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AUTONOMIA DO DIREITO AGRÁRIO É entendimento pacífico entre os jus-agraristas a autonomia do Direito Agrário sob os seguintes aspectos: autonomia legislativa, científica, didática e jurisdicional. 1 Autonomia Legislativa Na autonomia legislativa está a cobrança de uma legislação à altura da complexidade das relações jurídicas agrárias, adicionada das particularidades dos países explorados na ordem internacional. Essas relações sempre foram protegidas de maneira insatisfatória por outros ramos do direito, em especial pelo Direito Civil, sendo seus referenciais: o individualismo e a consagração da propriedade. A Lei de Terras (n° 601/1850), veio pra preencher essa lacuna do legislativo deixado após a revogação do regime colonial de sesmarias, em 1822. Lei esta que estava longe de atender os interesses dos camponeses pobres, mas sim favorecer a concentração das terras. Autonomia legislativa se deu com a EC n. 10/1964, que acrescentou na CF de 1946, a competência da União para legislar sobre o Direito Agrário. Essa EC ensejou a promulgação da Lei n. 4.504/64, o Estatuto da Terra, considerado para muitos como Código Agrário. 2 Autonomia Científica A autonomia científica possui normas e princípios próprios diferentes dos outros ramos do direito. Ademais, o Direito Agrário tem um objeto particularizado. O Estatuto da Terra e sua legislação complementar reforçam a autonomia científica do Direito Agrário, que se dá através dos princípios, objeto e método próprios. Os princípios conforme VARELA (1997, p. 263), são: a) a realização da justiça social; b) a função social da propriedade rural; c) a preservação da biodiversidade; d) o crescimento contínuo da produção e da produtividade, com o fortalecimento da economia nacional; e) o bem-estar econômico e social do homem do campo; f) a fixação à terra dos que a tornarem produtiva com o seu trabalho e de sua família; g) a liberdade e a igualdade do acesso à terra; h) a penalização dos que a possuem sem cumprir sua função social; i) a destinação produtiva das terras públicas, preferencialmente para promover o acesso à igualdade social; j) a proibição do arrendamento das terras públicas; l) a eliminação de todas as formas antieconômicas e anti-sociais do uso da terra agricultável, como o minifúndio e o latifúndio; m) a proteção aos que cultivam a terra, ainda que arrendatários ou parceiros agrícolas; n) o fortalecimento do espírito comunitário; o) combate aos mercenários da terra; p) a imposição constante de novos paradigmas para a ciência jurídica; q) ação coordenada da atividade e da legislação agrária com a ordenação do território. O objeto trata-se das atividades agrárias, o método leva em conta os princípios para abordar um objeto cheio de particularidades visando um fim específico, a justiça social. 3 Autonomia Didática Autonomia didática, no qual se costuma vê-la nos cursos de direito na graduação e pós-graduação. E essa autonomia propicia uma conscientização do problema agrário, Goiás tem sua vocação nas atividades agropastoris. Na Universidade Federal de Goiás, a matéria é dada em nível de graduação, de especialização e de mestrado. O jurista Malta Cardozo já havia recomendado o ensino do Direito Rural desde 1943, porém, o passo decisivo foi através da Resolução n° 3, de 25 de fevereiro de 1972, do Conselho Federal de Educação, em caráter opcional ou eletivo. Somente em 1975 foi recomendado o ensino em caráter obrigatório. A autonomia didática permitiu uma conscientização intensa nesse pouco tempo de ensino e pesquisa, contribuindo para o surgimento de uma doutrina com centenas de obras específicas, além de aumentar grandiosamente o número de especialistas e estudiosos do Direito Agrário. 4 Autonomia Jurídica
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