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ARACNOFAUNA EM BROMÉLIAS Ocorrigido

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VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 1 
 
ARACNOFAUNA EM BROMÉLIAS OCORRENTES NA RESERVA PARTICULAR DO 
PATRIMÔNIO NATURAL SENADOR ANTÔNIO DE FARIAS, BAÍA FORMOSA, ESTADO 
DO RIO GRANDE DO NORTE 
 
 
RESUMO 
As aranhas estão entre os predadores mais comuns 
encontrados sobre a vegetação, principalmente nas 
bromélias, sendo estreitamente influenciadas pela 
complexidade desse habitat. Elas encontram nas 
bromeliáceas locais favoráveis para o seu forrageamento, 
reprodução, recrutamento de jovens para a população e 
também para proteção contra predadores e extremidades 
climáticas. Assim, o objetivo do presente estudo é identificar 
as espécies de aracnídeos em bromélias ocorrentes na 
Reserva Particular do Patrimônio Natural Senador Antônio 
de Farias, Baía Formosa, Estado do Rio Grande do Norte. As 
coletas ocorreram nos meses de setembro e outubro de 
2017. Os aracnídeos encontrados nas bromélias 
selecionadas foram coletados com o auxílio de pinça e 
mantidos em potes de vidro. A identificação dos aracnídeos 
e das bromélias se deu por meio de artigos de descrição, 
reconhecimento visual e pesquisa científica virtual. Foi 
registrado a ocorrência de 13 espécies diferentes da ordem 
Araneae pertencentes a 8 famílias em bromélias 
Hohembergia Schult. f. e Aechmea Ruiz & Pav. Ademais, foi 
encontrado uma espécie de opilião da família Gonyleptidae 
em uma bromélia não identificada. Considerando que a 
destruição e fragmentação da Floresta Atlântica ocorrem de 
forma descontrolada e frenética devido a intervenção 
humana e tendo em vista que há poucas pesquisas 
relacionadas à fauna de bromélias em Mata Atlântica do Rio 
Grande do Norte, faz-se necessária a realização de mais 
estudos que inventariem os seres vivos presentes em 
algumas das poucas áreas que ainda permanecem bem 
conservadas, como é o caso da RPPN Senador Antônio de 
Farias, para conhecer ainda mais a estrutura das 
comunidades associadas às bromeliáceas.
 
PALAVRAS-CHAVE: aranhas, bromélias, Mata Estrela. 
THE BROMELIAD ARACHNOFAUNA IN THE RESERVA PARTICULAR DO 
PATRIMÔNIO NATURAL SENADOR ANTÔNIO DE FARIAS, BAIA FORMOSA, STATE 
OF RIO GRANDE DO NORTE 
 
ABSTRACT 
Spiders are among some of the most common predators 
found on vegetation, principally over bromeliads, being 
closely affected by the complexity of this habitat. They find 
on bromeliads favorable places for nourishment, 
reproduction, recuitment of younglings as well as protection 
against both, predators and extreme weather. Therefor, the 
purpose of the present study is to identify arachnid species 
within the Reserva Particular do Patrimônio Natural Senador 
Antônio de Farias (Private Reserve of the Natural Patrimony 
of the Senator Antônio de Farias). Samples were taken in 
2017 in the months of september and october. Arachnids 
found in selected bromeliads were collected with the aid of 
tweezes and kept inside glass containers. The identification 
of bromeliads and arachnids was done by use of description 
articles, visual recognition and internet research on scientific 
articles. 13 different species were registared belonging to 8 
distinct families of the order Araneae on bromeliads 
Hohembergia Schult. f. e Aechmea Ruiz & Pav. Farthermore, 
a species of opilion from the family Gonyleptidae was found 
in a non-identified bromeliad. Considering that the 
fragmentation and destruction of the Atlantic Forest 
happened in uncontrolled and frantic fashion due to human 
intervention, and keeping in mind there are few fauna 
related bromeliad researches focusing on Atlantic Forest 
within the state of Rio Grande do Norte, more studies to 
inventory living organisms are needed in some of the few 
areas that still remain well conserved, like in the RPPN 
Senador Antônio de Farias, to know even more about 
bromeliad associated comunity structures. 
 
VITAL-OLIVEIRA, G. A.124 e MELO, M. D.3 
Bacharelando em Ciências Biológicas – UnP¹ 
Técnico em Mineração – IFRN² 
Bióloga | Professora Doutora do curso de Ciências Biológicas - UnP3 
Autor para correspondência: bio.glenio.augusto@gmail.com4 
KEYWORDS: spiders, bromeliads, Mata Estrela. 
Miguel Rocha
Nota
à
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 2 
 
1. INTRODUÇÃO 
Assim como os insetos, os aracnídeos pertencem ao filo Arthropoda, ou seja, são 
animais que apresentam pernas articuladas e o corpo coberto por uma cutícula 
resistente, conhecida por exoesqueleto, constituída principalmente pela proteína 
quitina. 
Os aracnídeos são o segundo maior grupo do Reino Animal, sendo superados em 
número de espécies somente pelos insetos (FOELIX, 2011). Estão inseridos neste grupo 
os animais comumente conhecidos, como aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos, 
além de outros desconhecidos, como Schizomida, Ricinulei e Solifugae, que nem 
apresentam nome vulgar (INDICATTI, 2013). 
Segundo Wise (1993) e Evans (1997), as aranhas estão entre os predadores mais 
comuns encontrados sobre a vegetação, sendo estreitamente influenciadas pela 
complexidade deste habitat. Por exemplo, a área superficial para colonização (SOUZA, 
2007), disponibilidade de locais para construção de abrigos e teias (GUNNARSON, 1990; 
FIGUEIRA & VASCOCELLOS-NETO, 1993), e também sítios para acasalamento e 
oviposição (SMITH, 2000) estão relacionados a complexidade estrutural do habitat. Em 
virtude dessa interação, estes animais são constantemente utilizados como modelo em 
estudos de interação fauna e flora (PICOLLI, 2011). 
A associação entre aranhas e bromélias é a que mostra maior incidência de 
especificidade na interação (PICOLLI, 2011). As bromélias são plantas 
monocotiledôneas, herbáceas de folhas largas ou estreitas, lisas ou serrilhadas de cor 
verde, vermelho, vinho, variegada, com manchas, listras e pintas (SILVA e GOMES, 
2008). Segundo Rizzini (1997) e Benzing (2000), são plantas bem características quanto 
à floração e folhagem. Florescem somente uma vez quando estão no estado adulto, 
depois lançam um broto lateral para finalizar seu ciclo. São divididas em 3 grupos: 
terrestres que crescem sobre o solo, rupícolas que crescem sobre rochas e epífitas que 
crescem apoiadas em árvores, buscando luz, ventilação e água para nutrição. 
A família Bromeliaceae inclui aproximadamente 3.300 espécies distribuídas em 
58 gêneros (LUTHER, 2010). São comumente encontradas em florestas úmidas, 
principalmente na Mata Atlântica, onde são uma das principais famílias entre as epífitas 
(SOUZA e LORENZI, 2008). 
As bromélias são particularmente adaptadas a desenvolverem fitotelmata 
(Figura 01), nome dado aos pequenos corpos d’água retidos em plantas por estruturas 
destas, devido ao arranjo de suas folhas (FISH, 1983). Existem sete tipos de fitotelmata 
descritos, que são: buracos de árvore, axilas de folhas, partes de flores, folhas 
modificadas, partes de plantas caídas, frutos caídos e galhos podres (GREENEY, 2001). 
Sodré (2008) afirma que apesar de ser pequeno o volume confinado nessas coleções de 
água, têm-se registrado a presença de micro comunidades que são, proporcionalmente, 
muito diversificadas, contendo representantes de inúmeros grupos taxonômicos que ali 
habitam, desenvolvem-se e interagem ecologicamente, como as aranhas. 
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 3 
 
 
Figura 01: Fitotelmata em bromélia Hohembergia Schult. f. Foto: AMORIM, 2017 
Gonçalvez-Souza et al. (2010) reconhece as aranhas como sendo os predadores 
terrestres mais comuns encontrados sobre bromélias. Elas encontram nas bromélias 
locais favoráveis para o seu forrageamento, reprodução, recrutamento de jovens para a 
população e também um local para proteção contra predadores e extremidades 
climáticas (ROMERO et al. 2006; ROMERO & VASCONCELLOS-NETO, 2007; OMENA & 
ROMERO, 2008). As espécies queutilizam as plantas para fins de reprodução são 
consideradas bromelígenas, enquanto as espécies que utilizam as plantas apenas para 
abrigo ou forrageio, são consideradas bromelícolas (PEIXOTO, 1995). As bromélias 
desenvolveram complexas interações com estes animais que são limitadas ou 
totalmente dependentes do micro-habitat aquático formado em seus tanques (DEL-
CLARO, 2012). 
 
Figura 02: Aranha utilizando a bromélia para oviposição. Foto: MEDEIROS, 2017 
Considerando a potencialidade ecológica que as espécies de Bromeliaceae têm 
em conceder recursos para vários organismos, inclusive para as aranhas, faz-se 
importante a produção de estudos sobre os tipos de interações que ocorrem nessas 
plantas e sobre a biologia desses organismos. Assim, o objetivo do presente estudo é 
identificar as espécies da aracnofauna em bromélias ocorrentes na Reserva Particular 
do Patrimônio Natural Senador Antônio de Farias, Baía Formosa, Estado do Rio Grande 
do Norte. 
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 4 
 
2. MATERIAL E MÉTODOS 
2.1. Área de Estudo 
A Reserva Particular do Patrimônio Natural Senador Antônio de Farias, 
normalmente referida como RPPN Mata Estrela, é uma reserva brasileira localizada no 
litoral oriental do Rio Grande do Norte, na Microrregião do Litoral Sul, a 94 quilômetros 
da capital Natal, próximo à divisa com o Estado da Paraíba. Com uma área de 2039,93 
ha, a RPPN Mata Estrela tem sua sede localizada a 06°22’10’’ de latitude Sul e 35°00’28’’ 
de longitude Oeste, limitando-se ao Norte e a Oeste com o Município de Canguaretama, 
ao Sul com o Município de Mataraca, na Paraíba e a Leste com o Oceano Atlântico, 
possuindo uma altitude média de até 25 metros. 
 
Figura 03: Localização da Reserva Particular do Patrimônio Natural Mata Estrela. Fonte: ICMBio 
A unidade, que se localiza à beira-mar, preserva o maior fragmento de Mata 
Atlântica do Estado, o que intensifica sua importância como patrimônio natural. 
2.2. Metodologia 
A RPPN Mata Estrela foi escolhida como ambiente de estudo foi pelo fato de 
existirem várias bromélias no local, por ser uma região fora da área urbana e pela 
certeza de que a integridade destas bromélias seria mantida para assegurar a 
continuidade do presente estudo de campo. 
As coletas ocorreram nos meses de setembro e novembro de 2017. Foram 
selecionadas duas comunidades de bromeliáceas em locais diferentes na reserva, sendo 
um no entorno da Lagoa da Coca-Cola e o outro na Trilha da Coca-Cola. Em cada 
população foram escolhidos indivíduos aleatórios para desfolhamento. Visando 
amenizar o impacto no local, as bromélias selecionadas possuíam brotos formados que 
saiam da base do vegetal por estolhos (MOREIRA et. al., 2006), ou seja, elas já haviam 
gerado descendentes. O desfolhamento foi executado no local para que as folhas 
possam se decompor e se tornarem fertilizantes naturais. 
Miguel Rocha
Nota
Bromeliaceae ou bromélias
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 5 
 
 
Figura 04: Trilha da Coca-Cola na RPPN Mata 
Estrela. Foto: AMORIM, 2017 
Figura 05: Desfolhamento da Bromélia em 
campo. Foto: AMORIM, 2017
Os aracnídeos encontrados nas bromélias selecionadas foram coletados com o 
auxílio de pinça e mantidos em potes de vidro para criação-identificação (FIGURA 05). 
Quando a espécie se repetia, era apenas fotografada. Não se utilizou o álcool 70% para 
conservar todos os indivíduos, apenas os que não sobreviveram, pois espera-se que as 
espécies retornem para o seu habitat natural ao término da pesquisa. As aranhas vivas 
estão sendo alimentadas diariamente por Musca domestica Linnaeus, 1758 e Drosophila 
melanogaster Meigen, 1830. 
 
Figura 06: Potes de vidro para coleta dos aracnídeos. Foto: AMORIM, 2017 
A identificação dos aracnídeos e das bromélias se deu por meio de artigos de 
descrição, reconhecimento visual e pesquisa científica virtual. 
 
Miguel Rocha
Nota
Parágrafo desnecessário
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
*Artigo de descrição: BERTANI (2012) 
**Artigo de descrição: FUKUSHIMA, NAGAHAMA & BERTANI (2008) 
6 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Foi registrado a ocorrência de 13 espécies diferentes da ordem Araneae 
pertencentes a 8 famílias em bromélias Hohembergia Schult. f. e Aechmea Ruiz & Pav. 
Ademais, foi encontrado uma espécie de opilião da família Gonyleptidae (Figura 07) em 
uma bromélia específica e não identificada. 
Além das citadas, outras espécies de bromélias foram encontradas na RPPN Mata 
Estrela, mas por não apresentarem fitotelmata, não possuíam associação visível com 
aracnídeos ou outros artrópodes, e por isso não foram explanadas. 
Tabela 01: Diversidade de aracnídeos em bromélias da RPPN Mata Estrela/RN. 
Ordem Subordem Família Espécie 
Araneae 
Mygalomorphae Theraphosidae 
Pachistopelma rufonigrum Pocock, 1901 * 
Kochiana brunnipes (C. L. Koch, 1842) ** 
Iridopelma hirsutum Pocock, 1901 * 
Araneomorphae 
Araneidae Metazygia sp 
Corinnidae Corinna sp 
Ctenidae Nothroctenus sp 
Pholcidae Mesabolivar sp 
Tetragnathidae Tetragnatha sp 
Linyphiidae Linyphia sp 
Salticidae 
Corythalia sp 
- 
- 
- 
Opiliones Laniatores Gonyleptidae - 
 
 
Figura 07: Opilião em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 
Segundo DaSilva e Pinto-da-Rocha (2011), a Mata Atlântica abriga a maior 
diversidade de espécies de opiliões no mundo, sendo a família Gonyleptidae a mais 
importante. Eles encontram nas bromélias um habitat de alta umidade essencial para 
sua sobrevivência, já que possuem dificuldades fisiológicas para evitar perda de água.
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 7 
 
A P. rufonigrum foi a espécie mais abundante na pesquisa, seja na forma jovem 
ou adulta, sendo quase 80% das espécies encontradas, fazendo jus ao seu nome vulgar 
de aranha-de-bromélia. O estudo realizado em um fragmento de Mata Atlântica no Rio 
Grande do Norte (ROCHA-NETO et al., 2017), afirma que essa espécie vive 
exclusivamente em bromélias que apresentam fitotelmata, passando todo o seu ciclo 
de vida na planta, sendo limitadas ou totalmente dependentes dela, e por esse motivo 
foi a mais conspícua. 
Rocha-Neto et al. (2017) alega ainda que a Pachistopelma está regionalmente 
ameaçada, em consequência da destruição e do extrativismo das bromélias do Estado. 
 
Figura 08: P. rufonigrum jovens em bromélia na 
RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 
Figura 09: P. rufonigrum adulta em bromélia na 
RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017
I. hirsutum foi encontrada apenas nas bromélias do entorno da Lagoa da Coca-
Cola. Rocha-Neto et al. (2017) reconhece a espécie como sendo mais agressiva que a P. 
rufonigrum, porém são muito parecidas. O registro fotográfico dessa aranha neste 
trabalho só foi realizado no período de criação-identificação, devido a sua agressividade. 
A K. brunnipes não é uma espécie facilmente encontrada, por causa do seu 
tamanho pequeno, apenas um indivíduo foi visto nas bromélias da trilha. É uma aranha 
que entrou no hobby de criação de aranhas recentemente, e é considerada rara por 
muitos criadores. 
 
Figura 10: I. hirsutum no período de criação-
identificação. Foto: Ivo Souza 
Figura 11: K. brunnipes em bromélia na RPPN 
Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017
Miguel Rocha
Nota
ROCHA NETO
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 8 
 
Os corinídeos são aranhas que residem normalmente em serrapilheira e troncos 
de árvore (PICCOLI, 2011). Neste trabalho, a espécie foi encontrada em abrigo na 
bromélia, confirmando o estudo realizado por Gonçalves-Souza et al. (2010) que mostra 
que algumas espécies de Corinna utilizam essas plantas como habitat, tendo registrosem áreas costeiras e interioranas do Brasil. No entanto, é inexistente estudos que 
enfatizem essa interação intrínseca dessa espécie com as bromeliáceas, assim como 
aspectos ecológicos e comportamentais característicos dela. 
A espécie se adaptou a metodologia de criação, e supostamente conseguiu 
reproduzir por partenogênese, que não é uma forma comum de reprodução em 
aranhas, portanto, faz-se necessário um estudo mais apurado para a confirmação. 
 
Figura 12: Corinna em bromélia na RPPN Mata 
Estrela. Foto: AMORIM, 2017 
Figura 13: Corinna no período de criação-
identificação. Foto: Ivo Souza
 
Figura 14: Corinna com filhotes no período de 
criação-identificação. Foto: VITAL-OLIVEIRA, 
2017 
Figura 15: Abrigo e ootecas da Corinna no 
período de criação-identificação. Foto: VITAL-
OLIVEIRA, 2017
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 9 
 
A espécie do gênero Nothroctenus foi a mais abundante nas bromeliáceas do 
entorno da lagoa, sendo encontrados cerca de três indivíduos por bromélia. Foi 
observada com ooteca, indicando que essa espécie utiliza as bromélias como sítio de 
oviposição (Figura 02), sendo assim, são bromelígenas. Esta aranha também se habituou 
a criação-identificação por um longo período de tempo e sobreviveu até o seu retorno 
ao habitat. 
 
Figura 16: Ctenidae em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: MEDEIROS, 2017 
 
 
Figura 17: Ctenidae no processo de criação-identificação. Foto: Ivo Souza 
 
Miguel Rocha
Nota
Tá parecida com a Lycosa erytognatha
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 10 
 
Os estudos de Romero & Vasconcellos-Neto (2005) mostram que há espécies de 
aranhas da família Salticidae associadas a bromélias em vários tipos de vegetação. Elas 
utilizam as plantas como sítios de acasalamento, bem como sítios de forrageamento, 
berçários e abrigos contra predação. Especificamente neste estudo, não houve registro 
de nenhuma das utilidades citadas pelo autor, as aranhas foram avistadas nas bromélias 
apenas na parte externa da planta, sendo provavelmente visitantes ocasionais. 
Entretanto, essa família se ambientou a metodologia criação-identificação, chegando a 
construir pequenos abrigos nos potes de vidro. 
A espécie da FIGURA 18 foi mais avistada, enquanto que as outras foram 
encontradas somente uma vez no decorrer do estudo. 
 
Figura 18: Salticidae na RPPN Mata Estrela. 
Foto: MEDEIROS, 2017 
Figura 19: Corythalia sp em bromélia na RPPN 
Mata Estrela. Foto: MEDEIROS, 2017
 
Figura 20: Salticidade na criação-identificação. 
Foto: Ivo Souza 
Figura 21: Salticidae na criação-identificação. 
Foto: Ivo Souza
As outras espécies (Metazygia sp, Mesabolivar sp, Tetragnatha sp e Linyphia sp) 
não estão, necessariamente, associadas as bromélias. Elas são exímias construtoras de 
teias e assim como as Salticidae, foram encontradas na parte externa das bromeliáceas, 
e consequentemente, poderiam estar em qualquer outra planta. 
 
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 11 
 
4. CONCLUSÃO 
As bromélias estudas na RPPN apresentaram uma diversidade relativamente 
razoável de espécies da aracnofauna associada, sendo mais dominante a espécie 
Pachistopelma rufonigrum, que parece ter a morfologia adaptada para viver entre as 
folhas dessas plantas. 
Além dos aracnídeos, muitos seres vivos foram registrados associadas as 
bromélias na pesquisa, incluindo gastrópodes, anfíbios e répteis. No entanto, 
considerando que a destruição e fragmentação da Floresta Atlântica ocorrem de forma 
descontrolada e frenética devido a intervenção humana e tendo em vista que há poucas 
pesquisas relacionadas à fauna de bromélias em Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, 
faz-se necessária a realização de mais estudos que inventariem os seres vivos presentes 
em algumas das poucas áreas que ainda permanecem bem conservadas, como é o caso 
da RPPN Senador Antônio de Farias, para conhecer ainda mais a estrutura das 
comunidades associadas às bromeliáceas. 
Assim sendo, pode-se concluir que conservar as espécies de bromélias é uma 
maneira de também conservar uma vasta biodiversidade que a elas estão conectadas, 
sobretudo os aracnídeos, o que as torna elementos fundamentais e importantes para a 
manutenção da biodiversidade, contribuindo assim para o equilíbrio ecológico. 
5. AGRADECIMENTOS 
Ao Professor Miguel Rocha Neto pela colaboração na identificação de algumas 
espécies deste estudo. 
A Bióloga Joana Amorim pelo apoio na ida ao campo e pela contribuição de 
algumas fotografias. 
Ao Biólogo Ragner Pessoa e aos estudantes Jobson Fortunato e Andressa 
Medeiros pelo apoio na ida ao campo e pala contribuição de algumas fotografias. 
A Ivo Pessoa pela colaboração de algumas fotografias. 
A Ruan Nogueira pela tradução do Abstract. 
A minha orientadora Dorinha, que acreditou em mim para conclusão deste 
estudo. 
E a todos que de alguma maneira contribuíram para a finalização desse trabalho. 
 
 
 
 
 
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 12 
 
6. REFERÊNCIAS 
BENZING, D. H. Bromeliaceae: profile of an adaptive radiation. New York: Cambridge 
University Press. 2000. 
BERTANI, R. Revision, cladistic analysis and biogeography of Typhochlaena C. L. Koch, 
1850, Pachistopelma Pocock, 1901 and Iridopelma Pocock, 1901 (Araneae, 
Theraphosidae, Aviculariinae). Zookeys, 230. p. 1–94. 2008. Disponível em: 
<10.3897/zookeys.230.3500>. Acesso em: 20/11/2017. 
DaSILVA, M. B.; PINTO-DA-ROCHA, R. História biogeográfica da Mata Atlântica: Opiliões 
(Arachnida) como modelo para sua inferência. In: CARVALHO, C. J. B; ALMEIDA, 
E. A. B. (ed.). Biogeografia da América do Sul–Padrões e Processos. São Paulo: 
Editora Roca, 306. 2013. 
DEL-CLARO, K. Origens e importância das relações plantas-animais para a ecologia e 
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Ecológico-Evolutiva. Rio de Janeiro: Technical Books. p. 336. 2012. 
EVANS, T. A. Distribution of social crab spiders in eucalypt forests. Australian Journal of 
Ecology, 22. p. 107-111. 1997. 
FIGUEIRA, J. E. C.; VASCONCELLOS-NETO, J. Reproductive success of Latrodectus 
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Phytotelmata: flora and fauna. New Jersey: Plexus. 293p. 1983. 
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FUKUSHIMA, C. S.; NAGAHAMA, R. H; BERTANI, R. The identity of Mygale brunnipes C.L. 
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2010. 
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INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio). Reservas 
Particulares do Patrimônio Natural –RPPN: Mata Estrela. Sistema InformatizadoVITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
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de Monitoria de RPPN – SIMRPPN. Disponível em: 
<http://sistemas.icmbio.gov.br/simrppn/publico/detalhe/308/>. Acesso em: 
12/09/2017. 
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em: 11/08/2017. 
Miguel Rocha
Nota
Muito importante 
VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 
 
 14 
 
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