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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO NORTE DE MINAS GERIAS CAMPUS SALINAS-MG ACADEMICOS DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Bruna Fernanda Leal Santos¹ Matheus Fillipe Freitas David² “Uso de Esteroides e Anabolizantes na produção animal: Desafios ou oportunidades” Resumo O presente artigo tem por finalidade realizar uma revisão literária, relacionando as questões de uso do esteroides e anabolizantes em animais de produção, apresentando como foco principal o mecanismo de ação destas substâncias, bem como os efeitos provocados por estes agentes e as principais consequências de uso na fisiologia animal. De modo geral os esteroides e anabolizantes são substancias capazes de elevar o ganho, de massa muscular nos animais, melhorando assim o ganho de peso. Seu uso no Brasil ainda é restrito, devido algumas consequências que pode acometer a saúde humana. Afim de compreender todo este processo a busca por conhecimento destas substâncias se torna fundamental uma vez que é um tema ainda polêmico na sociedade. Palavras-chave: Ganho de peso, hormonios, fisiologia animal, ganho alimentar “Use of Steroids and Anabolics in Animal Production: Challenges or Opportunities” Abstract The aim of this article is to perform a literature review, relating the issues of steroid and anabolic use in production animals, presenting as focus the mechanism of action of these substances, as well as the effects caused by these agents and the main consequences of Use in animal physiology. In general, steroids and anabolics are substances capable of raising the gain of muscle mass in animals, thus improving the weight gain of animals. Its use in Brazil is still restricted, due to some consequences that can affect human health. In order to understand this whole process, the search for knowledge of these substances becomes fundamental since it is an issue still controversial in society. Keywords: Gain weight, hormones, animal physiology, Food gain ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 1 Acadêmico regularmente matriculado do 3º período no curso Bacharelado em Medicina Veterinária no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – Campus Salinas – Minas Gerais. Email:brunalealmedvet@gmail.com ² Acadêmico regularmente matriculado do 3º período no curso Bacharelado em Medicina Veterinária no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – Campus Salinas – Minas Gerais. Email:matheusdavid976@gmail.com INTRODUÇÃO No Brasil, os setores de produção animal, têm como objetivo maximizar a produção, aumentando a rentabilidade e a redução de custos da empresa. Os fatores para aumento desta produtividade estão relacionados com a melhoria de pastagens, genética, manejo e outros. A associação desses fatores ao uso de esteroides e anabolizantes podem ser uma saída viável para alcançar tais objetivos (CLIMINI 2008). Os esteroides são hormônios produzidos pelo córtex da supra renal, ou pelas gônadas que no qual são importantes para várias funções no organismo, tais como: controle metabólico ou caráter sexual (HEBERT e HAUPT 1984). Estes hormônios apresentam um núcleo básico derivado da estrutura química do colesterol, portanto são hormônios de natureza lipídica (NUNES, 2009). Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) anabolizantes são substâncias que aumentam a retenção de nutrientes fornecidos pela alimentação, e consequentemente, a retenção de nitrogênio proteico e não proteico, resultando em aumento de peso e massa corporal. A regulamentação oficial para a utilização de anabolizantes em produto de origem animal varia nos diversos países. Conforme cada substância, sua respectiva quantidade permitida, estabelecida e supervisionada pela FAO/OMS (Fatores de Auto Organização /Organização Mundial de Saúde). No Brasil esse controle é executado pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) através do Plano Nacional de Controle de Resíduos em Produtos de Origem Animal – PNCR. Neste contexto tendo em vista a utilização de esteroides e anabolizantes afim de melhorar a produção animal, torna-se fundamental a realização de uma revisão de literatura, com ênfase no mecanismo de ação, efeitos e consequências na fisiologia animal. USO DOS ESTEROIDES E ANABOLIZANTES Anabolizantes em geral, foram desenvolvidos para casos onde é necessário o aumento da massa muscular, fortificação do tecido ósseo e aumento da produção de células vermelhas do sangue e nunca visando às alterações atléticas do animal, caracterizando o doping (CLIMINI 2008). A utilização de anabolizantes em animais é feita para diversos interesses em diferentes animais. Para equinos atletas de competição, o uso de esteroides é aceito por alguns proprietários a fim de obter aumento da massa muscular e fortificação do tecido ósseo, apesar de ser acusado pelo doping. Já em bovinos, o uso assegura o ganho de peso corpóreo para a pecuária de corte, pois causa aumento de apetite e assimilação melhor de nutrientes, provocado pela melhoria na eficiência da síntese proteica. Mas questões relacionadas à qualidade da carne, em termos de ser ou não mais saudável, ainda são questionáveis (DUARTE, 2002). Quanto ao bovino de leite e bezerro, o anabolizante gera melhor produção e desenvolvimento, respectivamente. E em peixes e suínos há utilização de hormônios com atividade anabolizante para melhoria no crescimento e ganho de peso (SANTOS, 2006). Por ter efeitos irregulares em suínos pela variabilidade de metabolismo de cada um, efeitos maléficos em ovinos por desqualificar a carne e benefícios em bovinos pelo ganho de peso acelerado, o uso de anabolizantes ainda é polêmico. E mesmo sua utilização para fins terapêuticos específicos como tratamento de doenças e auxílio na recuperação destas, desperta indecisão, pois os efeitos são dependentes de fatores como a castração, espécie, raça, sexo, idade e alimentação (CARDOSO, 1999). Os anabolizantes são metabolizados no fígado, sendo eliminados, em sua maior parte através da bile ou da urina. No entanto, uma parte dos metabólitos formados no fígado pode entrar no sistema circulatório e permanecer em outros tecidos como resíduos. O emprego de anabolizantes naturais e sintéticos foi proibido no Brasil com base em pesquisas científicas que constataram que esses produtos desencadeiam uma série de efeitos colaterais indesejáveis, dadas às suas peculiaridades químicas e biológicas, suscetíveis de mimetizarem os efeitos dos hormônios no organismo animal e do consumidor humano (CARDOSO et al., 1999). Os efeitos indesejáveis ocorrem com certa frequência e são geralmente resultado de altas doses fornecidas (HOFFMAN e BLIETZ, 1983). Como consequência do uso de anabolizante em bovinos está a presença de resíduos na carne que é um problema a saúde humana. O uso para aumentar a produção das vacas leiteiras não é permitido no Brasil (ROSA, 1987). No que se refere a regulação hormonal do crescimento animal dependerá da integração de vários hormônios, sendo os principais: o hormônio do crescimento, esteroides gonadais, hormônios tireoidianos, insulina e glicocorticóides. Portanto, qualquer alteração no balanço desses hormônios implica em mudanças na taxa de crescimento e mesmo na composição do animal (OLIVEIRA 2009). MECANISMO DE AÇÃO Basicamente os anabolizantes são substâncias que tem a capacidade de incrementar a retenção de nitrogênio fornecido pela alimentação e, com isso, aumentar o teor de proteínas no metabolismo dos animais podendo resultar em uma desempenho produtivae lucratividade considerável. Além disso alguns autores sugerem que podem levar ao aumento do peso e da massa muscular (OLIVEIRA; 2009). De modo geral os anabolizantes, sintéticos ou não, podem ser apresentados na forma de estrógenos (17 -estradiol, benzoato de estradiol e Zeranol,), androgênicos (testosterona, acetato de trembolona, propionato de testosterona, ) ou progestágenos (acetato de melengestrol, progesterona, etc.) (CLIMINI 2008). Em relação ao seu mecanismo de ação podem ser diretamente na célula andrógenos ou indiretamente através do aumento da secreção pituitária de hormônio de crescimento como o estrogênicos e progestágenos, resultando em maior síntese de proteína e, consequentemente, hipertrofia muscular, ou seja maior desenvolvimento do músculo. (PRESTON 1998). Por outro lado o mecanismo de ação dos anabolizante de estrógenos naturais como o estradiol e dos semi-síntéticos como o dietilbestilestrol bem como do zeranol, envolve processos mais generalizados e não específicos. De fato, tem sido observado que a admínistração de estrógenos aumenta os níveis de várias proteínas plasmáticas como, por exemplo de transcortina, de SBP ou de fatores de coagulação (NETO 1998). De acordo com HELDGE (1988) os esteroides por sua vez possui um mecanismo de ação envolvendo a ligação de hormônio esteroide a um receptor especifico do tecido alvo. Sua natureza química não permite que este hormônio se dissolvam facilmente no meio extracelular sendo transportado para a circulação sistêmica por intermédio de proteínas. EFEITOS E CONSEQUÊNCIAS NA FISIOLOGIA ANIMAL Por mais que seja um efeito notável do uso de esteroides e anabolizantes na produção animal, principalmente no que se refere a melhoria na produtividade animal, tanto no aspecto individual como um todo; o uso destes produtos é proibido no Brasil. Segundo dados do MAPA (2011), continua proibido a importação, a produção, a comercialização e o uso de substâncias naturais ou sintéticas, com atividade anabolizante hormonal, para engordar os animais; sendo que a fiscalização será feita pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) do Ministério da Agricultura. Os animais com presença comprovada de anabolizantes hormonais não poderão ser movimentados por um período de seis meses. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como discutido em diversos trabalhos o uso de esteroides e anabolizantes, é proibido no Brasil, visto a preocupação dos resíduos destas substancia na carne e derivados. A fiscalização das propriedades é realizada pelo MAPA que no qual juntamente com a DIPOA são os órgãos federais para a fiscalização. Ainda a muitos questionamentos acerca do seu uso visto os benefícios trazidos por estes produtos porém ainda a necessidade de muito estudo a respeito dos seus efeitos colaterais e influência na saúde humana. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, O. M. et al. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, n. 3, vol. 19, Campinas, setembro. 1999. CLIMINI, S.O. B.; DELLALIBERA, L.F.; MONTEIRO, V.M.; CRETELA, F.; CICOT, R.A.C.; FAGUNDES, S.E.; A legislação quanto à utilização de anabolizantes em bovinos, equinos e cães; revista científica eletrônica de medicina veterinária – issn: 1679-7353 revista científica eletrônica de medicina veterinária; Julho de 2008. Disponível em <www. Norma altera o uso de anabolizantes em bovinos MAPA 2011>. Acesso de 01 de Julho de 2017. DUARTE, R. M. R. et al. Ciência Rural, n. 4, vol. 32, Santa Maria, julho a Agosto, 2002. HEBERT, A; HAUPT,M.D. GEORGE, D.; ROVERE; Anabolic esteroids: a revision de literature The American Journal of Medicine Baltimore, 1984. HEDGE, G. A., COLBY, H. D. & GOODMAN, R. L.; Fisiologia Endócrina Clínica.1º ed., Interlivros Edições Ltda, Rio de Janeiro, p.05 – 86. 1988. HOFFMAN, B., BLIETZ, C. Application of radioimmunoassay (RIA) for the determination of residues of anabolic sex hormones. Journal of Animal Science, v.57, n.1, p.239-246, 1983. NETO,P.J.; Anabolizantes e Pecuária de Corte, Revista de Educação continuada; Vol.1; São Paulo 1998. NUNES, G.L. Esteróides anabolizantes: mecanismos de ação e efeito Revista Digital – Buenos Aires Setembtro de 2009; Disponivel em < www.mecanismo de ação dos esteroides e anabolizantes.com.br> acesso em 01 de Julho de 2017. OLIVEIRA, T.S.; AGUIAR, F. E.; OLIVEIRA, G.G.; Anabolizantes em bovinos: Impactos sobre o crescimento, características de carcaça e segurança alimentar. PUBVET, Londrina, V. 3, N. 26, Julho de 2009. PRESTON, R. L. Strategy for the use of implants in beef cattle production. Simpósio sobre Produção Intensiva de Gado de Corte. CBNA. p. 22. 1998. ROSA, G.O., DODE, M.A.N. Hormônios anabolizantes - revisão. Revista Criadores, v.56; n.686, p.129-137, 1987. SANTOS, B. I. P. et al. Clínica Veterinária, n.13, vol. 24, Viçosa, maio, 2006. PRESTON, R. L. Strategy for the use of implants in beef cattle production. Simpósio sobre Produção Intensiva de Gado de Corte. CBNA. p. 22. 1998.
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