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A lei de feminicídio e sua suposta inconstitucionalidade

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A lei de feminicídio e sua suposta inconstitucionalidade.
Feminicídio é a perseguição e morte intencional de pessoas do sexo feminino, classificado como um crime hediondo no Brasil, o crime se configura quando se comprova as causas do assassinato, devendo este ser exclusivamente por questões de gênero, ou seja, quando uma mulher é morta simplesmente por ser mulher. O feminicídio pode ser considerado de modo geral uma forma extrema de misoginia, ou seja, é a repulsa, desprezo ou ódio contra as mulheres. Agressões físicas e psicológicas, como abuso ou assédio sexual, estupro, tortura, mutilação genital, negação de alimentos, espancamentos, entre outras formas de violência que levarem a morte da mulher, pode ser configurado como feminicídio.
Uma lei inconstitucional é aquela que fere ou viola preceitos contidos na Constituição do país.
A suposta inconstitucionalidade da lei feminicídio por ser uma lei que, segundo alguns doutrinadores, desiguala homens e mulheres, foi o assunto mais discutido após suasansão. Os que são contrários à lei, por considerá-la inconstitucional, alegam que apesar de ser compreensível e até louvável toda a preocupação em combater e reduzir a violência contra a mulher, à aprovação do referido projeto representa um retrocesso na busca pela igualdade e no próprio combate à discriminação. Que ao tratar o homicídio cometido contra mulher (feminicídio) mais severamente do que o cometido contra o homem, à lei está dizendo que a vida da mulher vale mais que a do homem, está tratando bens jurídicos idênticos (vida humana) de maneira desigual, violando assim a Constituição/88 no seu artigo 5° que diz que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Apesar de fazer sentido muitas das afirmações contrárias, temos que levar em conta e dar grande importância ao princípio da isonomia, que articula que para haver justiça devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades.
A nova lei 13.104/15 alterou o código penal para incluir mais uma modalidade de homicídio qualificado, o feminicídio: quando crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, o § 2º-A foi acrescentado como norma explicativa do termo "razões da condição de sexo feminino", esclarecendo que ocorrerá em duas hipóteses: a) violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher; A lei alterou ainda o art. 1º da Lei 8072/90 (Lei de crimes hediondos) para incluir a alteração, deixando claro que o feminicídio é nova modalidade de homicídio qualificado no rol dos crimes hediondos.
No âmbito do Egrégio Tribunal do Júri, esta matéria também, atualmente, já se encontra pacificada:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. FEMINICÍDIO. PRONÚNCIA MANTIDA. Pronuncia mantida. Existem indícios suficientes da existência do fato, bem como da autoria delitiva, que foi confirmada pelo acusado. Ainda, o animus necandi está suficientemente ilustrado, tendo em vista que a ofendida foi atingida por golpe de faca na região hipocondríaca direita que transfixou o fígado, seccionou a veia aorta e atingiu a profundidade de quinze, centímetros. Feminicídio. Há indicação nos autos de que o acusado realizava investidas sexuais contra a vítima, que era sua nora. O contexto dos autos indica a possibilidade de que o fato tenha sido cometido em situação de violência doméstica e de menosprezo ou discriminação à condição de mulher. RECURSO IMPROVIDO.[2: TRIBUNAL DO JÚRI-RS, Processo RSE n º 70071080618 RS, Órgão JulgadorTerceira Câmara Criminal, PublicaçãoDiário da Justiça do dia 18/11/2016, Julgamento9 de Novembro de 2016, Relator: Diogenes Vicente Hassan Ribeiro.]
Segundo dados do Ministério da Justiça, a cada quinze segundos uma mulher é agredida no Brasil, e em grande parte dos casos por seus próprios parceiros ou algum parente muito próximo. Apesar do advento da lei 11.340/2006, Lei Maria da Penha, o país tem muito que melhorar no suporte dado à mulher que sofre de violência. Essas vítimas se sentem envergonhadas e principalmente abandonadas, pois o sistema ainda é muito falho.
Por essa e outras razões, vários casos não são notificados, podendo-se inferir que o número de ocorrências é ainda mais alarmante.As causas que levam a violência são multifatoriais, mas estão ligadas direta ou indiretamente ao machismo, causando transtornos na vida da mulher, influenciando também as pessoas que a cercam.
Conclui-se que mesmo existindo o crime de homicídio previsto no código penal, é necessária também a existência da lei mediante o crime de feminicídio, pois abrange crime hediondo- onde repugna a sociedade, ferindo a dignidade humana, em função de sua gravidade.
Bibliografia:
Disponível em: < http://www.compromissoeatitude.org.br/alguns-numeros-sobre-a-violencia-contra-as-mulheres-no-brasil/> Acesso em: 28 mar. 2017.
Disponível em: <https://www.projetoredacao.com.br/temas-de-redacao/violencia-contra-a-mulher-o-feminicidio-no-brasil/violencia-contra-a-mulher-55/u0hwu4v8zh> Acesso em: 28 mar. 2017.
Disponível em: <https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/406773074/recurso-em-sentido-estrito-rse-70071080618-rs> Acesso em: 28 mar. 2017.
Disponível em: <https://marmet.jusbrasil.com.br/artigos/126877612/termos-de-ligacao-para-construir-um-texto-melhor> Acesso em: 29 mar. 2017.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/lei/L13104.htm> Acesso em: 29 mar. 2017.
Flávia Roberta de Gusmão Oliveira e Marta Thais Leite dos Santos. A constitucionalidade do projeto de lei Nº 292/2013 –“Feminícidio” versus a igualdade de gênero proposta pelo art. 5º, I da constituição federal. Disponível em: <http://www.ufpb.br/evento/lti/ocs/index.php/18redor/18redor/paper/viewFile/2216/895> Acesso em: 29 mar. 2017.
Francisco Dirceu Barros. Disponível em:<http://www.impetus.com.br/artigo/876/estudo-completo-do-feminicidio> Acesso em: 28 mar. 2017.

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