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RESUMÃO - crimes contra a administração pública (introdução até corrupção passiva).

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RESUMÃO
 CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇAÕ
PRINCÍPIO DA ISIGNIFICÂNCIA
Para doutrina majoritária seria inaplicável, sendo que a honestidade e a probidade administrativa não podem ser mensuradas. Contudo, recentemente a Suprema Corte passou a aplicar o princípio em casos excepcionais, afirmando que apesar de ser atingida a probidade administrativa, certas condutas não mereceriam tutela penal. Por sua vez o Superior Tribunal de Justiça não aplica o princípio em tela em harmonia com a doutrina majoritária. Os TRFs acompanham o entendimento do STJ.
Para a Suprema Corte, desde sejam preenchidos certos vetores, o princípio se aplica.
 VETORES DA INSIGNIFICÂNCIA:
Mínima Ofensividade da Conduta;
Nunhuma Periculosidade social da ação;
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
Inexpressividade da lesão patrimonial.
1.2 CLASIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Os crimes contra a administração são crimes próprios, logo deve haver a autoria do servidor público, podendo o particular ser participe ou coautor, nos termos do artigo 30 do CP.
Os crimes funcionais ainda detém a seguinte subdivisão:
CRIMES FUNCIONAIS PROPRIAMENTE DITOS: essa categoria de delito deve ser praticada por funcionário público. Ademais, ela não encontra correspondente nos delitos comuns. Nesse sentido, desaparecendo a figura do funcionário público o fato será atípico, por exemplo, crime de prevaricação.
CRIMES FUNCIONAIS IMPRÓPRIOS: são delitos que encontram correspondente nos crimes comuns, por exemplo, peculato furto (312, §1°). Desaparecendo a figura do funcionário público, haverá uma atipicidade relativa, sendo o delito classificado no seu correspondente que é o furto (art.155).
Podemos ainda afirmar nos termos da jurisprudência pacifica que os crimes contra as finanças são crimes funcionais próprios, por exemplo, ordenador de despesas.
1.3 CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Art. 327. - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
O conceito de funcionário público pra fins penais diverge do vislumbrado no direito administrativo. No âmbito do Direito Penal apresenta-se mais amplo, abrangendo, inclusive, servidor público por equiparação, previsto no § 1º do mesmo dispositivo. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
Para os agentes públicos, embora não exista correlação direta com o conceito de servidor público do Direito Administrativo, é possível utilizar-se de algumas de suas definições. Compõem-se aqueles primeiros de agentes políticos, servidores públicos em geral - que se vinculam à administração através de contrato celetista ou estatutário -, e a categoria de particulares em colaboração com a administração - abrange os agentes honoríficos, delegados e credenciados. 
Exemplo: as pessoas que trabalham por delegação ou por conta própria, exercendo uma atividade eminentemente pública: tabeliães, notários, leiloeiros, advogados credenciados para o exercício de atividades de defesa, advogados dativos. 
Considerando que funcionário público para fins penais envolve a questão da função exercida, excluem-se dessa esfera aquelas pessoas que, a despeito de exercerem uma função eminentemente pública, não atuem com o interesse público, ou seja, não será servidor público para fins penais quem exerce múnus público, mas tem o interesse privado de forma imediata, primordialmente. 
Exemplo: o inventariante nomeado pelo Juízo de Sucessões, os tutores e os curadores. D'outro bordo, preenche as condições de servidor quem exerce uma função pública com predominância de interesse publico envolvido no seu exercício. 
A luz da redação do parágrafo primeiro equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal. Entretanto, existe divergência quanto a esse conceito, consagrada sua interpretação a partir de duas correntes: 
interpretação restritiva, para abranger apenas as autarquias; e 
interpretação extensiva, alcançando todas as entidades que atuam de forma colateral e vinculadas ao Estado. Esta é a posição majoritária, tanto na doutrina quanto na jurisprudência.
Corrobora esta última forma interpretativa a previsão da Lei 8.666/93, que conceitua funcionário público para fins penais, na qual se verifica também abranger, sendo aqui de forma explícita, essas demais entidades, além da autarquia. 
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público. 
§ 1o Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, assim consideradas, além das fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, as demais entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
No tocante à segunda parte do artigo, notadamente àquela que trata das pessoas vinculadas a empresas terceirizadas (conveniadas ou contratadas pela Administração), observa-se que serão consideradas servidor público para a prática de crime conta a Administração quem exerce função atividade típica da Administração. 
Exemplo1: no hospital, os técnicos de enfermagem contratados através de empresa terceirizada estarão contribuindo para a realização de um fim último e direto da Administração, realiza atividade típica desta, portanto será considerado funcionário público para fins penais. 
Exemplo2: carteiros dos Correios e suas empresas franqueadas. Uma vez que são empresas que prestam serviços particulares, mas realizam atividade típica da Administração, que é o serviço postal, seus funcionários serão considerados públicos se praticarem crime no exercício da função.
Ademais, os detentores de mandato eletivo, também podem cometer crimes funcionais próprios. Vários deles foram condenados na Ação Penal 470, inclusive.
Esse conceito extensivo se aplica ao funcionário como sujeito passivo, por exemplo, desacato?
DUAS CORRENTES:
Pela condição topográfica que seria o último artigo do bloco (327) que trata de crimes funcionais, teria função de identificar o funcionário público como sujeito ativo do crime. Ademais, permitir o conceito extensivo para abrangê-los como sujeito passivo dos delitos em tela, seria o mesmo que banalizar os crimes funcionais;
A condição topográfica não seria suficiente para afastar a interpretação sistemática, abrange o conceito extensivo tanto para o sujeito ativo e passivo. Por sua vez, não haveria embasamento legal diferenciador, não podendo o interprete tirar conclusões não previstas pelo legislador (STF E DOUTRINA).
É necessário esclarecer que o conceito extensivo abrange o advogado dativo e o médico conveniado pelo SUS. Nesse caso, se exigirem pagamento estarão praticando o crime de concussão (316);
Estagiários, cartorários, jurados, despachante aduaneiro e empregados de empresa terceira, nesse último caso, desde que exerçam atividade típica da administração pública.
Não se incluem nesse rol: funcionário aposentado ou demitido; quem exerce múnus público com interesse privado envolvido: tutor, curador, inventariante, síndico da massa falida; e terceirizados que não exercem atividades típicas da administração: servente, vigilantes.
1.4 Pode o particular praticar um crime funcional? 
É possível, desde que este atue em concurso de agentes com o funcionário público.
Impõe-se observar a temática do concurso de agente e a aplicação do art. 30 do Código Penal, que trata da comunicabilidade das circunstâncias elementares de tipos penais. 
Para a configuração do delito em debate, faz-se necessário a atuação direta do particular e consciente da condição de servidor público do coautor, verificada a simultaneidade das ações (precedente do STJ - Resp 297.569).
PECUATO
APROPRIAÇÃO: ART. 312. Apropriar-se o funcionário públicode dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo (...);
DESVIO: (...)ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio;
FURTO OU IMPRÓPRIO: § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
CULPOSO: § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem;
ESTELIONATO: Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
2.1 PECULATO APROPRIAÇÃO
É pressuposto do peculato a posse prévia de um bem ou valor pelo servidor público. Então, o sujeito ativo (servidor) apropria-se de uma coisa da qual já tem a posse em razão do seu cargo. 
São características da posse: a) prévia, b) lícita e c) relacionada ao exercício do cargo ou função públicos.
2.1.1 Consumação do crime 
O núcleo do crime "apropriar-se" apresenta uma ideia de relação entre o agente e o bem (quem se apropria constitui uma relação de propriedade), razão porque tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem que a CONSUMAÇÃO SE DÁ NO MOMENTO DA INVERSÃO DA POSSE.
>>Existe peculato omissivo? 
Recentemente, houve debate jurisprudencial a respeito dessa possibilidade na Ação Penal 470. No caso, o diretor de marketing do Banco do Brasil, Sr. Francisco Pizzolato, foi condenado pelo crime de peculato na sua modalidade omissiva, pois restaram preenchidas as condições exigidas pelo sistema penal ao giro da sua respectiva configuração. Verificou-se que ele se encontrava na condição de garante e, em razão do exercício dessa função pública, teria efetuado o repasse de diversos recursos para a empresa DNA Propaganda. Como contrapartida ao financiamento público, a empresa teria a obrigação de devolver os chamados bônus de volume para o Banco do Brasil; enquanto caberia ao condenado, na qualidade de fiscal da execução desses mandatos, negar novos repasses e exigir a devolução dos valores pagos.
2.1.2 Objeto material 
O objeto material é coisa móvel, seja esta pública ou particular (exemplo: bem sob guarda da administração). 
Observação. O objeto material não abrange a prestação de serviços. Em precedente, destacou o STF: "fruir de um serviço público ou de um serviço de funcionário público, em proveito particular, não configura crime de peculato", pois não estaria abrangido pela ideia de coisa móvel. 
Deve ter expressão econômica ou patrimonial? 
Resposta: Não há exigência.
2.2 PECULATO DESVIO
Igualmente ao peculato apropriação o funcionário público deve ter prévia posse do bem. No entanto, o bem desviado detém destinação certa, o que não ocorre no peculato apropriação.
>>A finalidade diversa deve ser particular, ou pode ser outra finalidade pública, que não a preliminarmente designada? 
Para tal hipótese, o crime pode ser o do artigo 315 do CPB, emprego irregular de verbas públicas.
Para a configuração do crime é dispensável o elemento fraude, contudo se ocorrer pode haver consunção, como já decidiu o STJ em caso de uso de documento falso para viabilizar a prática de peculato.
Para os crimes contra a ordem tributaria, o STJ adota essa ideia de absorção, ou seja, se o falso é empregado para reduzir ou suprimir o tributo, exclusivamente para aquela finalidade, ele será absorvido, pois representa fraude ao meio; por igual, se o agente apresenta documentos à Administração Fazendária para justificar a falsidade praticada anteriormente e a supressão do tributo, restará absorvido pelo crime contra a ordem tributária.
2.3 PECULATO FURTO 
A diferença em relação aos demais consiste em o sujeito ativo não ter a posse do bem, mas se vale das facilidades que seu cargo lhe proporciona para subtrair ou concorrer para que alguém pra ele subtraia.
Possui duas modalidades: a subtração por ele próprio praticada, em vista da facilidade de conhecimento do local de esconderijo da coisa ou de acesso para tal, ou concorrer para que seja subtraído (v.g. servidor que não participa diretamente da execução da subtração, mas que, em razão da função pública, propicia um ambiente favorável para que outro o faça, em concurso necessário de agentes).
Observação1. O "peculato de uso" (expressão não contemplada no CPB) consiste na ideia de que a pessoa que dispõe de um bem se utiliza deste sem o intento de se apropriar. Sendo assim, pressupõe que o bem jurídico tutelado seja infungível (não pode ser consumível). 
Exemplo1: Funcionária dos Correios que, no exercício da sua função de caixa, retira certa quantia em sua disponibilidade, mas com expectativa de posterior restituição. Nesse caso, a coisa é fungível e, como consequência, independentemente da intenção, já se mostrou configurado o fato típico. 
Exemplo2: Funcionário público que, em razão da sua condição pessoal, pega o veículo oficial, mas devolve no dia seguinte. Houve a prática de furto apenas quanto à gasolina, não em relação ao carro, em razão de este ser um bem infungível.
Portanto, o peculato de uso tem as seguintes características: não há dolo de apropriação e só incide em relação a objetos materiais não consumíveis.
Observação2. Exceção: Prefeito Municipal (DL201/67, em seu art. 1º, inciso II - utilização de rendas, verbas e bens públicos - única previsão de punição expressa no Código Penal do chamado peculato de uso). A redação consiste em "utilizar-se indevidamente, em benefício próprio, de bens, rendas ou serviços públicos". A utilização de bens infungíveis caracterizará apenas atos improbidade administrativa, salvo no caso do Prefeito.
2.4 PECULATO CULPOSO 
Consiste na conduta culposa de um funcionário público, a qual mantém relação de dependência com a prática dolosa de crime por um terceiro.
Exemplo1: Servidor que deixa a janela aberta da repartição e alguém se vale dessa situação para subtrair bens moveis do local. 
Necessariamente, exige-se a participação de duas pessoas: o servidor público, que age culposamente, e o terceiro, que age sempre dolosamente. 
>>Qual o crime praticado pelo terceiro? Precisa ser outro peculato? 
Exemplo: Funcionário que deixa a porta aberta culposamente e um terceiro entra e estupra uma servidora. Nesse caso, não se configura o peculato culposo, porque sua culpa não foi suficiente para concorrer com aquela conduta. 
Resposta: O crime de terceiro, para o qual o servidor concorre, tem que ter, necessariamente, a mesma natureza do crime de peculato, ou seja, que tenha algum reflexo patrimonial. A divergência na doutrina envolve a questão da exigência de se tratar o outro crime de peculato. O entendimento majoritário é no sentido de que deve ser preenchida a característica patrimonial do peculato.
 O crime de peculato culposo pode concorrer com um crime tentado? 
Resposta: Não. Deve ser consumado o crime de terceiro, pois só se pode responsabilizar o funcionário público pela sua negligência quando sobrevenha um dano efetivo para a Administração.
2.4.1 Extinção de Punibilidade (art. 312, § 3º, do CPB)
Dar-se-á a extinção de punibilidade se houver a reparação do dano até o trânsito em julgado da sentença. Se este for feito depois do trânsito, reduzir-se-á da metade a pena do agente na execução. 
Observação1. Qualquer pessoa pode fazer o ressarcimento, o que produzirá efeitos para a pessoa do acusado ou condenado.
Observação2. Essa modalidade de extinção somente é aplicável ao peculato culposo.
2.5 PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM 
Diferencia-se da previsão do artigo 312 do mesmo diploma por o sujeito ativo não ter a posse prévia do bem. 
Exemplo: uma pessoa paga uma multa para o órgão público errado, e seu servidor recebe aquele valor por um erro espontâneo do terceiro, apropriando-se de tal. 
Na espécie, é essencial que o servidor não tenha provocado o erro, deve ser de espontâneo de terceiro. Do contrário, configuraria estelionato ou outro crime.
2.6 Peculato Eletrônico(art. 313- A) 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000);
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000);
Inserido no CPB pela Lei 9983/200, esse dispositivo penal, originariamente, tinha como destinatário os funcionários do INSS, com vistas a evitar uma série de irregularidades ocorridas na referida Autarquia Previdenciária, que passou a atuar de forma dependente de sistemas informatizados. 
Observação1. Esse crime é especial em relação ao artigo 312 do CPB, pois não há possibilidade de concurso material deste último com o tipo penal em análise.
Observação2. Segundo o STJ, considera-se existente entre ambos os crimes uma relação de especificidade, que importará configurado bis in idem na condenação pelos arts. 312 e 313 do CPB, no mesmo contexto de fato (HC 213179).
2.6.1 Objeto material: dados verdadeiros 
Pune-se na conduta de alterar ou de excluir dados verdadeiros e de inserir dados falsos num sistema baseado em informações legítimas e corretas. A Administração não pode se basear seus dados em nenhuma mentira.
É essencial que o funcionário que cometa o crime seja autorizado a acessar aquele sistema.
>>No caso dos crimes previdenciários, existe uma polêmica interessante em torno do seguinte: Se a concessão de um benefício previdenciário indevido, através da inserção de dados falsos no sistema correlato, representaria o artigo 313-A ou se configuraria um crime de estelionato? 
Antes da edição do artigo 313-A, havia a polêmica acerca do tipo penal no qual incidiria o servidor público: crime de estelionato previdenciário ou peculato. Isso porque, antigamente, o funcionário do INSS não tinha disponibilidade direta sobre as verbas previdenciárias. Não era ato exclusivo desse funcionário. Por muito tempo, esses crimes eram capitulados no art. 171. Em seguida, evolui-se o entendimento para capitula-los no art. 312. 
Hoje, não há dúvidas de que a concessão do beneficiário previdenciário fraudulento, mediante inserção de dados fictícios, enquadra-se no artigo 313-A.
Se o funcionário que comete a conduta descrita no artigo 313-A não é autorizado a acessar, haverá uma conduta subsidiária: crime de falsidade ideológica especializado. A retirada dessa condição de servidor público autorizado, prejudica a configuração do peculato eletrônico.
2.8 Extravio, sonegação ou inutilidade de livro ou documento (art. 314, CPB) 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
O crime traz regra de subsidiariedade expressa. 
Exemplo: Artigo 305 do CPB - supressão de documento. 
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular.
Objeto material: livro oficial (físico ou virtual) e qualquer documento, abrangidos, neste último caso, qualquer elemento que preencha a característica de transmissão de mensagem (material ou imaterial). 
>>O que é documento para fins penais? 
No conceito moderno, envolve tudo aquilo capaz de transmitir uma mensagem inteligível.
Observação2. O servidor tem que ter a guarda desse livro ou documento em razão do seu cargo. 
Observação3. Se o servidor for de repartição fiscal ou tributária, poderá incidir no crime do artigo 3º, I, da Lei 8.137, desde que verificada a consequência exigida do extravio ou da inutilizarão do livro oficial, dever de acarretar pagamento indevido de tributo ou contribuição social. 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): 
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;
2.10 Concussão (art. 316, CPB) 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Diferentemente da corrupção, na concussão, não há concurso de vontades, mas uma exigência impositiva para a qual o administrado acaba cedendo. 
É essencial, portanto, a presença do temor por represália, em face do que o servidor pode causar em razão das atribuições que o cargo lhe confere. 
As exigências podem ser direta ou indireta, de forma implícita ou explícita.
Crime formal, que se consuma com a mera exigência, independentemente de o servidor vir a receber essa vantagem. Caso a receba, esse resultado constitui mero exaurimento, que se aplica na dosimetria da pena: valor da propina, circunstâncias fáticas, forma de pagamento, atos praticados para externar a exigência. 
O crime pode ser plurissubsistente. 
O momento consumativo ocorre quando o administrado toma ciência da exigência. 
Elemento especializante (art. 3º da Lei nº 8.137/ 1990): 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): 
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
2.10.1 Excesso de Exação (art. 316, CPB)
Art. 316. § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
Essa modalidade de concussão compõe-se de duas figuras: exigência de valores indevidos e o emprego do meio vexatório na cobrança de um tributo ou contribuição, que a lei não autoriza. 
Forma comissiva 
Objeto material específico: só tributo e contribuição social. Não abrange emolumentos, custas, tarifas, multa em Auto de Infração, sem natureza tributária. (Precedentes do STJ, HC 259971; Resp 476315);
O parágrafo segundo do artigo 316, CPB prevê uma forma qualificada do excesso de exação. 
Art. 316. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
Exemplo: na fiscalização em empresas em que há lançamento de tributos. 
Observação. Caso esse apoderamento ocorra depois que a quantia ingressou nos cofres públicos, o crime que se constitui é o de peculato. Portanto, para a espécie, é preciso que o servidor seja o intermediário e que receba o montante em nome do Estado, mas que ainda não se tenha incorporado ao patrimônio deste.
2.11 Corrupção passiva (art. 317) e ativa (art. 333) 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Observação. Esse ato tem relação direta com a função pública do agente. O sujeito ativo não precisa estar no exercício da função, mas o ato que ele vende ou pretende vender, obrigatoriamente, deve ter uma relação com a função pública respectiva, seja em razão do exercício ou de estar em vias de exercer, seja de eventual afastamento por alguma razão. 
Exemplo: No BNDES, o funcionário que exercerá o cargo de Superintendente de Contratos e, em diálogo com um empresário, garante-lhe favorecimento em troca de vantagem indevida. Ele praticou corrupção, embora não esteja exercendo o cargo que motivou o ato de mercancia. 
Não há, necessariamente, bilateralidade. Em algumas modalidades, existe o concurso necessário de pessoas, pela pressuposição de um ato do corruptor, são elas: receber e aceitar, ambos do art. 317 do CPB. 
Assim como na concussão, a solicitação da vantagem pode ser explícita ou implícita; e a vantagem indevida não precisa ser de natureza patrimonial. 
Nas modalidades solicitar, oferecer, aceitar e prometer, não há exigência de resultado material, são crimes formais. A única modalidade de crime material é receber.
Observação3. Há uma diferença crucial quanto ao objeto material dos crimes em exame. Na corrupção passiva, a solicitação da vantagem não precisa ser prévia à prática de ato de ofício, podendo ocorrer em relação aos já praticados. Por outro lado, na corrupção ativa, impõe-se a temporalidade da conduta com o ato de ofício que se pretende obter de forma indevida. 
A partir do julgamento daquela ação penal, não se exige mais seja descrito detalhadamente o ato de ofício objeto de mercancia, no caso do crime do artigo 317 do CPB. O crime de corrupção não exige, em sua descrição do tipo, que essa solicitação ou atuação se dê em função de um ato de ofício específico, mas sim em razão da função exercida.
À época da Ação Penal do Collor, firmou-se entendimento de que era necessário externar qual o ato de ofício praticado ou pretendido com a corrupção, sendo imprescindível sua descrição na denúncia. 
Observação4. Existe uma previsão no parágrafo primeiro de aumento de pena para os casos de retardo ou omissão da prática de ato de ofício ou de sua prática infringindo dever funcional. Nessa punição majorada, pune-se o que seria o exaurimento do crime. 
Observação5. Na figura do parágrafo segundo, estabelece-se a forma privilegiada. Seu desvalor é reduzido, porque o agente age por pena, compaixão, piedade, sentimento de amizade. Não se verifica a venalidade do servidor, mercancia com a respectiva função pública. 
Paralelamente ao artigo 317, o artigo 333 prescreve as figuras de oferecer e prometer vantagem. 
Consumação: No artigo 317, a modalidade solicitação configura o crime no próprio ato; aceitação da vantagem, com a aceitação; e o recebimento, com a apropriação dos recursos. No dispositivo do 333, as condutas de oferecimento e promessa consumem-se com o conhecimento pelo servidor daquelas ofertas do corruptor. 
Elemento especial de agir: oferta e promessa têm que ter por finalidade determinar o servidor a praticar, omitir ou retardar um ato de ofício irregularmente. 
Observação6. Existe uma relação de especialidade do artigo 343 com a corrupção. Sendo o destinatário é perito, contador, tradutor ou intérprete, o crime será o do artigo 343 do CPB: 
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: 
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. 
>>Qual a conduta do particular que só entrega a vantagem solicitada pelo servidor corrupto, vez que não foi tipificada a figura "dar"? 
Exemplo: chega o fiscal corrupto na empresa e exige uma quantia para ignorar as irregularidades ali detectadas. 1ª Corrente considera essa conduta atípica, porque não existe crime subsidiário e o empresário apenas atendeu a uma solicitação. 2ª Corrente, configurado o crime de corrupção ativa, desde ele tenha negociado ou ofertado. 3ª Corrente, o particular é partícipe no crime do artigo 317.
Resposta: a jurisprudência e a doutrina são uníssonas em considerar que a conduta é atípica. 
Observação. O crime de corrupção passiva independe da destinação dada à verba recebida.

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