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Aula Sobre Dosimetria da Pena.

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Curso de direito - Faculdade do Vale do Juruena – ajes – juína/mt. 
DOSIMETRIA DA PENA
Caio Fernando Gianini Leite.
Advogado Criminalista – OAB/SP – 174.974.
Professor Titular do Curso de Direito da AJES/MT.
Especialista em Direito Processual Civil pela ITE Bauru/SP.
Especialista em Atuação no Tribunal do Júri – ESA – São Paulo/SP.
Especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Faculdade Anhagüera – Núcleo Campinas/SP.
Mestre em Direito Constitucional pela ITE Bauru/SP.
Previsão Constitucional do Princípio Penal da Individualização da Pena.
Constituição Federal – usque artigo 5º, inciso XLVI.
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
SISTEMA TRIFÁSICO DE DOSIMETRIA DA PENA.
Aplicação da pena é efetuada em três fases.
1º Fase: Pena Base. Circunstâncias Judiciais.
2º Fase: Circunstâncias Legais – Agravantes e Atenuantes Genéricas.
3º Fase: Circunstâncias Legais – Causa de Aumento e Diminuição de Pena. 
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
AGRAVANTES E ATENUANTES
São circunstâncias, que aumenta e diminuam a pena, devem ser computadas depois da fixação da pena-base.
Essas circunstâncias se realizam no fato, mas não influem para a sua existência. O fato exige, segundo a sua configuração legal, conforme o réu praticou. As circunstâncias juntam-se a ele, vindo acrescentar-lhe uma condição de maior ou menor reprovabilidade, com o aumento ou diminuição da pena.
As circunstâncias se classificam em subjetivas e objetivas. As primeiras são as que se refere aos motivos determinantes, a qualidade ou a condição pessoal do agente, as sua suas relações com a vitima ou com os demais co-autores ou partícipes. Já as circunstâncias objetivas relaciona-se com os meios e modos de execução, o tempo o lugar e a ocasião, a situação ou a condição pessoal da vitima e o objeto material do crime.
CIRCUNTÂNCIAS AGRAVANTES
É a pretensão de ajustar a medida da pena à real gravidade do fato e a culpabilidade acrescida do agente no seu crime, toma em consideração certo numero de circunstâncias que acompanha o acontecer punível e determinam o aumento da sua reprovabilidade na consciência comum, como conseqüência da exasperação da medida penal.
reincidência
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Reincidente só depois de julgado e condenado (transito em julgado) no Brasil ou no exterior.
Importante!!!
Contravenção no exterior X contravenção -> Não é reincidente. Contravenção X Crime -> Não é reincidente
Só é reincidente até 5 anos depois de cumprida a pena. Depois disso o fato só poderá ser contado nas circunstâncias judiciais para definição da pena-base.
Não são considerados crimes propriamente militares (definidos apenas no código penal militar) e os crimes políticos para fins de reincidência. A condenação à pena de multa não exclui a reincidência. A reincidência, além de agravar a pena, tem outros efeitos. Abaixo existem alguns exemplos:
Impede a substituição da pena privativa de liberdade por outra pena;
Impede a concessão de sursis;
Aumenta o prazo para o cumprimento da pena;
Obriga o condenado a iniciar o cumprimento da pena em regime fechado, dentre outros.
Caso seja concedido o perdão ao agente ! Ele não será mais reincidente.
Motivo Fútil ou Torpe.
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a-) por motivo fútil ou torpe;
É uma circunstância em que o agente comete o ato criminoso por motivo fútil, motivo insignificante. Motivo torpe, repugnante, idiota, que demonstra a total depravação do espírito do agente. 
Ex: Destruir um veículo oficial por não gostar da cor do automóvel – motivo fútil.
Motivo Torpe: Destruir uma viatura policial para evitar que ela atenda as necessidades da sociedade. 
para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
Refere-se à conexão de crimes que é quando um crime é cometido para assegurar que um outro ocorra. 
C) À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO, OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTOU OU TORNOU IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO;
No inciso II, letra c há referência a crimes cometidos com covardia: 
• traição é quando a vítima é atingida pelas costas ou enganada, sendo atraída à determinado local onde o crime pode ser praticado com mais facilidade; 
• emboscada é a tocaia, ficar de vigilância para atacar a vítima desprevenida; 
• dissimulação é o fingimento. Fingir falsa-amizade para atacar a vítima ou utilizar disfarce; 
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
Esses são os requisitos que compõem o meio cruel que é aquele em que a vítima sofre desnecessariamente. Meio insidioso que engloba a asfixia é aquela ação que é dissimulada em sua eficácia maléfica. Perigo comum é o meio em que além de atingir a vítima pode deixar em situação de risco um indeterminado número de pessoas. 
Exemplo: no Caso Richthofen, os agentes do crime utilizaram barras de ferro e asfixia para causar a morte das vítimas. 
contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge.
• Ascendente - agente que comete crime contra pai ou mãe; 
• Descendente - agente que comete crime contra filho ou filha; 
• Irmão - agente que comete crime contra vítima com quem tem pelo menos um dos ascendentes em comum; 
• Cônjuge - agente que comete crime contra aquele com quem está casado. Havido cessado o casamento ou sendo a relação um concubinato (amantes), no momento do crime, não há agravante.
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica. 
É o exercício ilegítimo de autoridade no campo privado (diferindo da letra g em que há relação de subordinação como no caso entre patrão e empregado (relações domésticas), fato de morarem sob mesmo teto (coabitação), ou a da estada da vítima na casa do agente (hospitalidade). 
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.
É o agente praticar o delito com abuso de poder ou violação de obrigação inerente à sua atividade que deve ser a de um cargo ou ofício público.
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, criança é um indivíduo de idade inferior a 12 anos, mas a doutrina não adota o caráter cronológico, mas sim o biológico. O mesmo valia para velho, quando em 2003 houve a mudança com uma lei aprovada pelo Presidente Lula que retirava o substantivo considerado pejorativo. Enfermo é o indivíduo que não consegue praticar os atos da vida
civil, ou a exerce de modo imperfeito ou irregular. A pena é também agravada quando cometida contra mulher grávida[2]. 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade.
Caso em que um preso (sob custódia do Estado) que levado a júri sofre uma agressão física. O agente do crime de agressão recebe esta qualificadora. 
J) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido.
São casos em que motivado pelo estado de necessidade (incêndio, naufrágio... onde não há solidariedade humana) o agente se aproveita disto praticando crime – estado de necessidade.
l) em estado de embriaguez preordenada.
Estando o agente embriagado, a embriaguez deve ser pré-ordenada, o agente se embriagada com o fim de adquirir coragem para cometer o delito em apreço. 
Agravantes no caso de concurso de pessoas.
Essas agravantes são utilizadas no caso do agente praticar o delito em concursos de agentes.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
A pena deve ser aumentada para o agente que promove e organiza a atividade criminosa, coordenando o grupo criminoso. Pune-se a liderança.
Agravantes no caso de concurso de pessoas. Artigo 62, do CP.
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; 
Pune-se a coação ou indução para a execução material do crime.
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
Pune-se mais gravemente quem determina ou instiga pessoa sujeita à sua autoridade, ou então pessoa não punível em virtude de sua qualidade pessoal (menor de 18 anos).
Agravantes no caso de concurso de pessoas. Artigo 62, do CP.
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 
Pune a participação mercenária.
Circunstâncias atenuantes.
Circunstâncias atenuantes da pena são fatores que atenuam, diminuem a pena até o limite do mínimo legal (Súmula 231 do STJ), calculadas na 2ª fase da lei penal brasileira. (Melhoram) a condição do réu através de uma conduta que o mesmo praticou antes ou durante a tramitação do processo. No Brasil, as circunstâncias atenuantes, de aplicação obrigatória, estão previstas no artigo 65 do Código Penal. São de aplicação restritiva, não admitindo aplicação por analogia. 
O caput (cabeça, parte principal) do artigo deixa obrigatória a utilização das circunstâncias atenuantes ao utilizar o advérbio sempre. Por conta disso, o juiz é obrigado a levar em conta as atenuantes se as mesmas ocorrerem.
Circunstâncias atenuantes.
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 
O agente que, na época do ato criminoso, tivesse idade superior a 18 anos e inferior a 21 anos de idade (até um dia antes de completar esta idade) é visto como menor penal relativo. Sendo o agente maior de 70 anos, ele recebe também esta atenuante. 
Exemplo: O ex-juiz Nicolau dos Santos Neto que superfaturou as obras do Tribunal Regional do Trabalho da cidade de São Paulo, e o jornalista Pimenta Neves que assassinou a sua namorada. 
II - o desconhecimento da lei.
Necessidade de conclusão de que o réu não possui a mínima condição de saber que o fato seria ilegal, proibido.
III - ter o agente: 
cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
Atenuante que serve para melhorar a pena daquele que comete um delito que diz respeito a um interesse coletivo, i.e. respaldo moral ou social.
Exemplo - Moral: Agredir um agente que denigre a imagem da cidade em que você mora. 
Exemplo - Social: Ajudar na invasão de terra realizada com o intuito de favorecer pessoas desguarnecidas de um lar.
B) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
Trata-se do arrependimento que ocorre logo após o ato criminoso em que o agente procura diminuir as conseqüências do ato causado. Ou faz a reparação do dano (quando material) até o recebimento da queixa ou denúncia.
C) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Coação, ordem superior ou violenta emoção
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
O relevante nesta atenuante é além da confissão em si, os motivos que levaram à confissão como, por exemplo, em caso de arrependimento, demonstrando merecer pena menor.
Persiste longa discussão doutrinária e jurisprudencial no sentido de que a basta confissão da autoria para que seja realizado o reconhecimento da atenuante em questão, enquanto outra parcela da doutrina defende a idéia de que além da confissão da autoria, o agente deve contar toda a verdade, caso contrário o benefício não pode ser reconhecido em favor do agente. 
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
O código exige dois requisitos neste caso de atenuante: 
• que o agente tenha cometido crime por influência de multidão ou tumulto; 
• que este tumulto não tenha sido causado por ele. 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. 
Qualquer circunstância relevante ocorrida antes ou depois da ocorrência do delito que venha de alguma maneira justificar a atenuação da pena. Ex; Sujeito que cometa um delito de cunho sexual, e que na infância também tenha sido vítima de delito similar.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes.
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.

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