permitem que haja a troca entre diferentes grupos – que pode 
ocorrer de muitos modos. O tema das trocas culturais nunca saiu do foco do olhar antropológi-
co, mas ressurgiu a partir das discussões sobre a sociedade pós-moderna, assim como o hibridis-
mo, que mesmo após as abordagens evolucionistas que lhe deram origem retornou às pesquisas 
recentes por conta do intenso contato ocorrido com a globalização. 
O livro Um antropólogo na cidade (Zahar, 2013) é um ensaio de antropologia urbana 
publicado por Gilberto Velho, antropólogo brasileiro empenhado na análise dos con-
textos urbanos que elucida como a Antropologia pode atender a questões da atualida-
de nas metrópoles. Muitos dos temas tratados neste material são ilustrados nesta obra.
NÃO DEIXE DE LER...
2.2.2 Culturas híbridas e mercado de trabalho
O termo culturas híbridas refere-se ao limite entre o tradicional e o moderno, entre o elitista, o 
popular e o massivo. Trata-se de uma espécie de miscigenação entre diferentes culturas, ou seja, 
uma heterogeneidade cultural presente no cotidiano do mundo moderno. São originárias das 
trocas culturais neste contexto. 
É possível unir traços distintos de diferentes visões de mundo, formando uma nova cultura, novos 
signos, novos significados e identidades. Pode-se dizer que a Pós-Modernidade é constituída 
de culturas híbridas, e isso pode ser visto em diferentes momentos da globalização. Mas o que 
desencadeou o processo de hibridação moderna? Os meios de comunicação em massa, que 
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transmitem influências entre os diferentes grupos. É imprescindível dizer que as culturas híbridas 
dependeram do desenvolvimento tecnológico e dos conhecimentos científicos atuais.
Figura 3 – O hibridismo acontece de modo massivo e a todo o momento devido à globalização.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Como é possível perceber pontualmente esse hibridismo? Quando um grupo de mulheres oci-
dentais em um centro urbano decidem fazer dança do ventre sem mesmo ter origem cultural 
entre essas etnias tradicionais, isso é exemplo de hibridismo cultural. Os alimentos tipicamente 
brasileiros estão se popularizando nos Estados Unidos, principalmente entre a população jovem, 
como o açaí e a tapioca, seja pelo contato com brasileiros, que levam os seus alimentos àquele 
país, ou como uma forma de experimentação por esses jovens ao que lhes parece exótico. 
No ambiente de trabalho, estamos sempre adaptando técnicas e boas práticas oriundas de 
outros países para melhorar a produtividade – é o caso do 5S, uma prática de organização e 
qualidade de origem japonesa e muito conhecida entre os gestores brasileiros. Os métodos de 
organização do sistema 5S não se referem às práticas tradicionais daqui, mas foram adotadas, 
pois com a globalização e necessidade de produção sem erros, o sistema se popularizou e os 
gestores brasileiros tiveram contato com o conhecido sistema. As técnicas implícitas no sistema 
5S impactam na vida do trabalhador e no seu cotidiano, já que ajusta o ambiente de trabalho e 
implica que todos possuem a responsabilidade de organização e o asseio de seu espaço funcio-
nal – técnicas estas que devem ser transmitidas quando o colaborador entra na empresa.
A hibridização refere-se ao modo pelo qual modos culturais ou partes desses modos se separam 
de seus contextos de origem e se recombinam com outros modos ou partes de modos de outra 
origem, configurando, no processo, novas práticas. [...] A hibridização não é mero fenômeno 
de superfície que consiste na mesclagem, por mútua exposição, de modos culturais distintos ou 
antagônicos. Produz-se de fato, primordialmente, em sua expressão radical, graças à mediação 
de elementos híbridos (orientados ao mesmo tempo para o racional e o afetivo, o lógico e o 
alógico, o eidético e o biótipo, o latente e o patente) que, por transdução, constituem os novos 
sentidos num processo dinâmico e continuado. (COELHO, 1997, p. 125-126).
O historiador Peter Burke (2003) resgatou na década de 1980 o termo que já era conhecido en-
tre os antropólogos evolucionistas. Hoje se fala em globalização, e o processo de hibridação da 
cultura é inevitável. O hibridismo pode implicar em um processo de ressimbolização, ou seja, de 
elaboração de uma nova denotação por associação de ideias produzidas por uma convenção, 
por um grupo.
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Antropologia e cultura
Mas, se por híbrido queremos nos referir a um processo de ressimbolização em que a memória 
dos objetos se conserva e em que a tensão entre elementos díspares gera novos objetos culturais 
que correspondem a tentativas de tradução ou de inscrição subversiva da cultura de origem 
em uma outra cultura, então estamos diante de um processo fertilizador. (BERND, 2004, p. 
100-101).
Por fim, a hibridação cultural está sempre presente na rotina de cada indivíduo e formando 
sempre novas identidades. Sendo um marco da sociedade globalizada, dotada de misturas, de 
variadas cores e estilos, formando o aspecto do homem moderno e pós-moderno, marcando 
uma quebra com o modelo das culturas tradicionais.
O conceito de hibridismo, em termos dessas articulações do capitalismo planetário, favorece 
a disseminação das mais variadas possibilidades de consumo. Essa noção teórica dá base à 
produção, no caldeirão das formas da cultura, inclusive cultura material, de possibilidades 
abertas de criação de produtos e a uma adequada criação de expectativas de consumo. Nesse 
sentido, a concepção interessa à “cultura do dinheiro”, que é supranacional, embora baseada 
na hegemonia e no território norte-americanos. (ABDALA JR., 2004, p. 18)
É importante ressaltar que Canclini (2011) é inovador, pois aponta o conceito de hibridismo 
cultural sob um viés político em primeira mão. Para ele, o hibridismo é uma prática multicultural, 
quando há o contato de diferentes culturas, processo analisado pelo autor, nos movimentos ar-
tísticos verificados na América Latina.Para ele, o hibridismo cultural poderia ser benéfico, já que 
nesses países o processo de modernização é tardio e lento. 
Canclini (2011) afirma que as culturas pós-modernas são limítrofes, ou seja, de fronteira, prove-
nientes do contato com o “outro” e relativas aos deslocamentos de bens simbólicos. Trata-se de 
um processo multicultural, da relação com diferentes culturas. A cultura é vista como algo não 
mais genuíno, mas algo representado (uma representação), ou seja, trata-se de um simulacro 
como marca cultural. 
Figura 4 – Canclini estudou o hibridismo a partir das relações entre mexica-
nos e americanos e entre as populações da América-Latina.
Fonte: Shutterstock 2015.
Já Hutcheon (1991) acredita que essas culturas híbridas pós-modernas possibilitam a resistência 
e o confrontamento do discurso dominante. Por outro lado, elas estão arraigadas à globalização 
e sustentam o consumo massivo. Ou seja, elas ainda resistem à massificação da globalização 
por meio da representação, mas muitas vezes são um produto do consumo. Para outros teóricos, 
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a hibridação cultural não ocorre apenas pelo processo de ressignificação da cultura, mas pelo 
embate, pelo choque entre as culturas.
O livro Hibridação cultural (Unisinos, 2003) de Peter Burke é uma pequena obra que 
explica de maneira muito didática e em detalhes esse processo tão comum na socieda-
de global. Vale a pena conferir!
NÃO DEIXE DE LER...
2.3 Tecnologia, globalização e inovação
O desenvolvimento das tecnologias, a imposição da globalização e os processos de acelera-
ção da inovação trouxeram novas possibilidades para os estudos antropológicos. Essas são três 
esferas inseridas na cultura pós-moderna e que caracterizam a sociedade do conhecimento. Ve-
remos agora como a tecnologia, a globalização e a busca por inovação impactam nas diferentes 
culturas, verificando esses conceitos também como fenômenos socioculturais.
2.3.1 Globalização e cultura
A globalização tem impactos sem precedentes em quase todas as culturas atuais. Mesmos os po-
vos mais distantes possuem expressividade e podem ser observados de muitas formas, ainda mais 
pelos novos meios de comunicação. A globalização promove as trocas culturais e as culturas 
híbridas, que podem ocorrer por assimilação simbólica ou pelo choque, pelas resistências entre 
culturas distintas. No caso das culturas tradicionais, a globalização pode oferecer ameaças, já 
que propõe a uniformização da cultura (monocultura global).
É importante ressaltar que a globalização é um fenômeno arraigado ao modelo capitalista e 
que há uma hierarquização do espaço global, que se faz muitas vezes pelo modo como a mão 
de obra é disposta, pelo uso das tecnologias e demandas dos próprios segmentos etc., gerando 
infinitos problemas sociais.
Essa hierarquização do espaço global é hoje, por sua vez, fortemente determinada pela 
capacidade dos lugares de absorver novas tecnologias, bem como pela sua maior ou menor 
disponibilidade de infraestrutura e de mão-de-obra adequadas à localização dos segmentos 
econômicos intensivos em conhecimento. Do ponto de vista econômico, o que hoje, portanto, 
diferencia fundamentalmente os territórios não são seus atributos físicos ou inanimados, mas 
o seu conteúdo imaterial, particularmente a sua base de informações e de conhecimentos, 
refletindo em grande medida desiguais disponibilidades espaciais de recursos humanos e de 
mão-de-obra qualificada. (ALBAGLI, 1998, p.192)
A Antropologia tem como objeto de estudo o conhecimento do homem e os elementos que 
influenciam na construção do pensamento humano, desde sua origem como sujeito atuante 
e transformador até o surgimento das noções de indivíduo e estrutura social. Mesmo que em 
sua origem tenha usado um discurso tradicional e dominante, hoje se mostra crítica às análises 
socioculturais. Vale dizer que esta disciplina busca entender a condição humana no contexto 
da globalização, no qual surgem novos elementos sociais que influenciam e alteram a vida do 
homem pós-moderno. Mas aborda também os impactos do processo capitalista para as culturas 
como um todo. Cultura local são os costumes e as crenças e outros elementos culturais de de-
terminada região, e cultura global é a cultura massiva e generalizada proveniente dos processos 
de globalização.
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Antropologia e cultura
De que forma a globalização é prejudicial à cultura local e às identidades de grupos e 
povos? Mesmo que a globalização seja um fenômeno que não se pode parar, a cultura 
local deve ser valorizada, já que a globalização se apresenta como um obstáculo para 
a diversidade cultural.
NÓS QUEREMOS SABER!
2.3.2 Tecnologia e inovação
Na sociedade do conhecimento, com o seu aparato tecnológico, a busca pela inovação dá o tom 
para a contínua evolução dos processos técnicos que caracterizam o capitalismo e a globalização.
A Antropologia, nos últimos anos, se preocupa em compreender os temas mais atuais, relativos 
às novas configurações atuais do mundo globalizado e tecnológico. A ciência e a tecnologia 
possuem importância central na vida pós-moderna e a disciplina busca se inteirar de seus impac-
tos na vida do homem. A ciência, por exemplo, é tida como a forma mais ocidental de pensar o 
mundo, isso impacta em culturas locais no que tange aos conhecimentos identitários. 
Figura 5 – A sociedade do conhecimento é caracterizada pelo amplo acesso à informação e à tecnologia.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A tecnologia, que contribui para disseminar a cultura globalizada e unilateral, é também um 
meio de garantir acesso a conhecimentos de todos os tipos. Mas ela também é percebida como 
a legitimadora da globalização: a inovação é frequente, otimiza e permite os processos em favor 
do homem. Todos os problemas comuns da humanidade se encerram na ciência e na tecnologia 
– nela se pode tudo, desde a eliminação e o tratamento de doenças à geração de novos apare-
lhos e técnicas capazes de garantir uma vida plena.
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Você sabe definir tecnologia? Trata-se de técnicas, processos, métodos, meios e instru-
mentos de uma ou mais funções da atividade humana. Um computador possui uma tec-
nologia, empregada no processamento de dados; uma enxada possui uma tecnologia que 
permite mover de modo eficiente o solo. Ambos são tecnologias com funções distintas.
NÓS QUEREMOS SABER!
2.4 Relações entre distintas gerações no 
mercado de trabalho
Com maior acesso à informação, pessoas de diferentes gerações compartilham os mesmos es-
paços de trabalho. Há trocas culturais entre grupos de pessoas de faixas etárias diferentes. Mas 
esta é uma questão recorrente quando se fala em carreira no mundo globalizado – o choque de 
gerações. Neste tópico, vamos compreender as diversas nuances das relações de indivíduos de 
diferentes gerações no mercado de trabalho e problematizar os desafios e conflitos existentes no 
mundo contemporâneo. 
2.4.1 Gerações e trabalho
Verificando novamente o conceito de cultura como a forma de vida de um grupo de pessoas, 
conforme os comportamentos adquiridos e transmitidos de geração em geração por meio da 
língua falada e da simples imitação, percebemos que nos ambientes de trabalho atuais o espa-
ço é dividido por pessoas de diferentes gerações. Isso porque a globalização fez com que uma 
margem etária mais abrangente disputasse as mesmas oportunidades no mercado de trabalho.
Interesses distintos, valores, formas diferentes de perceber o mundo, linguagem, competências, 
relações diferentes com os novos meios de comunicação: estes e muitos elementos servem para 
gerar conflitos e aprendizagens no ambiente de trabalho. 
As teorias antropológicas sempre buscaram compreender as diferenças entre as gerações. Este 
também é um dos desafios mais frequentes nas empresas atuais. A chamada Geração Y (pessoas 
nascidas entre os anos de 1980 e 2000), que hoje buscaestabilidade no mercado de trabalho, 
se depara com pessoas de outras gerações.
Cliffort Geertz (1926-2006) foi, depois de Lévi-Strauss, o nome mais importante da An-
tropologia no século XX. Seu trabalho está situado dentro da Antropologia Interpretati-
va e Simbólica, com mais de 20 livros publicados nesta área. Dizia que a Antropologia 
Interpretativa é a da leitura das sociedades assim como interpretamos os textos. Sua 
obra mais notável foi o livro A interpretação das Culturas (Editora Zahar, 1989).
VOCÊ O CONHECE?
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Antropologia e cultura
Figura 5 – Diferentes gerações no mercado de trabalho.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Se de um lado essa geração possui facilidade de incorporar tecnologia em seu dia a dia, a ca-
pacidade de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo, aversão à rotina, a preocupação com a 
qualidade de vida e rotatividade da carreira, se depara também com profissionais mais estáveis 
junto à organização, com pensamento mais tradicional, em que as relações são baseadas por 
valores e menos por ascensão e dinheiro – estes são mais resistentes às mudanças, mas mostram 
interesse em se adaptar sem maiores estranhamentos. Muitas lideranças são de gerações ante-
riores e sentem dificuldade de diálogo com profissionais mais novos. 
Esta é mais uma das nuances da questão da globalização e da sociedade do conhecimento: 
o conflito de gerações entre profissionais sempre existiu e sempre existirá. E a coexistência é 
evidenciada pela Antropologia, por exemplo, pelas trocas rituais, resistências e pelos fenômenos 
que muitas vezes envolvem outros elementos – como questões de gênero, etnicidade e raça, 
classes sociais distintas, cultura organizacional etc.
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Síntese
Neste capítulo, você pôde:
•	 compreender o que é o paradigma pós-contemporâneo – um termo usado para designar 
a sociedade da segunda metade do século XIX até o momento. Há teóricos que divergem 
da sua datação e outros que nem concordam que haja uma “pós-modernidade”;
•	 constatar que a Sociedade do Conhecimento e a Sociedade da Informação são termos 
oriundos da Pós-Modernidade;
•	 concluir que o mundo passou por grandes transformações em todas as esferas da vida 
do indivíduo ocidental e isso permitiu que ele tivesse contato com outros tipos de cultura, 
assimilando-as intencionalmente ou não;
•	 entender que a troca de culturas e o hibridismo cultural já eram estudados entre os 
antropólogos evolucionista, mas esses conceitos ressurgiram na década de 1980 com as 
análises sobre os impactos da globalização nas diferentes culturas – eles podem ocorrer 
de modo interativo ou por meios de oposições e resistências;
•	 saber que o mundo globalizado possibilitou e foi possibilitado pelo desenvolvimento das 
novas tecnologias e pela busca por inovação;
•	 a globalização fez com que diferentes gerações compartilhassem o mesmo ambiente 
de trabalho, o que trouxe aprendizados e conflitos – compreender essas relações é de 
interesse da Antropologia e um desafio para as práticas corporativas.
Síntese
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Referências
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nitarismos. In: ______. (Org.). Margens da cultura: mestiçagem, hibridismo e outras misturas. 
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do Caribe. In: ABDALA JR., Benjamin (Org.). Margens da cultura: mestiçagem, hibridismo e 
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Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: EDUSP, 2011.
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tura e imaginário. São Paulo: Fapesp; Iluminuras, 1997.
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Inovação Localizada: Experiências de Sistemas Locais no Âmbito do Mercosul e Proposições de
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