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| 135 RESUMO A variabilidade das estruturas dentofaciais, nos diversos grupos étnicos, leva o ortodontista a buscar, cada vez mais, informações científicas que possam ser utilizadas com segurança nas definições do diagnóstico e do plano de tratamento. Assim, o objetivo deste artigo consistiu na revisão das características morfológicas da má-oclusão de Classe II, Divisão 1, identificando, quais componentes esqueléticos e/ou dentários contribuem para o seu estabelecimento. De acordo com a literatura revisada, concluiu- se que geralmente a maxila apresenta-se bem posicionada, estando em alguns casos protruída e a mandíbula retruída e com tamanho reduzido; a altura facial ântero-inferior encontra-se aumentada. Os incisivos superiores apresentam-se protruídos e os inferiores com grande variabilidade de posição. Unitermos - Má-oclusão; Classe II; Cefalometria. ABSTRACT The variability of dentofacial structures in the different ethnical leads orthodontists to search increasingly more for scientific information, which can be used with safety to define diagnoses and treatment plans. Like this, the object of this paper is to review literature about the morphologic characteristics of malocclusion in Class II, Division 1 patients by identifying which skeletal and / or dental components contributes to your establishment. Based in the revised, it was concluded that the jawbone usually comes well positioned, being some cases protruded, and the jaw, retried and with reduced size. The antero-inferior face height is increased. The superior incisors come protruded and inferior come with great position variability. Key Words - Malocclusion; Class II; Cephalometry. cArActerísticAs estruturAis dA Má-oclusão de clAsse ii, divisão 1 structurAl chArActeristics of the MAlocclusion of clAss ii, division 1 - A literAture review KeilA MAriA de sousA cAstelo* fAusto silvA brAMAnte** céliA reginA MAio PinzAn-vercelino** * Mestranda do Programa de Pós-graduação em Odontologia - Área de Concentração: Ortodontia - Uniceuma. ** Doutores em Ortodontia pela FOB-USP; Professores do Programa de Pós-graduação em Odontologia - Área de Concentração: Ortodon- tia - Uniceuma. Recebido em dez/2008 - Aprovado em fev/2009 Trabalho original OrtodontiaSPO | 2009;42(2):135-40 OR TO DI VU LG AÇ ÃO 136 | OrtodontiaSPO | 2009;42(2):135-40 riabilidade múltipla. A maxila e a mandíbula podem, por si só, ou simultaneamente, contribuir em graus diversos para a circunstância estrutural da Classe II. É importante informar ao clínico, os elementos da relação maxilomandibular implicados e em que graduação6. Inicialmente a má-oclusão de Classe II, Divisão 1, no con- ceito de alguns autores2-3, era definida pelo posicionamento distal do arco inferior, pois a classificação das más-oclusões baseava-se na posição assumida pela mandíbula e não pela maxila. O diagnóstico e trata- mento da distoclusão come- çaram a se revestir de um novo conceito a partir de um estudo7 o qual verificou que, em muitos casos clínicos, a mandíbula apresenta-se nor- mal e a maxila posiciona-se mais anteriormente, sugerin- do uma aparente relação dis- tal dos molares inferiores. Um autor8 após estudar uma amostra envolvendo 128 indivíduos, sendo 61 com oclusões excelentes e 67 com má-oclusão de Classe II, verificou que a morfologia mandibular do segundo grupo exibia-se diferente. A mandíbula apresentou-se signifi- cantemente menor em relação à base do crânio, sem alteração significante em sua posição ântero-posterior. As opiniões discordantes sobre a relação da maxila com as outras estruturas craniofaciais levaram um autor a determinar a constância ou variação da relação da maxila com o crânio e a mandíbula. Através de análise comparativa, envolvendo 52 adultos com oclusão excelente e 38 indivíduos com má-oclusão de Classe II, Divisão 1, concluiu que a man- díbula apresenta-se mais retroposta, quando comparada com a amostra de oclusão normal. A relação da maxila com a base do crânio não apresentou diferenças significantes9. Um estudo10 diferenciou a má-oclusão de Classe II, utili- zando, como parâmetros, a variabilidade na dimensão e a posi- ção das bases esqueléticas e asseverou que a má-oclusão pode apresentar-se em seis diferentes tipos: a base óssea maxilar e os dentes superiores situados anteriormente; os dentes superiores localizados anteriormente; a mandíbula subdesenvolvida; a mandíbula com tamanho normal, mas, posteriormente locali- cAStelo KMS • brAMAnte FS • PinzAn-vercelino crM introdução As más-oclusões de Classe II, Divisão 1, não são todas semelhantes, suas etiologias não são necessariamente iguais, seus prognósticos não são idênticos e tampouco necessitam do mesmo protocolo de tratamento1. Devido a estas razões, inúmeros trabalhos científicos foram desenvolvidos a fim de se estabelecer tanto as características morfológicas, quanto as formas de tratamento desta má-oclusão. No passado, a Classe II foi definida apenas como uma relação deficiente entre os arcos dentários, com os dentes inferiores ocluin- do distalmente em relação aos superiores. Entretanto, posteriormente, a visão desse conceito foi ampliada, demonstrando-se também a possibilidade do envolvi- mento esquelético2-3. A m á - o c l u s ã o d e Classe II encontra-se pre- sente em 58% do total da população ortodôntica4, alterando principalmente o perfil facial, sendo esse comprometimento estético a motivação maior para os pacien- tes procurarem o ortodontista. As pesquisas concernentes a esse tipo de má-oclusão são amplamente vastas na literatura ortodôntica, havendo necessidade, portanto, da compreensão dessa discrepância, de modo a facilitar o seu diagnóstico e tratamento5. Baseados nestas considerações, o objetivo deste artigo foi revisar a literatura acerca das características mor- fológicas da má-oclusão Classe II, Divisão 1, identificando, quais componentes esqueléticos e/ou dentários contribuem para o seu estabelecimento. revisão dA literAturA Com a finalidade de facilitar a compreensão do tema, a revisão da literatura foi realizada nos seguintes tópicos: posicionamento sagital das bases apicais, padrão facial e componentes dentários. Posicionamento sagital das bases apicais A avaliação dos aspectos esqueléticos da má-oclusão de Classe II, Divisão 1, é complexa devido ao fator de va- o diAgnóstico e trAtAMento dA distoclusão coMeçArAM A se revestir de uM novo conceito A PArtir de uM estudo7 o quAl verificou que, eM Muitos cAsos clínicos, A MAndíbulA APresentA-se norMAl e A MAxilA PosicionA-se MAis AnteriorMente, sugerindo uMA APArente relAção distAl dos MolAres inferiores. | 137 OrtodontiaSPO | 2009;42(2):135-40 OR TO DI VU LG AÇ ÃO cAStelo KMS • brAMAnte FS • PinzAn-vercelino crM zada; os dentes inferiores posicionados posteriormente na base e qualquer combinação dos fatores anteriores. Ao analisar a freqüência com que ocorrem determinadas características da má-oclusão de Classe II, em 277 jovens, sendo 153 do gênero masculino e 124 do gênero feminino, um autor11 concluiu que a má-oclusão não é uma entidade clínica única, podendo resultar de numerosas combinações dentoesqueléticas. Apenas uma pequena porcentagem dos ca- sos exibiu uma protrusão maxilar. Na maior parte dos casos, a maxila estava bem posicionada e a mandíbula retrognática. Um pesquisador12, utilizando uma metodologia seme- lhante a de um destacado estudo americano11, observou, em uma amostra envolvendo 50 jovens, com má-oclusão Classe II, e, idades variando entre nove e 15 anos, que a posiçãoda maxila mostrou-se variável, com discreta tendência ao prognatismo. A posição da mandíbula variou de normal à retrognática. Com o intuito de estabelecer as diferenças no posiciona- mento das bases esqueléticas entre jovens com mordida pro- funda e mordida aberta, um pesquisador avaliou 71 crianças dispostas em três grupos. Os resultados demonstraram que, nos grupos de Classe II, Divisão 1, as mandíbulas apresenta- ram corpo curto e posição retrognata. No grupo com mordida aberta associada, a altura facial ântero-inferior e o ângulo do plano mandibular mostraram-se aumentados13. Após investigar a natureza do padrão esquelético da má- oclusão de Classe II, Divisão 1 e comparar quatro indicadores cefalométricos maxilares e mandibulares sagitais em 103 pacientes caucasianos, um pesquisador14 concluiu que houve uma larga diversidade na avaliação da protrusão maxilar e retrusão mandibular. Apenas 27% da amostra apresentaram retrusão mandibular e 56,3% protrusão maxilar. Um estudo longitudinal, realizado por um período médio de três anos e quatro meses, em 25 jovens com má-oclusão de Classe II, Divisão 1, não tratados, concluiu que: em 75% dos casos, a mandíbula apresentou-se retruída, enquanto a maxila variou entre retruída, bem posicionada e protruída. Tanto a maxila como a mandíbula cresceram para anterior, mas, mantiveram o padrão esquelético da Classe II15. Outros autores16 observaram que a mandíbula de me- ninos e meninas, com idades entre dez e 14 anos, portadoras de má-oclusão de Classe II, apresentava tamanho, forma e posição semelhantes ao padrão normal. A maxila protruída seria resultado, provavelmente, de um excessivo comprimento anterior da base do crânio, contribuindo, dessa forma, para o desenvolvimento da má-oclusão. Com a percepção de que tantos clínicos almejam co- nhecer as características desta má-oclusão, pelas condições antiestéticas que a mesma se apresenta, um pesquisador17 de- senvolveu um estudo para evidenciar as diferenças existentes entre jovens do sexo masculino, portadores dessa entidade e jovens com oclusão normal. Através de análise comparativa, evidenciou-se que as diferenças ficaram restritas às dimensões ântero-posteriores da mandíbula. Ao estudar 212 telerradiografias de jovens leucodermas, na faixa etária entre 12 e 15 anos, para definir valores cefa- lométricos, um pesquisador18 concluiu que, no grupo com má-oclusão de Classe II, a maxila apresentou-se bem posi- cionada em relação à base do crânio, enquanto a mandíbula apresentou-se retruída. A complexidade da etiologia das más-oclusões, motiva- ram a realização de um estudo19 que considerasse o compor- tamento sagital entre as bases apicais e destas com a base do crânio, em 50 jovens brasileiros, portadores de má-oclusão Classe II, Divisão 1. Esse estudo concluiu que a maxila apre- sentou-se bem posicionada, porém a mandíbula mostrou-se retrognática em relação à base craniana. A proporcionalidade geométrica apontou a mandíbula como de dimensão pequena e a maxila normal. Revisando a literatura acerca das diferenças nas estrutu- ras dentoesqueléticas entre jovens com Classe II, Divisão 1, e oclusão normal, uma pesquisa revelou maior prevalência de retrognatismo mandibular, associada a um tamanho menor da mandíbula, sendo esta a característica diferencial entre indivíduos com oclusão normal e àqueles com má-oclusão de Classe II, Divisão 120. Um estudo21 realizado em brasileiros portadores de Classe II, Divisão 1, na faixa etária de dez a 15 anos, uti- lizando a análise de Jarabak, concluiu, após a avaliação de 95 telerradiografias, que no grupo Classe II, Divisão 1, o comprimento mandibular, a altura do ramo e a altura facial posterior apresentaram-se reduzidos. Considerando a idade e o gênero, alguns investigadores22 avaliaram 212 cefalogramas de pacientes Classe II, Divisão 1. Os resultados evidenciaram tanto retrognatismo maxilar quanto mandibular e incrementos na altura e comprimento mandibular com a idade. As diferenças não se manifestaram na relação ântero-posterior da maxila e mandíbula, entre os grupos etários. Diferenças significantes foram encontradas entre as medidas masculinas e femininas, como o aumento do ângulo articular, 138 | OrtodontiaSPO | 2009;42(2):135-40 cAStelo KMS • brAMAnte FS • PinzAn-vercelino crM nos indivíduos do gênero masculino, o que indicou um potencial mais elevado de seu crescimento mandibular. Pesquisando sobre a frequência dos componentes da má-oclusão de Classe II, em 100 pacientes, entre seis e sete anos de idade, vários estudiosos23 utilizando variáveis como a retrusão mandibular, protrusão maxilar e retrusão mandibular associada à protrusão maxilar, concluíram que a porcentagem de protrusão maxilar foi apenas 19%. A retrusão mandibular esquelética foi constatada em 64% dos casos, o que justifica, um protocolo de tratamento envolvendo alterações na quan- tidade e direção de crescimento mandibular. Apenas 17% da amostra apresentaram ambos os componentes. Algumas críticas de clínicos comuns, dirigidas à pesquisa contemporânea, devido ao uso de análises cefalométricas e estatísticas muito sofisticadas, levaram determinados autores24 a pesquisar sobre o padrão esquelético e dentário da má-oclu- são de Classe II, Divisão 1, utilizando medidas cefalométricas usadas na prática clínica do dia a dia. Constataram que o retrognatismo mandibular ocorreu em 60% da amostra e o prognatismo maxilar, em 55,8%. Padrão facial A partir do estabelecimento de uma classificação etioló- gica e consequente identificação de alterações dentoesqueléti- cas, com seus sinais característicos, um pesquisador25 chamou a atenção para a necessidade de se verificar não somente os aspectos ântero-posteriores da má-oclusão, como também as variações verticais. Estudando uma amostra de 48 indivíduos leucodermas, sendo 24 portadores de Classe II, Divisão 1, não tratados or- todonticamente, e 24 com oclusão normal, um autor observou que o padrão de crescimento do primeiro grupo, avaliado pelo eixo- Y, era direcionado mais para baixo que os pacientes Classe I, e que a proporção da altura facial anterior em relação a posterior também era maior nos indivíduos Classe II26 . Avaliando as diferenças nas dimensões verticais existentes entre o padrão facial ortognático e o do padrão retrognático, um autor27 concluiu que as dimensões verticais exibidas pelos pacientes do sexo masculino eram maiores que nos do sexo feminino, porém entre os grupos de cada sexo, não foram detectadas diferenças significativas. Um pequeno aumento na altura anterior da face foi observado no padrão retrognático. Um estudo11 realizado em telerradiografias de 277 jovens utilizou três variáveis cefalométricas para avaliar o desenvol- vimento vertical em pacientes Classe II. O valor médio para a altura facial anterior (Afai) foi de 64 mm, indicando que quase 50% da amostra apresentaram um excessivo desenvolvimento do terço inferior da face. Apenas 10% da amostra exibiram uma Afai menor que 59 mm. O autor afirmou que a Afai ideal para crianças aos nove anos, com bom equilíbrio facial, é de 60 mm. Com a intenção de evidenciar o posicionamento de estruturas dentoesqueléticas um autor12, utilizando cinco medidas angu- lares (SNA; SNB; ângulo facial; FMA; eixo facial) e três li- neares (A-Nperp; 1-APog; ENA-Me cinco medidas angulares (SNA; SNB; ângulo facial; FMA; eixo facial) e três lineares (A-Nperp; 1-APog; ENA-Me), g; ENA-Me), observou uma predisposição acentuada para o desenvolvimento vertical excessivo do complexocraniofacial, com o consequente aumento da altura ântero-inferior da face. Um estudo que envolveu o conhecimento de caracterís- ticas do crescimento facial em crianças com má-oclusão de Classe II, Divisão 1, com idade inicial de nove anos e quatro meses e final de 12 anos e oito meses, verificou que a altura facial ântero-inferior exibiu dimensão aumentada, em decor- rência do crescimento facial15. Destacando a importância da verificação do padrão de crescimento no prognóstico do tratamento ortodôntico, um pesquisador19 estudou o aspecto vertical da má-oclusão de Classe II, Divisão 1, em 50 jovens brasileiros, utilizando as grandezas, SN.GoGn e SN.Gn. Concluiu que os jovens possuem um pre- domínio de crescimento vertical, ressaltando que casos com a mesma gravidade sagital podem ter prognósticos diferentes. PesquisAndo sobre A frequênciA dos coMPonentes dA Má-oclusão de clAsse ii, eM 100 PAcientes, entre seis e sete Anos de idAde, vários estudiosos23 utilizAndo vAriáveis coMo A retrusão MAndibulAr, Protrusão MAxilAr e retrusão MAndibulAr AssociAdA à Protrusão MAxilAr, concluírAM que A PorcentAgeM de Protrusão MAxilAr foi APenAs 19%. | 139 OrtodontiaSPO | 2009;42(2):135-40 OR TO DI VU LG AÇ ÃO cAStelo KMS • brAMAnte FS • PinzAn-vercelino crM Componentes dentários Com o intuito de determinar a posição dos incisivos superiores e inferiores, em uma amostra de Classe II, um estudo11 utilizando três variáveis lineares (1-APo, 1-A e 1-APo), observou que a distância média do incisivo superior à linha A-Po é 8,3 mm, à qual, é significantemente maior que a média de 5 mm a 6 mm para oclusão normal. A análise dos incisivos inferiores (1-APo ) indicou que mais de 60% da amostra tinha valores entre 0 mm e 3 mm. Um determinado estudo12, restrito a jovens com má- oclusão Classe II, Divisão 1, com idades variando entre nove e 15 anos, exibiu uma tendência excessiva para protrusão dos incisivos superiores, enquanto os incisivos inferiores apresen- taram uma posição mais retrusiva, quando os mesmos foram submetidos à avaliação dos seus posicionamentos específicos, através de três medidas lineares. O comportamento linear dos incisivos superiores e in- feriores em indivíduos Classe II foi avaliado por um autor19, utilizando as medidas 1-NA e 1-NB da análise de Steiner. A partir da análise dos resultados das amostras estudadas, con- cluiu-se que os incisivos comportaram-se semelhantemente ao grupo com oclusão normal, porém, os incisivos inferiores mostraram-se acentuadamente protruídos. Ao comparar 86 crianças portadoras de má-oclusão de Classe II, com padrão de crescimento normal, alguns autores24 verificaram que mais de 50% dos casos de Classe II demonstraram incisivos superiores inclinados para frente e somente 15% estava com o ângulo Ui/Max menor do que 105º. O mesmo foi verdadeiro, com respeito à inclinação dos incisivos inferiores com mais de 80% dos casos apresentando proclinação. discussão A má-oclusão de Classe II, Divisão 1, envolve uma gran- de variabilidade de combinações dos componentes dentários, esqueléticos e funcionais, gerando as mais diversas situações clínicas. Nesse contexto, muitos autores se empenharam em não apenas informar o fato de ser uma Classe II estrutural, mas em verificar a frequência com que os vários componentes se apresentavam. Posicionamento sagital das bases apicais Os estudos realizados por alguns pesquisadores7, 2,14-16,26 apontaram a maxila como prognata na má-oclusão de Classe II, Divisão 1. Entretanto, a maioria dos trabalhos2,8-9,11,18-20 observaram que a relação da maxila com a base do crânio não apresenta diferenças significantes entre indivíduos com oclusão normal e com má-oclusão de Classe II, Divisão 1. No que diz respeito à variação da posição mandibular, a maioria dos estudiosos2,11-13,15,18-20,23-24 afirma que a retrusão esquelética está presente em grande parte dos casos, de- monstrando que a mandíbula tem uma participação maior na formação da má-oclusão de Classe II, Divisão 1. Apenas um estudo14 discorda de outros achados literários que indicam que há mais retrusão da mandíbula e menos protrusão da maxila, nos casos de Classe II. Segundo alguns estudiosos8,13,17,19-21,26, os pacientes portadores desta má-oclusão apresentam com- primentos mandibulares menores em relação aos pacientes com oclusão normal. Entretanto há pesquisadores16 que não concordam que a má-oclusão de Classe II seja caracterizada por uma mandíbula pequena. Talvez o comprimento excessivo da base craniana anterior possa contribuir para o desenvolvi- mento da má-oclusão de Classe II, Divisão 116. Padrão facial O comportamento vertical das bases esqueléticas, obser- vado pela maioria dos autores11-12,15,26 aponta para um exces- sivo desenvolvimento da dimensão ântero-inferior da face, devendo, portanto, sua avaliação ser considerada importante do ponto de vista terapêutico. Componentes dentários Além das alterações esqueléticas presentes, existem as compensações naturais, manifestadas pelas posições dos incisivos superiores e inferiores. Os achados de alguns auto- res11-12,19,24 mostram que os incisivos superiores encontram-se mais inclinados para vestibular, na má-oclusão de Classe II, Divisão 1, do que nas oclusões normais. A protrusão dos incisivos superiores foi observada pela maioria dos pesqui- sadores11-12,18-20,24. Quanto à posição e inclinação dos incisivos inferiores, a literatura apresenta resultados conflitantes, manifestando-se como bem posicionados11, retruídos12, protruídos19 ou incli- nados para vestibular18,24. conclusão Revisando a literatura acerca das características mor- fológicas da má-oclusão de Classe II, Divisão 1, conclui-se que a maioria dos trabalhos científicos apontam uma maior porcentagem de pacientes com mandíbula retruída e de 140 | OrtodontiaSPO | 2009;42(2):135-40 cAStelo KMS • brAMAnte FS • PinzAn-vercelino crM Referências 1. Moyers RE. Ortodontia. 4a Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1979. p.157 2. Angle EH. Classification of malocclusion Dent. Cosmos 1899;41(3):248-64. 3. Brodie AG. The Angle concept of Class II, Division 1 malocclusion. Angle Orthodont 1931;1:117-38. 4. Oda L, Vasconcelos FA, Carvalho LS. 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