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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM conteúdo online 2017

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Aula 01 – Teorias de Desenvolvimento: Introdução 
• Ao final desta aula, você será capaz de: tomar conhecimento dos objetivos e valores que delineiam o 
estudo científico do desenvolvimento humano nos domínios: biossocial, cognitivo e psicossocial, 
identificando seus fundamentos e aplicação no estudo da infância e adolescência e consequentemente 
na prática docente. 
 
Nesta aula, iremos explorar o que trata a disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, o que 
ela propõe estudar e qual sua contribuição para nossa formação enquanto educadores e docentes. 
 
A Psicologia pode ser considerada como a ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, 
pensamento, razão) e o comportamento humano e animal. 
 
• As antigas concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo sofreram 
uma revolução com as ideias introduzidas por Piaget. 
• Jean Piaget (Neuchâtel, 9 de agosto de 1896 – Genebra, 16 de setembro de 
1980), estudou inicialmente biologia e, posteriormente, se dedicou à área de 
psicologia, epistemologia e educação. Foi professor de psicologia na universidade de 
Genebra, Suíça, de 1929 a 1954, e ficou conhecido principalmente por organizar o 
desenvolvimento cognitivo em uma série de estágios. 
• Em seus estudos, Piaget partiu de pesquisas baseadas na observação e em 
entrevistas que realizou com crianças. Interessou-se fundamentalmente pelas relações 
que se estabelecem entre o sujeito que conhece e o mundo que tenta conhecer. Piaget considerou-se 
um epistemólogo genético, porque investigou a natureza e a gênese do conhecimento nos seus 
processos e estágios de desenvolvimento. 
Piaget fez a distinção entre dois problemas da Psicologia, que serão objeto do nosso estudo: o 
desenvolvimento em geral, e a aprendizagem. Ele acreditava que estes problemas eram muito diferentes, 
ainda que algumas pessoas não fizessem esta distinção. 
 Desenvolvimento em geral 
Piaget considera o desenvolvimento do conhecimento como um processo espontâneo, ligado ao processo 
global da embriogênese1. 
 
Trata-se de um processo de desenvolvimento total que devemos re-situar no contexto geral biológico e 
psicológico. 
Assim, define o desenvolvimento como um processo que se relaciona com a totalidade de estruturas do 
conhecimento. 
 Aprendizagem 
Piaget considera que a aprendizagem é o oposto do desenvolvimento. Ela é provocada por situações 
desafiadas por: um experimentador psicológico; um professor, com referência a algum ponto didático; ou uma 
situação externa. Ela é provocada, em geral, como oposta ao que é espontâneo. 
Trata-se de um processo limitado a um problema simples ou uma estrutura simples. 
 
A partir destas ideias, considera que o desenvolvimento explica a aprendizagem, e esta opinião é contrária à 
opinião amplamente sustentada de que o desenvolvimento é uma soma de unidades de experiências de 
aprendizagem. 
 
Segundo Piaget (1972), para alguns psicólogos o desenvolvimento é reduzido a uma série de itens 
específicos aprendidos, e então o desenvolvimento seria a soma, a acumulação dessa série de itens 
específicos. 
 
1 A embriogênese diz respeito ao desenvolvimento do corpo, mas também ao desenvolvimento do sistema nervoso e ao 
desenvolvimento das funções mentais. No caso do desenvolvimento do conhecimento nas crianças, a embriogênese só termina na 
vida adulta. 
 
Ele classifica essa visão de atomista, que deforma o estado real das coisas. Na realidade, para ele, o 
desenvolvimento é o processo essencial, e cada elemento da aprendizagem ocorre como uma função do 
desenvolvimento total, em lugar de ser um elemento que explica o desenvolvimento. 
 
Para compreendermos o desenvolvimento do conhecimento2, devemos também compreender uma ideia que 
parece central para Piaget, que é a ideia de uma operação. 
 
Conhecer é modificar, transformar o objeto, e compreender o processo dessa transformação e, 
consequentemente, compreender o modo como o objeto é construído. 
 
Sendo assim uma operação é a essência do conhecimento. É uma ação interiorizada que modifica o objeto do 
conhecimento. 
 
Uma operação3 é um grupo de ações modificando o objeto, e possibilitando ao sujeito do conhecimento 
alcançar as estruturas da transformação. 
 
As pessoas estão sempre evoluindo com taxas, graus, aspectos, rumos específicos de sua evolução, sendo 
muito mais variáveis do que podemos supor. 
 
Essa plasticidade ou capacidade de modificação denota dois aspectos complementares do 
desenvolvimento4: as características humanas podem ser moldadas em diferentes formatos, embora as 
pessoas mantenham uma certa durabilidade e substância de ano para ano. 
 
O estudo do desenvolvimento tem como finalidade produzir teorias sobre as modificações humanas que 
ocorrem em todos os estágios da vida. Esse conhecimento pode ser utilizado como ferramenta para ajudar as 
pessoas a desenvolverem seu pleno potencial humano. 
 
Veja a seguir o que os educadores podem fazer para tornar isso possível. 
 
Cabe aos educadores e docentes atuantes em espaços de aprendizagem (particularmente nas escolas, 
primeiro agente socializador para além da família) dar condições ao aprendiz de ter um desenvolvimento 
saudável e adequado dentro do ambiente escolar5 e, consequentemente, no social. 
 
Para isto, é preciso conhecer o aprendiz, seu nível de desenvolvimento e suas possibilidades e limitações, 
para estabelecer relações interpessoais favoráveis de troca, assim como elaboração e testagem de hipóteses. 
 
Desse modo, a psicologia6 pode contribuir para que a escola humanize sua ação, oportunizando aos seus 
participantes o pleno desenvolvimento, condição fundamental para seus aprendizados escolares. 
 
 
 
2 “Conhecimento não é uma cópia da realidade. Para conhecer um objeto, para conhecer um acontecimento não é simplesmente 
olhar e fazer uma cópia mental, ou imagem, do mesmo. Para conhecer um objeto é necessário agir sobre ele.” 
3 Por exemplo, uma operação consistiria na reunião de objetos em uma classe, para construir uma classificação; consistiria na 
ordenação ou colocação de coisas em uma série; ou consistiria em contagem ou mensuração. 
4 “O estudo do desenvolvimento originou-se da necessidade de se resolverem problemas práticos e (...) de pressões para melhorar a 
educação, a saúde, o bem-estar e a situação legal das crianças e de suas famílias. ” (HETHERINGTON, 1998, apud BERGER, 2003, p.3) 
5 Para Saltini (1997) as escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. 
Para ele as escolas têm contribuído em demasia para a construção de “neuróticos por não entenderem de amor, de sonhos, de 
fantasias, de símbolos e de dores”. 
6 Claparède já sinalizava sobre as contribuições da Psicologia nas práticas educativas, em seu livro: “A escola e a Psicologia 
Experimental”, traduzido por Lourenço Filho. 
Verifique seus conhecimentos! 
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 Conhecer é modificar, transformar o objeto, e compreender o processo dessa transformação e, 
Consequentemente, compreender o modo como o objeto é construído. 
 Piaget revolucionou as concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo partindo de 
pesquisas baseadas na observação e em entrevistas que realizou com crianças. 
 A Psicologia pode ser considerada como a ciência que estuda os processos mentais (sentimentos, 
pensamento, razão) e o comportamento humano e animal. 
 A embriogênese diz respeito ao desenvolvimento do corpo, mas também ao desenvolvimento do 
sistema nervoso e ao desenvolvimento das funções mentais. 
 Todas as opções são verdadeiras 
 
Ao longo das aulas, apresentaremos nosso estudo sobre desenvolvimento e aprendizagem nas diferentes 
etapas da vida humana,a partir de três domínios. 
 
Segundo Berger, “conhecer a criança implica estudar sua saúde (biossocial), sua curiosidade (cognitivo) e seu 
temperamento (psicossocial), bem como dezenas de outras características do desenvolvimento pertencentes 
aos três domínios predominantes. ” 
 
 Biossocial → diz respeito ao crescimento e às modificações que ocorrem no corpo de uma pessoa, 
além dos fatores genéticos, nutricionais e de saúde que afetam esse crescimento e tais modificações. 
Também fazem parte do desenvolvimento biossocial: as habilidades motoras; os fatores sociais e 
culturais que afetam essas áreas como, por exemplo, a duração da amamentação ao seio, a educação 
de crianças com necessidades especiais e as atitudes quanto às formas ideais do corpo. 
 Psicossocial → diz respeito ao desenvolvimento das emoções, do temperamento e das habilidades 
sociais. As influências da família, dos amigos, da comunidade, da cultura e da sociedade como um 
todo são especialmente importantes para esse domínio. Assim sendo, diferenças culturais relativas ao 
valor das crianças ou às ideias sobre os papéis “apropriados” a cada sexo, ou ao que é considerado a 
estrutura familiar ideal, são considerados parte desse domínio. 
 Cognitivo → diz respeito aos processos mentais utilizados para obtermos conhecimentos ou para nos 
tornarmos conscientes do ambiente. A cognição abrange percepção, imaginação, discernimento, 
memória e linguagem, que são processos utilizados pelas pessoas para pensar, decidir e aprender. A 
educação, incluindo o currículo formal das escolas, a instrução informal proporcionada pela família e 
pelos amigos, e outros espaços sociais, além do resultado da curiosidade e da criatividade individuais, 
também fazem parte desse domínio. 
 
Embora o estudo do desenvolvimento seja organizado em aspectos ou domínios predominantes e depois 
segmentado por faixa etária, devemos ter consciência de que o desenvolvimento é holístico. 
Isto significa que cada pessoa cresce como um todo integrado, embora os diferentes aspectos ou domínios do 
seu desenvolvimento sejam estudados separadamente em diferentes disciplinas acadêmicas. 
Este estudo considerará, também, os contextos da vida humana: histórico e cultural. 
Em nosso estudo, iremos utilizar os conhecimentos construídos pela ciência, por pesquisadores do 
desenvolvimento e da aprendizagem. 
 
A ciência se utiliza do método científico que parte da: observação da realidade, identificando um problema de 
estudo; elaboração de hipóteses; testagem das hipóteses; e elaboração de conclusões com base nesses 
dados. A etapa final de uma pesquisa científica deve culminar na socialização e/ou publicação de seu 
processo e resultados. 
 
Para a testagem das hipóteses são utilizados diferentes procedimentos metodológicos. 
 
1. Observação: Para que uma observação seja considerada científica, deve preencher determinadas 
condições, como: ter um objeto perfeitamente definido, ser planejada e registrada sistematicamente. 
Essas observações devem ser comprovadas quanto a sua validez e confiabilidade. Exige do 
observador mais do que um simples olhar, mas um “ver” além das aparências. 
2. Experiência de laboratório: A partir da observação o pesquisador estabelece para o fenômeno uma 
solução provisória denominada hipótese, que será ou não confirmada mediante uma experimentação. 
A experimentação é o estudo de um fenômeno provocado artificialmente no sentido de verificar uma 
hipótese. Ao contrário do observador que não deve ter ideias pré-concebidas do fato observado, pois 
tem um papel passivo no processo, o experimentador vai ser acima de tudo o elemento ativo, isto é, 
agirá e reagirá ante os fenômenos a serem verificados, conforme a hipótese. Sob o ponto de vista 
legal e ético, também existem limitações a experimentação em determinadas áreas, como a nossa, 
cujo objeto é o ser humano. O experimento é uma investigação destinada basicamente a identificar 
causa e efeito. 
3. Levantamento: No levantamento as informações são coletadas através de pessoas por meio de 
entrevistas e questionários, ou outro meio. Essa é uma maneira fácil, rápida e direta de obter dados. 
Embora esses métodos sejam vulneráveis a tendenciosidade da parte do pesquisador e dos 
respondentes. 
4. Estudo de caso: É um estudo intensivo de um indivíduo através de entrevistas, observação, 
experimentos, testes padronizados, inventários de personalidade e testes de inteligência. Os estudos 
de caso podem fornecer um grande número de detalhes, o que torna ricos para gerar novas visões. 
 
As pesquisas sobre desenvolvimento têm quase sempre o objetivo de identificar mudanças ao longo de um 
período. Nem sempre as mudanças são diretas e lineares, o desenvolvimento pode ocorrer de modo irregular, 
em etapas e também de outras maneiras. 
 
Assim temos que projetar nossas pesquisas sobre desenvolvimento de modo a incluir o tempo ou a idade 
como fatos. Em geral fazem isso em projetos de pesquisa com cortes transversais ou longitudinais, ou ainda 
utilizando os dois. Logo, estes estudos podem acontecer através de três tipos de pesquisa. 
 
 Transversal: Onde o grupo de pessoas diferem em idade, mas compartilham outras características 
importantes, como nível de instrução, condições socioeconômicas, formação étnica, onde são 
comparadas em relação à variável que esteja sob investigação. 
 Longitudinal: Permite que os pesquisadores comparem informações sobre as mesmas pessoas em 
diferentes idades, ele elimina os efeitos das variáveis relativas a formação, mesmo aquelas das quais 
o pesquisador é consciente. Ela é útil no estudo do desenvolvimento durante um longo espaço de 
tempo. Pesquisas longitudinais repetidas podem revelar não só o grau de modificação, mas também, o 
processo dessas modificações. 
 Transequencial: Também conhecida como sequencial por corte ou sequencial por tempo. Nela os 
pesquisadores estudam vários grupos de pessoas de idades diferentes (abordagem transversal) e 
depois acompanham esses grupos longitudinalmente. 
 
É preciso que todo pesquisador se preocupe com a ética tanto no desenvolvimento das pesquisas, no 
tratamento dos dados, no sigilo dos mesmos, quanto na sua divulgação, bem como na escolha do problema a 
ser investigado, que precisa ser relevante socialmente, ou seja, trazer alguma contribuição para a realidade 
social. 
Ao nos apropriarmos desses conhecimentos poderemos nos tornar investigadores da nossa própria prática, 
passando a identificar, compreender e buscar soluções para os problemas, nela identificados. 
 
Verifique seus conhecimentos! Clique e arraste para correlacionar as colunas. Após terminar, clique 
em OK. 
• Domínio Psicossocial → diz respeito ao desenvolvimento das emoções, do temperamento e das 
habilidades sociais. 
 
• Domínio Biossocial → diz respeito ao crescimento e às modificações que ocorrem no corpo de uma 
pessoa, além dos fatores genéticos, nutricionais e de saúde que afetam esse crescimento e tais 
modificações. 
• Domínio Cognitivo → diz respeito aos processos mentais utilizados para obtermos conhecimentos ou 
para nos tornarmos conscientes do ambiente. 
 
 
 
 
 
Aula 02 – teorias do conhecimento 
Objetivos: 
• Familiarizar-se com os objetivos e valores que delineiam o estudo científico do desenvolvimento 
humano nos domínios: biossocial, cognitivo e psicossocial; 
• Identificar e caracterizar as grandes teorias sobre esta área de conhecimento e as novas teorias sobre 
seus fundamentos. 
 
Embora o estudo científico do desenvolvimento humano seja didaticamente mais fácil através da divisão de 
domínios, cabe relembrar que o desenvolvimento não se divide em partes, mas é holístico na medida em que 
cada domínio do desenvolvimento tem relação com todos os três domínios predominantes. 
 
O que fazem as teorias? 
Elas fornecem uma infraestrutura de princípios geraisque podem ser utilizados para orientar as pesquisas e 
explicar observações. Cada teoria sobre o desenvolvimento interpreta o desenvolvimento humano de forma 
diferente. 
 
De outro lado cabe entender os elementos das representações sociais sobre o desenvolvimento humano 
pelos educadores e refletir sobre a importância dessas representações no cotidiano do cenário educacional. 
 
Almeida e Cunha, pesquisadoras da Universidade de Brasília e da Universidade Católica de Brasília 
realizaram um estudo tendo como sujeitos 210 educadores distribuídos em quatro subgrupos: 60 educadores 
de crianças, 60 de adolescentes, 60 de adultos e 30 de idosos. Além dos elementos constituintes das 
representações de desenvolvimento, esse estudo permitiu identificar sua organização interna. 
 
Os resultados mostram que a criança foi associada com brincadeiras, inocência e dependência; o adolescente 
com transformações no corpo, crises existenciais e sexualidade; o adulto com produtividade, trabalho, 
estabilidade e, o idoso com sabedoria e experiência. 
Estes resultados do estudo evidenciam as bases científicas do conhecimento popular acerca do 
desenvolvimento humano. 
 
As grandes teorias sobre desenvolvimento humano (como saber científico) que têm ancorado as ideias de 
senso comum, bem como as teorias emergentes na contemporaneidade, são o alvo de tematização. 
 
Essas teorias podem ser divididas em dois grupos. 
 
1° Grupo de teorias 
1) a abordagem psicanalítica de Freud e a versão de Erikson sobre esta base teórica; 
 
2) a teoria behaviorista da aprendizagem, que tem como objeto de estudo o comportamento, e como foco 
básico a estrutura e o desenvolvimento de processos do pensamento e do conhecimento do indivíduo; 
 
3) as teorias que mostram que as pessoas procuram conhecer experiências no processo que forma conceitos 
e estratégias cognitivas, ou seja, cada pessoa tenta fazer com que as novas experiências façam sentido 
conciliando-as com seu conhecimento já existente. 
 
2° Grupo de teorias 
Contribuições apresentadas pelas teorias sociocultural e epigenética, como forma de ampliar a compreensão 
acerca das visões teóricas sobre o desenvolvimento humano. 
 
Essas teorias foram consideradas, por Berger, como emergentes entre as teorias do desenvolvimento 
humano. 
 
A seguir, você terá mais informações sobre estas diferentes teorias. 
 
A teoria psicanalítica de Freud interpreta o desenvolvimento humano em termos de impulsos e motivos 
intrínsecos, muito dos quais são irracionais e inconscientes. 
 
Segundo Freud o desenvolvimento nos seis primeiros anos ocorre em três fases, cada qual caracterizada pelo 
interesse e pelo prazer sexual concentrados em uma determinada parte do corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
Após estas três fases ocorre um interlúdio1, entre os sete e onze anos, denominado latência. 
Por volta dos 12 anos a pessoa entra na fase genital. 
 
Para Freud, as emoções relativas a cada fase permanecem como forças poderosas, mas 
disfarçadas na personalidade adulta, parte do legado inconsciente da infância. 
 
A maneira como a pessoa suporta e resolve os problemas na infância, determina sua 
personalidade e seus padrões de comportamento durante toda a vida. 
 
Assim como os demais seguidores de Freud, Erikson reconhece a importância das forças inconscientes e 
irracionais. Entretanto, considerando insuficientes as fases propostas por Freud, sugeriu, no lugar delas, oito 
fases de desenvolvimento, que cobrem todos os estágios da vida. Cada uma destas fases é caracterizada por 
uma crise de desenvolvimento que, sendo fundamental, precisa ser resolvida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diligência: Cuidado, zelo com alguma coisa. 
Segundo esta teoria, a solução de cada crise do desenvolvimento depende da interação entre as 
características do indivíduo e qualquer que seja o suporte oferecido pelo ambiente social. 
A teoria behaviorista da aprendizagem focaliza os meios pelos quais as pessoas aprendem comportamentos 
específicos. 
 
Segundo a visão destes teóricos, todo desenvolvimento envolve um processo de aprendizagem e, portanto, 
não ocorre só em determinadas fases que dependem da idade e do amadurecimento. 
 
A teoria da aprendizagem toma como base o estímulo2 e a resposta3. A aprendizagem se dá por meio do 
condicionamento, processo através do qual uma determinada resposta é desencadeada por um estímulo. 
 
Condicionamento Clássico 
A aprendizagem se dá por meio de associações e o estímulo neutro torna-se um estímulo condicionado. 
 
1 Intervalo, pausa. 
2 Ação ou evento 
3 Reação comportamental com a qual o estimulo está associado 
Condicionamento Operante 
O reforço promove a aprendizagem de forma que repostas fracas ou raras tornam-se fortes e frequentes. 
 
Outro conceito importante é o de aprendizagem social, em que os comportamentos observados tornam-se 
comportamentos copiados por meio da modelagem. 
 
A teoria cognitiva tem como foco principal a estrutura e o desenvolvimento dos processos de pensamento e 
de conhecimento do indivíduo. 
 
Segundo Piaget, o principal teórico desta visão há quatro períodos de desenvolvimento cognitivo: Sensório 
Motor, Pré-operacional, Operacional Concreto e Operacional Formal. 
 
Para Piaget, cada pessoa tenta fazer com que as novas experiências façam sentido conciliando-as com seu 
conhecimento já existente. No ponto de vista do autor, este processo é conduzido pela necessidade humana 
de equilíbrio mental, denominado, por ele, como equilíbrio cognitivo. 
 
Desta forma, a adaptação cognitiva ocorre de duas maneiras: pela assimilação4 e pela acomodação5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A teoria sociocultural de Vygotsky encontra-se no bloco das teorias emergentes. Essa teoria explica o 
desenvolvimento humano em termos da orientação, do suporte e da estrutura proporcionados pela cultura. 
Uma aplicação no cotidiano do processo ensino aprendizagem desta visão é a possibilidade de se trabalhar 
com a ideia de que os educadores devem atuar como mentores que orientam os aprendizes através da zona 
de desenvolvimento proximal*. 
* Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre o nível atual/ real de desenvolvimento da criança, 
determinado pela sua capacidade atual de resolver problemas individualmente e o nível de desenvolvimento 
potencial, determinado através da resolução de problemas sob a orientação de adultos ou em colaboração 
com os pares mais capazes. 
O aprendiz e a sociedade se desenvolvem em decorrência da colaboração entre o instrutor e o aprendiz. As 
sociedades e as culturas se modificam quando os indivíduos escolhem qual conhecimento deve ser passado 
 
4 Reinterpretação de novas experiências de modo que se ajustem às ideias antigas. 
5 Modificação de ideias antigas de tal modo que possam acomodar novas. 
adiante. Para os adeptos da visão sociocultural as pessoas aprendem a conhecer os recursos, as habilidades 
e os valores da sociedade por meio do aprendizado. 
A teoria dos sistemas epigenéticos começa pela observação de que os genes são poderosos e 
onipresentes, potencialmente afetando todos os aspectos do desenvolvimento. 
Outro aspecto relevado por essa teoria é a tese de que as crianças nascem com diversos impulsos e reflexos 
que ajudam a garantir sua sobrevivência, enquanto os adultos normalmente também são equipados com 
predisposições inatas para cuidar de bebês. 
Esta visão teórica enfatiza os primeiros anos do desenvolvimento humano, na medida em que acredita na 
ideia de que a forças bioquímicas iniciais alteram a manifestação dos genes. No que se refere à relação 
natureza-criação enfatiza que a natureza inicia o processo e a criação o afeta por meio de hormônios, 
enzimas, toxinas e adaptação seletiva. 
Verifique seus conhecimentos!Clique e arraste para completar corretamente as frases. Após terminar, clique 
em OK. 
 
AULA 03 – PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS – PARTE I 
Ao final desta aula, você será capaz de: familiarizar-se com três dos principais processos 
psicológicos básicos relacionados, diretamente, com o processo ensino-aprendizagem. 
 
Percepção 
Percepção - é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais. Funciona através de 
quatro processos: aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos 
sentidos. 
 
Vamos conhecer a percepção sensorial e visual. 
• Percepção sensorial: É o processo ativo através do qual, cada objeto percebido é colocado 
num mundo ordenado de espaço e tempo. A mente encontra-se ativa quando a criança começa a 
discriminar1, analisar e abstrair as qualidades dos objetos. 
 
• Percepção visual: Representa uma interface entre o cérebro e o meio ambiente. O sistema 
responsável pela visão é caracterizado por milhões de células que reagem detalhadamente a 
aspectos do que está ao nosso redor. Essas células nervosas respondem a cada componente da 
imagem como direção, grau de inclinação, forma, cor, através da ativação de áreas especializadas 
dentro do córtex visual. Embora a imagem seja “fatiada” em diversas partes, o cérebro não retira o 
significado em cima das partes isoladas. 
 
Vejamos agora os sentidos que fazem parte da percepção. 
• Visão - No processo da visão, tudo trabalha de modo relativo e interdependente. Um fator 
específico (por exemplo, a cor) pode afetar todos os demais. 
 
• Audição - Entre os fatores considerados na percepção auditiva estão a percepção de 
timbres, de alturas, de intensidade sonora, rítmica e origem do som. 
 
• Olfato - A percepção olfativa engloba a discriminação de odores, diferenciação e efeito de sua 
combinação. 
 
• Paladar - A percepção gustativa tem como principal modalidade a discriminação de sabores. 
 
• Tato - A percepção tátil é sentida pela pele e permite reconhecer a presença, forma, tamanho 
e temperatura dos objetos. 
 
• Temporal - O estudo da percepção temporal envolve a percepção de durações, de ritmos e 
de simultaneidade. 
 
• Espacial - A percepção espacial é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza 
elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível distinguir se um som procede 
especificamente de um objeto visto e se esse objeto (ou o som) está se aproximando ou afastando. 
 
 
1 perceber diferenças; distinguir, discernir. 
Com o objetivo de avaliar o processamento visual de figuras ambíguas em indivíduos disléxicos e 
compará-lo a um grupo de controle de leitores normais, Alonso2, Lamas, Sampaio e Rehder 
realizaram uma pesquisa sobre a figura ambígua e dislexia do desenvolvimento. 
Eles utilizaram o método de Survey, onde foram selecionados aleatoriamente 39 escolares cursando 
entre a primeira e a quarta série do ensino fundamental. Deste total, 26 não apresentavam 
dificuldade de leitura ou mau rendimento escolar e constituíram o grupo controle. As outras 13 
crianças (grupo de estudo) eram portadoras de Dislexia do desenvolvimento. 
A seguir, veremos como foi realizada a pesquisa e seus resultados. 
Na pesquisa, foram apresentadas uma figura de Boring, uma de Rubin e outra de Jastrow. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os resultados obtidos mostram que as crianças com diagnóstico de Dislexia do desenvolvimento 
perceberam número menor de figuras em relação às do grupo controle. O exame do processamento 
visual de crianças com Dislexia do desenvolvimento para figuras ambíguas é alterado quando 
comparado ao de crianças leitoras normais. 
 
Aprendizagem 
Tavares3 mostra que a aprendizagem significativa envolve a aquisição de novos significados, e na 
concepção de Ausubel para que ela aconteça em relação a um determinado assunto são 
necessárias três condições: 
 o material instrucional com conteúdo estruturado de maneira lógica; 
 a existência na estrutura cognitiva do aprendiz de conhecimento organizado e relacionável 
com o novo conteúdo; 
 a vontade e a disposição do aprendiz de relacionar o novo conhecimento com aquele já 
existente. 
Esses conceitos estáveis e relacionáveis já existentes na estrutura cognitiva são chamados de 
subsunçores, ou conceitos âncora ou ainda conceitos de esteio. 
 
• o processo ensino-aprendizagem, conduzido de maneira usual, se apoia em livros texto 
estruturados de modo que os seus tópicos estão encadeados numa sequência lógica, e cada tópico 
tem a sua coerência interna. 
• esse material se diz potencialmente significativo quando o aprendiz for capaz de relacioná-lo com 
conhecimentos existentes em sua estrutura cognitiva. 
 • Costuma-se dizer que na aprendizagem significativa acontece a transformação do significado 
lógico de determinado material em significado psicológico, na medida em que o aprendiz internaliza 
o saber de modo peculiar, transformando-o em um conteúdo idiossincrático4. 
 
 
2 Alonso, L.B.; Lamas, F.M.G.; Sampaio, P.R.S.; Rehder, J.R.L figura ambígua e dislexia do desenvolvimento. 
3 Tavares, R. Animações interativas e mapas conceituais: uma proposta para facilitar a aprendizagem significativa em ciências. 
4 Próprio e particular de uma pessoa, grupo; característico. 
 
Quando se depara com um novo corpo de informações, o aprendiz pode decidir absorver esse 
conteúdo de maneira literal, fazendo uma aprendizagem mecânica, pois só conseguirá reproduzir 
esse conteúdo de maneira idêntica àquela que lhe foi apresentada. 
Nesse caso, não existiu uma compreensão da estrutura da informação que lhe foi apresentada e o 
aluno não conseguirá transferir o aprendizado para a solução de problemas equivalentes em outros 
contextos. 
No entanto, quando o aprendiz tem pela frente um novo corpo de informações e consegue fazer 
conexões entre esse material que lhe é apresentado e o seu conhecimento prévio em assuntos 
correlatos5, ele estará construindo significados [Construção de significados não é uma apreensão 
literal da informação, mas sim uma percepção substantiva do material apresentado que, desse 
modo, se configura como uma aprendizagem significativa] pessoais para essa informação. 
 
Nos tempos atuais o computador tem se configurado como um artefato que tanto armazena e 
manipula informações quanto promove a sua difusão numa escala mundial através da Internet. No 
entanto, o seu uso como ferramenta instrucional ainda não se dá de maneira plenamente funcional. 
No sentido de incentivar a aprendizagem através do uso do computador, é necessário usar sistemas 
adaptados ao modo humano de construir e utilizar o conhecimento. Uma das maneiras de construir 
uma visão de mundo considera a elaboração de modelos mentais, que podem ser descritos como 
uma representação interna de conceitos e ideias, assim como de informações e experiências do 
mundo exterior. Estas estruturas mentais podem ser utilizadas para ir além do entendimento 
superficial de informações apresentadas, permitindo a construção de uma compreensão mais 
profunda de um domínio conceitual. 
Tavares apresentou um modo de utilização conjugada de mapas conceituais e animações 
interativas, usando uma teoria científica aceita pela comunidade para explicar determinado 
fenômeno da natureza. Segundo esse autor, cada conceito de um mapa conceitual pode ser 
detalhado verbalmente e explicitado visualmente através da animação conveniente. O mapa 
conceitual pode atuar como estruturador global do conhecimento que esteja sendo estudado com 
determinada abrangência e a animação interativa irá examinar cada tópico (ou conceito) do 
conteúdo, passível de ser modelado. 
 
Memória 
Segundo a visão de Papalia6, Olds e Feldman, os teóricos do processamento de informaçõespensam na memória como um sistema de arquivamento em três etapas ou processos: codificação, 
armazenamento e recuperação. 
• Codificação - A codificação é o processo de colocação das informações em pastas a serem 
arquivadas na memória. Ela anexa um código ou rótulo à informação para prepará-la para 
armazenamento, para que seja mais fácil encontrá-la quando necessário. Os eventos são 
codificados junto com as informações sobre o contexto em que foram encontrados. 
 • Armazenamento - O armazenamento consiste em guardar a pasta no armário de arquivos. 
 • Recuperação/ evocação - A recuperação, última etapa, ocorre quando a informação é necessária. 
A recuperação pode envolver reconhecimento ou recordação. 
Existem três tipos de memória. Vamos conhecê-las: 
• Memória de longo prazo - A memória de longo prazo é um depósito de capacidade ilimitada que 
guarda informações por longos períodos de tempo. Um executivo central controla o processamento 
 
5 Relacionados 
6 Papalia, D.E.; Olds, S.W.; e, Feldman, R.D. (2006) Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artmed. 
de informações na memória de trabalho. Este executivo central ordena as informações codificadas e 
faz a transferência para a memória de longo prazo. O executivo central amadurece entre os oito e os 
dez anos de idade. 
 • Memória de trabalho - A memória de trabalho é um depósito de curto prazo para as informações 
sobre as quais uma pessoa está ativamente trabalhando. É nela que as informações que estão 
sendo codificadas e recuperadas são mantidas. Aos cinco ou seis anos, as crianças costumam 
lembrar apenas dois dígitos, já um adolescente típico pode lembrar-se de seis dígitos. 
• Memória sensorial - A memória sensorial é o ponto de entrada inicial do sistema para as 
informações sensoriais que chegam. Sem processamento, as informações desaparecem 
rapidamente. 
 
A metamemória é o conhecimento sobre a memória e ela se aperfeiçoa com a idade. Entre os cinco 
e sete anos, os lobos frontais do cérebro podem sofrer significativo desenvolvimento e 
reorganização, tornando a metamemória possível. Da pré-escola à 5ª série, as crianças apresentam 
um progresso constante na compreensão da memória. 
Alunos de 1ª série sabem que as pessoas lembram melhor quando estudam por mais tempo, que as 
pessoas esquecem as coisas com o tempo e que reaprender é mais fácil do que aprendê-la pela 
primeira vez. 
Na 3ª série, as crianças sabem que algumas pessoas têm mais memória do que outras. Somente 
depois da terceira série a maioria das crianças reconhece que a memória pode ser distorcida por 
sugestões dos outros. 
 
Carneiro7 apresentou uma revisão da literatura sobre o desenvolvimento da memória, organizada de 
acordo com a divisão dos diferentes armazenamentos ou sistemas existentes. O desenvolvimento 
das memórias sensorial, de trabalho, explícita e implícita foi analisado desde o período pré-escolar. 
Embora ocorram mudanças significativas na memória de trabalho e explícita, parece não existir 
evolução da memória implícita perceptiva ao longo do desenvolvimento. 
 
Verifique seus conhecimentos! 
Clique e arraste as peças do dominó correlacionando os conceitos. Após terminar, dique em OK. 
 
Percepção tátil → permite reconhecer a presença, forma, tamanho e temperatura dos objetos. 
Percepção olfativa → discriminação de odores, diferenciação e efeito de sua combinação. 
Percepção gustativa → tem como principal modalidade discriminar sabores. 
Percepção temporal → percepção de durações, de ritmos e de simultaneidade. 
Percepção auditiva → Percepção de timbres, alturas, intensidade sonora, rítmica e origem do som. 
 
7 Carneiro, M.P. Desenvolvimento da memória na criança: o que muda com a idade? 
AULA 04 – PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS – PARTE II 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
- Familiarizar-se com os processos psicológicos: pensamento, linguagem, atenção e desempenho; 
- Entender como ocorre o desenvolvimento de expertise. 
 
Pensamento e linguagem 
Segundo Chomsky1, linguagem é a propriedade da espécie humana que não tem nada de análogo2 no restante 
do reino animal: uso de signos linguísticos para a livre expressão do pensamento distingue o homem dos 
animais e das máquinas. É a propriedade responsável por termos história, cultura e diversidade. 
A faculdade de linguagem é considerada "um órgão da mente" (the language organ) tal como o sistema visual, 
o aparelho digestivo, o sistema imunológico ou qualquer outro órgão, decorrente portanto, de uma dotação 
genética específica e exclusiva da espécie humana. Como todos os demais órgãos, é um sistema internamente 
complexo, com subsistemas internos distintos (fonologia, sintaxe, semântica, pragmática, etc.). 
O estado inicial da faculdade de linguagem - Language Acquisition Device (LAD) é compartilhado por toda a 
espécie humana. 
A criança, inatamente dotada do Mecanismo de Aquisição de Linguagem, exposta à língua que é falada ao seu 
redor, utiliza o LAD para interpretar os dados linguísticos aos quais é exposta. 
Da interação entre os dados e o LAD a criança deduz a gramática da língua particular da sua comunidade 
(português, inglês, japonês etc.). 
A caixa preta, aí, é a Gramática Universal, mas o seu input (dados primários) e o output (gramáticas das línguas 
particulares) estão disponíveis para o estudo, o que permite inferir muita coisa sobre o estado inicial que 
medeia3 entre os dados e a língua pronta. 
A teoria sobre o conhecimento internalizado de uma língua se chama gramática da língua. 
Dizemos que a gramática de uma língua gera as expressões possíveis na língua, e daí provêm o termo 
gramática gerativa. 
O número de arranjos de unidades possíveis como sentenças, em qualquer língua, é infinito. 
Cada expressão gerada pela gramática tem som e significado. Cada uma contém instruções sobre como 
efetuar a pronúncia e a interpretação conceitual. 
Os subsistemas que servem para saber como pronunciar e como compreender se chamam sistemas de 
desempenho (performance). 
A guinada fundamental dada por Chomsky nos anos 50 aos estudos de linguagem, coincidentemente com a 
chamada “revolução cognitiva”, mudou a visão de língua de “objeto externo à mente” (o comportamento e seus 
produtos, falas, textos) para “objeto interno à mente” (mecanismos mentais envolvidos nos atos de linguagem), 
uma abordagem mentalista, que se propõe a estudar um objeto real no mundo, o cérebro, em seus estados e 
funções. Convergência entre estudo da mente e ciências biológicas. 
Atenção e desempenho 
O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) repercute na vida da criança e do adolescente 
levando a prejuízos em múltiplas áreas, como a adaptação ao ambiente acadêmico, relações interpessoais e 
desempenho escolar. Estes são denominados sintomas não-cardinais do TDAH, ou seja, embora não 
imprescindíveis para o diagnóstico, frequentemente, fazem parte das queixas do portador. 
As repercussões do mau desempenho escolar (MDE) na vida do aluno com TDAH, como necessidade de 
turmas especiais de apoio, sofrimento pessoal e familiar, bem como a influência na vida adulta, justificam o 
investimento no diagnóstico e manejo precoces do problema. 
O trabalho de Pastura4 procura revisar os dados da literatura a respeito da relação entre desempenho escolar 
e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), com o objetivo de fornecer informações aos 
profissionais da área de saúde e noções atualizadas. 
 
1 CHOMSKY, N. Novos Horizontes do Estudo da Linguagem. 
2 Que tem analogia. = EQUIVALENTE, IDÊNTICO, SEMELHANTE ≠ DIFERENTE, DISTINTO, DIVERSO 
3 Mediar → Dividir ao meio. 
4 PASTURA, G.M.C.; MATTOS, P.; ARAÚJO, A.P.Q.C. Desempenho escolar e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade.Os dados da literatura demonstram que o TDAH, principalmente o tipo desatento está relacionado a mau 
desempenho escolar. Segundo a conclusão do autor, crianças com TDAH estão sob risco de mau desempenho 
escolar e devem receber cuidados especiais. 
Galvão5 estuda a relação entre cognição e música, objetivando lançar novas perspectivas para uma ideia a 
muito tempo presente na pesquisa psicológica, de que a atividade musical tem importantes consequências 
para o desenvolvimento emocional e cognitivo da pessoa. 
Estas novas perspectivas, no entanto, não são sempre positivas, já que processos de aprendizagem musical, 
da forma como são tradicionalmente desenvolvidos, podem também levar à frustração e ao adoecimento tanto 
físico como psíquico. 
Os temas apresentados anteriormente, têm como foco a aprendizagem expert de instrumentos musicais da 
tradição clássica como uma aprendizagem permanente. Isto envolve o desenvolvimento e refinamento 
constante de habilidades metacognitivas e autorreguladoras, bem como uma capacidade para superar 
obstáculos emocionais oriundos do tipo de investimento necessário ao alcance e manutenção da expertise 
musical. 
O estudo de um instrumento musical parece envolver, entre outras dimensões, um plano cognitivo e uma prática 
física para sustentá-lo e promovê-lo. Um processo de aprendizagem deste tipo é um típico exemplo da 
resolução de problemas em nível expert. 
Músicos aplicam diferentes estratégias para resolver problemas, criam representações elaboradas e 
desenvolvem suas habilidades por meio de estudo intenso e prolongado. 
Seus processos de memorização estão em acordo com a teoria dos níveis de processamento. 
Procedimentos de agrupamento estão na base da aprendizagem e são subjacentes a resultados de estudo. 
No estudo deliberado de um instrumento musical, há a preocupação com a criação de uma regra procedimental 
capaz de permitir a execução de uma passagem do começo ao fim como uma unidade. Isto é atingido 
gradualmente a partir da resolução de problemas específicos, que intermediam a unificação da passagem. 
Segundo o autor há uma memória de produção que seria responsável pela automatização de movimentos. 
Conhecimento, que é inicialmente declarativo, torna-se procedimental por meio de um processo de 
procedimentalização6 que envolve uma redução em verbalização na medida em que a automatização aumenta. 
A memória procedimental açambarca7 estruturas de objetivos hierarquicamente organizados que por sua vez 
codificam planos de ação. Assim, o objetivo particular de tocar uma sequência musical a torna uma fonte forte 
de ativação, que vai de encontro às regras de produção orientando a ação como um todo, prescindindo da 
ação dirigida. 
Deve-se, no entanto, destacar que, no momento, teorias de expertise, modelos computacionais e simbólico 
interacionistas de terceira geração oferecem respostas somente parciais para o fenômeno da expertise musical. 
Em música, como em qualquer área de expertise, o estudo deliberado ter por objetivo atingir respostas 
automáticas, proficientes. Entretanto, a pesquisa sobre aprendizagem indica que o modo como os músicos 
abordam problemas também parece automático. 
Isto é, músicos parecem possuir um repertório de resolução de problemas adaptável a diferentes problemas e 
uma capacidade para monitorar a adequação de respostas, modificando estratégias para atingir objetivos 
frequentemente reavaliados enquanto a aprendizagem progride. No entanto, isto está longe de significar que 
músicos, mesmo profissionais, solucionam problemas de modo eficiente. Pelo contrário, de acordo com as 
pesquisas citadas, frequentemente objetivos são apenas praticamente atingidos. 
Uma razão para isso talvez sejam as limitações do repertório de resolução de problemas. Por outro lado, deve-
se considerar que, apesar das usualmente citadas similaridades, problemas musicais não são como problemas 
matemáticos. 
Em música, problemas são caracterizados como mal definidos, o que permite, em certas situações, que muitas 
pessoas possam ser consideradas corretas, a depender de perspectivas específicas. 
 
5 AFONSO GALVÃO, A. Cognição, emoção e expertise musical. 
6 Ato de instituir ou criar novo procedimento; procedimentalizar 
7 Reter tudo ou quase tudo para si. = ABARCAR, ABRANGER, MONOPOLIZAR 
 
A escolha de estratégias de estudo parece influenciada por significados particulares que peças têm para 
músicos. Estes são até certo ponto cognitivos, mas parecem interagir com repostas intuitivas sobre o que 
sabemos muito pouco. 
Isto implica investigar o conhecimento em um outro nível cuja natureza pode ser mais afetiva do que cognitiva. 
Devido às suas demandas físicas, afetivas e cognitivas, a aprendizagem da música instrumental talvez seja 
uma das mais complexas aventuras humanas, o que certamente tem implicações para o desenvolvimento 
cognitivo, cujos limites ainda não somos capazes de apontar. 
Vimos nesta aula que estudar um instrumento envolve uma experiência humana multifacetada e 
multidimensional. Compreender as diversas dimensões que compõem tal processo de aprendizagem pode 
fazer avançar não somente o nosso conhecimento sobre música, mas sobre a mente humana como um todo. 
 
Atividade: 
É a propriedade da espécie humana que não tem nada de análogo no restante do reino animal. É a propriedade 
responsável por termos história, cultura e diversidade. → linguagem 
 
AULA 05 – OS DOIS PRIMEIROS ANOS DE DESENVOLVIMENTO 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
• Caracterizar o desenvolvimento biossocial da criança de 0 a 2 anos, destacando as habilidades motoras 
e capacidades sensoriais e perceptivas; 
• Caracterizar o desenvolvimento cognitivo das crianças de 0 a 2 anos, destacando a inteligência 
sensório-motora de Piaget e o desenvolvimento da linguagem; 
• Caracterizar o desenvolvimento psicossocial da criança de 0 a 2 anos destacando as origens da 
personalidade. 
 
Os Dois Primeiros Anos de Vida 
Estudar o desenvolvimento humano é buscar conhecer as características comuns de cada faixa etária, 
identificando individualidades, dando condições, para nós profissionais de processos, de ensinar e aprender, 
observar e compreender comportamentos de nossos aprendizes, possibilitando planejar o que e como ensinar 
em cada uma dessas faixas etárias. 
 
Nessa aula, estudaremos o Desenvolvimento humano da 1ª infância à Adolescência, embora o nosso livro 
universitário aborde desde a concepção, passando pelo pré-natal até a morte. 
 
“A criança não é um adulto em miniatura. Ao contrário, apresenta características próprias de sua 
idade. Compreender isso é compreender a importância do estudo do desenvolvimento humano. 
Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se 
comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma assimilação 
progressiva do meio ambiente, que implica uma acomodação das estruturas mentais e este novo 
dado do mundo exterior. ” (BOCK& FURTADO&TEIXEIRA, 2001, p.98) 
 
São vários os fatores que determinam o desenvolvimento humano. Bock & Furtado & Teixeira citam como 
fatores: 
• Crescimento orgânico - Compreende no desenvolvimento físico. 
 
• Altura e estabilização do esqueleto - Eles permitem aos indivíduos comportamentos e um domínio 
do mundo que antes não existiam. 
 
• Meio - O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do 
indivíduo. 
 
• Hereditariedade - A carga genética pode influenciar o potencial do indivíduo, que pode ou não se 
desenvolver. 
 
• Maturação neurofisiológica - É o que torna possível determinados padrões de comportamento. Por 
exemplo, a criança para escrever precisa ter um desenvolvimento neurológico para segurar o lápis e 
manejá-lo. 
 
 
O desenvolvimento humano deve sercompreendido como um processo global, que pode ser dividido em três 
domínios. 
• Biossocial - Inclui o corpo e o cérebro, bem como as modificações que neles ocorrem e as influências 
sociais que as direcionam. 
• Cognitivo – inclui os processos do pensamento, as aptidões de percepção e o domínio da linguagem. 
• Psicossocial - Inclui as emoções, a personalidade e as relações interpessoais. 
 
O Desenvolvimento Biossocial 
Nos dois primeiros anos o desenvolvimento biossocial é significativo. 
Crescimento físico demasiadamente rápido. → Adoção de novos comportamentos a todo momento. → 
Desenvolvimento de várias habilidades: sentar, levantar, caminhar, correr, tocar, agarrar, apertar, jogar, 
etc. → Desenvolvimento do cérebro: crescimento do tamanho, densidade e complexidade. 
 
As modificações mais significativas que ocorrem são nos sistemas de comunicação do cérebro, que consistem 
nos neurônios (células nervosas) interligadas por fibras nervosas denominadas axônios1 e dendritos2. 
 
 
 
 
 
Sinapse 
Os neurônios se comunicam enviando impulsos elétricos por meio do seu axônio aos dendritos de outros 
neurônios. 
O axônio de um neurônio encontra os dendritos de outros neurônios nas interseções chamadas sinapses. 
Axônio e dendritos não se tocam nas sinapses. 
Os impulsos elétricos acionam substâncias químicas cerebrais denominadas neurotransmissores levando 
informações do axônio do neurônio “emissor”, através da lacuna sináptica, para os dendritos dos neurônios 
“receptores”. 
 
Durante o início da vida humana ocorrem grandes impulsos de crescimento e refinamento das 
redes, que se tornam visíveis no córtex, camada mais externa do cérebro (massa cinzenta), 
responsável por controlar a percepção e o pensamento. 
Muitas áreas do cérebro humano têm mais conexões neurais aos dois anos do que nas 
demais faixas etárias. Nesta fase e nas posteriores, o cérebro humano se prepara para 
processar todo tipo de experiência. 
Com a mielinização o funcionamento das redes de comunicação cerebral é aprimorado, revestindo de mielina 
(substância gordurosa protetora) que acelera a transmissão de impulsos neurais, até a adolescência. 
O processo de mielinização nos permite obter um controle neurológico cada vez maior sobre as nossas funções 
motoras e habilidades sensoriais, facilitando o desenvolvimento intelectual. 
Algumas áreas do cérebro são especializadas na recepção e transmissão de diferentes tipos de informações. 
Já foi provado cientificamente que a experiência e o amadurecimento desempenham papéis importantes no 
desenvolvimento do cérebro. 
 
Em relação ao desenvolvimento das habilidades motoras, no início da vida humana, elas 
consistem apenas em reflexos, respostas involuntárias (respiração, sucção, choro e 
tremedeira, para controle da temperatura do corpo e da fome.) a estímulos e estão 
relacionadas aos mecanismos de sobrevivência. 
As habilidades motoras se subdividem em grossas e finas. As habilidades motoras grossas 
envolvem movimentos grandes como correr e saltar; as finas envolvem movimentos curtos e 
precisos, como pegar um lápis, fazer movimentos de pinça. O desenvolvimento das mesmas nos dois primeiros 
anos de vida são imprescindíveis as novas possibilidades da criança descobrir o mundo. Embora as crianças 
saudáveis desenvolvam as mesmas habilidades motoras na mesma sequência, a idade em que essas 
habilidades são desenvolvidas pode variar de indivíduo para indivíduo. 
 
Também fazem parte do desenvolvimento biossocial as capacidades de sensação (Ocorre 
quando um sistema sensorial detecta um estímulo como um ruído, uma luz.) e a percepção 
(Ocorre quando o cérebro tenta entender esse estímulo, tomando consciência do mesmo.). 
A criança pequena, desde o seu nascimento demonstra sensibilidade, sensações para 
estímulos que envolvam seus cinco sentidos, embora suas percepções sejam limitadas. Ao 
nascer, o recém-nascido apresenta sua audição mais desenvolvida que a sua visão. 
 
1 O axónio (português europeu) ou axônio (português brasileiro) é uma parte do neurônio responsável pela condução dos 
impulsos elétricos que partem do corpo celular, até outro local mais distante, como um músculo ou outro neurônio. 
2 Dendritos ou dendrites (do grego: δένδρον déndron: 'árvore') são os numerosos prolongamentos dos neurônios que 
atuam na recepção de estímulos nervosos do ambiente ou de outros neurônios e na transmissão desses estímulos para 
o corpo da célula, também chamado de pericário. 
Devemos lembrar que a nutrição adequada é imprescindível para o crescimento físico, o desenvolvimento 
cerebral e o domínio das habilidades motoras (sensoriais e perceptivas). 
 
O Desenvolvimento Cognitivo 
Há quase oitenta anos, Jean Piaget3, estudando seus três filhos e filhos de seus amigos 
descobriu que as crianças são verdadeiros aprendizes, coautores de suas próprias 
aprendizagens. 
O resultado de suas observações e experimentos com essas crianças de diferentes faixas 
etárias resultou numa teoria que divide o desenvolvimento humano em diferentes períodos. 
Para Piaget, cada período se caracteriza pelo que de melhor o indivíduo consegue realizar em 
suas respectivas faixas etárias, com flexibilidade, já que as características biológicas, os fatores educacionais 
e sociais interferem e variam de indivíduo para indivíduo. 
 
As crianças de 0 a 2 anos estão no período sensório-motor. Neste período a criança conhece 
o mundo pela manipulação. Ela conquista tudo a seu redor através da percepção e dos 
movimentos. 
No início, a criança reduz sua vida mental ao exercício dos aparelhos reflexos4, de fundo 
hereditário, como a sucção. Ela utiliza a inteligência prática ou sensório-motora, envolvendo 
percepções e movimentos. 
Nesta fase o desenvolvimento físico (ósseo, muscular, neurológico) é base para o desenvolvimento de novas 
habilidades, isto é, permite comportamentos tais como: sentar-se, andar, passando a ter mais domínio do seu 
ambiente. 
Gradativamente passa a diferenciar o seu “eu” do mundo exterior. Se antes o mundo era uma extensão do 
próprio corpo, os progressos intelectuais levam a mesma a situar-se como uma parte do mundo. 
 
Por volta dos dois anos, a criança evolui de uma atitude passiva em relação ao ambiente e pessoas, para uma 
atitude ativa, participativa. Para Piaget (apud Berger, 2003) a inteligência sensório-motora desenvolve-se 
através de seis estágios sucessivos. 
Estágios 1 e 2 - Os dois primeiros estágios (do nascimento a 1 mês e de 1 a 4 meses) envolvem as respostas 
das crianças a seu próprio corpo. Se baseiam nos reflexos e nas primeiras adaptações adquiridas por 
assimilação e coordenação dos reflexos (sugar a chupeta diferente de sugar o peito materno). 
Estágios 3 e 4 - Os dois próximos estágios (de 4 a 8 meses e de 8 a 12 meses) implicam nas respostas das 
crianças a objetos e pessoas, fazendo durar as visões interessantes, respondendo ativamente a pessoas e 
objetos. Também se inicia novas adaptações e antecipações, tornando-se mais planejador, deliberado e com 
o propósito em responder a pessoas e objetos. 
Estágios 5 e 6 - Nos dois últimos estágios (de 12 a 18 meses e de 18 a 24 meses) são mais criativos, com 
ações e ideias. Novos recursos são acionados por meio da experimentação ativa e novos recursos por meio 
de combinações mentais (pensa antes de agir) sem recorrer tanto a experiência de tentativa e erro. 
 
As habilidades da linguagem começam a se desenvolver na medida que o bebê se comunica com o mundo. A 
princípio por ruídos, gestos e balbucios5. Depois as primeiras palavras e em seguida vão ampliando seu 
vocabulário a cada mês. 
Ouvir os sons da fala (ou no caso dos bebês surdos os gestos linguísticos) dos que convivem 
com a criança, estimula-os a querer repetir, e assim a desenvolver sua linguagem. A 
aprendizagem de uma linguagemdepende de vários fatores tais como: temperamento da 
criança, sensibilidade dos cuidadores, cultura em que a criança está inserida. Embora a 
criança compreenda algumas palavras, ao final do período, só é capaz de fala imitativa. 
 
3 Para Piaget “a inteligência é uma adaptação – é assimilação, pois incorpora dados da experiência do aprendiz e, ao 
mesmo tempo, acomodação, uma vez que o sujeito modifica suas estruturas mentais para incorporar os novos 
elementos da experiência. ” (BOCK & FURTADO & TEIXEIRA, 2001, p.127). 
4 Reflexos - “(...) Esses reflexos melhoram com o treino. Por exemplo, o bebê mama melhor no 10º dia de vida do que no 
2º dia. Por volta dos cinco meses, a criança consegue coordenar os movimentos das mãos e olhos e pegar objetos, 
aumentando sua capacidade de adquirir hábitos novos. No final do período, a criança é capaz de usar um instrumento 
como meio para atingir um objeto. Por exemplo, descobre que, se puxar a toalha, a lata de bolacha ficará mais perto 
dela. (...)” (BOCK & FURTADO & TEIXEIRA, 2001, p.101) 
5 Articular imperfeitamente e com hesitação. 
O Desenvolvimento Psicossocial - Os bebês já nascem com uma predisposição para a sociabilidade, isto é, 
são capazes de expressar suas emoções de angústia, 
tristeza, alegria, satisfação frente aos sentimentos e ações 
das outras pessoas. 
6 semanas - Pode surgir o primeiro sorriso social. 
4 meses - Pode surgir a primeira gargalhada. 
6 meses - Surgem sinais de medo6. 
14 meses - O temor alcança seu auge. 
O mau humor se desenvolve nos dois primeiros anos, principalmente por consequência das frustrações. O 
meio e a cultura podem influenciar estes sentimentos e emoções. O contexto social é o 
espaço de aprendizado dos mesmos. 
A criança começa a construir suas referências sociais, principalmente em 
relação aos pais por volta dos 6 meses. Ao longo deste período começa na 
criança uma diferenciação progressiva entre o seu eu e o mundo exterior. 
 
Aos dois anos, a criança desenvolve a autoconsciência, que possibilita ampliar suas 
possibilidades de manifestação das suas emoções, através principalmente do orgulho, da 
vergonha e do ciúme. Assim, passa a se tornar menos submissa e menos previsível, ou seja, mais 
independente e mais participativa. 
Sua integração no ambiente se dá também pela imitação das regras. Esse desenvolvimento é explicado por 
Freud através das fases oral e anal e explicado por Erikson através das crises de “confiança versus 
desconfiança”, e “autonomia versus vergonha” e dúvida. 
Embora estas teorias enfatizem o papel dos pais, sabemos que em grande parte o temperamento básico e da 
personalidade da criança também é fator decisivo. Aos dois anos a criança já tem sua personalidade definida, 
resultado da interação entre a natureza e a criação. 
 
 
 
6 Cognitivamente, o bebê pode diferenciar o familiar do estranho. 
AULA 06 – A CRIANÇA DE DOIS A SEIS ANOS 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
• Identificar características próprias do desenvolvimento biossocial da criança de 2 a 6 anos enfatizando 
o desenvolvimento dos olhos, cérebro e da leitura, bem como o desenvolvimento das habilidades 
motoras; 
• Identificar características próprias do desenvolvimento cognitivo da criança de 2 a 6 anos enfatizando o 
desenvolvimento do pensamento; 
• Identificar características próprias do desenvolvimento psicossocial da criança de 2 a 6 anos enfatizando 
o desenvolvimento das habilidades sociais através da brincadeira e a questão de gênero; 
• Refletir intervenções pedagógicas favorecedoras do desenvolvimento saudável da criança de 2 a 6 
anos. 
 
A 1ª Infância, denominada por Piaget de Estágio Pré-Operatório, tem como característica mais significativa o 
aparecimento da linguagem, que traz modificações nos aspectos afetivo e social da criança. 
A interação e a comunicação com o outro são, sem dúvida, as consequências mais evidentes da linguagem. 
O desenvolvimento do pensamento se acelera em decorrência do aparecimento da linguagem. No início do 
período o pensamento não tem objetividade, a criança transforma o real em função dos seus desejos e 
fantasias (jogo simbólico). Mais tarde utiliza-se do pensamento para explicar o mundo ao seu redor, as suas 
próprias ações, seu eu e seus valores morais. 
Segundo Bock & Furtado & Teixeira (2001,p.102) “(...)com a palavra, há possibilidade de exteriorização da vida 
interior e, portanto, a possibilidade de corrigir ações futuras(...)”. 
Inicialmente grande parte do repertório verbal da criança é usado de forma imitativa sem ter domínio do 
significado das palavras. Tem dificuldade de reconhecer a ordem em que mais de dois ou três eventos ocorrem, 
não possui o conceito de número. Tem dificuldade de trabalhar em grupo, por ainda estar centrado em si 
mesma, ocorrendo a primazia [prioridade] de seu ponto de vista. 
No final do estágio passa a questionar o porquê de tudo. Seu pensamento passa a se adaptar melhor ao outro 
e ao real. 
No aspecto afetivo surgem os sentimentos interindividuais1 nutrindo respeito àqueles que julga superiores a 
ela, misturando amor e temor. 
Com relação às regras, mesmo nas brincadeiras, Piaget a princípio concebe como algo a ser reproduzido e 
determinado externamente. Mais tarde elabora uma noção mais elaborada da regra, vendo-a como necessária 
para organizar suas atividades, porém não a discute. 
Na medida em que amplia seu domínio no mundo, a criança amplia seus interesses por diferentes atividades 
e objetos. Constrói uma escala de valores próprios, utilizando-a para avaliar suas ações. 
Neste período a maturação neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, 
como a coordenação motora fina: pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis 
corretamente e conseguir fazer os movimentos exigidos pela escrita. 
 
1 É a relação entre os indivíduos, não sendo necessário que seja do mesmo grupo familiar. Basta que duas ou mais 
pessoas se agrupem em discussões, temas, ideias parecidas ou divergentes, é uma forma de interindividualismo. A 
relação entre indivíduos. 
Desenvolvimento Biossocial 
O cérebro, aos dois anos de idade, já alcançou 75% de seu desenvolvimento e 
aos sete anos está totalmente desenvolvido. Em consequência disto, várias 
áreas experimentam expansão, especialmente aquelas dedicadas ao controle e 
à coordenação do corpo, às emoções e pensamento. Assim, a criança reage com 
mais rapidez aos estímulos, bem como tem maior controle de suas reações. 
Devido ao desenvolvimento do cérebro, as crianças da educação infantil mais 
velhas são melhores nos jogos que exigem raciocínio rápido seguido de uma 
ação deliberada, ou seja, primeiro têm que pensar para depois agir. 
O desenvolvimento do cérebro também permite que as crianças passem a enxergar bem melhor a partir dos 4 
anos, permitindo melhorar a coordenação entre mãos e olhos. 
Aos 5 anos, o corpo caloso conecta os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, tornando 
a comunicação entre eles mais eficiente, permitindo as crianças coordenar as funções 
(Exemplo: pular em um pé só usando os braços para manter-se em equilíbrio.) que 
envolvem ambos os lados do cérebro e o corpo e também ações mais complexas.( 
Processar informações de diferentes partes do cérebro ao mesmo tempo, integrando e 
interligando observações, emoções, pensamentos e reações sensoriais, por exemplo: pensar antes de pular, 
atravessar no sinal verde e não no intervalo.) 
Aos 5 anos a expansão do corpo caloso, do desenvolvimento do lobo frontal e outras mudanças qualitativas, 
permite a criança interligar a linguagem falada com a escrita. (É por esse motivo que o ensino formal da leitura, 
escrita,aritmética em todo o mundo começa por volta dos seis anos de idade, embora muitas vezes a 
preparação social e intelectual para ler e escrever comece antes, em casa, na própria escola e outros espaços 
sociais.) 
Neste período que antecede o aprendizado formal, ler em voz alta, contato com as letras, escrita, papel, lápis 
etc., são fundamentais. 
Vale a pena ressaltar que as crianças entre 2 e 6 anos movimentam-se com maior velocidade e equilíbrio, 
sendo capaz de dirigir e aperfeiçoar suas atividades. Correr, subir, saltar, arremessar melhoram sensivelmente. 
As habilidades motoras finas como segurar o lápis ou amarrar o cadarço dos sapatos, melhoram nesta 1ª 
infância. 
Desenvolvimento Cognitivo 
Piaget destacou que as crianças na 1ª infância têm a capacidade de pensar simbolicamente. O 
pensamento simbólico se baseia no emprego de símbolos como palavras ou objetos para representar outros 
objetos, comportamentos, experiências. 
Elas não podem pensar operacionalmente, ou seja, não podem desenvolver um pensamento ou ideia de acordo 
com princípios lógicos. Isso se dá por vários motivos. 
Tendência de focalizar o raciocínio em um único aspecto de uma questão com a exclusão dos demais. 
A presença do egocentrismo, que faz a criança contemplar o mundo apenas sob sua perspectiva. 
Foco na aparência com exclusão de outros atributos. 
Tendência a serem estáticos no raciocínio, pensando que o mundo é imutável e permanece sempre no estado 
em que se encontra no presente. 
Irreversibilidade, ou seja, não conseguem entender que a reversão de um processo traz de volta as condições 
que existiam antes que a transformação ocorresse. 
Vygotsky considerava o desenvolvimento cognitivo um aprendizado, no qual as crianças adquirem habilidades 
cognitivas por meio da participação dirigida nas experiências sociais que estimulam o crescimento intelectual. 
Ele e outros teóricos socioculturais sustentam que o grau em que as crianças dominam as habilidades 
potenciais depende em grande parte da disposição e da capacidade das outras pessoas e da cultura para 
participarem da aprendizagem. 
A habilidade da linguagem na 1ª Infância inclui a aprendizagem de 10.000 palavras ou mais. Enriquecem por 
demais seu vocabulário e evoluem no conhecimento das formas gramaticais básicas. 
O seu potencial de aprendizagem é significativo. 
Desenvolvimento Psicossocial 
O autoconhecimento ajuda as crianças a aperfeiçoar seu conhecimento social e seu relacionamento com o 
outro. 
Elas começam a aprender a controlar suas emoções em relação a si, ao meio e ao outro. Aprendem as 
habilidades sociais por meio das interações, particularmente mediadas pelas brincadeiras. 
Os pais e educadores têm um papel fundamental nesse desenvolvimento, particularmente passando 
autoconfiança, elevando a autoestima, sendo afetuosos, estabelecendo limites razoáveis etc. 
Entre dois e seis anos, as crianças começam a adotar papéis de gênero. 
Caberá na educação da criança fortalecer, dirigir ou superar as influências e estereótipos que a biologia e a 
sociedade em geral, passam sobre diferenças de sexo e gênero, apesar das tendências inatas das crianças. 
“Cada uma das principais teorias tem uma explicação para as diferenças de gênero. Os teóricos da Psicanálise 
descrevem os temores e as fantasias que motivam as crianças a adorarem o genitor do sexo oposto e a se 
identificarem com o genitor do mesmo sexo. Os teóricos da aprendizagem enfatizam o reforço, a punição e a 
modelagem que são particularmente fortes para o sexo masculino. A teoria cognitiva tem como ponto de partida 
a ênfase no fato de que a compreensão da criança em idade pré-escolar se faz através de estereótipos 
simplificados. (...) A teoria sociocultural observa a abrangente influência dos padrões culturais. A teoria dos 
sistemas epigenéticos ressalta as tendências biológicas que são herdadas por meio de transmissão genética 
e explica de que maneira essas tendências podem afetar os padrões cerebrais da criança e outros aspectos 
do comportamento. ” (BERGER, 2003, p. 190) 
Verifique seus conhecimentos! 
Jogo da forca. Clique nas letras para formar palavras. Fique atento às dicas. 
Considerava o desenvolvimento cognitivo um aprendizado, no qual as crianças adquirem habilidades cognitivas 
por meio da participação dirigida nas experiências sociais que estimulam o crescimento intelectual. 
VYGOTSKY. 
Nesta aula, você pôde estudar as características do desenvolvimento das crianças de 2 a 6 anos. 
• Verificou, no aspecto cognitivo, que o desenvolvimento do pensamento se acelera em decorrência do 
aparecimento da linguagem. Utiliza-se do pensamento para explicar o mundo ao seu redor, as suas 
próprias ações, seu “eu” e seus valores morais. 
• Observou que no aspecto biossocial, devido ao desenvolvimento cerebral desenvolve-se também o 
controle e à coordenação do corpo, emoções e pensamento. Reagindo, assim, com mais rapidez aos 
estímulos, bem como maior controle de suas reações. 
• Movimenta-se com maior velocidade e equilíbrio, sendo capaz de dirigir e aperfeiçoar suas atividades. 
Correr, subir, saltar, arremessar melhoram sensivelmente. As habilidades motoras finas como segurar 
o lápis ou amarrar o cadarço dos sapatos, melhoram nesta 1ª infância. Como a maturação 
neurofisiológica completa-se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades como a coordenação 
motora fina: pegar pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente e 
conseguir fazer os movimentos exigidos pela escrita. 
• Viu que no aspecto psicossocial, surgem os sentimentos interindividuais nutrindo respeito aqueles que 
julga superiores a ela, misturando amor e temor. Com relação às regras, mesmo nas brincadeiras a 
princípio concebe-as como algo a ser reproduzido e determinado externamente. Mais tarde elabora 
uma noção mais elaborada da regra, vendo-a como necessária para organizar suas atividades, porém 
não a discute. O autoconhecimento ajuda as crianças nesta etapa a aperfeiçoar seu conhecimento 
social e seu relacionamento com o outro. Começam a aprender a controlar suas emoções em relação 
a si, ao meio e ao outro, aprendem as habilidades sociais por meio das interações, particularmente 
mediadas pelas brincadeiras. Começam a adotar papéis de gênero. 
 
 
1. São fatores que afetam a altura das crianças de 2 a 6 anos: 
 
1) Nutrição e doenças. 
2) Condição socioeconômica e sexo. 
3) Ascendência e mãe fumante ou não. 
4) Todas as alternativas anteriores são verdadeiras. 
2. São características, segundo Piaget do pensamento pré-operacional: 
 
1) Capacidade de pensar simbolicamente, raciocínio pré-lógico, se concentram em um aspecto da 
situação, excluindo os demais de maneira estática e não dinâmica. 
 2) sua inteligência funciona exclusivamente por meio dos sentidos e habilidades motoras, voltado para a ação, 
inteiramente prático. 
 3) podem raciocinar com lógica sobre as coisas e eventos que percebem, de forma sistemática, objetiva, 
científica. 
 
 
AULA 07 – DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS SETE AOS ONZE ANOS – PARTE I 
Ao final desta aula, você será capaz de: 
• Compreender as características de desenvolvimento da criança de sete aos onze anos que podem 
atrapalhar o processo de aprendizagem nos primeiros anos do ensino fundamental. 
 
Desenvolvimento Biossocial 
A fase escolar, entre os sete e os onze anos de idade da criança, é uma época de novos 
desafios para elas, porque são os anos em que suas potencialidades e fragilidades 
estarão expostas no ambiente escolar dos primeiros anos do fundamental. 
A maioria das crianças em idade escolar é bastante saudável. Em geral, nos países 
desenvolvidos, as crianças entre sete e onze anos são os seres humanos mais 
saudáveis de todos, com menor probabilidade de vir a falecer, de contrair doenças 
gravesou de sofrer lesões físicas. 
Mesmo os acidentes e os maus tratos sérios, que são as principais causas de mortalidade e morbidez durante 
esses anos, ocorrem muito menos do que nos anos pré-escolares ou na adolescência. Entretanto, as crianças 
se tornam mais conscientes de suas limitações e as dos outros. 
A frequência escolar e o desempenho estável são aspectos 
importantes nesta fase, no sentido de tornar cada criança 
capaz de dominar o currículo básico. A prevenção destes 
problemas deve ser preocupação relevante de todo o 
educador. No Brasil este fato é prioritário, na medida em que 
as fases de idade posteriores têm sido vulneráveis ao 
abandono escolar. 
Pelos dados apontados no gráfico, levantados pelo INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas 
Educacionais Anísio Teixeira, percebemos que apesar dos avanços significativos na redução da taxa de 
abandono no ensino fundamental e no ensino médio, no período 1999 — 2011, a tendência de abandono na 
adolescência permanece maior que na faixa dos 7 aos 14 anos. Isso demonstra que cada ausência da escola 
precisa ser vista com atenção, pois o abandono escolar tem uma relação direta com a vulnerabilidade do 
adolescente, bem como a diminuição da possibilidade de ascensão social através de atividades laborais. Sem 
escola, o jovem perde importantes oportunidades de ter acesso a cultura organizada e letrada. O 
desenvolvimento de habilidades é uma área de conhecimento essencial para o professor neste contexto. 
 
Desenvolvimento das Habilidades 
Toda habilidade motora envolve diversas aptidões, algumas exigindo apenas prática, outras 
envolvendo dimensões corporais, desenvolvimento cerebral ou talento. Por exemplo, o 
tempo de reação (espaço e tempo que uma pessoa leva para responder a um determinado 
estimulo) é um componente de diversas habilidades atléticas, mas as reações rápidas 
exigem um desenvolvimento mental que só é alcançado na adolescência. 
A coordenação entre mãos e olhos, o equilíbrio e a noção de movimento são outras 
capacidades fundamentais que ainda estão se desenvolvendo durante os anos escolares. 
Crianças de doze anos são melhores que as de seis em todas essas aptidões. 
No que se refere à diferença de gênero, um aspecto a ressaltar é o de que enquanto os 
meninos tendem a ter uma força maior nos braços, as meninas têm maior flexibilidade geral, 
por isso as meninas levam vantagem em esportes como ginástica e os meninos têm 
vantagem em futebol. Entretanto, na maior parte das atividades físicas não há fortes diferenças nesta faixa de 
idade. 
 
Em relação aos aspectos culturais [Por exemplo, na França e na Suíça as crianças 
geralmente têm três horas de educação física por semana, nos Estados Unidos têm uma hora 
e meia, na Inglaterra e Irlanda do Norte uma hora e no Brasil a média de duração é de duas 
horas semanais], a política nacional também afeta o desenvolvimento das habilidades motoras. 
As diferenças hereditárias (diferenças genéticas) também são fundamentais. Algumas crianças, por mais que 
tentem, nunca conseguem arremessar nem chutar uma bola com força e precisão quanto outras, fato que os 
pais, os professores, os treinadores e os companheiros de equipe às vezes esquecem. 
Os programas esportivos precisam incluir todos, talentosos ou não, para que as crianças vivam com alegria, 
sejam meninos ou meninas, gordos ou magros, talentosos ou desajeitados. 
O mesmo é válido para as habilidades finas. Algumas crianças escrevem naturalmente com mais capricho do 
que outras, e essas são as crianças com menos habilidades naturais. 
 
Os adultos precisam proporcionar motivação e tempo extra para as crianças com menos habilidades naturais. 
(Por exemplo, as crianças canhotas, para as quais escrever se contrapõe à direção normal de sua mão e à 
dominância cerebral.) 
Para a verificação do desenvolvimento cerebral durante os anos escolares, geralmente são utilizados testes de 
aptidão que focalizam o uso da linguagem, a capacidade de raciocínio e a memória. 
Esses testes são medidas de desempenho que é definido como o comportamento que um sujeito apresenta 
em circunstâncias reais e que é possível ser medido. A aptidão, que é definida como potencial inato para a 
aprendizagem, geralmente é medida por testes de inteligência, os denominados testes de QI (quociente de 
inteligência). Tais testes são utilizados na previsão do desempenho escolar. Por exemplo, uma discrepância 
de dois anos entre a aptidão e o desempenho é um indicador de que existem problemas de aprendizagem. 
 
Gardner criou a teoria 
das inteligências 
múltiplas na qual 
descreveu, inicialmente, 
sete inteligências 
distintas e, 
posteriormente, 
acrescentou mais uma. 
Segundo o autor, toda 
pessoa pode ter aptidão [por exemplo, uma pessoa pode ser um 
escritor capaz em função de sua habilidade linguística, mas pode 
se perder ao dirigir um automóvel, por ter habilidade espacial 
fraca] básica para cada tipo de inteligência, mas cada um de nós 
é mais forte em algumas delas do que em outras. 
Assim, quando os testes de inteligência medem, por exemplo, somente as capacidades linguísticas e lógico-
matemática, a pontuação não reflete o verdadeiro potencial nem as capacidades que a criança tem. 
 
Inteligência linguística 
A capacidade de dominar a linguagem e se comunicar com outros é importante em todas as culturas. Desde 
pequeno o ser humano aprende a usar a língua nativa para ser capaz de se comunicar de forma eficaz. A 
inteligência linguística não só se refere à capacidade de comunicação oral, mas a outras formas de 
comunicação como a escrita, gestual, etc. Quem domina melhor essa capacidade de comunicação possui uma 
inteligência linguística superior. Algumas profissões enfatizam esse tipo de inteligência como, por exemplo, os 
políticos, escritores, poetas, jornalistas… 
Inteligência lógico-matemática 
Durante décadas a inteligência lógico-matemática foi considerada um tipo de inteligência bruta. Ela assumiu o 
eixo principal do conceito de inteligência, e foi usada como um ponto de referência para detectar o quão 
inteligente era uma pessoa. Como o próprio nome indica, este tipo de inteligência está ligada à capacidade de 
raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos. A velocidade para resolver estes problemas é o 
indicador que determina quanta inteligência lógico-matemática a pessoa tem. O famoso teste de quociente de 
inteligência (QI) é baseado neste tipo de inteligência e, em menor proporção, na inteligência linguística. 
Cientistas, economistas, acadêmicos, engenheiros e matemáticos muitas vezes se destacam neste tipo de 
inteligência. 
Inteligência Espacial 
A capacidade de observar o mundo e os objetos em diferentes perspectivas está relacionada a este tipo de 
inteligência, em que se destacam os profissionais de xadrez e artes visuais (pintores, designers, escultores…). 
Pessoas que se destacam nessa inteligência, geralmente têm habilidades que lhes permitem criar imagens 
mentais, desenhar e identificar detalhes, além de um sentimento pessoal de estética. Com essa inteligência 
desenvolvida, encontramos pintores, fotógrafos, designers, publicitários, arquitetos, e outras profissões que 
exigem criatividade… 
Inteligência Musical 
A música é uma arte universal. Todas as culturas têm alguma forma de música, mais ou menos elaborada, 
levando Gardner e seus colegas a entenderem que há uma inteligência musical latente em todos. Algumas 
áreas do cérebro executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da música. Como qualquer 
outro tipo de inteligência, você pode treinar e melhorar. Os mais favorecidos neste tipo de inteligência são 
aqueles capazes de tocar instrumentos, ler e compor peças musicais com facilidade. 
Inteligência corporal e sinestésica 
As habilidades motoras do corpo são necessárias para utilizar ferramentas ou para expressar certas emoções, 
é essencial para

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