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1) Andrew Haas, quando indi- caria a expansão rápida da ma- xila para corrigir maloclusões em pacientes com padrão de crescimento vertical e perfil fa- cial extremamente convexo? José Fernando Castanha Henriques Se houver deficiência maxilar transversal, recomendaria expansão rápida da maxila independentemen- te de outras alterações esqueléticas. Uma vez que a dimensão transversa cresce menos e pára de crescer mais cedo, a responsabilidade do ortodon- tista torna-se maior. Por outro lado, a dimensão vertical cresce mais e por um período mais longo e, desse modo, o controle é facilitado. A dimensão anteroposterior cresce muito mais do que a transversa e muito menos que a vertical. Por essas e outras razões, a dimensão transversa torna-se a mais importante das três dimensões esqueléticas e, por conseguinte, não há contra-indicações para esse trata- mento. É claro que devemos reconhe- cer que em uma expansão palatal bem sucedida, a maxila se movimen- ta para baixo e para frente e, com isso, a convexidade da face média e Andrew Haas a dimensão vertical são aumentadas. Ambas as alterações são temporári- as. Nos casos em que a alteração da relação anteroposterior deva ser man- tida ou melhorada, é necessário protrair a maxila até que a sutura expandida se reorganize. A dimensão vertical original se restabelece no tér- mino do tratamento ortodôntico, pro- vavelmente devido à atividade dos músculos da mastigação. A boa notícia é que, na maioria dos casos, a alteração vertical nega- tiva se recupera espontaneamente. Isso foi comprovado em várias pes- quisas conduzidas por George Cisneros e colaboradores no Centro Médico Montefiore (Nova York). Os casos de alterações verticais acentu- adas podem ser controlados com mentoneira de tração vertical após a expansão palatal. 2) A expansão rápida da maxila pode deslocar a maxila para bai- xo e para frente, isto é, no senti- do horário. O que o senhor pre- coniza para reverter algumas alterações indesejáveis que ocorrem durante esta mecânica? José Fernando Castanha Henriques É claro que o aumento na conve- xidade e na dimensão vertical agrava o padrão Classe II, mas o tipo Classe III esquelético hipodivergente melho- ra com essa ocorrência. No padrão convexo esquelético, deve ser coloca- do aparelho de tração extra-oral cer- vical tipo Kloehn na ocasião da esta- bilização do expansor. O aparelho une a maxila e, devido à ruptura das su- turas, toda a maxila é facilmente Nesta edição, a revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, entrevista o Dr. Andrew J. Haas, renomado ortodontista americano de Cuyahoga Falls - OH, Estados Unidos, Professor do Departamento de Ortodontia da Universidade de Illinois em Chicago, Diplomado pelo American Board of Orthodontics e membro da Sociedade Edward H. Angle. O Professor Haas publicou inúmeros artigos científicos em revistas especializadas e também tem ministrado cursos, conferências e pales- tras em vários países, inclusive no Brasil, onde já esteve em três ocasiões. A grande contribuição do Dr. Haas foi a reintrodução da expansão rápida da maxila na comu- nidade ortodôntica. Além disso, demonstrou cientificamente que alterações ortopédicas nas dimen- sões transversal, anteroposterior e vertical são possíveis. Suas pesquisas também resultaram no desenvolvimento de aparelho e técnicas ideais para promover essas alterações. Em sua entrevista, o Dr. Haas explica as vantagens da expansão rápida da maxila com aparelho de máxima ancoragem, sua importância na estabilidade do tratamento, indicações, além de analisar as tendências da Ortodontia desde Angle até o presente, incluindo uma projeção para os próximos 15 anos. Roberto M. A. Lima São José do Rio Preto - SP Entrevista R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 1 deslocada para baixo e para trás na base craniana. A expansão palatal re- almente facilita a correção da Classe II esquelética. A expansão rápida do palato evidenciará o problema esque- lético vertical, entretanto, este aumen- to vertical é temporário. Prefiro colo- car uma mentoneira de tração verti- cal na época da estabilização. O apa- relho não somente tem potencial para retomar a dimensão vertical original, mas de reduzi-la ainda mais pela in- trusão dos dentes posteriores e o des- locamento da maxila para cima e para frente. Novamente, as suturas parcial- mente desarticuladas parecem facili- tar esta alteração. Se o caso apresentar convexidade excessiva e aumento na dimensão ver- tical, utilizo simultaneamente o apa- relho de Kloehn e a mentoneira de tra- ção vertical. Se as discrepâncias forem de mínimas a moderadas, é recomen- dada uma ancoragem combinada cer- vical-occipital. A maioria das aplica- ções desses aparelhos e níveis de for- ça é discutida em uma de minhas pu- blicações1. 3) O tratamento com a expan- são rápida da maxila, quando avaliado a longo prazo, de- monstrou estabilidade? E, quanto de aumento interdentá- rio no arco inferior pode ser conseguido com a expansão rápida da maxila? José Fernando Castanha Henriques Para garantir correções estáveis, deve ser utilizado aparelho de ancora- gem máxima. Tal aparelho possui an- coragem dentária consistente e blocos acrílicos palatais para obtenção de máxima separação e contenção total da expansão via blocos acrílicos. O para- fuso deve ser aberto pelo menos 12mm para que a resposta ortopédica seja ple- na. Os aparelhos devem permanecer no local durante pelo menos três meses para permitir total ossificação das su- turas envolvidas. Quando os maxila- res estiverem separados (12 a 14mm), ocorrerá uma evidente expansão espon- tânea no arco inferior devido à altera- ção do equilíbrio muscular entre a lín- gua e os músculos bucinadores, à me- dida em que essa alteração afeta o arco dentário inferior. A pressão reduzida dos bucinadores tolera expansão de até 3mm entre os caninos. A contenção do arco inferior até a época esperada para erupção dos terceiros molares deve ser considerada como uma boa escolha. Utilizando esses princípios, tenho con- seguido excelente estabilidade tanto na base apical maxilar quanto na expan- são entre os caninos inferiores. Alguns estudos de meus casos podem ser en- contrados na literatura2,3,4,5,6. 4) Quando o senhor realiza a disjunção rápida da maxila, quanto recomenda de sobreex- pansão? Décio Rodrigues Martins Quando realizo a expansão palatal, não observo a oclusão dentária. 95% dos meus casos são expandidos 12 a 14mm, 5% até 16 mm e isto resultará quase sempre em dentes posteriores inferiores estando totalmente em mor- dida cruzada lingual em relação aos dentes posteriores superiores. O obje- tivo da expansão rápida palatal é a obtenção de excelente separação da maxila. Com a reparação da sutura rompida, ocorre um aumento perma- nente na dimensão maxilar transversa e também diversos benefícios que se- rão alcançados pela expansão palatal bem sucedida. Por exemplo: (a) Gnatologicamente, a mandíbu- la liberada busca sua posição mais confortável em repouso ou funcional, determinada pela musculatura. As im- plicações relativas à saúde da articu- lação temporomandibular são relevan- tes e óbvias. (b) A criação de um ambiente óti- mo para a mandíbula contida, promo- ve o crescimento até o pleno potencial genético. (c) Fisiologicamente, a respiração nasal é melhorada como resultado do aumento concomitante na largura da cavidade nasal. O volume aumentado da cavidade oral fornece espaço adici- onal para a língua movimentar-se para cima e para frente da área orofaringeana. Estes dois fatores de- vem facilitar a respiração nasal. (d) Quando a largura da base apical maxilar é aumentada, os den- tes inferiores acompanharão esse au- mento devido à alteração no equilíbrio muscular e às forças de oclusão. Esta ocorrência não é ocasionalou freqüen- te, ela acontece sempre. Ou seja, um aumento permanente na largura da base apical maxilar leva a um aumen- to espontâneo, permanente e signifi- cativo na largura do arco dentário in- ferior. Nos casos de problemas no com- primento do arco mandibular e no pla- nejamento do tratamento, o efeito se- ria extremamente benéfico. (e) Praticamente todos os casos Classe II, Divisão 2 e a maioria dos casos Classe II, Divisão 1 são retrusões mandibulares funcionais. Os primeiros ocorrem devido à incli- nação lingual dos incisivos superiores e os últimos devido à constrição do arco dentário superior, especialmen- te na área dos caninos. A mandíbula liberada pode então mover-se para frente, auxiliando na correção da Classe II. Freqüentemente, isto pode atingir até a metade da largura de um pré-molar. Os fatores acima mencio- nados promovem uma direção mais favorável da tração dos músculos mastigatórios e orofaciais e acentu- am o crescimento da musculatura orofacial, propiciando um efeito fa- vorável no crescimento dos maxila- res, alinhamento dentário e estética dentolabial. Quando a ortopedia é finalizada, é dada atenção à correção da oclusão dentária. Uma vez que as bases dentá- rias possuem uma melhor relação, na maioria dos casos, a necessidade de movimentação dentária durante a cor- reção ortodôntica é bastante reduzida. 5) No ano passado, no Congres- so de San Diego, o senhor mos- trou uma sobreexpansão levan- do as cúspides palatinas dos dentes posteriores para vesti- bular das cúspides dos dentes R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 2 inferiores. Ao final do trata- mento, como o senhor obtém a relação transversal normal? Décio Rodrigues Martins Conforme expliquei na sua primei- ra questão, praticamente todos os meus casos apresentam esse aspecto na estabilização. A oclusão vestibulo- lingual é restabelecida com o mínimo de esforço. Dentre os fatores que me- recem atenção estão incluídos: a) Par- te da expansão dentária maxilar se deve ao arqueamento do processo al- veolar e compressão da membrana pe- riodontal, que recidivará quando o aparelho for removido. Somente a ex- pansão proveniente das bases maxi- lares através da expansão sutural re- sultará na expansão dentária perma- nente. b) Como resultado da movimen- tação lateral da maxila, a força dos músculos bucinadores exercida sobre os dentes mandibulares é diminuída. Durante a recidiva dos dentes pos- teriores superiores, os dentes posterio- res inferiores se encontram com os su- periores à medida que se expandem devido à alteração no equilíbrio mus- cular. A recidiva dos dentes posterio- res superiores pode ser controlada pelo desgaste da placa de acrílico solta, ade- quadamente colocada logo após a re- moção do expansor. Algumas vezes, é necessário colocar um arco retangu- lar constrito na arcada superior para obter a correção plena. O que poderia ser mais desejável do que movimentar os dentes poste- riores superiores para palatino em uma região com maior quantidade de osso? Não tenho utilizado elásticos cruzados posteriores para facilitar essa correção há mais de 30 anos. A maio- ria dos casos é auto-corrigível pois os maxilares se encontram em posição de repouso na maior parte do tempo, des- sa maneira, a oclusão não interfere no processo acima descrito. 6) Quais seriam, se existirem, as alterações na metodologia da expansão rápida da maxila conforme sua proposta original e a que hoje o senhor conside- raria ideal? Leopoldino Capelozza Publiquei pela primeira vez minha técnica de expansão rápida palatal em 1961 “Rapid Expansion of the Maxi- llary Dental Arch and Nasal Cavity by Opening the Midpalatal Suture” (Ex- pansão Rápida do Arco Dentário Su- perior e Cavidade Nasal pela Abertura da Sutura Palatinamediana). Os co- mentários sobre essa técnica foram em sua maioria relacionados ao tratamen- to de pacientes durante a dentição tran- sicional e na adolescência. As técnicas de tratamento durante as fases de cres- cimento, sem crescimento e adultos fo- ram relatadas em minha publicação de 1970 “Palatal Expansion: Just the Beginning of Dento-Facial Orthopedics” (Expansão Palatal: Apenas o Início da Ortopedia Dentofacial). Tenho utiliza- do essa técnica sem nenhuma altera- ção, conforme mencionado nessas duas publicações. O aparelho será discutido na res- posta da próxima questão. O protocolo de ajuste do parafuso em pacientes até os 14 anos de idade é de quatro voltas iniciais (1 mm), duas voltas (1/2 mm) por dia; em pacientes entre 15 e 18 anos duas voltas iniciais e uma volta por dia; de 20 a 25 anos uma volta ini- cialmente e uma volta dia sim dia não; mais de 25 anos uma volta inicialmente e uma volta dia sim dia não com cau- tela, pois, caso haja qualquer descon- forto, o parafuso é ativado duas vezes por semana. O conforto é sempre a re- ferência. Se alguma dificuldade for en- contrada em qualquer protocolo, con- sidere a próxima fase. Ainda não reali- zei uma ativação por semana. A corticotomia será discutida em outra questão. 7) No último congresso da AAO (Chicago 2000), o senhor apre- sentou os melhores resultados que eu já vi no tratamento da maloclusão Classe III com ex- pansão rápida e tração da ma- xila. Quais fatores o senhor considera responsáveis por tanta diferença entre os ganhos obtidos com sua abordagem e aqueles descritos na literatura? Leopoldino Capelozza A diferença mais significativa entre meus casos e a maioria daqueles publi- cados na literatura é que eu uso forças de protração de elevada magnitude (até 2400g por lado) por um curto período de tempo (4 a 6 meses) em que os os- sos estão sendo movidos, enquanto que, na maioria das publicações, forças rela- tivamente leves são utilizadas por perí- odos mais longos, de tal maneira que ocorrem menos alterações esqueléticas e mais alterações dentoalveolares. Nunca usei máscara facial para protrair. Utilizo mentoneira de protra- ção, a qual inventei e ilustrei na pu- blicação de 1970. Os pacientes de- monstram excelente aceitação desses níveis de força com a mentoneira. Questiono se algum paciente tolera- ria essas forças com máscara facial em seu design atual. Na apresentação que você menci- ona, demonstro alterações na avalia- ção de Wits de 8-16mm num período de 4-8 meses. Naqueles estudos, es- tou familiarizado com a literatura que mostra alterações de 1-3mm. 8) A literatura é unânime em admitir a recidiva a longo prazo do ganho obtido com a expan- são rápida da maxila. Isto é vá- lido também para a expansão assistida cirurgicamente ou mesmo para a expansão cirúr- gica. No entanto, os seus resul- tados mostram-se mais anima- dores em relação à literatura do- minante. Diante disto, gostaria de elaborar algumas questões: a) Qual a velocidade e a quanti- dade de expansão que o senhor utiliza na sua prática? b) Qual o protocolo de contenção? c) A que o senhor atribui a melhor estabilidade pós-expansão de seus pacientes? Omar Gabriel da Silva Filho Os artigos na literatura que mos- tram recidiva de 50% a 70% apresen- tam diversos denominadores comuns. Os autores raramente ou quase nun- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 3 ca descrevem o aparelho utilizado, entretanto, você pode ter certeza que a ancoragem utilizada foi deficiente como a do tipo Hyrax. Os autores ra- ramente ou quase nunca informam quanto o parafuso foi ativado, nova- mente você pode ter certeza, ela será menor que 8mm. Os autores raramen- te, ou quase nunca descrevem o tem- po em que o aparelho foi mantido como contenção, isso seria no entan- to um ponto crítico com o aparelho tipo Hyrax que é extremamente defi- ciente para conter as alterações orto- pédicas transversais da maxila. O único valor desses artigos na minha opinião é que elesdemonstram de maneira conclusiva que o aparelho tipo Hyrax é limitado para promover expansão palatal estável. a) Como previamente observado, realizo expansão em 95% dos meus ca- sos de 12 a 14 mm e os 5% restantes até 16 mm. A minha maior expansão foi de 18 mm. b) Se não houver necessidade de influência ortopédica futura, o apa- relho é deixado no local como contentor durante 3 meses. Nessa ocasião ocorre a cicatrização comple- ta das suturas palatinas e intermaxi- lares. No entanto, muitas vezes dei- xo o aparelho no local durante 6 me- ses ou mais como nos casos de pro- tração ortopédica Classe III ou como berço ortopédico na retração da ma- xila em casos Classe II esqueléticos. Quando o aparelho é removido colo- co uma placa de acrílico solta (sem grampos) por pelo menos um ano, muitas vezes até a contenção orto- dôntica. Acredito que: 1) Em muitos casos, no treinamento da postura da língua, essa placa de contenção pode elevar a mesma mantendo sua posi- ção quando estiver ingerindo líqui- dos. 2) O desgaste diferencial dessa placa possibilita o controle da recidi- va dos dentes posteriores. 3) O con- tato da placa de acrílico na região cervical dos dentes produz um fulcro notável para torque vestibulolingual dos dentes. c) Os dois aspectos mais importan- tes da expansão rápida da maxila são a ancoragem dentária consistente e os blocos acrílicos no palato. Talvez um contraste entre os aparelhos tipo Hyrax e muco-suportado responderi- am muitas questões. Imaginemos que a situação mais ideal para compara- ção de tratamentos seria a seguinte: duas irmãs gêmeas com 11 anos, uma com aparelho tipo Hyrax e outra com o tipo Haas (tab. 1). Provavelmente, o maior erro come- tido na expansão palatal é o não apro- veitamento do potencial ortopédico pleno da técnica pela falha na abertu- ra adequada do parafuso. Na minha opinião, a estabilidade dos meus casos é resultado de: 1) Uso de aparelho de máxima ancoragem; 2) Abertura do parafuso pelo menos 12mm; 3) Manutenção do aparelho por pelo menos 3 meses como contentor e 4) Uso de aparelhos de ancoragem extra-oral no tratamento ortopédico e ortodôntico em 90 a 95% de todos os meus pacientes. 9) Quais são os fatores princi- pais envolvidos na “recidiva” após uma expansão rápida es- tabelecida com sucesso e como evitá-la? Alberto Consolaro Os principais fatores envolvidos na recidiva da expansão rápida da maxila são aparelhos de ancoragem inadequa- da e ativação insuficiente do aparelho. Um aparelho comprometido seria aquele em que falta ancoragem palatal, isto é, blocos acrílicos e ancoragem den- tária deficiente. A colagem aos dentes permite uma excelente ancoragem ain- da que eu não a faça. Quando as ban- das são usadas, elas devem estar em posição paralela de forma que a união maciça de solda conectando as barras vestibulares e linguais praticamente transformem a ancoragem dentária no que pareceria ser metal fundido. Quando o parafuso é ativado, al- guma das mudanças na largura do arco dentário maxilar se deve à com- Pós-ERP Os dentes posteriores recidivam 8 mm, pois a única expansão garantida do arco dentário é o aumento do osso adicionado à sutura palatina, ou seja, 4mm. Expansão dentária adicional necessária durante o tratamen- to pode ser prejudicial à lâmina óssea vestibular e essa expan- são é instável conforme a mus- culatura reivindica seu espaço. Os dentes posteriores recidivam 2 mm. A expansão dentária muito estável nos molares será de 10mm. Provavelmente, mais do que o necessário, portanto, durante o tratamento ortodônti- co, os dentes posteriores po- dem se mover para lingual em maior quantidade de osso. Contenção Já que podemos mover dentes através dos ossos, da mesma maneira podemos mover ossos através dos dentes. Os dentes são mantidos em uma expansão de 12mm, mas as partes da maxila recidivam até o momen- to da calcificação da sutura quando o aumento do novo osso é de aproximadamente 4mm. Os blocos de acrílico são con- tentores eficazes e mantém as partes da maxila expandidas 10mm garantindo esses 10mm de novo osso na época da cica- trização. Resposta Devido à ancoragem compro- metida, a melhor abertura possível da sutura é de 8mm com 12mm de abertura do parafuso. Devido à melhor ancoragem, uma abertura de 12mm no parafuso, por comparação, resultaria numa abertura de 10mm na sutura. Dentes resistindo à extração via membrana periodontal e lâmina alveolar vestibular. Mesma ancoragem dentária e lâmina alveolar vestibular, paredes inclinadas do palato e a lâmina alveolar lingual. Ancoragem TABELA 1 Hyrax Haas R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 4 pressão da membrana periodontal, extrusão de dentes e arqueamento al- veolar inferior e vestibular. Essas mudanças certamente por si só serão revertidas, de modo que em todo bom tratamento ortodôntico e ortopédico é imperativo que o ortodontista faça a sobrecorreção. 10) Quais são os fundamentos biológicos aplicados aos tecidos e suas reações na região me- diana do palato que explicam o sucesso clínico já consagrado da expansão rápida da maxila? Alberto Consolaro O tecido em uma sutura e a mem- brana periodontal de um dente não são apenas semelhantes em sua cons- tituição celular, mas também na ati- vidade. Quando o tecido é comprimi- do, ocorre reabsorção óssea na super- fície comprimida. Quando o tecido é distendido, ocorre aposição na super- fície sob tensão. Outro exemplo de atividade similar a da sutura pode ser encontrado no crescimento do cérebro e na tensão pro- duzida nas suturas de separação dos ossos do crânio. Conforme o cérebro aumenta, ocorre a separação dos os- sos e o tecido sutural se diferencia pro- movendo adição de osso nas margens dos ossos do crânio. Nas suturas pala- tinas e intermaxilares, os tecidos suturais estão sendo distendidos, o osso é depositado em ambos os lados das porções do palato, as partes da maxila crescem em direção à linha mediana e ocorre o restabelecimento da sutura quando as forças de distensão são totalmente reduzidas. 11) Quais são os vetores das forças aplicadas na ativação do aparelho considerando os apoi- os oferecidos pelos dentes, osso e mucosa bucal? Como contro- lar clinicamente esses vetores e, assim, a intensidade das for- ças direcionadas para cada um desses elementos estruturais de apoio? Alberto Consolaro Devido à inclinação axial dos den- tes posteriores, a força para a ancora- gem dentária, enquanto aplicada late- ralmente, apresenta um efeito extrusi- vo sobre esses dentes. Eles são literal- mente resistentes à extração. Isso se re- fere ao fato do aparelho apresentar ape- nas ancoragem dentária ou ancoragem dentária mais ancoragem tecidual. Ape- sar da magnitude de força ser elevada (7500 g/cm2), a mucosa palatal tolera bem se cuidados forem tomados para manter os blocos acrílicos confinados aos tecidos mais isquêmicos, localiza- dos entre a região distal do primeiro molar e a mesial dos primeiros pré-mo- lares. Cuidados devem ser tomados para evitar que os blocos entrem em contato com os tecidos vascularizados situados lingual aos segundos molares, com a gengiva de todos os dentes e com as rugas. O aparelho é recortado para evi- tar que essas áreas sejam atingidas. Um longo ajuste é feito ao redor da periferia dos blocos acrílicos. 12) Como se justifica biologica- mente a ausência de movimen- tação dentária induzida nos pré- molares que atuam como supor- te ou apoio dos aparelhos utili- zados para a expansão rápida do palato? Alberto Consolaro A magnitude das forças utilizadas para expansão rápida da maxila evi- tam a movimentação dentária fisioló- gica, caso contrário os dentes não po- dem se mover até que essas forças sejam reduzidas a nível fisiológico quando o tratamento ortopédicoesti- ver terminado. Meu grande mentor, Allan G. Brodie, observou que “os den- tes tornam-se as mãos que movimen- tam os ossos”. Uma vez que é desejá- vel evitar a movimentação dentária o máximo possível, a ativação rápida do aparelho resulta na movimentação desejável dos ossos ao contrário dos dentes. Portanto, o aumento no inter- valo de ativação em pacientes mais jovens resulta em menor alteração or- topédica e maior ortodôntica. Existe menor potencial para mo- vimentação dentária quando a efici- ência do aparelho é bastante aumen- tada pela ancoragem palatal. As alte- rações mais visíveis nos dentes são devido à compressão da membrana periodontal, arqueamento alveolar e deslocamento dentário inferior e ves- tibularmente. 13) Qual o índice de problemas periodontais observado após uma disjunção realizada sem sucesso? Eustáquio Araújo É possível manter alterações perio- dontais em níveis clínicos não signifi- cativos com bom senso clínico utili- zando a técnica de expansão rápida da maxila. O pior quadro possível seria utili- zar aparelho tipo Hyrax em paciente sem crescimento e ativando o parafu- so em taxa adequada para adolescen- te. Tal procedimento produziria indis- cutivelmente danos periodontais gra- ves aos pré-molares e molares. A sutura palatina mediana rara- mente se abre em pacientes sem cres- cimento, a não ser pela corticotomia. Eu discutiria a corticotomia e o tipo de alteração ortopédica que pode ser obtida pela expansão rápida da maxi- la utilizando o expansor muco-supor- tado nas próximas questões. Se for utilizado aparelho de anco- ragem máxima e o parafuso for ativa- do a uma taxa de conforto total (ver primeira questão do Dr. Capellozza) a resposta do tecido periodontal será ex- celente. Um artigo recente de Handelman6 explica muito bem esse assunto. 14) Há casos de necrose pulpar em incisivos centrais supe- riores tratados com disjuntor dento-muco-suportado? Qual a freqüência? Eustáquio Araújo A técnica de expansão rápida da maxila, como eu a utilizo, não resulta na desvitalização dos incisivos cen- trais superiores. Tenho notícias de pro- fissionais inconseqüentes que uniram os incisivos centrais para evitar o di- astema durante a abertura da sutura. Tal procedimento deve ser condenado pois isso certamente causaria a desvi- talização. Eu raramente interfiro no R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 5 fechamento do diastema pois a tração das fibras transseptais elásticas são mais eficazes na realização dessa ta- refa do que minha mecânica. Rara- mente, bando os incisivos até que o diastema tenha se fechado. 15) É sabido que o disjuntor tipo Haas pode liberar forças de até 10.000g. Nos casos onde a ruptura da sutura não se pro- cessa a enorme pressão que o acrílico transmite ao palato não seria suficiente para trazer da- nos, ou até mesmo necrosar a mucosa daquela região. Em sua prática, o senhor observa este tipo de situação? Com qual pre- valência? Eustáquio Araújo Enquanto é possível a magnitude das forças atingirem 10.000g/cm2, a faixa usual é de 4000 a 5000g. A sutu- ra raramente se abre após os 18 anos, mas se o aparelho for ajustado na mes- ma taxa usada em pacientes mais jo- vens, poderiam ocorrer danos aos teci- dos. A irritação ou danos aos tecidos é facilmente evitada pelo ajuste do apa- relho em pacientes sem crescimento a uma taxa descrita na resposta da pri- meira questão do Dr. Capellozza. Quando a sutura não se abre, te- nho como base duas opções, a primei- ra e menos utilizada é a corticotomia previamente a expansão com aparelho. Realizo corticotomia quando: a) Existe problema periodontal com pelo menos 30% de perda óssea; b) Quando os den- tes posteriores estão ausentes, ou seja, a ancoragem dentária está comprome- tida; c) Em casos extremos em que cada milímetro de espaço é fundamental. Minha técnica é colocar o aparelho que, obviamente possui blocos acrílicos (como não usarei nenhum outro), e ori- entar o cirurgião para fazer a corticotomia o mais acima possível das raízes dos dentes posteriores e exigir que não coloque o osteótomo na sutu- ra intermaxilar entre os incisivos cen- trais, caso contrário, ocorrerão ruptu- ras nas fibras transseptais, dificultan- do o fechamento do espaço dos incisi- vos centrais. Não tenho objeção à co- locação de um osteótomo na sutura palatina mediana na região da papila incisiva. Porém, insisto para que o ci- rurgião não ajuste o aparelho. O pa- ciente é orientado a iniciar o ajuste do aparelho 3 dias após a cirurgia, com ativação do parafuso duas vezes por dia, ou seja, 1/2 mm por dia. Faço a corticotomia em menos de 5% dos ca- sos acima dos 17 anos de idade. Nos outros 95%, faço o que chamo de ex- pansão palatal lenta. O aparelho é co- locado e ajustado de acordo com a ida- de conforme a primeira questão do Dr. Capellozza. É sabido que a sutura não se abrirá, mas um outro tipo de res- posta ortopédica pode ser obtida, con- forme os blocos acrílicos começarem a comprimir as artérias palatinas. Num esforço para evitar a compressão arte- rial, a natureza reabsorve o osso pala- tal abaixo das artérias produzindo uma depressão no palato semelhante àque- la que ocorre quando a sutura se abre. Além do mais, a pressão de 4000 a 5000g se irradia através da maxila causando torque e tensões na mesma, a qual responde com aposição do osso na superfície externa da maxila e, no- vamente, se assemelha aos casos em que a sutura se abriu. O aparelho é deixado no local por pelo menos 3 meses. Eu me refiro a esta alteração ortopédica como expan- são da base alveolar alta-apical bai- xa. A estabilidade é excelente. Handelman6, estudando 47 casos con- corda com minhas observações sobre estabilidade. Os benefícios da expan- são alveolar alta-apical baixa são os mesmos como nos casos da expansão sutural em relação àquelas observa- ções contidas na resposta da primeira questão do Dr. Martins. 16) Com base em quais evidên- cias clínicas e científicas o se- nhor conclui que o aparelho muco-dento-suportado é mais eficiente que o dento-suportado em relação à abertura da sutura palatina? Dr. Eustáquio Araújo Pesquisas de Herberger, Handelman e Vanarsdall nas Universidades de Michigan, Pennsylvania, Illinois, Loyola, Pittsburgh, Georgia e outras, têm demonstrado excelente estabilida- de quando o aparelho muco-suporta- do é utilizado na expansão palatal. O Dr. Omar Gabriel da Silva Filho em sua primeira pergunta mencionou a existência de muitos estudos mos- trando recidiva a longo prazo mesmo em casos assistidos cirurgicamente porque, infelizmente, a maioria dos casos está sendo tratada sem ancora- gem palatal (Hyrax) e deste modo os dentes estão sendo seguros enquanto a maxila recidiva. Se você pode mo- ver dente através do osso, pode mo- ver osso através de dente. Como descrito anteriormente, a maioria de todas essas pesquisas uti- lizou o aparelho Hyrax. Se algum dos artigos mostrou recidiva utilizando aparelho muco-suportado na amostra, você pode ter certeza que a expansão foi mínima (5 a 7 mm) ao invés da recomendada (12 a 14mm ou mais). 17) Em caso de disjunção em pacientes adultos, qual o parâ- metro utilizado para constatar o insucesso da mesma. Até quando tentar a abertura? Eustáquio Araújo A sutura raramente se abre nos pacientes adultos. Todavia, o trata- mento bem sucedido é esperado em mais de 95% dos casos tratados em nossa clínica pelas técnicas já descri- tas em questões sobre expansão pala- tal em adultos. 18) Professor Haas, em sua opinião quais são as vantagens e desvantagens da expansão com os aparelhos Haas, Hyrax e “colado” ? Roberto M. A. Lima Comparei os aparelhos Haas e Hyrax na resposta à questão C do Dr. Omar Gabriel da Silva Filho. Aplaudo o aparelho colado pela excelente an- coragem dentária e, se a ancoragempalatal for incorporada ao aparelho, considero-o um bom aparelho. Esse aparelho sem ancoragem palatal é pro- vavelmente satisfatório em pacientes R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 6 muito jovens (6 e 8 anos). Nesses ca- sos, raramente o parafuso é aberto mais do que 6mm, havendo muitas vezes a necessidade de repetir a ex- pansão em outras ocasiões. O apare- lho colado sem ancoragem palatal, quando utilizado após os 11 anos, te- ria a mesma deficiência que o tipo Hyrax em que os dentes seriam man- tidos enquanto as bases desabam de- vido ao aumento da força recidivante proveniente do suporte zigomático o qual parece aumentar com a matura- ção esquelética. Há alguma evidência de que um aparelho colado reduzirá o desloca- mento vertical da maxila durante a expansão palatal. Entretanto, diver- sos estudos do Dr. Cisneros, revelam que na época em que o tratamento ortodôntico é finalizado não existe diferença entre aqueles casos trata- dos com aparelho tipo Haas ou “co- lado”. Pessoalmente, desprezo o apa- relho “colado”, pois não aprovo a idéia de se manter a mordida aberta por 3-12 meses. Acho também tolice fazer a expansão palatal aos 6–8 anos. Na dentição transicional e per- manente precoce, o parafuso pode ser aberto de 12–16 mm com segu- rança, proporcionando benefícios ortopédicos plenos. 19) Em casos de pacientes com mordida aberta, altura excessi- va da face inferior e crescimen- to mandibular com tendência vertical, o senhor consideraria o uso do expansor “colado” ? Roberto M. A. Lima Vários estudos publicados demons- traram que os aparelhos “colados” re- sultam em menos alteração vertical durante o procedimento de expansão. No entanto, outros estudos mostram que na época em que o tratamento or- todôntico é finalizado, não há abso- lutamente diferença entre o aparelho de expansão “colado” e o tipo Haas. Em ambos os tipos, a dimensão verti- cal original é restabelecida, provavel- mente pela atividade da musculatura mastigatória. 20) Como o senhor avalia a acei- tação do conceito ortopédico de tratamento pela comunidade científica atual (Palatal Expan- sion: Just the Beginning of Dentofacial Orthopedics (Ex- pansão Palatal: Apenas o Início da Ortopedia Dentofacial). Am J Orthod, 57:219-55, 1970)? A mudança em 1986 no nome da revista American Journal of Or- thodontics para American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics tem al- guma relação com tal aceitação? Roberto M. A. Lima Gostaria de pensar que minha pu- blicação na revista American Journal of Orthodontics em 1970 “Palatal Ex- pansion: Just the Beginning of Dento- Facial Orthopedics” (Expansão Palatal: Apenas o Início da Ortopedia Dentofa- cial) foi como o título sugere, o início da conscientização ortopédica na co- munidade ortodôntica. Nesse artigo demonstrei alterações ortopédicas em todos os três planos do espaço e os aparelhos e técnicas ideais para pro- mover essas alterações ortopédicas. Gostaria ainda de pensar que meu trabalho, juntamente com o de muitos outros, foi instrumento para a mudan- ça no nome da revista, refletindo o rá- pido desenvolvimento na quantidade dos tratamentos ortopédicos. 21) Até 1970 a Ortodontia limi- tava-se às alterações nos den- tes e processos alveolares. A introdução do conceito ortopé- dico de tratamento representou um marco histórico na evolução da Ortodontia, possibilitando o tratamento de casos até então impossíveis de serem tratados pela Ortodontia convencional como as atresias maxilares gra- ves e as Classes III. Na sua opi- nião, qual seria o próximo mar- co significativo na evolução da Ortodontia? Roberto M. A. Lima No início a Ortodontia foi muito influenciada por profissionais de re- nome tais como Angle e Case. Na década de 1930 e até mais re- centemente, a Ortodontia teve um grande progresso devido à direção e pesquisas realizadas nas Universida- des. Aqui novamente, chefes de depar- tamento também de renome como Brodie, Wylie, Moore, Subtelny, Adkinson, West, Adams e muitos ou- tros foram responsáveis pela Ortodon- tia atingir o mais elevado nível. Infelizmente, hoje a direção na Or- todontia tem sido usurpada das Uni- versidades pelos fabricantes de produ- tos ortodônticos que patrocinam pro- fissionais para venderem seus produ- tos. Infelizmente, uma outra forte in- fluência negativa tem sido a atividade dos gurus no gerenciamento de clíni- cas, os quais conseguem convencer al- guns profissionais que as finanças es- tão acima da qualidade do tratamento ortodôntico. A mensagem dos gurus é atrair pa- cientes dando a eles o que pensam que necessitariam. Ninguém quer dentes extraídos “então dentes não serão ex- traídos”. Ninguém quer usar aparelho extra-oral “então ninguém irá usá-los”. Este conselho tem levado a uma superabundância nociva de aparelhos e técnicas que resultam na expansão dentoalveolar. Nesse aspecto, estamos regredindo rapidamente para onde a Ortodontia estava há 100 anos atrás, ou seja, os dentes eram alinhados pela sua ex- pansão em áreas de maior compri- mento e largura do arco com resulta- dos desastrosos, pois as musculatu- ras vestibular e labial sempre reivin- dicam seu espaço. Dr. Lima, posso dizer-lhe o que eu gostaria de ver acontecer na Ortodon- tia, mas tenho sérias dúvidas que isso acontecerá. Gostaria de ver a profissão adapta- da a Brodie ou à filosofia de tratamen- to de Brodie. Simplificando, Brodie acreditou que nós deveríamos: a) adap- tar o tratamento às necessidades do pa- ciente e não o contrário; b) usar o cres- cimento para produzir o resultado e c) conter o resultado por um longo perío- do. Brodie acreditou que os três siste- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 7 mas básicos que nós lidamos são den- te, osso e músculo. Os músculos são muito mais importantes pois eles de- terminarão a posição final dos dentes. Portanto, uma contenção prolongada deve ser empregada para permitir aos músculos tempo suficiente para ajus- tar a dentição ao equilíbrio. Brodie e outros reconheceram que existem cinco meios para expandir e, infelizmente, três estão destinados à recidiva. A expansão dos dentes ante- riormente, lateralmente ou vertical- mente pela sua extrusão no espaço li- vre, incita a rejeição pelas musculatu- ras labial, vestibular e mastigatória, respectivamente. Os dois meios biológicos e seguros para expandir são: 1) expandir os den- tes posteriores posteriormente nos lo- cais de crescimento da maxila e man- díbula pelo uso de ancoragem extra- oral especialmente aparelho de tração cervical tipo Kloehn e 2) expansão rá- pida da maxila, na qual a relação en- tre os dentes posteriores e a muscula- tura vestibular permanece constante de maneira que não ocorra recidiva, exceto pela compressão da membrana perio- dontal e arqueamento dos processos al- veolares, e é claro, que a sobrecorreção resolverá esse pequeno problema. O que eu imagino para os próxi- mos 10 a 15 anos é um enorme retor- no para extração, entretanto, deseja- ria que fosse para o uso da ancora- gem extra-oral. Deve ser uma ou ou- tra, pois a expansão dentoalveolar continuada será rejeitada novamente como ocorreu há 75 anos atrás. Agradeço meus entrevistadores pelas excelentes perguntas. Eles cer- tamente me estimularam para que fos- se bastante expressivo. Espero que te- nha respondido de maneira satisfató- ria às perguntas e que vocês possam tirar proveito dessa entrevista. INDICAÇÕES PARA A EXPAN- SÃO RÁPIDA DO PALATO • 50 % A. Deficiências maxilares re- ais e relativas. • 10 % B. Estenose nasal grave. • 10 % C. Classe III cirúrgica e não- cirúrgica e Pseudo-Classe III. • 2 % D. Paciente com fissura de palato madura. • 10 % E. Problemas de comprimento de arco em caso de bom padrão. • 8 % F. Onde o deslocamentoan- terior da maxila é desejável em casos de boa largura. • 10 % G. Caso de mordida esquelé- tica profunda para aumento vertical. * Não há contra-indicações à expansão rápida da maxila Ajuste do Aparelho (uma volta igual a aproximadamente 1/4mm). Este protocolo de ajuste supõe que o profissional tenha um bom senso clí- nico para utilizar aparelho de ancora- gem “máxima”, que sempre inclui fi- xação dentária rígida, isto é, barras vestibulares e linguais ou colagem e blocos acrílicos no palato para utili- zar a ancoragem palatal para tratar e conter os resultados! *Cuidado, este protocolo pode ser perigoso se for utilizado a ancoragem deficiente do apa- relho Hyrax. 1. Idade de 14 anos e menos. a. 4 voltas na inserção do aparelho. b. 2 voltas ao dia. c. Observação semanal 2-4 voltas. d. Duração aproximada de 3 sema- nas. e. Parafuso aberto de 12-16mm na estabilização. f. Aparelho deixado no local no míni- mo 3 meses; normalmente 6 meses ou mais para alterações ortopédicas nas dimensões vertical e anteroposterior. 2. 15 a 18 anos a. 2 voltas na inserção do aparelho. b. 1 volta por dia. c. Observação a cada 2 semanas (1- 2 voltas opcionais). d. Duração aproximada de 6 sema- nas. e. Parafuso aberto de 12-16mm na estabilização. f. Aparelho sempre deixado no local no mínimo 3 meses; alterações orto- pédicas verticais e anteroposteriores ainda são possíveis embora em me- nor grau. g. Ajuste do aparelho é ocasional- mente modificado (ver abaixo, confor- to é o guia) 3. 18 a 25 anos a. 1 volta na inserção. b. 1 volta todos os dias. c. Observação a cada 4 semanas. d. Duração aproximada de 12-14 se- manas. e. Parafuso aberto de 12-14mm na R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 8 REFERÊNCIAS 1 - HAAS, A. J. Palatal expansion: just the beginning of dentofacial orthopedics. Am J Orthod, St. Louis, v. 57, no. 3, p.219-255, Mar. 1970. 2 - HERBERGER, T. A. Rapid palatal expansion: long-term stability and periodontal implications. [Master’s Thesis]. Philadelphia, Penn; University of Pennsylvania, 1987. 3 - HAAS, A. J. Long-term posttreatment evaluation of rapid palatal expansion. Angle Orthod, Appleton, v. 50, p.180-217, 1980. 4 - AZIZI M, SKOUT MK, HAAS AJ, et al. A retrospective study of Angle Class I ma- locclusion treated orthodontically without extraction using two palatal expansion methods. Am J Orthod, St. Louis, v.116, no. 1, p.101-107, July 1999. 5 - SANDSTROM, R.A., KLAPPER, L., AND PAPACONSTANTINOU, S.: Ex- pansion of the lower arch concurrent with rapid maxillary expansion. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v.94, no. 4, p.296-302, Oct. 1988. 6 - HANDELMAN, C. Nonsurgical rapid maxillary expansion in adults: report on 47 cases using the Haas expander. Angle Orthod, Appleton, v. 70, no. 2, p.129-144, Apr. 2000. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 9 estabilização. f. Aparelho sempre deixado no local no mínimo 3 meses; ortopedia é limi- tada mas com variações individuais g. Ajuste do aparelho é modificado ocasionalmente dependendo do con- forto. 4. 25 anos até à senilidade a. 1 volta na inserção b. Iniciar com uma volta todos os dias. Cuidado, se a duração da pres- são acostumada aumentar, pare de ativar e entre em contato com o pro- fissional. O ortodontista então ajus- tará a taxa de ativação com base no conforto, podendo reduzir a ativação pela metade, ou seja, caso haja des- conforto e a ativação for de uma volta por dia, dê uma volta dia sim dia não. Se a ativação for dia sim dia não, ati- ve a cada três dias ou duas vezes por semana. Raramente, ou quase nunca, será necessário ajustar uma vez por semana. c. Observação a cada 6-8 semanas. d. Duração aproximada 28-40 sema- nas. e. Parafuso aberto 12-14mm na es- tabilização. f. Aparelho sempre deixado no local pelo menos 3 meses; ortopedia muito limitada. Corticotomia 1. Raramente necessária abaixo dos 18 anos. 2. Indicações para a corticotomia: a. osso comprometido, isto é, condi- ção periodontal b. ancoragem dentária comprometi- da (dentes ausentes) c. Cada mm possível na expansão é necessário em casos extremos Roberto Mario Amaral Lima Filho - Pós graduado em Ortodon- tia pela Universidade de Illinois em Chicago, EUA - Diplomado pelo American Board of Orthodontics. José Fernando Castanha Henriques - Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo. - Coordenador do Curso de Pós-graduação em Ortodontia, em nível de Doutorado da FOB- USP. - Professor do Curso de Pós-graduação em Ortodontia, em nível de mestrado da FOB- USP. - Professor do Curso de Especialização em Ortodotnia da FOB-USP. - Professor dos Cursos de Graduação em Odontologia e Fonoaudiologia da FOB-USP. Leopoldino Capelozza - Professor Assistente Doutor da Faculdade de Odontolo- gia de Bauru da Universi- dade de São Paulo. - Responsável pelo Setor de Ortodontia do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, em Bauru-SP. Omar Gabriel da Silva Filho - Coordenador do Curso de Atualização em Ortodontia Preventiva e Interceptiva, promovido pela PROFIS (So- ciedade de Promoção Social do Fissurado Lábio-Palatal). - Professor do Curso de Especialização em Orto- dontia promovido pela PROFIS (Sociedade de Promoção Social do Fissurado Lábio-Palatal). - Ortodontista do Hospital de Pesquisa e Rea- bilitação de Lesões Lábio-Palatais. Universi- dade de São Paulo, em Bauru. Décio Rodrigues Martins - Curso de Pós-graduação em Ortodontia pela University Oregon Dental School – USA - Professor Titular em Ortodon- tia da Faculdade de Odonto- logia de Bauru, da Universidade de São Pau- lo desde 1983. - Coordenador do Curso de Pós-graduação em Ortodontia, ao nível de mestrado, da Facul- dade de Odontologia de Bauru, da USP, de 1973 A 1984. - Coordenador dos Cursos de Especialização em Ortodontia promovido pela Sociedade de Pro- moção Social do Fissurado Lábio-Palatal, de 1979 a 1987. Alberto Consolaro - Graduado em Odontologia pela Faculdade de Odonto- logia de Araçatuba. - Mestre em Biologia e Pato- logia Buco-Dentária pela UNICAMP – Piracicaba. - Doutor em Diagnóstico Oral pela Faculdade de Odontologia de Bauru – USP - Professor Titular de Patologia pela FOB. Eustáquio Araújo - Associate Professor and Di- rector of Graduate Orthodon- tics at Saint Loius University, Mo. - Certificate e Masters Degree pela University of Pittsburg, Pa. - Diretor da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 1-10, jan./fev. 2001 10
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