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VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 1 ARACNOFAUNA EM BROMÉLIAS OCORRENTES NA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL SENADOR ANTÔNIO DE FARIAS, BAÍA FORMOSA, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE RESUMO As aranhas estão entre os predadores mais comuns encontrados sobre a vegetação, principalmente nas bromélias, sendo estreitamente influenciadas pela complexidade desse habitat. Elas encontram nas bromeliáceas locais favoráveis para o seu forrageamento, reprodução, recrutamento de jovens para a população e também para proteção contra predadores e extremidades climáticas. Assim, o objetivo do presente estudo é identificar as espécies de aracnídeos em bromélias ocorrentes na Reserva Particular do Patrimônio Natural Senador Antônio de Farias, Baía Formosa, Estado do Rio Grande do Norte. As coletas ocorreram nos meses de setembro e outubro de 2017. Os aracnídeos encontrados nas bromélias selecionadas foram coletados com o auxílio de pinça e mantidos em potes de vidro. A identificação dos aracnídeos e das bromélias se deu por meio de artigos de descrição, reconhecimento visual e pesquisa científica virtual. Foi registrado a ocorrência de 13 espécies diferentes da ordem Araneae pertencentes a 8 famílias em bromélias Hohembergia Schult. f. e Aechmea Ruiz & Pav. Ademais, foi encontrado uma espécie de opilião da família Gonyleptidae em uma bromélia não identificada. Considerando que a destruição e fragmentação da Floresta Atlântica ocorrem de forma descontrolada e frenética devido a intervenção humana e tendo em vista que há poucas pesquisas relacionadas à fauna de bromélias em Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, faz-se necessária a realização de mais estudos que inventariem os seres vivos presentes em algumas das poucas áreas que ainda permanecem bem conservadas, como é o caso da RPPN Senador Antônio de Farias, para conhecer ainda mais a estrutura das comunidades associadas às bromeliáceas. PALAVRAS-CHAVE: aranhas, bromélias, Mata Estrela. THE BROMELIAD ARACHNOFAUNA IN THE RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL SENADOR ANTÔNIO DE FARIAS, BAIA FORMOSA, STATE OF RIO GRANDE DO NORTE ABSTRACT Spiders are among some of the most common predators found on vegetation, principally over bromeliads, being closely affected by the complexity of this habitat. They find on bromeliads favorable places for nourishment, reproduction, recuitment of younglings as well as protection against both, predators and extreme weather. Therefor, the purpose of the present study is to identify arachnid species within the Reserva Particular do Patrimônio Natural Senador Antônio de Farias (Private Reserve of the Natural Patrimony of the Senator Antônio de Farias). Samples were taken in 2017 in the months of september and october. Arachnids found in selected bromeliads were collected with the aid of tweezes and kept inside glass containers. The identification of bromeliads and arachnids was done by use of description articles, visual recognition and internet research on scientific articles. 13 different species were registared belonging to 8 distinct families of the order Araneae on bromeliads Hohembergia Schult. f. e Aechmea Ruiz & Pav. Farthermore, a species of opilion from the family Gonyleptidae was found in a non-identified bromeliad. Considering that the fragmentation and destruction of the Atlantic Forest happened in uncontrolled and frantic fashion due to human intervention, and keeping in mind there are few fauna related bromeliad researches focusing on Atlantic Forest within the state of Rio Grande do Norte, more studies to inventory living organisms are needed in some of the few areas that still remain well conserved, like in the RPPN Senador Antônio de Farias, to know even more about bromeliad associated comunity structures. VITAL-OLIVEIRA, G. A.124 e MELO, M. D.3 Bacharelando em Ciências Biológicas – UnP¹ Técnico em Mineração – IFRN² Bióloga | Professora Doutora do curso de Ciências Biológicas - UnP3 Autor para correspondência: bio.glenio.augusto@gmail.com4 KEYWORDS: spiders, bromeliads, Mata Estrela. Miguel Rocha Nota à VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 2 1. INTRODUÇÃO Assim como os insetos, os aracnídeos pertencem ao filo Arthropoda, ou seja, são animais que apresentam pernas articuladas e o corpo coberto por uma cutícula resistente, conhecida por exoesqueleto, constituída principalmente pela proteína quitina. Os aracnídeos são o segundo maior grupo do Reino Animal, sendo superados em número de espécies somente pelos insetos (FOELIX, 2011). Estão inseridos neste grupo os animais comumente conhecidos, como aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos, além de outros desconhecidos, como Schizomida, Ricinulei e Solifugae, que nem apresentam nome vulgar (INDICATTI, 2013). Segundo Wise (1993) e Evans (1997), as aranhas estão entre os predadores mais comuns encontrados sobre a vegetação, sendo estreitamente influenciadas pela complexidade deste habitat. Por exemplo, a área superficial para colonização (SOUZA, 2007), disponibilidade de locais para construção de abrigos e teias (GUNNARSON, 1990; FIGUEIRA & VASCOCELLOS-NETO, 1993), e também sítios para acasalamento e oviposição (SMITH, 2000) estão relacionados a complexidade estrutural do habitat. Em virtude dessa interação, estes animais são constantemente utilizados como modelo em estudos de interação fauna e flora (PICOLLI, 2011). A associação entre aranhas e bromélias é a que mostra maior incidência de especificidade na interação (PICOLLI, 2011). As bromélias são plantas monocotiledôneas, herbáceas de folhas largas ou estreitas, lisas ou serrilhadas de cor verde, vermelho, vinho, variegada, com manchas, listras e pintas (SILVA e GOMES, 2008). Segundo Rizzini (1997) e Benzing (2000), são plantas bem características quanto à floração e folhagem. Florescem somente uma vez quando estão no estado adulto, depois lançam um broto lateral para finalizar seu ciclo. São divididas em 3 grupos: terrestres que crescem sobre o solo, rupícolas que crescem sobre rochas e epífitas que crescem apoiadas em árvores, buscando luz, ventilação e água para nutrição. A família Bromeliaceae inclui aproximadamente 3.300 espécies distribuídas em 58 gêneros (LUTHER, 2010). São comumente encontradas em florestas úmidas, principalmente na Mata Atlântica, onde são uma das principais famílias entre as epífitas (SOUZA e LORENZI, 2008). As bromélias são particularmente adaptadas a desenvolverem fitotelmata (Figura 01), nome dado aos pequenos corpos d’água retidos em plantas por estruturas destas, devido ao arranjo de suas folhas (FISH, 1983). Existem sete tipos de fitotelmata descritos, que são: buracos de árvore, axilas de folhas, partes de flores, folhas modificadas, partes de plantas caídas, frutos caídos e galhos podres (GREENEY, 2001). Sodré (2008) afirma que apesar de ser pequeno o volume confinado nessas coleções de água, têm-se registrado a presença de micro comunidades que são, proporcionalmente, muito diversificadas, contendo representantes de inúmeros grupos taxonômicos que ali habitam, desenvolvem-se e interagem ecologicamente, como as aranhas. VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 3 Figura 01: Fitotelmata em bromélia Hohembergia Schult. f. Foto: AMORIM, 2017 Gonçalvez-Souza et al. (2010) reconhece as aranhas como sendo os predadores terrestres mais comuns encontrados sobre bromélias. Elas encontram nas bromélias locais favoráveis para o seu forrageamento, reprodução, recrutamento de jovens para a população e também um local para proteção contra predadores e extremidades climáticas (ROMERO et al. 2006; ROMERO & VASCONCELLOS-NETO, 2007; OMENA & ROMERO, 2008). As espécies queutilizam as plantas para fins de reprodução são consideradas bromelígenas, enquanto as espécies que utilizam as plantas apenas para abrigo ou forrageio, são consideradas bromelícolas (PEIXOTO, 1995). As bromélias desenvolveram complexas interações com estes animais que são limitadas ou totalmente dependentes do micro-habitat aquático formado em seus tanques (DEL- CLARO, 2012). Figura 02: Aranha utilizando a bromélia para oviposição. Foto: MEDEIROS, 2017 Considerando a potencialidade ecológica que as espécies de Bromeliaceae têm em conceder recursos para vários organismos, inclusive para as aranhas, faz-se importante a produção de estudos sobre os tipos de interações que ocorrem nessas plantas e sobre a biologia desses organismos. Assim, o objetivo do presente estudo é identificar as espécies da aracnofauna em bromélias ocorrentes na Reserva Particular do Patrimônio Natural Senador Antônio de Farias, Baía Formosa, Estado do Rio Grande do Norte. VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 4 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Área de Estudo A Reserva Particular do Patrimônio Natural Senador Antônio de Farias, normalmente referida como RPPN Mata Estrela, é uma reserva brasileira localizada no litoral oriental do Rio Grande do Norte, na Microrregião do Litoral Sul, a 94 quilômetros da capital Natal, próximo à divisa com o Estado da Paraíba. Com uma área de 2039,93 ha, a RPPN Mata Estrela tem sua sede localizada a 06°22’10’’ de latitude Sul e 35°00’28’’ de longitude Oeste, limitando-se ao Norte e a Oeste com o Município de Canguaretama, ao Sul com o Município de Mataraca, na Paraíba e a Leste com o Oceano Atlântico, possuindo uma altitude média de até 25 metros. Figura 03: Localização da Reserva Particular do Patrimônio Natural Mata Estrela. Fonte: ICMBio A unidade, que se localiza à beira-mar, preserva o maior fragmento de Mata Atlântica do Estado, o que intensifica sua importância como patrimônio natural. 2.2. Metodologia A RPPN Mata Estrela foi escolhida como ambiente de estudo foi pelo fato de existirem várias bromélias no local, por ser uma região fora da área urbana e pela certeza de que a integridade destas bromélias seria mantida para assegurar a continuidade do presente estudo de campo. As coletas ocorreram nos meses de setembro e novembro de 2017. Foram selecionadas duas comunidades de bromeliáceas em locais diferentes na reserva, sendo um no entorno da Lagoa da Coca-Cola e o outro na Trilha da Coca-Cola. Em cada população foram escolhidos indivíduos aleatórios para desfolhamento. Visando amenizar o impacto no local, as bromélias selecionadas possuíam brotos formados que saiam da base do vegetal por estolhos (MOREIRA et. al., 2006), ou seja, elas já haviam gerado descendentes. O desfolhamento foi executado no local para que as folhas possam se decompor e se tornarem fertilizantes naturais. Miguel Rocha Nota Bromeliaceae ou bromélias VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 5 Figura 04: Trilha da Coca-Cola na RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 Figura 05: Desfolhamento da Bromélia em campo. Foto: AMORIM, 2017 Os aracnídeos encontrados nas bromélias selecionadas foram coletados com o auxílio de pinça e mantidos em potes de vidro para criação-identificação (FIGURA 05). Quando a espécie se repetia, era apenas fotografada. Não se utilizou o álcool 70% para conservar todos os indivíduos, apenas os que não sobreviveram, pois espera-se que as espécies retornem para o seu habitat natural ao término da pesquisa. As aranhas vivas estão sendo alimentadas diariamente por Musca domestica Linnaeus, 1758 e Drosophila melanogaster Meigen, 1830. Figura 06: Potes de vidro para coleta dos aracnídeos. Foto: AMORIM, 2017 A identificação dos aracnídeos e das bromélias se deu por meio de artigos de descrição, reconhecimento visual e pesquisa científica virtual. Miguel Rocha Nota Parágrafo desnecessário VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) *Artigo de descrição: BERTANI (2012) **Artigo de descrição: FUKUSHIMA, NAGAHAMA & BERTANI (2008) 6 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi registrado a ocorrência de 13 espécies diferentes da ordem Araneae pertencentes a 8 famílias em bromélias Hohembergia Schult. f. e Aechmea Ruiz & Pav. Ademais, foi encontrado uma espécie de opilião da família Gonyleptidae (Figura 07) em uma bromélia específica e não identificada. Além das citadas, outras espécies de bromélias foram encontradas na RPPN Mata Estrela, mas por não apresentarem fitotelmata, não possuíam associação visível com aracnídeos ou outros artrópodes, e por isso não foram explanadas. Tabela 01: Diversidade de aracnídeos em bromélias da RPPN Mata Estrela/RN. Ordem Subordem Família Espécie Araneae Mygalomorphae Theraphosidae Pachistopelma rufonigrum Pocock, 1901 * Kochiana brunnipes (C. L. Koch, 1842) ** Iridopelma hirsutum Pocock, 1901 * Araneomorphae Araneidae Metazygia sp Corinnidae Corinna sp Ctenidae Nothroctenus sp Pholcidae Mesabolivar sp Tetragnathidae Tetragnatha sp Linyphiidae Linyphia sp Salticidae Corythalia sp - - - Opiliones Laniatores Gonyleptidae - Figura 07: Opilião em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 Segundo DaSilva e Pinto-da-Rocha (2011), a Mata Atlântica abriga a maior diversidade de espécies de opiliões no mundo, sendo a família Gonyleptidae a mais importante. Eles encontram nas bromélias um habitat de alta umidade essencial para sua sobrevivência, já que possuem dificuldades fisiológicas para evitar perda de água. VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 7 A P. rufonigrum foi a espécie mais abundante na pesquisa, seja na forma jovem ou adulta, sendo quase 80% das espécies encontradas, fazendo jus ao seu nome vulgar de aranha-de-bromélia. O estudo realizado em um fragmento de Mata Atlântica no Rio Grande do Norte (ROCHA-NETO et al., 2017), afirma que essa espécie vive exclusivamente em bromélias que apresentam fitotelmata, passando todo o seu ciclo de vida na planta, sendo limitadas ou totalmente dependentes dela, e por esse motivo foi a mais conspícua. Rocha-Neto et al. (2017) alega ainda que a Pachistopelma está regionalmente ameaçada, em consequência da destruição e do extrativismo das bromélias do Estado. Figura 08: P. rufonigrum jovens em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 Figura 09: P. rufonigrum adulta em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 I. hirsutum foi encontrada apenas nas bromélias do entorno da Lagoa da Coca- Cola. Rocha-Neto et al. (2017) reconhece a espécie como sendo mais agressiva que a P. rufonigrum, porém são muito parecidas. O registro fotográfico dessa aranha neste trabalho só foi realizado no período de criação-identificação, devido a sua agressividade. A K. brunnipes não é uma espécie facilmente encontrada, por causa do seu tamanho pequeno, apenas um indivíduo foi visto nas bromélias da trilha. É uma aranha que entrou no hobby de criação de aranhas recentemente, e é considerada rara por muitos criadores. Figura 10: I. hirsutum no período de criação- identificação. Foto: Ivo Souza Figura 11: K. brunnipes em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 Miguel Rocha Nota ROCHA NETO VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 8 Os corinídeos são aranhas que residem normalmente em serrapilheira e troncos de árvore (PICCOLI, 2011). Neste trabalho, a espécie foi encontrada em abrigo na bromélia, confirmando o estudo realizado por Gonçalves-Souza et al. (2010) que mostra que algumas espécies de Corinna utilizam essas plantas como habitat, tendo registrosem áreas costeiras e interioranas do Brasil. No entanto, é inexistente estudos que enfatizem essa interação intrínseca dessa espécie com as bromeliáceas, assim como aspectos ecológicos e comportamentais característicos dela. A espécie se adaptou a metodologia de criação, e supostamente conseguiu reproduzir por partenogênese, que não é uma forma comum de reprodução em aranhas, portanto, faz-se necessário um estudo mais apurado para a confirmação. Figura 12: Corinna em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: AMORIM, 2017 Figura 13: Corinna no período de criação- identificação. Foto: Ivo Souza Figura 14: Corinna com filhotes no período de criação-identificação. Foto: VITAL-OLIVEIRA, 2017 Figura 15: Abrigo e ootecas da Corinna no período de criação-identificação. Foto: VITAL- OLIVEIRA, 2017 VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 9 A espécie do gênero Nothroctenus foi a mais abundante nas bromeliáceas do entorno da lagoa, sendo encontrados cerca de três indivíduos por bromélia. Foi observada com ooteca, indicando que essa espécie utiliza as bromélias como sítio de oviposição (Figura 02), sendo assim, são bromelígenas. Esta aranha também se habituou a criação-identificação por um longo período de tempo e sobreviveu até o seu retorno ao habitat. Figura 16: Ctenidae em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: MEDEIROS, 2017 Figura 17: Ctenidae no processo de criação-identificação. Foto: Ivo Souza Miguel Rocha Nota Tá parecida com a Lycosa erytognatha VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 10 Os estudos de Romero & Vasconcellos-Neto (2005) mostram que há espécies de aranhas da família Salticidae associadas a bromélias em vários tipos de vegetação. Elas utilizam as plantas como sítios de acasalamento, bem como sítios de forrageamento, berçários e abrigos contra predação. Especificamente neste estudo, não houve registro de nenhuma das utilidades citadas pelo autor, as aranhas foram avistadas nas bromélias apenas na parte externa da planta, sendo provavelmente visitantes ocasionais. Entretanto, essa família se ambientou a metodologia criação-identificação, chegando a construir pequenos abrigos nos potes de vidro. A espécie da FIGURA 18 foi mais avistada, enquanto que as outras foram encontradas somente uma vez no decorrer do estudo. Figura 18: Salticidae na RPPN Mata Estrela. Foto: MEDEIROS, 2017 Figura 19: Corythalia sp em bromélia na RPPN Mata Estrela. Foto: MEDEIROS, 2017 Figura 20: Salticidade na criação-identificação. Foto: Ivo Souza Figura 21: Salticidae na criação-identificação. Foto: Ivo Souza As outras espécies (Metazygia sp, Mesabolivar sp, Tetragnatha sp e Linyphia sp) não estão, necessariamente, associadas as bromélias. Elas são exímias construtoras de teias e assim como as Salticidae, foram encontradas na parte externa das bromeliáceas, e consequentemente, poderiam estar em qualquer outra planta. VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 11 4. CONCLUSÃO As bromélias estudas na RPPN apresentaram uma diversidade relativamente razoável de espécies da aracnofauna associada, sendo mais dominante a espécie Pachistopelma rufonigrum, que parece ter a morfologia adaptada para viver entre as folhas dessas plantas. Além dos aracnídeos, muitos seres vivos foram registrados associadas as bromélias na pesquisa, incluindo gastrópodes, anfíbios e répteis. No entanto, considerando que a destruição e fragmentação da Floresta Atlântica ocorrem de forma descontrolada e frenética devido a intervenção humana e tendo em vista que há poucas pesquisas relacionadas à fauna de bromélias em Mata Atlântica do Rio Grande do Norte, faz-se necessária a realização de mais estudos que inventariem os seres vivos presentes em algumas das poucas áreas que ainda permanecem bem conservadas, como é o caso da RPPN Senador Antônio de Farias, para conhecer ainda mais a estrutura das comunidades associadas às bromeliáceas. Assim sendo, pode-se concluir que conservar as espécies de bromélias é uma maneira de também conservar uma vasta biodiversidade que a elas estão conectadas, sobretudo os aracnídeos, o que as torna elementos fundamentais e importantes para a manutenção da biodiversidade, contribuindo assim para o equilíbrio ecológico. 5. AGRADECIMENTOS Ao Professor Miguel Rocha Neto pela colaboração na identificação de algumas espécies deste estudo. A Bióloga Joana Amorim pelo apoio na ida ao campo e pela contribuição de algumas fotografias. Ao Biólogo Ragner Pessoa e aos estudantes Jobson Fortunato e Andressa Medeiros pelo apoio na ida ao campo e pala contribuição de algumas fotografias. A Ivo Pessoa pela colaboração de algumas fotografias. A Ruan Nogueira pela tradução do Abstract. A minha orientadora Dorinha, que acreditou em mim para conclusão deste estudo. E a todos que de alguma maneira contribuíram para a finalização desse trabalho. VITAL-OLIVEIRA & MELO (2017) 12 6. REFERÊNCIAS BENZING, D. H. Bromeliaceae: profile of an adaptive radiation. New York: Cambridge University Press. 2000. BERTANI, R. Revision, cladistic analysis and biogeography of Typhochlaena C. L. Koch, 1850, Pachistopelma Pocock, 1901 and Iridopelma Pocock, 1901 (Araneae, Theraphosidae, Aviculariinae). Zookeys, 230. p. 1–94. 2008. Disponível em: <10.3897/zookeys.230.3500>. Acesso em: 20/11/2017. DaSILVA, M. B.; PINTO-DA-ROCHA, R. 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