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CRISE DE 29 HENDRIKSEN E VAN BREDA

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Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Ciências Jurídicas e Sociais
Curso de Ciências Contábeis
Disciplina: Teoria da Contabilidade
Professora: Lúcia Silva Albuquerque
Aluno (a)______________________________  
CRISE DE 1929 
 A crise do mercado de ações de New York em 1929 produziu ondas de choque que continuam a ser sentidas 60 anos mais tarde. A década que conduziu a 1929 foi um período muito bom – aparentemente bom demais, em retrospecto. O final da Grande Guerra em 1919 liberou uma demanda reprimida de bens de consumo, instalações industriais e equipamentos que alimentou uma explosão de investimento. A rápida expansão de novas indústrias, como as de rádios, telefones, filmes cinematográficos e, acima de tudo, automóveis, fez aumentar ainda mais essa explosão. Somente a produção de automóveis elevou-se de 485.000, em 1913, para 1.934.000 em 1919 e 5.622.000 em 1929. As taxas extra-oficiais de desemprego chegaram a ser de apenas 3,3%. Os preços eram estáveis, e até caíram um pouco. A produção da mão-de-obra cresceu substancialmente. Os investimentos na Bolsa de Valores de New York cresceram em termos dramáticos, com a quadruplicação do volume médio negociado de 1922 a 1929. Foram alguns dos melhores anos que a economia americana jamais havia tido. 
		Nesse momento, e no curto espaço de apenas dois meses, a expansão terminou e iniciou-se a Grande Depressão. A primeira queda no mercado de ações, em 5 de setembro, foi atribuída às predições sombrias de Roger Babson, um respeitado consultor financeiro de Wellesley, Massachusetts. Na semanas seguintes, as autoridades governamentais e os chamados especialistas procuraram dissipar os temores do público – em vão, pois na segunda – feira, 21 de outubro, e novamente na Quinta-feira, 24 de outubro, o mercado perdeu centenas de milhões de dólares com volumes recordes de negociação. Na Sexta-Feira, Herbert Hoover anunciou que“ a atividade econômica básica do país...continua sólida e próspera”.O mercado reagiu na Terça-feira, 29 de outubro, caindo de maneira virtualmente perpendicular. Ao final do dia, fortunas enormes haviam desaparecido, pois os investidores, em conjunto, tinham perdido 15 bilhões de dólares, pelo menos um suicídio ocorrera, e uma economia poderosa estava em ruínas.
		A Grande Depressão iniciava-se, com toda miséria e privação que os dados estatísticos simplesmente não conseguem descrever. O investimento privado caiu 90%. A produção diminuiu 56%. A firma Arthur Anderson & Co. informou que suas receitas caíram mais de um terço entre 1929 e 1932. À medida que uma empresa atrás de outra fechava suas portas, milhões iam ficando sem trabalho, até que o desemprego alcançou a taxa de 24%.A arrecadação de impostos reduziu-se a ponto de não ser possível pagar os salários de professores e funcionários municipais. As filas para servir sopa aumentavam por todo o país. Mais de nove mil bancos cerraram suas portas nesse período, até 9 de março de 1993, quando todos os bancos do país foram fechados. 
		Até hoje, as causas da crise (e seus efeitos) permanecem em discussão. À época, as empresas forma duramente criticadas pelo papel que se julga terem desempenhado. Os contadores não escaparam incólumes dessa crítica. Adolph Berle, um professor de direito da Columbia University, e Gardiner Means, um economista, escreveram um livro extremamente influente que atribuiu as conseqüências, segundo eles, à concentração do poder e da riqueza nas mãos de muito poucas pessoas. Atribuíram tal concentração de poder, pelo menos em parte, à falta de uniformidade das práticas contábeis e afirmaram que: “Enquanto os padrões de contabilidade não se tornarem mais rígidos, e não houver lei que imponha cânones específicos, os diretores de empresa e seus contadores serão capazes, dentro de certos limites, de apresentar as cifras que quiserem”. Nesse sentido, disseram que a culpa residia “no fato de que os próprios contadores ainda não foram capazes de estabelecer algumas regras padronizadas”.
OBRIGATORIEDADE DE PARECERES DE AUDITORIA
A Bolsa de Valores de New York (Nyse) foi uma das primeiras a reagir à crise. Num discurso à convenção do Instituto Americano de Contadores(AIA), em setembro de 1930, J. M. B. Hoxsey, assistente executivo do comitê de empresas registradas na Nyse criticou severamente a falta de uniformidade na prática contábil. Criticou particularmente nas práticas nas áreas de depreciação e consolidação, nas quais nenhuma regra existia na época. Reclamou que as empresas sequer divulgavam os métodos que estavam empregando. Assinalou que muitas empresas ainda se recusavam a divulgar os valores de suas receitas com receio de que isso ajudasse seus concorrentes. Alem disso, acusou as empresas de serem excessivamente conservadoras ao avaliarem seus estoques e lançarem despesas excessivas de depreciação. (isto era justificado, pelas empresas, como uma parte necessária da divulgação de contas aos credores.) Terminou sua fala com um apelo ao fornecimento de informações adequadas e compreensíveis aos acionistas, argumentando que estas informações deveriam evitar que os acionistas fossem iludidos, ajudando-os a determinar o verdadeiro valor de seus de seus investimentos. 
		A crítica implícita aos contadores era um pouco injusta, porque vários anos antes da AIA tinham procurado, sem resultado, convidar a Nyse para uma discussão. Além disso, a própria Nyse havia sido relativamente descuidada quanto as exigências de registro para a negociação. Embora tivesse sido organizada desde 1792 para facilitar a negociação de títulos de empresas e de governo, não havia procurado obter demonstrações financeiras de empresas registradas senão em 1866. Esse esforço havia tido sucesso muito limitado até que, em 1900, exigiu que todas as empresas que solicitassem registro para negociação publicassem relatórios anuais sobre sua situação financeira e seus resultados operacionais. Esse acordo foi ampliado, em 1926, com a exigência de que todas as empresas registradas publicassem e enviassem aos acionistas um relatório financeiro anual antes da assembléia ordinária. Não era obrigatório, porém, que os relatórios fossem examinados por auditores. 
		O AIA reagiu imediatamente ao discurso de Hoxsey criando uma comissão especial de cooperação com as bolsas de valores, sob a direção de George O. May, presidente do conselho do AIA. Um resultado imediato foi a exigência da Nyse de que, a partir de 1º de julho de 1933, 89 anos após a introdução semelhante na Grã-bretanha, todas as empresas que solicitassem registros na bolsa fornecessem demonstrações financeiras acompanhadas de pareceres de auditores credenciados sobre as leis de algum estado ou país. Tais pareceres deviam obedecer aos critérios de Verification of financial Statements, publicado pelo FRB( Federal Reserve Board) em 1929, e conter uma opinião a respeito da fidedignidade, coerência e, pela primeira vez, conformidade com as práticas contábeis aceitas.
O NEW DEAL ( O NOVO ACORDO)
A despeito da resposta clara dos contadores e da Nyse, muitos achavam que os lideres empresariais não estavam fazendo bastante. Isto não era totalmente incorreto – muitos acreditavam que o país simplesmente havia entrado na fase descendente de um ciclo econômico temporário. Em 2 de julho de 1932, Franklin Delano Roosevelt, candidato do partido democrata à presidência, foi a Chicago fazer o seu discurso de aceitação da candidatura e comprometeu-se “com novas bases para o povo americano”. Herbert Hoover, um republicano pró empresários, foi derrotado e removido da presidência. Em 4 de março de 1933, no discurso de posse feito sob chuva torrencial do lado externo da ala leste do Capitólio, o novo presidente começou afirmando sua “firme crença de que a única coisa a temer é próprio medo.Depois de jogar a culpa pela depressão claramente nas mãos do empresários, que descreveu usando a terminologia bíblica poderosa, como mercadores inescrupulosos saqueando o templo dos Estados Unidos,declarou que era chegado a hora de “ restaurar o templo ás antigas verdades”, dizendo que a medida da restauração(corresponderia) à proporção com a qual aplicarmos valores sociais mais nobres do que o simples ganho monetário”. 
		Com isso, iniciaram-se os famosos 100 primeiros dias do governo de Roosevelt. A lei de Emergência Bancária, permitindo a reabertura dos bancos, foi inicialmente aprovada em 9 de março, após apenas quatro horas de discussão no Congresso. Seguiu-se, em 26 de maio, a lei da Veracidade na emissão de títulos, de 1933, exigindo o registro de títulos oferecidos para a venda ao público e dispositivos contra alegações enganosas e outras atividades fraudulentas. A lei bancária Glass-Steagall, criando a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), e autorizando o seguro integral de depósitos bancários até 10 mil dólares, foi aprovada em 16 de junho. Em apenas três meses, portanto, o mundo financeiro do Laissez-faire havia se transformado num mundo de regulamentação intensa.
		As amplas e rápidas mudanças políticas que ocorriam no país apanharam os contadores profissionais despreparados, pois não tinham estratégia para lidar com a legislação proposta. A situação complicava-se ainda mais com a existência de duas organizações importantes representando os contadores públicos, O Instituto e a Associação, e pela falta de liderança na organização que representava os contadores gerenciais. O que aumentava ainda mais a preocupação era o temor de que os contadores fossem expostos a questionamento hostil, porque muitos achavam que tinham sido responsável pela crise. Em conseqüência, o instituto não se fez representar em nenhuma investigação. E um dos resultados foi de que a primeira versão da Lei de Veracidade na Emissão de Títulos não fez qualquer menção de auditores, e as discussões posteriores pareciam indicar que seriam nomeados auditores do governo. Felizmente, o coronel Arthur H. Carter, sócio da Haskins and Sells, e Presidente da Associação de Contadores públicos Registrados de New York, ajudou muito a área, comparecendo diante de uma comissão do senado, conseguindo convencer os senadores de que auditorias feitas por contadores privados eram essenciais para o bom comprimento dessa lei.
SEC - SECURITIES AND EXCHANGE COMMISSION
Em 26 de junho de 1934, a Securities and Exchange Commisson (SEC) foi criada por um ato do congresso, estabelecendo este órgão fiscalizador independente do governo federal para supervisar o cumprimento da Lei da Veracidade na Emissão de Títulos de 1933, a Lei de Negociação de Títulos de 1934, e várias outras leis.( A lei de 1933 era originalmente supervisionada pela Federal Trade Commission.) A lei de 1934 exige o registro de títulos junto à SEC antes de poderem ser vendidos ao público (com algumas isenções). A lei estipula que determinadas informações financeiras e de outra natureza devem ser divulgadas por meio de um instrumento de registro e um prospecto, ambos permanecendo à disposição para análise pelo público. Além disso, as informações disponíveis ao público devem ser atualizadas por meio de demonstrações financeiras periódicas e outras informações entregues pela empresa. Caso as demonstrações financeiras envolvam alguma ressalva, a SEC deve fazer uma notificação de deficiências que pode levar, em última instância, e se não for eliminada, ao cancelamento do registro do registro das ações da empresa e à suspensão das negociações de tais ações. 
A comissão detém amplos poderes para determinar procedimentos contábeis e a forma das demonstrações financeiras a ela entregues. De 1938, a Comissão envolveu-se em intensas controvérsias quanto a se a própria comissão deveria promulgar um conjunto de princípios contábeis a serem obedecidos por todas as empresas. Em grande parte, devido à capacidade de persuasão do contador chefe da SEC, Carmen Blough, e com a oposição de William O. Douglas, diretor da comissão e mais tarde membro da Suprema Corte, a comissão decidiu, 1938, permitir que os próprios profissionais de contabilidade liderassem o esforço de formulação de princípios contábeis. Essa política foi instituída sob a forma do Accounting Series Release nº4( ARS4), que declarou que a comissão só aceitaria demonstrações financeiras elaboradas de acordo com os princípios contábeis com o “apoio substancial” ou de acordo com regras, regulamentos ou outros pronunciamentos oficiais da comissão ou do contador-chefe. Essa medida criou a política de recurso a princípios e práticas contábeis geralmente aceitos e desenvolvidos no setor privado pelos contadores profissionais. 
referências
 HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. Trad. Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999. 
Atividade Dirigida 
Diante do que foi descrito no texto de Hendriksen e Van Breda (1999) descreva a relação da Crise de 29 com a profissão contábil?
O que é SEC? Quando foram aprovadas as leis que a criaram?
Descreva algumas das ações dos famosos 100 primeiros dias do governo de Roosevelt.

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