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ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva Objetivos Compreender o sistema muscular Funções - O tecido muscular possui quatro funções principais: Produzir movimentos do corpo Estabilizar as posições do corpo Armazenar e mover substâncias dentro do corpo Gerar calor 1) Produzindo movimentos do corpo Movimentos de corpo todo como andar e correr, e movimentos localizados como segurar um lápis, digitar ou acenar com a cabeça, resultantes de contrações musculares, dependem do funcionamento integrado de músculos esqueléticos, ossos e articulações. 2) Estabilização das posições do corpo As contrações dos músculos esqueléticos estabilizam articulações e ajudam a manter posições corporais como ficar de pé ou sentado. - Os músculos posturais se contraem de maneira contínua quando estamos acordados; por exemplo, as contrações sustentadas dos músculos do pescoço mantêm a cabeça ereta para escutar atentamente à aula de anatomia e fisiologia. 3) Armazenamento e movendo substâncias dentro do corpo O armazenamento é realizado pelas contrações sustentadas de camadas circulares de músculo liso chamadas esfíncteres, evitando a saída dos conteúdos dos órgãos ocos. - O armazenamento temporário de alimentos no estômago ou de urina na bexiga urinária é possível porque os esfíncteres de músculo liso fecham as saídas desses órgãos. - As contrações do músculo cardíaco bombeiam sangue pelos vasos sanguíneos do corpo. A contração e o relaxamento do músculo liso nas paredes dos vasos sanguíneos ajudam a ajustar o diâmetro dos mesmos, regulando, assim, o fluxo sanguíneo. As contrações de músculo liso também movimentam alimentos e substâncias como bile e enzimas pelo sistema digestório, mobilizam os gametas (esperma e ovócitos) pelo sistema genital e impulsionam a urina pelo sistema urinário. - As contrações de músculos esqueléticos promovem o fluxo de linfa e ajudam no retorno do sangue venoso para o coração. 4) Gerando calor Com a contração, o tecido muscular produz calor, um processo chamado de termogênese. A maioria do calor gerado pelo músculo é usada para manter a ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva temperatura normal do corpo. Contrações involuntárias de músculos esqueléticos, chamadas tremores, aumentam a produção de calor. Classificação Quanto ao tipo de músculos Músculo Esquelético - No músculo esquelético, cada célula muscular, mais comumente denominada fibra muscular, representa, na realidade, um sincício multinucleado. - A fibra muscular é formada durante o desenvolvimento pela fusão de pequenas células musculares, denominadas mioblastos. - O músculo esquelético consiste em fibras musculares estriadas, mantidas unidas por tecido conjuntivo. -O tecido conjuntivo associado ao músculo é designado de acordo com a sua relação com as fibras musculares: O endomísio é a camada delicada de fibras reticulares que circunda cada fibra muscular. Apenas vasos sanguíneos de pequeno diâmetro e os ramos neuronais mais finos são encontrados no endomísio, que corre paralelamente às fibras musculares O perimísio consiste em uma camada de tecido conjuntivo mais espessa, que circunda um grupo de fibras para formar um feixe ou fascículo. Os fascículos são unidades funcionais das fibras musculares, que tendem a atuar em conjunto para a realização da contração. No perimísio, são encontrados vasos sanguíneos de maior calibre, além de nervos O epimísio é a bainha de tecido conjuntivo denso que circunda um conjunto de fascículos, constituindo o músculo. O suprimento vascular e nervoso adentra o músculo através do epimísio. A cor das fibras musculares vai de rosa a vermelho tanto por causa de seu rico suprimento vascular como pela presença dos pigmentos de mioglobina, proteínas transportadoras de oxigênio, que se assemelham à hemoglobina, mas são menores que esta. - Dependendo do diâmetro da fibra, da quantidade de mioglobina, do número de mitocôndrios, da extensão do retículo sarcoplasmático, da concentração de várias enzimas e da velocidade da contração, as fibras musculares podem ser classificadas em vermelhas, brancas ou intermediárias. - As fibras musculares esqueléticas caracterizam-se pela velocidade de contração, velocidade enzimática e atividade metabólica. - Os três tipos de fibras musculares esqueléticas são as fibras do tipo I (oxidativas lentas), do tipo IIa (glicolíticas oxidativas rápidas) e do tipo IIb (glicolíticas rápidas). - A subunidade estrutural e funcional da fibra muscular é a miofibrila. - A fibra muscular é preenchida com subunidades estruturais dispostas longitudinalmente, denominadas miofibrilas . As miofibrilas são mais visíveis em preparações histológicas cujos cortes sejam favoráveis, isto é, em cortes transversais de fibras musculares. Nesses cortes, conferem à fibra um aspecto pontilhado. As miofibrilas estendem-se por todo o comprimento da célula muscular. - As miofibrilas são compostas de feixes de miofilamentos. ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva - Os miofilamentos são os polímeros filamentosos individuais da miosina II (filamentos espessos) e da actina e suas proteínas associadas (filamentos finos). Os miofilamentos constituem os elementos contráteis efetivos do músculo estriado. - Os feixes de miofilamentos que constituem a miofibrila são circundados por um retículo endoplasmático liso (REL) bem desenvolvido, também denominado retículo sarcoplasmático. Esse retículo forma uma rede tubular altamente organizada ao redor dos elementos contráteis em todas as células musculares estriadas. As mitocôndrias e os depósitos de glicogênio estão localizados entre as miofibrilas em associação ao REL. - As estriações transversais constituem a principal característica histológica do músculo estriado. - As estriações transversais são evidentes nas preparações de cortes longitudinais de fibras musculares coradas. Além disso, podem ser vistas em preparações não coradas de fibras musculares vivas examinadas com um microscópio de contraste de fase ou de polarização. - Nesses microscópios, as estriações transversais aparecem como bandas escuras e bandas claras alternadas. Essas bandas são denominadas bandas A e bandas I. - Na microscopia de polarização, as bandas escuras são birrefringentes (alteram a luz polarizada em dois planos). Por conseguinte, as bandas escuras, por serem duplamente refringentes, são anisotrópicas e recebem o nome de bandas A. As bandas claras são monorrefringentes (não alteram o plano da luz polarizada). Consequentemente, são isotrópicas e recebem o nome de bandas I. - Tanto as bandas A quanto as bandas I são divididas ao meio por regiões estreitas e escuras (de maior eletrodensidade). A banda I clara (eletrolúcida) é dividida ao meio por uma linha escura (elétron-densa), denominada linha Z ou disco Z (do alemão; zwischenscheibe, entre discos). - A banda A escura é dividida ao meio por uma região menos densa ou clara, denominada banda H (do alemão; hell, luz). Além disso, uma linha densa estreita que divide ao meio a banda H clara é denominada linha M (do alemão; mitte, meio). A linha M é mais bem demonstrada em eletromicrografias , embora também possa ser detectada ao microscópio óptico em preparações coradas pela H&E, desde que sejam de alta qualidade técnica. - Conforme assinalado anteriormente, o padrão de bandeamento transversal do músculo estriado é produzido pelo arranjo dos dois tipos de miofilamentos. Para compreender o mecanismo da contração, esse padrão de bandeamento precisa ser considerado em termos funcionais.- Os filamentos dentro de uma miofibrila não se estendem por todo o comprimento da fibra muscular. Em lugar disso, são arranjados em compartimentos chamados sarcômeros - A unidade funcional da miofibrila é o sarcômero, o segmento da miofibrila entre duas linhas Z adjacentes. - O sarcômero é a unidade contrátil básica do músculo estriado. Constitui a parte da miofibrila situada entre duas linhas Z adjacentes. - O crescimento muscular que acontece depois do nascimento ocorre pelo aumento das fibras musculares existentes, o que é chamado hipertrofia muscular. A hipertrofia muscular é decorrente da produção mais intensa de miofibrilas, mitocôndrias, retículo sarcoplasmático e outras organelas em resposta à atividade muscular repetitiva e bastante forçada como o treinamento de força. Uma vez que músculos hipertrofiados contêm mais miofibrilas, eles são capazes de contrações mais vigorosas. Durante a infância, o hormônio do crescimento humano e ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva outros hormônios estimulam o crescimento do tamanho das fibras musculares esqueléticas. O hormônio testosterona promove o crescimento ainda maior das fibras musculares. - Alguns mioblastos persistem no músculo esquelético maduro como células satélites. As células satélites retêm a capacidade de se fundir uma à outra ou a fibras musculares danificadas para regenerar fibras musculares funcionais. - A atrofia muscular é a diminuição de tamanho das fibras musculares individuais consequente à perda progressiva de miofibrilas. A atrofia que ocorre porque os músculos não são usados é chamada de atrofia por desuso. Proteínas musculares - As miofibrilas são construídas a partir de três tipos de proteínas: 1) Proteínas contráteis que geram força durante a contração. 2) Proteínas reguladoras que ajudam a ativar e desativar o processo de contração. 3) Proteínas estruturais que mantêm os filamentos grossos e finos no alinhamento adequado, conferem à miofibrila elasticidade e extensibilidade e ligam as miofibrilas ao sarcolema e à matriz extracelular. - Miosina e actina são as duas proteínas contráteis no músculo e componentes dos filamentos grossos e finos, respectivamente. - A miosina é o principal componente dos filamentos grossos e atua como proteína motora nos três tipos de tecido muscular. As proteínas motoras empurram várias estruturas celulares para conseguir o movimento convertendo energia química em ATP em energia mecânica de movimento, isto é, produção de força. Cada molécula de miosina tem a forma de dois tacos de golfe enroscados. A cauda de miosina (as hastes dos tacos de golfe enroscados) aponta para a linha M no centro do sarcômero. Caudas de moléculas vizinhas de miosina repousam paralelamente uma à outra, formando a diáfise do filamento grosso. As duas projeções de cada molécula de miosina (cabeças dos tacos de golfe) são chamadas cabeças de miosina. As cabeças se projetam para fora da diáfise de maneira espiralada, cada uma se estendendo no sentido dos 6 filamentos finos que circundam cada filamento grosso. - Os filamentos finos encontram-se ancorados nas linhas Z.Seu principal componente é a proteína actina. Moléculas individuais de actina se unem para formar um filamento de actina que se enrosca como uma hélice. Em cada molécula de actina há um local de ligação com a miosina, onde a cabeça de miosina pode se prender. Tropomiosina é uma proteína de 64 kDa, constituída por uma dupla-hélice de dois polipeptídios. Forma filamentos que se alojam no sulco existente entre as moléculas de actina F no filamento fino. No músculo em repouso, a tropomiosina e a sua proteína reguladora, o complexo de troponina, mascaram o sítio de ligação da miosina na molécula de actina Troponina consiste em um complexo de três subunidades globulares. Cada molécula de tropomiosina contém um complexo de troponina. A troponina C (TnC) é a menor subunidade do complexo de troponina (18 kDa). A ligação da troponina C ao Ca2+ constitui uma etapa essencial no início da contração. A troponina T (TnT), uma subunidade de 30 kDa, liga-se à tropomiosina, ancorando o complexo de troponina. A troponina I (TnI), que também é uma subunidade de 30 kDa, liga-se à actina, inibindo, assim, a interação actina-miosina. Ambas as subunidades TnT e TnI unem-se para formar um braço IT assimétrico, que é visível em uma reconstrução tridimensional do complexo de troponina. •Tropomodulina é uma pequena proteína ligante da actina, de cerca de 40 kDa, que se fixa à extremidade livre (negativa) do filamento fino. Essa proteína de revestimento (capping) da actina mantém e regula o comprimento do filamento de actina no sarcômero. Variações no ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva comprimento do filamento fino (como aquelas observadas nas fibras musculares do tipo I e do tipo IIb) afetam a relação comprimento-tensão durante a contração muscular e, portanto, influenciam as propriedades fisiológicas do músculo •Nebulina é uma proteína alongada não elástica, de 600 kDa, associada às linhas Z que se estende ao longo da maior parte do comprimento do filamento fino, exceto em sua extremidade negativa afilada. A nebulina atua como “régua molecular” para o comprimento do filamento fino, visto que o peso molecular de diferentes isoformas de nebulina correlaciona-se com o comprimento dos filamentos finos durante o desenvolvimento do músculo. Além disso, a nebulina contribui para a estabilidade dos filamentos finos ancorados pela α-actinina nas linhas Z. Músculo Cardíaco - O músculo cardíaco apresenta os mesmos tipos e arranjos de filamentos contráteis do músculo esquelético. Por conseguinte, as células musculares cardíacas e as fibras que elas formam exibem estriações transversais evidentes em cortes histológicos de rotina. - Além disso, as fibras musculares cardíacas exibem bandas transversais densamente coradas, denominadas discos intercalares, que cruzam as fibras musculares de modo linear e com frequência e arranjo que se assemelham aos espaços entre os degraus de uma escada. - Os discos intercalares representam pontos de fixação altamente especializados entre células adjacentes. Essa fixação intercelular linear das células musculares cardíacas resulta em “fibras” de comprimento variável. - Por conseguinte, diferentemente das fibras musculares estriadas esqueléticas e viscerais, que representam células únicas multinucleadas, as fibras musculares cardíacas consistem em numerosas células cilíndricas dispostas em um arranjo terminoterminal. Além disso, algumas células musculares cardíacas em uma fibra podem se unir com duas ou mais células por meio de discos intercalares, criando, assim, uma fibra ramificada. - Estrutura do músculo cardíaco - O núcleo do músculo cardíaco fica no centro da célula. - A localização central do núcleo nas células musculares cardíacas constitui um aspecto que ajuda a distingui-las das fibras musculares esqueléticas multinucleadas, cujos núcleos se localizam imediatamente abaixo da membrana plasmática. - Numerosas mitocôndrias grandes e reservas de glicogênio encontram-se adjacentes a cada miofibrila. - Além das mitocôndrias justanucleares, as células musculares cardíacas caracterizam-se por grandes mitocôndrias, densamente dispostas entre as miofibrilas. Essas mitocôndrias contêm numerosas cristas densamente compactadas e, frequentemente, estão distribuídas ao longo de todo o comprimento de um sarcômero . As concentrações de grânulos de glicogênio também estão localizadas entre as miofibrilas. - Os discos intercalares representam junções entre as células musculares cardíacas. - Disco intercalar éa estrutura responsável pela adesão entre as células musculares cardíacas. Ao microscópio óptico, o disco aparece como uma estrutura linear densamente corada, que está orientada transversalmente à fibra muscular. Com frequência, o disco intercalar é visto como segmentos curtos dispostos de modo semelhante a um degrau. - O REL nas células musculares cardíacas está organizado em uma rede única ao longo do sarcômero, estendendo-se de uma linha Z até outra linha Z. ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva - O REL do músculo cardíaco não é tão desenvolvido e bem organizado quanto o do músculo esquelético. Além disso, as miofibrilas distribuem-se irregularmente entre os feixes de miofilamentos e não são claramente identificadas. - No músculo cardíaco, os túbulos T penetram nos feixes de miofilamentos no nível da linha Z e se associam apenas a uma expansão lateral do REL. Por conseguinte, essas pequenas cisternas terminais do REL em estreita proximidade com os túbulos T não formam uma tríade, mas uma díade no nível da linha Z. - A passagem de Ca2+ do lúmen do túbulo T para o sarcoplasma de uma célula muscular cardíaca é essencial para iniciar o ciclo da contração. - No primeiro estágio do ciclo de contração do músculo cardíaco, o Ca2+ no lúmen do túbulo T é transportado até o sarcolema da célula muscular cardíaca, que então abre os canais de liberação de Ca2+com comporta nos sacos terminais adjacentes do retículo sarcoplasmático. - As células musculares cardíacas de condução especializadas (fibras de Purkinje) exibem uma contração rítmica espontânea.A contração espontânea intrínseca ou batimento do músculo cardíaco é evidente nas células musculares cardíacas embrionárias, bem como nas células musculares cardíacas em cultura de tecido. - O batimento cardíaco é iniciado, regulado localmente e coordenado por células musculares cardíacas modificadas e especializadas, denominadas células de condução cardíaca Essas células estão organizadas em nós e em fibras de condução altamente especializadas, denominadas fibras de Purkinje, que geram e transmitem rapidamente o impulso contrátil a várias partes do miocárdio em uma sequência precisa. - As fibras nervosas tanto parassimpáticas quanto simpáticas terminam nos nós. A estimulação simpática acelera o batimento cardíaco, aumentando a frequência dos impulsos para as células de condução cardíaca. - A estimulação parassimpática atenua o batimento cardíaco ao diminuir a frequência dos impulsos. Os impulsos transportados por esses nervos não iniciam a contração, mas apenas modificam a velocidade de contração intrínseca do músculo cardíaco em virtude de seu efeito sobre os nós. Músculo Liso - O músculo liso ocorre geralmente na forma de feixes ou folhetos de células fusiformes alongadas com extremidades afiladas (Figura 11.23 e Prancha 26, p. 359). As células musculares lisas, também denominadas fibras, não apresentam o padrão estriado encontrado no músculo esquelético e no músculo cardíaco. - As células musculares lisas estão interconectadas por junções comunicantes, as junções especializadas de comunicação entre as célu. Pequenas moléculas ou íons podem passar de uma célula para outra através dessas junções e, assim, estabelecer comunicação que regula a contração de todo o feixe ou folheto de músculo liso. - O citoplasma das células musculares lisas cora-se de modo bastante uniforme pela eosina nas preparações de rotina com H&E, devido às concentrações de actina e miosina que essas células contêm. - Os núcleos das células musculares lisas estão localizados no centro da célula e, com frequência, exibem aparência de saca-rolhas em corte longitudinal. Essa característica resulta da contração da célula durante o processo de fixação e, com frequência, é útil para distinguir as células musculares lisas dos fibroblastos em cortes histológicos de rotina. ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva - Estrutura do músculo liso - As células musculares lisas contêm um aparelho contrátil de filamentos finos e espessos e um citoesqueleto de filamentos intermediários de desmina e vimentina. - O sarcoplasma é preenchido com filamentos finos, que formam parte do aparelho contrátil. Os filamentos espessos de miosina estão dispersos por todo o sarcoplasma da célula muscular lisa. São extremamente lábeis e tendem a ser despolimerizados e se perder durante a preparação do tecido. No entanto, podem ser utilizadas técnicas especiais para reter a integridade estrutural dos filamentos espessos e, assim, demonstrá-los com o MET. - Em uma célula muscular lisa, os filamentos finos estão aderidos a densidades citoplasmáticas ou corpos densos, que são visíveis entre os filamentos. Essas estruturas estão distribuídas por todo o sarcoplasma, em uma rede de filamentos intermediários contendo a proteína desmina. Os filamentos intermediários fazem parte do citoesqueleto da célula. Observe que o músculo liso dos vasos contém filamentos de vimentina, além dos filamentos de desmina. - A contração nos músculos lisos é iniciada por um conjunto de impulsos, incluindo estímulos mecânicos, elétricos e químicos. - Os mecanismos que produzem contração das células musculares lisas são muito diferentes daqueles observados no músculo estriado. O músculo liso apresenta diversas vias de transdução de sinal, que iniciam e modulam a contração do músculo liso. - Todas essas vias levam a uma elevação da concentração intracelular de Ca2+, que é diretamente responsável pela contração muscular. Por conseguinte, a contração muscular pode ser desencadeada pelos seguintes mecanismos. - O músculo liso é especializado para a contração lenta e prolongada. - Podem se contrair de maneira semelhante a uma onda, produzindo movimentos peristálticos, como aqueles no trato gastrintestinal e no trato genital masculino, ou as contrações que podem ocorrer ao longo de todo o músculo, produzindo movimentos de eliminação (p. ex., aqueles da bexiga, vesícula biliar e útero). O músculo liso exibe uma atividade contrátil espontânea na ausência de estímulos nervosos. - As células musculares lisas também secretam matriz do tecido conjuntivo. As células musculares lisas contêm organelas típicas de células secretoras. Um RER e um complexo de Golgi bem desenvolvidos estão presentes na zona perinuclear. As células musculares lisas sintetizam ambos: colágeno do tipo IV (lâmina basal) e colágeno do tipo III (reticular) além de elastina, proteoglicanos e glicoproteínas multiadesivas. Com exceção das junções comunicantes, as células musculares lisas são circundadas por uma lâmina externa. - Em alguns locais, como nas paredes dos vasos sanguíneos, e particularmente no útero durante a gravidez, as células musculares lisas secretam grandes quantidades de colágeno do tipo I e elastina. ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva Anatomicamente - Os músculos podem ser descritos ou classificados de acordo com seu formato, que também pode dar nome ao músculo: •Os músculos planos têm fibras paralelas, frequentemente com uma aponeurose — por exemplo, M. oblíquo externo do abdome (músculo plano largo). O M. sartório é um músculo plano estreito com fibras paralelas •Os músculos peniformes são semelhantes a penas na organização de seus fascículos, e podem ser semipeniformes, peniformes ou multipeniformes — por exemplo, M. extensor longo dos dedos (semipeniforme), M. reto femoral (peniforme) e M. deltoide (multipeniforme) •Os músculos fusiformes têm formato de fuso com um ou mais ventres redondos e espessos, de extremidades afiladas— por exemplo, M. bíceps braquial •Os músculos triangulares (convergentes) originam-se em uma área larga e convergem para formar um único tendão — por exemplo, M. peitoral maior •Os músculos quadrados têm quatro lados iguais — por exemplo, M. reto do abdome entre suas interseções tendíneas •Os músculos circulares ou esfincterianos circundam uma abertura ou orifício do corpo, fechando-os quando se contraem — por exemplo, M. orbicular dos olhos (fecha as pálpebras) Entender o processo de contração muscular - Regulação da contração muscular - A regulação da contração envolve o Ca+2, o retículo sarcoplasmático e o sistema tubular transverso. - A existência de Ca2+ é necessária para que ocorra a reação entre a actina e a miosina. Depois da contração, o Ca2+ precisa ser removido. Esse aporte e remoção rápidos de Ca2+ são realizados pela atuação combinada do retículo sarcoplasmático e do sistema tubular transverso (túbulos em T). - O retículo sarcoplasmático forma um compartimento membranoso de cisternas achatadas e canais anastomosados, que atuam como reservatório de íons cálcio. O retículo sarcoplasmático está organizado como uma série repetida de redes de invaginação da membrana plasmática (sarcolema) ao redor das miofibrilas. Cada rede do retículo se estende da junção de uma banda A-I até a próxima junção A-I de cada sarcômero. A rede adjacente do retículo sarcoplasmático continua a partir da junção A-I até a junção A-I do sarcômero vizinho. Por conseguinte, uma rede de retículo sarcoplasmático circunda a banda A, enquanto a rede adjacente circunda a banda I. No local em que as duas redes se encontram, na junção entre as bandas A e I, o retículo sarcoplasmático forma canais semelhantes a anéis ligeiramente aumentados e mais regulares, que circundam o sarcômero. - Esses canais são denominados cisternas terminais e atuam como reservatórios de Ca2+. A membrana plasmática das cisternas terminais contém abundantes canais de liberação de Ca2+, denominados receptores de rianodina, a principal isoforma no músculo esquelético), que estão envolvidos na liberação de Ca2+ dentro do sarcoplasma. ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva - A energia necessária para as reações químicas da contração muscular é fornecida por numerosas mitocôndrias e grânulos de glicogênio que se localizam ao redor das miofibrilas, em associação ao retículo sarcoplasmático. A superfície luminal do retículo sarcoplasmático contém calsequestrina, uma proteína ligante do cálcio altamente ácida, que tem a capacidade de internalizar e ligar-se com até 50 íons Ca2+. A calsequestrina possibilita o armazenamento de alta concentração (até 20 mM) do Ca2+ necessário para o início da contração muscular, enquanto a concentração de Ca2+ livre dentro do lúmen do retículo sarcoplamático permanece muito baixa (inferior a 1 mM). - O sistema de túbulos transversais ou sistema T consiste em numerosas invaginações tubulares da membrana plasmática (sarcolema) da fibra muscular; cada uma dessas invaginações é denominada túbulo T. Os túbulos T penetram na fibra muscular, e seus ramos envolvem as junções das bandas A-I de cada sarcômero . O sistema T contém proteínas sensoras de voltagem, denominadas receptores sensíveis à di-hidropiridina – canais transmembrana sensíveis à despolarização, que são ativados quando a membrana plasmática se despolariza. Alterações na conformação dessas proteínas afetam diretamente os canais de liberação de Ca2+ com comporta (isoforma RyR1 dos receptores de rianodina) localizados na membrana plasmática das cisternas terminais adjacentes. - O complexo formado por um túbulo T e duas expansões ou cisternas terminais adjacentes do retículo sarcoplasmático é denominado tríade. Essas estruturas são encontradas nas junções A-I do músculo esquelético. As tríades constituem elementos importantes para o acoplamento de eventos extracelulares (p. ex., estimulação nervosa), com respostas intracelulares (p. ex., liberação de Ca2+) que resultam em contração muscular. - A despolarização da membrana do túbulo T desencadeia a liberação de Ca2+ das cisternas terminais e inicia a contração muscular por meio de alterações nos filamentos finos. - Quando um impulso nervoso chega à junção neuromuscular, a liberação de neurotransmissor (acetilcolina) da terminação nervosa desencadeia uma despolarização da membrana plasmática da célula muscular. Por sua vez, a despolarização provoca a abertura dos canais de Na+ controlados por voltagem na membrana plasmática, possibilitando um influxo de Na+ do espaço extracelular para dentro da célula muscular. - O influxo de Na+ promove uma despolarização geral, que se propaga rapidamente sobre toda a membrana plasmática da fibra muscular. Quando a despolarização encontra a abertura do túbulo T, ela é transmitida ao longo das membranas desse sistema até as regiões mais profundas da célula. As cargas elétricas ativam proteínas sensoras de voltagem (DHSR) localizadas na membrana do túbulo T. Essas proteínas apresentam as propriedades estruturais e funcionais de canais de Ca2+. Durante a despolarização do músculo esquelético, a breve ativação desses sensores não é suficiente para abrir os canais de Ca2+. - Por conseguinte, o transporte de Ca2+ do lúmen do túbulo T para dentro do sarcoplasma não ocorre. Nesse tipo de músculo, a ativação desses sensores atua abrindo os canais de liberação de Ca2+ (receptores de rianodina) nos sacos terminais adjacentes do retículo sarcoplasmático, causando a rápida liberação de Ca2+ no sarcoplasma. A concentração aumentada de Ca2+ no sarcoplasma inicia a contração da miofibrila por meio da ligação à porção TnC do complexo de troponina nos filamentos finos. - A mudança na conformação molecular de TnC causa dissociação de TnI das moléculas de actina e libera o complexo de troponina dos sítios de ligação da miosina nas moléculas de actina. Nessa etapa, as cabeças de miosina estão livres para interagir com as moléculas de actina, iniciando o ciclo de contração muscular ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva Tipos 1) Contração reflexa Embora os músculos esqueléticos também sejam denominados músculos voluntários, alguns aspectos da sua atividade são automáticos (reflexos) e, portanto, não são controlados pela vontade. Os exemplos são os movimentos respiratórios do diafragma, controlados na maioria das vezes por reflexos estimulados pelos níveis sanguíneos de oxigênio e dióxido de carbono (embora possa haver controle voluntário dentro de limites), e o reflexo miotático,que resulta em movimento após alongamento muscular produzido pela percussão de um tendão com um martelo de reflexo. 2) Contração tônica Mesmo quando estão “relaxados” os músculos de um indivíduo consciente estão quase sempre levemente contraídos. Essa leve contração, denominada tônus muscular, não produz movimento nem resistência ativa (como o faz a contração fásica), mas confere ao músculo certa firmeza, ajudando na estabilidade das articulações e na manutenção da postura, enquanto mantém o músculo pronto para responder a estímulos apropriados. Geralmente o tônus muscular só está ausente quando a pessoa está inconsciente (como durante o sono profundo ou sob anestesia geral) ou após uma lesão nervosa que acarrete paralisia. 3) Contração fásica Existem dois tipos principais de contrações musculares fásicas (ativas): (1) contrações isotônicas, nas quais o músculo muda de comprimento em relação à produção de movimento, e (2) contrações isométricas, nas quais o comprimento do músculo permanece igual — não há movimento, mas a força (tensão muscular) aumenta acima dos níveis tônicos para resistir à gravidade oua outra força antagônica (Figura I.20). O segundo tipo de contração é importante para manter a postura vertical e quando os músculos atuam como fixadores ou sustentadores, conforme descrição adiante. - Existem dois tipos de contrações isotônicas. O tipo no qual pensamos com maior frequência é a contração concêntrica, na qual o movimento decorre do encurtamento muscular—por exemplo, ao levantar uma xícara, empurrar uma porta ou dar um soco. Normalmente, é a capacidade de aplicar força excepcional por meio da contração concêntrica que distingue um atleta de um amador. O outro tipo de contração isotônica é a contração excêntrica, na qual um músculo se alonga ao contrair — isto é, sofre relaxamento controlado e gradual enquanto exerce força (reduzida) contínua, como ao desenrolar uma corda. Embora não sejam tão conhecidas, as contrações excêntricas são tão importantes quanto as contrações concêntricas para os movimentos coordenados e funcionais como caminhar, correr e depositar objetos no chão ou sentar-se. Relaxamento - O relaxamento muscular resulta da diminuição da concentração citosólica de Ca2+ livre. - Simultaneamente, uma bomba de ATPase ativada por Ca2+ na membrana do retículo sarcoplasmático transporta o Ca2+ de volta ao local de armazenamento sarcoplasmático. Uma baixa concentração de Ca2+ livre dentro do retículo sarcoplasmático é mantida pela calsequestrina, uma proteína ligante do cálcio, que ajuda na eficiência da captação de Ca2+. - Por conseguinte, a ligação do Ca2+ à calsequestrina dentro do retículo sarcoplasmático diminui o gradiente de concentração de Ca2+ livre, contra o qual as bombas de Ca2+ ativadas por ATPase precisam trabalhar. A concentração de Ca2+ em repouso é restabelecida no citosol em menos de 30 milissegundos. - Essa restauração da concentração de Ca2+ em repouso próximo aos miofilamentos geralmente relaxa o músculo e causa a interrupção da contração. No entanto, a contração continuará enquanto os impulsos nervosos continuarem a despolarizar a membrana plasmática dos túbulos T. ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva Fadiga - A incapacidade de um músculo de manter a força de contração depois de uma atividade prolongada é chamada de fadiga muscular. A fadiga resulta principalmente de alterações que acontecem dentro das fibras musculares. Mesmo antes que a real fadiga muscular ocorra, a pessoa pode ter sensação de cansaço e desejo de parar a atividade; essa resposta, chamada de fadiga central, é causada por alterações na parte central do sistema nervoso (encéfalo e medula espinal). - Embora seu mecanismo exato seja desconhecido, pode ser um mecanismo de proteção para fazer a pessoa parar o exercício antes que os músculos sejam danificados. - Determinados tipos de fibras musculares esqueléticas entram em fadiga mais rápido que outros. - Embora os mecanismos exatos que causam a fadiga muscular ainda não estejam esclarecidos, acredita-se que diversos fatores contribuam. Um deles é a liberação inadequada de íons cálcio do RS, resultando em declínio da concentração de Ca2+ no sarcoplasma. - A depleção de fosfato de creatina também é associada à fadiga, porém, surpreendentemente, os níveis de ATP no músculo fatigado muitas vezes não estão muito mais baixos do que no músculo em repouso. Outros fatores que contribuem para a fadiga muscular incluem insuficiência de oxigênio, depleção de glicogênio e outros nutrientes, formação de ácido láctico e ADP e falha dos potenciais de ação no neurônio motor para liberar acetilcolina suficiente - Consumo de oxigênio após o exercício - Durante períodos prolongados de contração muscular, elevações na frequência respiratória e no fluxo sanguíneo intensificam o fornecimento de oxigênio para o tecido muscular. Depois de cessada a contração muscular, a respiração persiste mais intensa por um tempo e o consumo de oxigênio permanece acima do nível de repouso. Dependendo da intensidade do exercício, o período de recuperação pode ser de apenas alguns minutos ou pode durar várias horas. - O termo débito de oxigênio tem sido usado para fazer referência ao oxigênio adicional, além do oxigênio consumido em repouso, captado pelo corpo depois da prática de exercício. Esse oxigênio extra é usado para restaurar as condições metabólicas até o nível de repouso de três maneiras: 1) Convertendo ácido láctico de volta aos estoques de glicogênio no fígado. 2) Ressintetizando fosfato de creatina e ATP nas fibras musculares. 3) Repondo o oxigênio removido da mioglobina. - As alterações metabólicas que ocorrem durante o exercício podem ser responsáveis apenas por parte do oxigênio extra usado depois do exercício. Somente uma pequena quantidade da ressíntese de glicogênio vem do ácido láctico. - Em lugar disso, a maior parte do glicogênio é produzida muito depois, a partir dos carboidratos ingeridos. Grande parte do ácido láctico que permanece depois do exercício é convertida de volta a ácido pirúvico e usada na produção de ATP via respiração aeróbica no coração, fígado, rins e músculo esquelético. - O uso de oxigênio depois do exercício também é elevado por conta de alterações contínuas. Primeiro, a temperatura corporal elevada depois da prática de um exercício vigoroso aumenta a taxa de reações químicas por todo o corpo. Reações mais rápidas usam ATP mais rapidamente e mais oxigênio é necessário para produzir ATP. ASE1 – Funções Biológicas Problema 2 Módulo III Arilson Lima da Silva - Em segundo lugar, o coração e os músculos usados na respiração continuam trabalhando de maneira mais intensa do que quando em repouso e, desse modo, consomem mais ATP. - Em terceiro, os processos de reparo tecidual ocorrem em ritmo mais acelerado. Por essas razões, captação de oxigênio da recuperação é uma expressão melhor que débito de oxigênio para designar o uso elevado de oxigênio depois da prática de exercício. Caracterizar os tipos de movimento Placa motora Na junção neuromuscular (placa motora terminal), a bainha de mielina das terminações axônicas e a porção terminal do axônio são cobertas apenas por uma fina porção da célula neurilemal com sua lâmina externa. A extremidade do axônio ramifica-se em vários ramos terminais e cada um deles se localiza em uma depressão na superfície da fibra muscular: a região do receptor. A terminação axônica é uma estrutura pré-sináptica típica que contém numerosas mitocôndrias e vesículas sinápticas, as quais contêm o neurotransmissor acetilcolina. Nervo motor Fatores que influenciam no movimento. Artigo :O exercício físico específico melhora o metabolismo energético no músculo esquelético de ratos de esclerose lateral amiotrófica. Sorbonne Paris Cité, Faculdade de Ciências, Fundamentos e Biomédicales, Université Paris Descartes, Paris, França. Laboratório de lipidomique, Faculdade de Medicina Pierre et Marie Curie - Hospital Saint- Antoine, Université Paris 6, Paris, França
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