GME Texto 3

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Faculdade de Administração e Finanças
Departamento de Ciências Administrativas
Disciplina: Gestão de Materiais e Estoques
Texto 3 – Gestão de Estoques
1. Conceitos 
Importante iniciar os estudos da Gestão dos Estoques com dois conceitos 
fundamentais:
➢ Estoque - é o conjunto de materiais acumulado para posterior utilização e 
destinado a atender à demanda de modo independente das oscilações do mercado 
fornecedor e do processo de suprimento. Não é difícil comprovar que a 
manutenção dos estoques é inevitável e isso significa custo. Sempre haverá, nas 
atividades organizacionais, a existência de estoques em algum nível, o que 
significa que sempre haverá a necessidade de gerir esse estoque.
➢ Gestão do Estoque - constitui o planejamento, execução e controle do conjunto de 
atividades relacionadas com a 
obtenção (compra), guarda, 
movimentação e o 
fornecimento dos materiais, 
com o propósito de “maximizar 
o efeito lubrificante no 
feedback de vendas e o ajuste 
do planejamento da produção” 
(DIAS, 2005). A gestão é 
necessária porque há 
pressões em sentidos 
contrários: uma pressão é no 
sentido de estocar, ou seja, 
garantir prontamente o 
atendimento das demandas do 
clientes e da produção, 
representados pelos gerentes 
de produção e de vendas, e a outra pressão é no sentido de desestocar - ou 
minimizar os estoques - com o objetivo de maximizar o retorno sobre os 
investimentos. 
2. Objetivos 
 
O objetivo é otimizar o investimento, aumentando a eficiência dos recursos 
financeiros, diminuindo as necessidades do capital investido. Os aspectos financeiros da 
manutenção dos estoques são relevantes. A maneira mais simples de explicá-los é 
através da constituição do ativo circulante, representado a seguir. Em alguns casos, os 
estoques participam com 50% ou mais do ativo circulante.
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Desenho 1: Estoque
Entretanto, por outro lado, o atendimento à demanda é tão ou mais importante 
aspecto a considerar, quando a existência do material assegura a realização da receita, 
imprescindível para a obtenção do lucro, numerador da equação principal dos 
proprietários das empresas: retorno sobre os investimentos, do inglês: return on 
investment (ROI). O ativo circulante, o realizável a longo prazo e o permanente formarão 
o denominador (total do ativo). Assim, a gestão dos estoques influencia tanto o lucro 
quanto o total do ativo.
Estaremos estudando o texto “Gestão de estoque: em busca de um desempenho 
melhor” para demonstrar que estudiosos dedicam atenção no estabelecimento de 
relações entre as vendas e os estoques.
3. Importância 
Podemos descrever a importância do estoque pelas razões que justificam a sua 
existência. São elas:
a) Melhorar o nível de serviço - a disponibilização do produto ao cliente quando este o 
deseja assegura a realização da venda;
b) Incentivar a economia na produção - os estoques permitem amortecer a distância entre 
oferta e procura, além da economia obtida em lotes maiores de fabricação;
c) Permitir a economia em escala nas compras e no transporte - a realização de compras 
em grandes quantidades permite descontos significativos, assim como melhor alocação 
do transporte, através da utilização de cargas completas.
d) Proteger contra as alterações de preços - este motivo é relevante em regimes de 
inflação acentuada.
e) Proteger contra oscilações na demanda ou no tempo de ressuprimento (lead time) - 
essa é a principal razão para o estabelecimento de estoques de segurança, conceituado 
como uma quantidade adicional mantida em estoque para fazer frente a essas oscilações.
f) Proteger contra contingências - haverá garantia de materiais para as operações da 
empresa em caso de greves, incêndios, inundações, etc.
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Desenho 2: Representação do ativo circulante
Disponibilidades
Clientes
Estoques
Ativo
Circulante
O nível adequado dos estoques deve ser determinado levando-se em conta que, 
por um lado, um excesso acarreta:
• imobilização desnecessária de capital, pelo fato de os estoques constituírem um ativo 
da empresa e, como tal, comparecerem com valor monetário nos balanços. 
Representam um investimento de capital e devem - por conseqüência - competir com 
os demais ativos da empresa, disputando seus fundos limitados ou escassos;
• congestionamento das áreas de estocagem, gerando sobrecarga de trabalho de 
controle, aumento dos riscos e dificuldades na realização de inventários.
Por outro lado, a manutenção de estoques em níveis reduzidos - ou mesmo nulo -, 
pode ocasionar:
• riscos de não atendimento à demanda, com possibilidade de ocorrência de lucros 
cessantes;
• compras repetitivas e consequente sobrecarga de trabalho ao órgão comprador;
• maior quantidade de compras de emergência, efetuadas nem sempre nas melhores 
condições.
Diante dessa situação, e considerando o volume de recursos aplicados nesse ativo, 
a Gestão de Estoques cresceu de importância. Ela deve exercer suas atividades com o 
objetivo de:
• otimizar os recursos financeiros disponíveis para aplicação em estoques, através da 
obtenção do nível adequado do estoque, evitando as imobilizações desnecessárias;
• atender às demandas no grau de serviço estabelecido. O grau de serviço representa o 
quanto da previsão de consumo (demanda) deverá ser atendida pelo estoque.
A par destes dois objetivos devemos destacar a importância dos custos 
administrativos da estrutura de estocagem. Portanto, temos os seguintes aspectos a 
enumerar quanto aos custos, que deverão ser minimizados em termos de objetivo a 
perseguir:
• realização de inventários;
• áreas de estocagem;
• segurança patrimonial;
• pessoal administrativo.
Para atender os objetivos estabelecidos cabe à função Gestão de Estoques 
responsabilizar-se pelas atividades de informação sobre os materiais e de movimentação 
dos mesmos:
• controle de estoque - conhecimento da movimentação e dos saldos quantitativos e 
valutativos do estoque;
• análise e previsão do estoque - observação do comportamento da demanda, 
determinação das necessidades e providências de ressuprimento;
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• alienação de material - cessão de material que não tem utilidade para a empresa 
(estoques disponíveis);
• transferência de material - movimentação do material entre almoxarifados;
• recebimento de material - aceitação de material para estocagem e futuro fornecimento 
ou alienação;
• fornecimento de material - entrega de material ao usuário;
• estocagem de material - guarda do material confiado ao almoxarifado;
• inventário de material - contagem física do material.
4. Políticas de Estoque 
De acordo com DIAS (2005), é necessário estabelecer políticas de estoque no 
sentido de evitar as ineficiências decorrentes de falha no controle do estoque. É possível 
exemplificar tais falhas com:
a) aumentos nos prazos de entrega para os produtos acabados e tempos de reposição 
maiores para as matérias primas;
b) quantidades maiores de estoque, enquanto a produção se mantém no mesmo nível;
c) aumento do número de cancelamentos de pedidos ou até mesmo a devolução de 
produtos acabados;
d) variação elevada da quantidade produzida;
e) produção paralisada por falta de material, frequentemente;
f) falta de espaço para armazenamento de material;
g) obsolescência do material;
h) baixa rotação do estoque (giro do estoque).
Isso justifica a definição de uma política de estoques, instrumentalizado por um 
sistema de material e pela integração das atividades relacionadas com os estoques, 
envolvendo não só as quantidades, como também os valores dos materiais.Essa política 
deve destacar:
a) metas quanto ao tempo de entrega dos produtos aos clientes;
b) quantidade de depósitos de materiais/centros de distribuição;
c) materiais que serão estocados;
d) nível de flutuação dos estoques para responder às variações das vendas ou alterações 
de consumo;
e) tratamento especulativo dos estoques;
f) rotatividade dos estoques;
g) níveis de controle e de inventários.
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5. Exercícios 
 1 Pesquisar demonstrativos financeiros de uma empresa e demonstrar a 
importância dos estoques para ela. Calcular o custo financeiro de manter o 
estoque naquele nível.
 2 Se os estoques representam 45% do ativo circulante que, por sua vez, 
representa 60% do ativo total, qual o impacto no ROI (ou RSA) de uma redução 
de 10% no nível dos estoques?
 3 Qual é a diferença entre:
 3.1 Estoques e Gestão de Estoques
 3.2 Matéria-prima e produto acabado
 4 Foram coletados os seguintes dados (valores em R$ Mil ):
Receita líquida de vendas: 507.875,00
Custo dos produtos vendidos: 408.076,00
Lucro líquido do exercício: 132.877,00
Estoques: 243.620,00
Total do ativo: 579.594,00
Pede-se:
 4.1 Expressividade dos estoques para essa empresa;
 4.2 Retorno sobre ativos
 4.3 Impacto de uma redução de 10% nos estoques no retorno sobre ativos.
 5 Conceituar Grau de Atendimento. Interpretar um grau de atendimento de 90%.
 6 Com base no conceito de estoque apresentar exemplos de estoques de 
materiais:
a) Na sua casa;
b) Em uma indústria de pneus;
c) Em um hospital.
Para cada um dos casos, justificar a necessidade de estocar o material.
 7 Apresentar um elemento fundamental para constar em uma Política de Estoque. 
Apresentar, também, as razões de sua escolha.
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Referências Bibliográficas:
BALLOU, Ronaldo H. Logística Empresarial. Transportes, Administração de Material e 
Distribuição Física. São Paulo: Ed. Atlas. 2010.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: princípios, conceitos e gestão. São 
Paulo: Ed. Atlas. 2005.
UNIVERSIA-KNOWLEDGE@WHARTON, Gestão de estoque: em busca de um 
desempenho melhor, resenha, site: http://www.wharton.universia.net/index.cfm?
fa=viewArticle&id=1114&language=portuguese; acesso em junho/2009. Publicado em: 
08/03/2006.
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