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1.10 CARACTERÍSTICAS DOS FUROS Os furos são geralmente caracterizados por quatro parâmetros: diâmetro, profundidade, retilinidade e estabilidade. Diâmetro dos furos O diâmetro do furo depende da finalidade do mesmo. Em furos para detonações, há vários fatores que influem na escolha do diâmetro, por exemplo, o tamanho desejado dos fragmentos, após a detonação; o tipo de explosivo a ser utilizado, a vibração admissível do terreno durante a detonação etc. Em grandes pedreiras e outras minerações a céu aberto, furos de grande diâmetro apresentam menores custos de perfuração e detonação por m3 ou tonelada de rocha escavada. Nas minas subterrâneas, as dimensões dos equipamentos de perfuração são determinadas pelo método de lavra adotado. Em trabalhos menores, o diâmetro do furo pode também ser determinado pelo tamanho do equipamento disponível para perfuração, carregamento e transporte. A eleição do diâmetro dos furos depende, também, da produção horária, do ritmo da escavação e da resistência da rocha. A figura 5 mostra a relação entre os diâmetros e o número de furos, porte dos equipamentos de escavação, altura da pilha e granulometria dos fragmentos rochosos após a detonação. Figura 5: Influência do diâmetro no n.º de furos, na fragmentação da rocha, na altura da pilha e no porte do equipamento de carregamento. A figura 6 mostra a relação entre o diâmetro de perfuração e a seção do túnel ou galeria e o tipo de equipamento de perfuração. Figura 6: Influência do diâmetro da perfuração no tamanho da seção da galeria Profundidade dos furos A profundidade do furo determina a escolha do equipamento de perfuração. Em espaços confinados somente ferramentas de perfuração curtas poderão ser usadas. No caso de maiores profundidades (50 a 70 m ou mais) utiliza-se perfuração de fundo de furo, ao invés de martelo de superfície, já que o método de fundo de furo proporciona mais eficiência de transmissão energética e remoção dos cavacos de rocha a essa profundidade. Quando utilizamos martelos DTH a energia é em princípio transmitida da mesma forma com a vantagem de que o pistão da perfuratriz trabalha diretamente sobre a broca. Retilinidade do furo A retilinidade de uma perfuração varia, dependendo do tipo e natureza da rocha, do diâmetro e da profundidade do furo, do método e das condições do equipamento utilizado, da experiência do operador. Na perfuração horizontal ou inclinada, o peso da coluna de perfuração pode concorrer para o desvio do furo. Ao perfurar furos profundos para detonação, o furo deve ser tão reto quanto possível para que os explosivos, sejam distribuídos corretamente, para se obter o resultado desejado. Para compensar o desvio dos furos às vezes é necessário furar com menor espaçamento o que resulta em maior custo. Um problema particular causado por um furo com desvio é a possibilidade de encontrar-se com um outro já perfurado, causando a detonação de cargas por “simpatia”. A probabilidade do equipamento se prender é grande e a detonação não pode ser executada adequadamente. Além do desvio do furo propriamente dito, o alinhamento pode ser afetado pelo desalinhamento da lança e pelo cuidado durante o emboque do furo. Estabilidade do furo Outra necessidade em perfuração é que o furo permaneça “aberto” enquanto estiver sendo utilizado para carregamento de explosivos. Em certas condições, por exemplo, quando a perfuração é em material “solto” ou rocha (que tendem a desmoronar e tapar o furo), torna-se essencial estabilizar-se o furo com tubos ou mangueiras de revestimentos. 1.11 PERFURAÇÃO VERTICAL X INCLINADA Principais vantagens da perfuração inclinada melhor fragmentação; diminuição dos problemas de repé devido ao melhor aproveitamento das ondas de choque na parte crítica do furo (linha de greide, pé da bancada); maior lançamento; permite maior malha; permite redução da Razão de Carregamento que pode ser obtida pelo uso de explosivos de menor densidade; maior estabilidade da face da bancada; menor ultra-arranque. Principais desvantagens da perfuração inclinada menor produtividade da perfuratriz; maior desgaste de brocas, hastes e estabilizadores; maior custo de perfuração; maior comprimento de furo para uma determinada altura da bancada; maior risco de ultralançamentos dos fragmentos rochosos. 1.12 MALHAS DE PERFURAÇÃO A geometria das malhas de perfuração pode ser quadrada, retangular, estagiada, triângulo eqüilátero ou malha alongada: A E a) malha quadrada b) malha retangular c) malha estagiada (pé de galinha) Malhas quadradas ou retangulares: devido a sua geometria é de fácil perfuração (menor tempo de locomoção de furo a furo). Malhas estagiadas: devido a geometria de furos alternados dificulta a perfuração (maior tempo de locomoção furo a furo), porém possui melhor distribuição do explosivo no maciço rochoso. Malha Triângulo Eqüilátero: são malhas estagiadas com a relação E/A = 1,15. São indicadas para rochas compactas e duras. Possuem ótima distribuição da energia do explosivo na área de influencia do furo, maximizando a fragmentação. O centro do triângulo eqüilátero, o ponto mais crítico para fragmentação, recebe igual influência dos três furos circundantes. Malhas alongadas: : Conforme a relação E/A as malhas podem assumir várias configurações. As malhas alongadas possuem elevada relação E/A, geralmente acima de 1,75. São indicados para rochas friáveis/macias aumentando o lançamento por possuírem menor afastamentos. 1.13 SELEÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE PERFURATRIZES A tabela 1 apresenta um resumo dos fatores que devem ser avaliados durante o processo de seleção do método e equipamento de perfuração. Durante o processo de seleção do método e do equipamento de perfuração é necessário discutir e adequar estes fatores às características da jazida ou mina, de forma a se fazer a melhor escolha. Tabela 1 - Fatores para seleção dos diferentes tipos de perfuratrizes. Fonte: Moraes, 2001 Fatores Perfuratriz rotativa Perfuratriz de martelo de superície Perfuratriz de martelo de fundo de furo Diâmetro do furo, mm 165 a 228 em rocha macia a média 250 a 432 em todas formações, incluíndo muito dura. 38 a 127. 152 a 228 em formações média a muito dura; diâmetros menores em furos longos. Tipo de rocha Formações na faixa de macia a muito dura. Média a muito dura. Media a muito dura. Restrições em rochas muito fraturadas. Profundidade máxima do furo, m Maior que 60 m. Menor que 20 m. Maior que 60 m. Volume de ar requerido Grandes vazões para se ter uma limpeza eficiente do furo. O ar tem dupla função: limpeza do furo e acionamento do martelo. Não pode usar pressões tão altas como no martelo de fundo. Máquinas hidráulicas reduzem bastante o consumo de ar. A taxa de penetração aumenta com o aumento da pressão de ar, mas o volume de ar requerido também. Avanço (pulldown) requerido Baixo em formações maciasa muito alto em rochas duras. Altas taxas de penetração podem ser alcançadas com menores pressões de avanço. Boa penetração com menos carga de avanço. Velocidade de rotação, rpm Requer alta velocidade em rocha macia e velocidades mais baixas em rocha dura. Rotação para o bit é aproximadamente de 100 a 120 rpm para furos de 64 mm, em rocha macia; em rocha dura, 75 a 100 rpm para furos de 64 mm e 40 a 50 rpm para furos de 127 mm. Opera com menores velocidades de rotação: 30 a 50 rpm para rocha macia; 20 a 40 para rochas intermediárias e 10 a 30 rpm para rochas duras. Taxa de penetração Aumenta com o aumento do diâmetro da broca; diminui com o aumento da resistência da rocha. Taxas iniciais mais altas que o método de martelo de fundo. Taxa cai com cada haste adicionada. Taxa decresce com o aumento do diâmetro. Taxas relativamente constantes ao longo do furo. Maiores taxas em rochas duras, na faixa de diâmetro de 152 mm a 228 mm, comparando-se com o método rotativo. Níveis de ruído Geralmente baixo. Ruído é crítico: imacto do martelo e ar comprimido. Máquinas hidráulicas possuem menor nível de ruído. Nível de ruído é mais baixo que o método de martelo de superfície. Ruído é dissipado dentro do furo. 1.14 CÁLCULO DOS COMPONENTES DA PERFURATRIZ a) Número de furos por dia (Nf ) df F NxHxExA VA N sendo: VA = volume anual (m3); A = afastamento (m); E = espaçamento (m); Hf = comprimento do furo (m); Nd = dias trabalhados por ano. b) Profundidade Total perfurado por ano (PT) PT = Nf x Hf x Nd (m) sendo: Nf = número de furos por dia; Hf = comprimento do furo (m); Nd = dias trabalhados durante o ano. c) Metros diários perfurados por uma perfuratriz (MP) MP = NH x TP x DM x RMO x U sendo: NH = número de horas/dia trabalhado por uma perfuratriz; TP = taxa de penetração (m/h); DM = disponibilidade mecânica da perfuratriz (%); RMO = rendimento da mão-de-obra (%); U = utilização do equipamento (%). d) Número de perfuratrizes necessárias (NP) MPxN P NP d T Exemplo Uma mineração pretende produzir anualmente 1.000.000 m3 de hematita. Seu desmonte de rocha apresenta as seguintes características: - Malha de perfuração: Afastamento (A) = 2,5 m; Espaçamento = 5,0 m; Altura do banco = 10 m; Inclinação dos furos = 0; Diâmetro da perfuração = 4” (102 mm) Taxa de penetração da perfuratriz: 40 m/h - Disponibilidade mecânica do equipamento: 85% - Rendimento da mão de obra: 80% - Utilização do equipamento : 80% - Dias de trabalho no ano: 365 - Horas trabalhadas por dia: 8 h - Comprimento das hastes: 3 m. A vida útil média dos componentes é a seguinte: - bits (coroas) : 2.500 m - punho : 2.500 m - haste e luvas : 1.500 m Calcular o número de perfuratrizes necessárias para executar a perfuração, e os componentes gastos anualmente (hastes, luvas, punhos e coroas). a) Número de furos por dia (Nf ) N VA A x E x H x x x xF f 365 1000000 2 5 5 10 365 22 . . , b) Profundidade Total perfurado por ano (PT) PT = Nf x Hf x Nd = 22 x 10 x 365 = 80.300 m c) Metros diários perfurados por uma perfuratriz (MP) MP = NH x TP x DM x RMO x U = 8 x 40 x 0,85 x 0,8 x 0,8 = 174,08 m e) Número de perfuratrizes necessárias (NP) NP P x MP x T 365 80300 365 174 08 126 . , , Obs.: Matematicamente o cálculo aponta, aproximadamente, para a necessidade de duas perfuratrizes. Entretanto, a escolha correta será de uma só perfuratriz, pois basta aumentarmos o número de horas trabalhadas por dia para obtermos a produção diária desejada. Outra possibilidade seria a de perfurar com uma maior taxa de penetração. e) Relação entre metros de haste e metro de furo (K) K H C C x f 2 10 3 2 3 217, f) Número de hastes (NH) e luvas (NL) N e N P x K vida util x H L T 80300 217 1500 116 . , g) Número de punhos (NP) N P vida utilP T 80300 2500 32 . . h) Número de coroas (NB) 32 2500 300.80 utilvida P N TC 1.15 CÁLCULO DO CUSTO TOTAL DA PERFURAÇÃO Custo Total da Perfuração/m (CTP) Uma expressão relativamente simples, mas bastante interessante análise, foi recentemente apresentada por Robert W. Thomas, da Baker Hughes Mining Tools Inc., que pode ser assim enunciada: CTP A M D VP sendo: A = custo da ferramenta de perfuração (brocas e cortadores); M = vida útil da ferramenta em metros; D = custo horário da perfuratriz (custo de propriedade e custo operativo); VP = velocidade de penetração (m/h). O exemplo a seguir evidencia que a soma expedida na aquisição de uma broca com uma maior velocidade de penetração, aumenta os dividendos, pois o custo total de perfuração será reduzido e a produção aumentará. Exemplo do CTP Uma perfuratriz trabalha em uma mina de cobre a céu aberto, com uma broca de diâmetro de 12¼”. Considerando os seguintes dados: - Velocidade de penetração da broca normal: 25,0 m/h - Custo da broca normal: US$ 5.356 - Velocidade de penetração da broca especial XP: 27,5 m/h - Custo da broca especial XP: US$ 6.169 - Vida útil da broca: 3.000 m Broca normal: CTP US m US h m h US m $ . . $ / / $ , / 5356 3000 450 25 19 785 Broca especial XP: CTP US m US h m h US m $ . . $ / , / $ , / 6169 3000 450 27 5 18 420 Diferença de custo: US$ 1,365/m (6,9%) Velocidade de penetração da BROCA NORMAL = 25,0 m/h Velocidade de penetração da BROCA ESPECIAL XP = 27,5 m/h INCREMENTO DE PRODUTIVIDADE = 2,5 m/h (10%) Um acréscimo de apenas 10% na velocidade de perfuração representa uma economia de US$ 409.500,00 por ano, em um programa de perfuração de 300.000 m, isto é: (US$ 1,365/m x 300.000 m = US$ 409.500,00).
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