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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BARRA DO BUGRES FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E JURÍDICAS CURSO DE DIREITO OTALINA DOS ANJOS VELASCO CRISPIM TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL Barra do Bugres – MT JULHO/2017 OTALINA DOS ANJOS VELASCO CRISPIM TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL Trabalho apresentado à Disciplina de DIREITO EMPRESARIAL II [7º semestre] do curso de Direito, da Faculdade de Ciências Exatas, Tecnológicas e Jurídicas da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Orientadores Profª Ms. Cintya Barra do Bugres – MT JULHO/2017 TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL 1. CONCEITO Os títulos de crédito rural destinam-se ao financiamento de atividades rurais. Visa fortalecer o setor rural, favorecendo um custeio mais adequado da produção e da comercialização de produtos agropecuários incentivando a introdução de métodos mais racionais, mais elaborados no sistema de produção para estimular tanto a produtividade e a geração de renda, e também o melhor uso da mão de obra na agricultura familiar, tendo em vista a carência de metodologia e tecnologia, e sabemos a importância do crédito rural nesse contexto, que para uma maior escala de produção, demanda capital financeiro superior do que normalmente o produtor rural possui. Trata-se de promessa de pagamento em dinheiro, com garantia real, de modo cedular constituída através do penhor (cédula rural pignoratícia), hipoteca (cédula rural hipotecária) ou ambos (cédula rural pignoratícia e hipotecária). Regulamentado juridicamente pelo Decreto-lei nº 167, de 14 de fevereiro de 1967, com o apoio da Lei Federal nº 4.829, de 5 de novembro de 1965, regulamentada pelo também Decreto nº 58.380, de 10 de maio de 1966. 2. ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL 2.1. NOTA PROMISSÓRIA RURAL A Nota Promissória Rural é utilizada nas vendas a prazo de bens de natureza agrícola, quando efetuadas diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas. Segundo o Decreto-lei nº 167/67 (art. 41, §1º) trata-se de título líquido e certo, portanto, passível de execução, e como o próprio decreto considera, são títulos civis, sendo a execução observada pelo Código de Processo Civil (art. 783 e seguintes). Requisitos: a) A denominação “Nota Promissória” expressa na língua em for emitida; b) A data do pagamento; c) O nome do emitente; d) A cláusula à ordem; f) O nome do credor ou a quem deve ser paga; g) A praça de pagamento; h) A soma a pagar em algarismo e por extenso; i) A discriminação dos produtos objetos da venda e compra; j) A data e localidade da emissão; k) A assinatura do próprio punho do emitente ou de mandatário especial. Cabe a ação executiva para a cobrança da nota promissória rural. Dentro do prazo da nota promissória rural, poderá ser feitos pagamentos parciais. Ocorrida a hipótese, o credor declarará, no verso do título, sobre sua assinatura, a importância recebida e a data do recebimento, tornando-se exigível apenas, o saldo. 2.2. DUPLICATA RURAL Utilizado na compra e venda de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, por produtores rurais e cooperativas agrícolas. É um título líquido e certo é de iniciativa do próprio produtor ou da cooperativa, que nela figura como sacador, aparecendo como sacado ou aceitante o comprador de bens de natureza agropastoril. A Duplicada Rural está vinculada a uma Nota Fiscal emitida com pagamento a prazo. Requisitos: a) A denominação “Duplicata Rural”; b) A data do pagamento ou a expressão “à vista”, se o for; c) O nome e domicílio do vendedor; d) O nome e domicílio do comprador; e) A importância a ser paga, em algarismos e por extenso; f) A praça de pagamento; g) A discriminação dos produtos da compra e venda; h) A data e a lugar da emissão; i) A cláusula “à ordem”; j) Reconhecimento de sua exatidão e obrigação de pagá-la (assinatura do comprador ou de representante com poderes especiais); k) A assinatura do próprio punho do vendedor ou de representante com poderes especiais. 2.3. CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA É um título rural que apresenta obrigatoriamente garantia real perante a ausência de seu pagamento. O produtor ou cooperativa devedor se encarregará do papel como fiel depositário, com o dever de zelar e conservar o bem em estado esperado. E antes do pagamento da cédula, os bens apenhados não poderão ser removidos das propriedades nela mencionadas, sob qualquer pretexto e para onde quer que seja sem prévio consentimento escrito do credor. Requisitos: a) A denominação “Cédula Rural Pignoratícia”; b) A data e condição do pagamento; c) O nome do credor; d) A cláusula “à ordem”; e) O valor do crédito, em algarismos e por extenso, com a expressa menção do fim a que se destina o financiamento; f) A descrição dos bens dados em penhor, com discriminação da espécie, qualidade e quantidade; g) A taxa de juros; h) A praça de pagamento; i) A data e lugar da emissão; j) A assinatura do emitente ou de representante com poderes especiais. 2.4. CÉDULA RURAL HIPOTECÁRIA Como prevê o art. 24 do Decreto-lei nº 167/67, representa não só o crédito, como também a garantia hipotecária oferecida pelo devedor que dá em garantia em pagamento, determinado bem imóvel. A cédula hipotecária é título civil, líquido e certo, exigível pela soma dela constante ou do endosso, além dos juros, da comissão de fiscalização, conjuntamente, ou não, se houver demais despesas que o credor tiver realizado para a segurança, regularidade e realização do seu direito creditório. A cédula rural hipotecária - deve ter o valor do crédito deferido, lançado em algarismos e por extenso, com indicação da finalidade ruralista a que se destina o financiamento concedido, e a forma de sua utilização, descrição do imóvel hipotecado com indicação do nome, se houver, dimensões, confrontações, benfeitorias, título e data de aquisição e anotações (número, livro e folha) do registro imobiliário. Requisitos: a) a denominação “Cédula Rural Hipotecária”; b) a data e condições de pagamento; c) o nome do credor; d) a cláusula “à ordem”; e) o valor do crédito, em algarismos e por extenso, com indicação da finalidade a que se destina o empréstimo; f) descrição do imóvel hipotecado; g) taxas dos juros a serem pagos e comissões, se houver; h) a praça de pagamento; i) a data e lugar da emissão; j) a assinatura do emitente. 2.5. CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA E HIPOTECÁRIA É um título rural ao qual se incorpora garantias reais de penhor e de hipoteca, ou seja, abrange tanto bens móveis como imóveis. Requisitos: a) a denominação “Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária” b) a data e condições de pagamento; c) o nome do credor; d) a cláusula “à ordem”; e) o valor do crédito e a finalidade do empréstimo; f) descrição detalhada dos bens móveis dados em penhor; g) discriminação circunstanciada do imóvel hipotecado; h) taxa de juros a pagar e comissões, se houver; i) praça de pagamento; j) a data e lugar da emissão; k) a assinatura do próprio punho do emitente. 2.6. NOTA DE CRÉDITO RURAL São títulos negociáveis regulamentadas pelo Decreto-Lei n°. 167/1967. Emitidos pelos órgãos integrantes do sistema nacional de crédito rural, tais como instituições financeiras, em prol de pessoas físicas ou jurídicas, bem como cooperativas de produtores rurais que se dediquem a algum tipo de atividade rural. Representa financiamento, e embora não tenha garantia pignoratícia nem hipotecária, goza de privilégio especial prevista no art. 964 do Código Civil, tal como a Nota PromissóriaRural e a Duplicata Rural. Requisitos: a) A denominação “Nota de Crédito Rural”; b) Data e condições de pagamento; c) O nome do credor; d) Cláusula “à ordem”; e) O valor do crédito em algarismo e por extenso; f) Finalidade do empréstimo e sua utilização; g) taxa de juros e comissões, se houver; h) a praça de pagamento; i) a assinatura do próprio punho do emitente ou de representante com poderes especiais. 2.7. CÉDULA DE PRODUTO RURAL É um título de título de crédito representativo de promessa de entrega de produtos rurais que pode ser emitida pelos agricultores e suas associações, inclusive cooperativas. Instituído pela Lei nº 8.929, de 22 de agosto de 1994. É endossável e exigível pela quantidade do produto nela previsto. Sua liquidação só é permitida por meio da entrega física da mercadoria. Pode ter ou não garantia cedularmente constituída. O emitente fica obrigado a entregar, em local e data prefixados, ao credor (ou à sua ordem), o produto rural indicado, na qualidade e quantidade especificadas. A Cédula de Produto Rural conterá os seguintes requisitos, lançados em seu contexto, conforme o art. 3° da Lei 8.929/94: I) a denominação “Cédula de Produto Rural”; II) A data da entrega; III) O nome do credor e cláusula “à ordem”; IV) Promessa pura e simples de entregar o produto, sua indicação e as especificações de qualidade e quantidade; V) O local e condições da entrega; VI) Descrição dos bens cedularmente vinculados em garantia; VII) A data e lugar da emissão; VIII) A assinatura do emitente. Conforme se verifica o inciso VI (descrição dos bens cedularmente vinculados), a Cédula de Produto Rural, constituindo-se em promessa de entrega de produtos rurais, há de ter, necessariamente, bens vinculados em garantia, sejam imóveis ou móveis. Pode consistir em: hipoteca, Penhor e alienação fiduciária. Todos títulos causais, porque necessariamente vinculados a financiamentos da atividade rural.
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