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EDUCAÇÃO FINANCEIRA: A IMPORTÂNCIA DE SER APLICADA NO ENSINO INFANTIL DAS ESCOLAS DE FORTALEZA – CE Michele Lopes Cavalcante1 Mônica Maria Bezerra Farias2 RESUMO Este estudo aborda a educação financeira no ensino infantil A pesquisa teve como objetivo geral mostrar a importância da educação financeira no ensino infantil das escolas de Fortaleza – CE. Para atingi-lo, foram traçados os seguintes específicos: 1) Listar exemplos de instituições de ensino em Fortaleza - CE que já incluíram em suas grades escolares a disciplina de Educação financeira; 2) Elencar os benefícios adquiridos pelas crianças fortalezenses estudantes dessas escolas, que incluíram em seu currículo a disciplina Educação financeira; 3) Relatar a metodologia aplicada sobre finanças para as crianças; 4) Descrever o impacto causado pelas aulas de Educação financeira para as crianças nas famílias fortalezenses com o resultado. A metodologia abordada pela pesquisadora classificou o estudo como bibliográfico, de campo, exploratório, descritivo e quali-quanti. Foram definidas as seguintes hipóteses: As escolas privadas de Fortaleza – CE são as primeiras a oferecerem a disciplina de finanças para as crianças em seu curriculum escolar; As crianças fortalezenses que cursam a disciplina de finanças poupam mais que as outras, de acordo com a base de dados coletada na pesquisa de campo; As famílias dos filhos que cursam a disciplina de finanças percebem os impactos positivos no controle financeiro familiar. A pesquisa ocorreu com alunos da terceira, quarta e quinta série de uma escola particular localizada em Fortaleza- CE e seus respectivos pais. Por meio da pesquisa de campo, concluiu-se que os pais das crianças não receberam orientação sobre finanças quando pequenos e acharam de suma importância a escola se preocupar em trazer aos alunos esses conceitos. Palavras-chave: Adulto. Consumismo. Educação financeira infantil. ABSTRACT 1 Graduanda em Administração pelo Centro Universitário Estácio do Ceará. 2 Professora Orientadora – Mestre em Administração pela Universidade de Fortaleza –UNIFOR. 2 This study addresses Financial Education theme in children's education The survey aimed to: Show the importance of financial education in child education schools of Fortaleza - CE. To achieve it Were OS following routes Specific: 1) List examples of educational institutions in Fortaleza - CE que already included in School degrees your discipline Financial Education; 2) list the benefits Bought for Children fortalezenses Students of these schools, que included in his resume Financial Education discipline; 3) Report Applied Methodology About Finance paragraph as children; 4) Describe the impact caused the financial education classes for Children families in fortalezenses with the result. The methodology discussed For Researcher classified the study as literature, field, exploratory, descriptive and qualitative and quantitative. Were defined as the following assumptions: the Private Schools of Fortaleza - CE are as First one to offer a finance discipline to the school curriculum in Your Children; Children are studying fortalezenses que one Finance discipline save more than as to, for According to a baseline of data collected in the field of research; As families of que Children are studying a discipline of Finance realize The Positive Impacts not familiar Financial Control The search took place with third-party Students, fourth and fifth grade of a private school located in Fortaleza-Ce and their parents. By Means of Field Research, concluded que OS parents Children not this received guidance About Finance When Small and May, found extremely importance to school to worry about bringing students These concepts. Keywords: Adult .Consumerism. children's financial education. 1 INTRODUÇÃO Diante do cenário econômico em que se vive, saber administrar os ganhos é primordial, pois o número de pessoas inadimplentes no Brasil aumenta consideravelmente ano após ano. É notório que o adulto desta geração, da passada e provavelmente da próxima, não conhece o real valor do dinheiro, pois não aprendeu quando criança. Entretanto, vários fatores podem contribuir para esse comportamento. Um deles é o consumismo exagerado, que vem causando fortes danos não somente financeiros, mas psíquicos. Em função dessa realidade, algumas pesquisas foram realizadas e, a partir de seus resultados, surgiram projetos que defendiam a inserção da disciplina de educação financeira nas escolas de ensino público em Fortaleza. Todavia, até os anos de 2010 e 2011 eram apenas projetos-piloto, sem grandes escalas. 3 Nesse mesmo espírito, algumas escolas particulares aos poucos passaram a inserir a referida disciplina em sua grade curricular, tentando levar aos seus alunos a importância do equilíbrio entre o uso do dinheiro e do consumo. Em meio aos fatos, a pesquisa trará caminhos para tentar esclarecer a seguinte indagação: Qual a importância de se aplicar a Educação financeira no ensino infantil nas escolas de Fortaleza - CE? Diante disso, traçou-se o seguinte objetivo geral: Mostrar a importância de se aplicar a disciplina educação financeira no ensino infantil das escolas de Fortaleza – CE. Para atingi-lo, foram definidos os seguintes objetivos específicos: 1) Listar exemplos de instituições de ensino em Fortaleza - CE que já incluíram em suas grades escolares a disciplina de Educação financeira; 2) Elencar os benefícios adquiridos pelas crianças fortalezenses estudantes dessas escolas, que incluíram em seu currículo a disciplina Educação financeira; 3) Relatar a metodologia aplicada sobre finanças para as crianças; 4) Descrever o impacto causado pelas aulas de Educação financeira para as crianças nas famílias fortalezenses com o resultado. Foram definidas as seguintes hipóteses: As escolas privadas de Fortaleza – CE são as primeiras a oferecerem a disciplina de finanças para as crianças em seu currículo escolar; As crianças fortalezenses que cursam a disciplina de finanças poupam mais que as outras, de acordo com a base de dados coletada na pesquisa de campo; As famílias dos filhos que cursam a disciplina de finanças percebem os impactos positivos no controle financeiro familiar. O tema foi escolhido em virtude de a pesquisadora atuar na área financeira e desejar aprimorar seus conhecimentos no campo infantil, no qual a discussão dessa temática é incipiente na realidade das crianças de Fortaleza - CE. Todo o estudo voltou-se para entender as maneiras de se ensinar a criança a dar o devido valor ao dinheiro e como aplicá-lo. A pesquisa buscou mostrar que o planejamento financeiro não é algo apenas para acadêmicos, mas para todo indivíduo que precisa sobreviver em uma sociedade capitalista. Ensinar aos pequenos a importância de se ter um planejamento, desde o modo de poupar, guardando suas moedas num cofrinho, até a uma decisão de não gastar sua mesada mensal para poder adquirir um bem no futuro próximo, torna-se primordial para o seu desenvolvimento. Essa postura das crianças poderá contribuir para mudar o cenário de um país sem altas taxas de endividamento financeiro, com maiores números de pessoas investindo ao longo prazo e mais conscientes de seus atos. 4 A metodologia abordada pela pesquisadora classificou o estudo como bibliográfico, de campo, exploratório, descritivo e quali-quanti. A pesquisa ocorreu com alunos da terceira, quarta e quinta série de uma escola particular localizada em Fortaleza-CE, por meio de um censo e seus respectivos pais. Este artigoé composto por seis seções. A primeira se trata desta introdução. A segunda aborda o referencial, enquanto a metodologia aplicada para realização desta pesquisa está apresentada na terceira seção. A análise dos dados coletados está exposta na quarta seção, enquanto que as considerações finais e as referências estão dispostas nas quinta e sexta seções. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Consumismo Vive-se em um sistema de vida capitalista, desde o início do Mercantilismo, em que consumir é o hábito de se estabilizar. Bauman (2008) afirma ser histórico o consumo fornecer às pessoas uma maneira de viver, de estruturar uma forma ou até mesmo consolidar padrões nas relações sociais. Acrescenta que o consumo “é uma condição, e um aspecto, permanente e irremovível, sem limites temporais ou históricos; um elemento inseparável da sobrevivência biológica que nós humanos compartilhamos com todos os outros organismos vivos” (BAUMAN, 2008, p.37). “O consumo é basicamente uma característica e uma ocupação dos seres humanos como indivíduos, o consumismo é um atributo da sociedade” (BAUMAN (2008, p.41). No entanto, com aumento do consumo foi necessário a criação de normas que determinam o direito e o dever do cidadão. Essas foram condensadas em um único documento denominado Código de Defesa do Consumidor Brasileiro. Este, em seu Art. 2º da Lei 8.078/90, define o consumidor como toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Assim, pode-se afirmar que o consumidor é qualquer pessoa natural ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, ou seja, para o seu uso pessoal ou de sua família, não comercializando o serviço ou produto. No entanto, não existe problema em consumir, mas em consumir em excesso, desequilibrando a estabilidade do indivíduo. 5 Ainda sobre o assunto, Cypriano (2008) confirma que o consumo se divide em dois aspectos, um está associado às relações que propiciam algo construtivo, e outro vem em contra partida na existência de relações destrutivas. Dessa forma, o autor exemplifica que quando a criança consome o leite, isto lhe fortalece, auxiliando no seu desenvolvimento. Já no caso do fogo consumindo a madeira, pode-se extinguir a madeira, representando uma relação destrutiva. Assim, Leal (2008, p.72) diz: somente os consumidores que “estão inseridos no novo contexto mundial em evidência são aqueles que podem consumir, porque os produtos e a sua consequência ostentação incluem o indivíduo na arena de visibilidade e importância social”. Contudo, no cenário atual, a sociedade só considera a pessoa em seu meio se adquirir bens. Assim, fica cada vez mais difícil designar uma pessoa pelo que ela é como pessoa, quando a maioria impõe que seu valor é o quanto ela tem e pode ter. A criança é o espelho do adulto, o filho reflete o pai, se em seu lar for vivido à ideologia de que ter é mais do que ser, já é verídico a confirmação de que se tem mais um consumista impulsivo, com transtornos compulsivos e cheio de dívidas por não saber designar os limites de seu desejo. Vonsohsten (2008) disse que dinheiro não representa tudo na vida, ou seja, não poderá ser visto como objetivo final. Para o autor, a riqueza é algo mais amplo. Diante disso, Vonsohsten (2008, s/p) reforça alguns princípios: a) Dinheiro não compra felicidade. Nem saúde. Nem amor. As coisas mais valiosas da vida não são conquistadas por meio do dinheiro. b) Ser “rico” não é apenas “ter” dinheiro ou outras coisas materiais. Há pessoas que são “ricas” de família, de amigos, de valores nobres, de consciência limpa, de caráter, de alegria. c) Aprender a lidar com dinheiro não significa acumular dinheiro ou ficar milionário. d) Quando mal utilizado, o dinheiro pode ser fonte de problemas e de infelicidade. e) Ter controle do dinheiro independe de ter muitos ou poucos recursos financeiros. Educação financeira é uma questão de qualidade de vida. f) Aprender mais sobre economia doméstica implica aprender a dar valor ao que se tem, desenvolver disciplina financeira, controlar os gastos e evitar dívidas, fazer um orçamento, gastar somente o que se ganha e ainda ser econômico e poupador. g) Quem cuida bem das finanças pessoais também está cuidando do planeta. h) Entender esse assunto é respeitar o próximo e compreender o significado das diferenças – podendo agir para mudar o que não está bom para todos. i) Jovens que desenvolvem consciência financeira pensam no futuro, planejam, tornam-se mais responsáveis, olham para o longo prazo de suas vidas. Também fogem do consumismo, não valorizam o que é fútil, ficam longe de atividades que possam comprometer seus objetivos e futuro (VONSOHSTEN, 2008, s/p). Portanto, Bauman (2008) afirma que na sociedade de consumo “a participação ativa nos mercados de consumo é a principal virtude”. E que a felicidade é comprada; cada vez mais, as pessoas, os afetos e as próprias relações interpessoais vêm apropriando o valor de 6 mercadoria e os indivíduos convertem-se em produtos, outrora, quanto maior o seu status social, mais valorizada, exaltada se torna a sua marca. Entendido o que é consumir, seus efeitos e limite, então, vê-se a necessidade de explorar o assunto no campo do aprendizado. Desse modo, no próximo tópico deste estudo será abordada a temática educação financeira, com foco nas pessoas que não conhecem o dinheiro e estarão descobrindo um novo mundo, em que o resultado poderá ser positivo ou negativo, mediante o conhecimento da teoria e da aplicação do valor da moeda. 2.2 Educação Financeira Conforme explica Pereira (2009), com o desenvolvimento da economia capitalista, a partir do século XIX, as pessoas foram forçadas a conviver com a concentração de dinheiro e poder nas mãos de uma fatia mínima da população. D’Aquino (2008, p.4) complementa: “(...) nessa nova perspectiva, as pessoas deixavam de ser identificadas pela maneira como produziam e passavam a ser comparadas e avaliadas a partir dos produtos que exibiam”, surgindo a necessidade de se aprender a lidar com duas palavras-chave: querer e precisar. Assim, a “sociedade capitalista”, que está presente em quase todos os países, faz com que as pessoas cresçam tendo que lidar com tudo que o dinheiro pode proporcionar. Sendo o dinheiro algo que representa valor e traduz o que você pode conquistar com ele. Para aprender a manipulá-lo em qualquer lugar, tempo e espaço, as pessoas passam, necessariamente, por uma educação financeira, por menor que seja. Para D’ Aquino (2008, p.8), no Brasil, “(...) a relação com o dinheiro conseguiu ganhar contornos ainda mais preocupantes. A razão disso tem a ver com o fato de que o Brasil foi palco de pelo menos duas décadas de um inacreditável pesadelo inflacionário. O país atropelou oito mudanças de moedas”. Isso fez com que houvesse uma maior preocupação com o poder aquisitivo do que com o planejamento financeiro de longo prazo. Sobre esse fato D’Aquino (2008, p.9) destaca que “numa economia sufocada pela inflação, qualquer tentativa de planejamento financeiro, por mais sério e bem intencionado que fosse, tinha resultados frágeis e um bocado desanimadores. Se não era possível saber o que esperar da economia para o dia seguinte, que dirá planejar os próximos cinco ou dez anos”. Com essa intercalação na economia, geraram-se duas consequências que acompanham os brasileiros ainda hoje, as quais foram destacadas pelo autor já mencionado: 7 Em primeiro lugar, o fato de que vários de nós, adultos sobreviventes desse período, de alguma maneira continuamos assombrados pelo fantasma da instabilidade. São marcas de desconfiançaem relação ao dinheiro – cicatrizes - que perduram. (...) a segunda consequência herdada do período da inflação foi a ausência de uma educação financeira sólida em nossa formação. E, como não aprendemos, precisamos agora esforçar-nos em dobro para ensiná-las a nossos filhos (D’Aquino, 2008, p.9). Entretanto, estudos realizados pelo SERASA, em 2014, mostram que as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil são as que mais apresentam inadimplentes, 31,1% e 26,4%, respectivamente, com incidência maior na faixa etária de 26 a 30 anos. A Região Nordeste aparece com a taxa de 23,6%. No entanto, a pesquisadora trouxe esses dados para mostrar que o número de adultos sem controle nas compras pode retardar o crescimento local e nacional. A tarefa de conscientização deve vir no início, enquanto crianças, sendo estimuladas tanto pelos pais quanto pelas escolas infantis. Segundo D’Aquino (2008, p.10) apud Ferreira (2010, p. 23): Educar não é tarefa fácil. Sobretudo quando se trata de educar num cenário em que a ética do consumo, as rápidas transformações dos vínculos familiares e a novidade de viver num ambiente de economia estável se juntam para nos confundir. (...) Ensinar os filhos a lidar com o dinheiro é parte fundamental nesse processo. De fato a cultura de educação brasileira é muito precária, pois não se tem o investimento necessário por parte do governo e isso é um fator externo desde geração em geração. Quando se fala em educar, o que se remota são pais e escola; os dois são muito limitados ou mesmo omissos ao falar sobre como lidar com o dinheiro. Ao verificar que o problema parte da família, deve se buscar alguma forma de trabalhá-lo, como talvez a ideia da educação mudar de cenário, em muitos casos os filhos são quem levam esta orientação aos pais ao terem esee acesso em suas atividades escolares. Nesse sentido, Domingos (2008, p. 24) relata que: Assim, de um jeito ou de outro, não teremos um referencial seguro em que nos espelharmos e ampararmos. Bem, uma vez estabelecida a falha no seio familiar, haverá ainda a possibilidade de termos acesso a tal conhecimento na escola. Eis que surge, aqui, outro problema: as escolas brasileiras, de modo geral bastante precárias no desenvolvimento de outros saberes fundamentais, são ainda mais displicentes no que se refere à Educação Financeira. Por sua vez, as escolas mais modernas têm, no máximo, algo muito superficial a que chamam de “economia doméstica”, matéria que se resume a levar os alunos a fazer visitas aos supermercados, comparar preços, e olhe lá (DOMINGOS, 2008, p.24). Contudo, as dificuldades sobre o tema serão abordadas, a seguir, pois trata de reflexões sobre como se está educando as crianças. Dessa forma, tem-se que trazer exemplos que relatem soluções, ou seja, que representem o primeiro passo para o processo seguir seu 8 rumo. A educação financeira vem para auxiliar as famílias a se reeducarem, a ser um suporte para poder organizar o orçamento. 2.3 As dificuldades de se aplicar a educação financeira no ensino infantil O que se mais escuta no cenário são as pessoas falando sobre a falta de dinheiro. Escuta-se muito sobre aproveitar e criar oportunidade em meio a tantos reflexos negativos, como o desemprego e a crise econômica. Entretanto, trazendo o assunto ao que se está abordando, muitas famílias não sabem o que fazer com a rescisão que recebem. Alguns bancos até mostram algumas ideias sobre investimentos, renegociação de dívidas, algo que faça o cidadão ser mais consciente em relação às suas finanças. De acordo com o Ministério da Educação (MEC, 2016), no Brasil, o tema educação financeira aos poucos está conquistando espaço como política de Estado. Isso vem ocorrendo após a publicação do Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef). A partir daí, as ações referentes ao assunto são compartilhadas, de forma integrada, por órgãos e entidades públicas e da sociedade, nos âmbitos federal, estadual e municipal. Entretanto, com a publicação desse decreto, a atuação nas escolas nesse sentido, inclusive em Fortaleza – CE, é muito escassa. Projetos pilotos são compartilhados, segundo o MEC (2016), porém ainda sem amplitude. Peretti (2007, p.05) explica ser “importante despertar nas crianças a conscientização para o fato de que uma das leis primárias da prosperidade é a definição de objetivos”. D’ Aquino (2009) esclarece que o maior desafio da educação financeira é educar visando aos resultados futuros, não os presentes. Explica que devido às transformações rápidas e complexas que vêm ocorrendo no mercado de trabalho, é necessário “desenvolver o espírito empreendedor e estimular modos inovadores de raciocínio, por exemplo, são ferramentas essenciais à preparação de nossas crianças e jovens para o futuro”. (D’AQUINO, 2009, p.1) Um dos principais problemas dessa área é a deficiência de educadores, que não se preparam para passar os conhecimentos sobre administração financeira ou utilizam a carga horária de outra disciplina para mencionar algo sobre o assunto de finanças. Portanto, o importante é que, para enfrentar as dificuldades, algo já está em anda- mento por parte do órgão maior da educação no Brasil, MEC, e suas aplicações, apesar de se- 9 rem em nível de teste, já existem. Ainda de acordo com o Ministério da educação (2016), a disciplina educação financeira está entre os temas da atualidade sugeridos para compor a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Trata-se do conjunto de conhecimentos entendidos como essenciais para o fortalecimento da cidadania e voltados para ajudar a população a to- mar decisões financeiras mais autônomas e conscientes. Peretti (2007) ressalta que o desejo das pessoas é aproveitar muito bem suas vidas. Para isso tem-se que iniciar em pensar e planejar um plano para o futuro o quanto antes, pois maiores serão as chances de aproveitá-lo de uma forma mais concreta. Jamais deixar de lado a garantia de renda em seus planos. Para construir essa situação financeira sólida, é de extrema importância ter determinação nas ações ao pôr em prática o controle de gastos e o estabelecimento de metas a curto e longo prazo. (PERETTI, 2007). Ao prosseguir com este estudo, será apresentada, a seguir, a metodologia relacionada a disciplina educação financeira, abordada nas escolas que a ministram. 2.4 Métodos abordados para o ensino da disciplina educação financeira para o público infantil Não há um consenso entre os especialistas sobre a idade ideal para que as crianças comecem a ter noções de educação financeira. Alguns defendem que o conteúdo deve entrar no currículo escolar já a partir da educação infantil, outros acreditam que o melhor é começar no ensino fundamental. Nesse contexto, Peretti (2007, p.09) afirma “tirar as pessoas do analfabetismo financeiro através da educação financeira é uma necessidade, para que elas possam controlar suas finanças e prosperarem em suas vidas”(PERETTI, 2007, p. 09). Entretanto, a forma de expor as ideias sobre as classes mais consumistas e o dinheiro devem ser analisadas e adequadas ao tempo, assim diz a autora Stuart (2009), a qual orienta sobre a melhor postura diante do dinheiro: o ideal é não forçar o aprendizado precoce, mas ficar alerta para as oportunidades que surgirem. Ao pensar nisso, várias formas foram criadas até mesmo pelos pais para poder driblar a situação. Uma delas é a mesada, que quando dada aos pequenos sem orientação perde o sentido que deveria ter, isto é, quanto a dar valor ao que se ganha. Conforme esclarece D’Aquino (2008, S/P): (...) é inegável que, nos últimosanos, a moda de dar mesada aos filhos pegou. E, pena, pegou muito mal. Funcionando muitas vezes, e de modo especial na classe média, como modismo inconsequente e fútil, ela atropela todos os “para quê, por 10 quê, quando, quanto e como” da intenção da mesada. Disso tudo, a “moda da mesada” resultou, no melhor dos casos, em prática inócua à educação financeira dos filhos e, no extremo oposto, num desastre completo, com repercussões em diversas áreas do desenvolvimento infantil. É um fato de que estamos acostumados no Brasil, por incompreensão do capitalismo, a lidar com assuntos relacionados a dinheiro de modo displicente, irresponsável e preconceituoso. Com a criação da (Enef) Estratégia Nacional de Educação Financeira no final de 2010, o MEC (2016) fortaleceu ainda mais o desejo de se aplicar esse ensino nas escolas disponibilizando em seu portal um material didático que serve de apoio aos professores que queiram explorar esse conhecimento em sala de aula, inserido em alguma disciplina como matemática, ciência, história, geografia. O acervo expõe conteúdos lidados com jogos, esportes e turismo. A (AEF) Associação de Educação Financeira do Brasil promoveu no mês de Maio de 2016 uma conferência para se debater a inclusão desse estudo no ensino básico. Dentre as diversas metodologias utilizadas para repassar o conteúdo da disciplina de educação financeira para o público infantil destaca-se a DSOP- Diagnosticar, Sonhar, Orçar, Poupar. De acordo com a DSOP, uma administração financeira eficiente é capaz de proporcionar estabilidade nos relacionamentos, melhor qualidade de vida e, especialmente, a realização de sonhos. A partir de uma abordagem comportamental do tema, a Metodologia DSOP oferece motivação e técnica para que as pessoas possam reavaliar sua relação com o dinheiro e encontrar, por méritos próprios, os caminhos para sua independência financeira (DSOP, 2008). Fundamentada nesses quatro pilares, a Metodologia DSOP desenvolve competências fundamentais para que as pessoas aprendam a lidar com as questões financeiras, com segurança e consciência. O objetivo dela é mudar os hábitos e os comportamentos arraigados sobre o dinheiro, substituindo-os por nova atitude, mais saudável e sustentável. Ao assimilar o conhecimento integrado proposto pela Metodologia DSOP, correlacioná-lo e empregá-lo nas situações e necessidades impostas pela vida prática, é possível conquistar o equilíbrio financeiro, fundamental para o bem-estar individual e social. A seção seguinte apresentará a metodologia utilizada para elaboração desta pesquisa. 3 METODOLOGIA Para a concretização deste estudo foi realizada uma pesquisa que segue a seguinte classificação: bibliográfica, de campo, exploratória, descritiva e quali-quanti. 11 Esta pesquisa é bibliográfica por conter informações de fontes de estudos, livros, revistas, jornais, artigos científicos, etc. Segundo Gil (2008, p. 50), a pesquisa bibliográfica é: desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo. Esta pesquisa também é qualificada como de campo pelo fato da pesquisadora abordar os pesquisados nas escolas, em contato direto. Para Marconi e Lakatos (2010, p. 169), a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, de descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 169). Este estudo é considerado exploratório, pois a pesquisadora investigou um tema que não foi ainda explorado de forma exaustiva por demais estudiosos. Segundo Malhotra (2011, p.57), “as pesquisas exploratórias têm como objetivo a descoberta de ideias e percepções. É explorar ou examinar um problema ou situação para conhecimento ou compreensão. Além de ser bem flexível e versátil”. A pesquisadora descreveu com base na coleta de dados junto às crianças e seus pais sobre o impacto que causa no cotidiano familiar o fato de seus filhos participarem de situações relacionadas à tomada de decisão sobre suas finanças. Quanto à pesquisa descritiva, Malhotra (2011, p. 59) expõe que esse tipo de pesquisa se caracteriza com o objetivo de descrever determinada população, fenômeno ou estabelecimento de relações entre variáveis. No quesito quali-quanti, percebe-se a necessidade de buscar essas duas formas de investigação por se complementarem. Sobre a pesquisa qualitativa, Malhotra (2011, p. 122) afirma que ela proporciona melhor visão e compreensão do cenário do problema. Ela investiga o problema com algumas noções preconcebidas sobre o resultado dessa investigação. Além de definir o problema e descrever uma abordagem, a pesquisa qualitativa também é adequada só se deparar com uma situação de incerteza, como quando os resultados conclusivos diferem das expectativas. Já a quantitativa, Malhotra (2011, p. 122) também vem mostrar que “ela procura quantificar os dados. Esta busca uma evidência conclusiva baseada em amostras grandes e representativas e normalmente envolve alguma forma de análise estatística”. 12 Nesta pesquisa os seus dados foram trabalhados estatisticamente com base na amostra calculada por métodos estatísticos. A população desta pesquisa foi composta de escolas privadas de Fortaleza - CE que adotam o ensino da disciplina Educação financeira em sua grade curricular. Segundo Malhotra (2006, p. 322), “a população-alvo é a coleção de elementos ou objetos que possuem a informação procurada pelo pesquisador e sobre os quais devem ser feitas inferências”. A amostra desta pesquisa foi composta por três turmas de uma escola particular localizada em Fortaleza-CE, que ministra a disciplina educação financeira, totalizando 55 alunos com idades entre 08 e 11 anos por meio de um censo e seus respectivos pais. Gil (2010) classifica a amostra em dois tipos: Probabilística - são científicos e se baseiam nas leis da regularidade estatística, dos grandes números, da inércia dos grandes números e da permanência dos pequenos números - e não probabilística, que não possui fundamentos matemáticos ou estatísticos, depende apenas de critérios do pesquisador. Assim, a amostra desta pesquisa foi caracterizada como probabilística. Para a coleta de dados desta pesquisa foi utilizado como instrumento um questionário. Malhotra (2011, p. 240) o nomeia como "um conjunto formalizado de perguntas para obter informações do entrevistado". A coleta de dados ocorreu em dois momentos. O primeiro aconteceu com um censo tendo a aplicação de questionário junto aos alunos, composto por onze (11) perguntas, sendo três (03) abertas, seis (06) fechadas com múltiplas escolhas e duas (02) mistas, aplicado no dia 05 de Maio de 2016, pessoalmente pela pesquisadora na referida escola. O segundo momento ocorreu com o envio do questionário por meio eletrônico para os pais das crianças, sendo composto por quatro (04) indagações abertas e quatro (04) fechadas. A tabulação foi realizada utilizando-se a planilha eletrônica Excel e análise subjetiva. 4 ANÁLISE DE DADOS 4.1 Pesquisa com crianças Com base na aplicação dos questionários com crianças, a amostra que compõe o censo foi constituída por estudantes do ensino infantil regularmente matriculados,totalizando cinquenta e cinco (55), pertencentes às turmas de Terceiro, Quarto e Quinto ano da escola estudada. 13 4.1.1 Turma do Terceiro Ano Participaram desta amostra vinte e um (21) alunos que estão cursando a terceira série e cursam a disciplina de educação financeira. Inicialmente perguntou-se “O que é dinheiro?”. Dos vinte e um alunos, 29% informaram que serve para comprar coisas; 24% disseram que é um algo de valor; 14% citaram que era para fazer pagamentos; 14% não opinaram; 10% informaram ser necessário; 5% responderam que serve para ajudar pessoas; outros 5% disseram que não compra tudo. As crianças foram indagadas se recebiam dinheiro da família, 86% disseram que sim e 14% que não. Sobre quem os forneciam dinheiro, 33% informaram ser o pai; 29% a mãe; 21% o avô e 17% a avó. As crianças foram perguntadas como denominavam o dinheiro recebido, 57% informaram que recebem mesada; 33% semanada e 10% outra forma como, por exemplo, festas, aniversário e etc. Foi questionado se a criança recebia explicação do que deve fazer com o dinheiro que recebe; 52% disseram sim e 48% disseram não. Perguntou-se a criança se quando ela vai fazer compra, realiza a conferência do troco? Dos pesquisados 71% fazem, 19% não e 10% nulos. No questionamento sobre saber poupar, 90% indicaram que sim e os outros 10% não. Também foram indagados se poupavam dinheiro para o futuro: 90% responderam sim e 10% não. Dos que responderam positivo, 29% desejam algo com relação à categoria eletrônico; 14% à viagem; 10% querem possuir casa, carro; 5% algum brinquedo e 19% coisas diversas. Questionados se gostavam das aulas de educação financeira, 70% informaram que sim e 30% não. As crianças foram perguntadas se comentavam com os seus pais sobre o que aprendiam nas aulas de finanças, 74% afirmaram falar e 26% não falam com os pais. Das que falaram sim, os pais informaram ser interessante e educativo terem essas aulas. Finalizou-se com a pergunta, “o que você aprendeu nas aulas de Educação financeira?”, a qual obteve as seguintes respostas: 33% aprenderam a poupar, orçar, diagnosticar e sonhar; 19% a economizar; 19% a cuidar do dinheiro; 14% outros e 14% não participaram. 14 4.1.2 Turma do Quarto Ano Nesta amostra teve-se a participação de dezoito (18) alunos. Para a primeira pergunta “O que é dinheiro”, 61% responderam que serve para comprar; 17% informaram ser algo de valor; 11% alegaram ser algo necessário, 6% disseram efetuar pagamentos; 6% não se compra tudo. Perguntados se recebiam dinheiro da família; 94% disseram que recebiam e 6% não recebiam. Aos que responderem que recebiam dinheiro, indagou-se quem os forneciam: 40% informaram receber dinheiro da mãe; 27% do pai; 17% do avô e 16% da avó. Indagados como chamam o dinheiro que recebem, as crianças responderam: 73% mesada e 27% semanada. No questionamento sobre receber explicação dos familiares sobre o que fazer com o dinheiro que recebiam, 53% informaram que não e 47% que sim. Também se questionou as crianças se quando fazem uma compra, elas conferem o troco: 63% informaram que checam se está certo e 38% não. As crianças foram indagadas se poupam o dinheiro que ganhavam e 89% afirmaram que sim, 11% não sabem ainda poupar. Na indagação sobre planejar poupar dinheiro para o futuro, 89% planejam e 11% não. Dos que mencionaram sim, 28% querem comprar uma casa, um carro; 22% algo eletrônico; 22% querem algum brinquedo; 17% não quiseram falar; 6% reservarão algo para estudar; 6% outros. Ao questionar se os alunos gostam das aulas de educação financeira, 89% disseram que gostam e 11% não gostam. Na penúltima questão, as crianças foram questionadas se comentavam com seus pais sobre o que aprendem em sala sobre finanças, 59% responderam sim, enquanto 41% não. Respondendo sim, os pais elogiaram a iniciativa e pediram para ter atenção nas aulas. Na última questão responderam o que aprenderam nas aulas de educação financeira: 50% informaram que aprenderam a poupar, orçar, diagnosticar e sonhar: 28% a cuidar do dinheiro que ganha; 11% informaram outros; 6% a economizar e 6% não responderam. 4.1.3 Turma do Quinto Ano Essa turma era composta por dezesseis (16) estudantes. Respondendo a pergunta sobre o que é dinheiro, 44% informaram que é utilizado para fazer compras; 25% disseram ser 15 algo que tem valor; 19% disseram ser necessário; 6% falaram pagar alguma coisa e 6% não participaram. Quanto à questão de receber dinheiro dos familiares, informaram: 71% recebem e 29 não recebem. Indagados sobre quem dá o dinheiro para eles, 46% é a mãe quem dá; 35% é o pai; 11% é o avô e 8% a avó. Na pergunta sobre como é o nome do dinheiro recebido, 75% afirmaram mesada e 25% semanada. As crianças foram indagadas se recebem explicações sobre o uso do dinheiro que recebem de seus familiares: 64% dos pesquisados responderam que recebem explicação do que fazer com o dinheiro recebido e 36% não recebem a devida orientação. Os pesquisados foram questionados se quando fazem compra, eles conferem o troco, 93% conferem e 7% não têm este costume. Nessa turma todos os alunos mostraram, ou seja, 100%, que sabem poupar. No que se refere a planejar o dinheiro poupado para comprar algo no futuro, 93% disseram sim e 7% que não. Quanto aos que disseram sim, 12% querem usar esse dinheiro em uma viagem; 25% almejam comprar uma casa ou um carro; 19% não quiseram responder; 12% algo eletrônico; 13% querem comprar brinquedo; 13% outros; 6% algo sobre os estudos. No tocante se gostam das aulas de educação financeira, 82% responderam que gostam e os outros 18% mencionaram que não. A respeito de falar com os pais sobre o que aprendem em sala de aula sobre finanças, 53% dialogam e 47% não falam. No diálogo os pais disseram ser importante aprender a poupar, administrar o dinheiro desde cedo. Acharam muito bom a escola incluir esse conhecimento em seu ensino. E para finalizar sobre a pergunta “o que você aprendeu nas aulas de educação financeira?”, 44% responderam cuidar do dinheiro; 25% que aprenderam sobre poupar, orçar, diagnosticar e sonhar; 13% economizar; 11% não responderam e 6% informaram outros assuntos. 4.1.4 Comparação entre as turmas Inicialmente foi perguntado o que é dinheiro, com o intuito de conhecer a percepção de todos os alunos das três séries. Assim, tendo as maiores porcentagens em todas as turmas pesquisadas, respectivamente 29%, 61% e 44%, os alunos entendem dinheiro como 16 algo utilizado para comprar e, em segundo lugar, que ele tem seu valor, é algo valioso, citado também em alguns casos que não compra tudo, mas é necessário à sobrevivência. Além disso, os pais optam em repassar o dinheiro ao filho pela forma de mesada, liderando em todas as turmas com mais de 55%, outros dão em Semanada. Quanto à opção de escolha “outros”, significa aniversário, festas comemorativas, como, por exemplo, o Dia das crianças, Páscoa, Natal e etc: 10% de uma turma fez esta escolha, as crianças mais novas, que estão cursando o terceiro ano. No tocante à questão sobre poupar, mais de 88% alunos e em uma das turmas com unanimidade, chegando a 100%, as crianças entendem de fato o que é poupar e sua importância para a vida. Mesmo sabendo que as aulas envolvem números e cálculos exigindo uma maior compreensão, mais de 70% dos alunos pesquisados gostam e muitos até mencionam ser empreendedores com o que vêm aprendendo sobre finanças. Para analisar a interação da família sobre o assunto, as crianças comentam sobre o que aprenderam na disciplina com seus pais; a turma de terceiro ano não comentaem 74% sobre o que vêm aprendendo sobre finanças, mas esse número vai diminuindo na proporção que o ano vai passando. Ao se comparar essa turma com a de Quinto ano, observa-se um número maior de 53% que já conseguem dialogar sobre os assuntos da disciplina educação financeira. Para finalizar, foi questionado sobre o que o aluno aprendeu em sala acerca da educação financeira, o mais descriminado foi o método transmitido por um autor Reinaldo Domingos, e utilizado pela escola, chamado DSOP, o qual lida com o Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar. Logo após, a questão de economizar e cuidar do dinheiro é bastante mencionada em todas as turmas. 4.2 Pesquisa com os pais A coleta de dados com os pais foi realizada por meio eletrônico e se conseguiu coletar um total de dez (10) respostas. Os pesquisados foram indagados sobre assuntos abordados na disciplina de educação financeira do seu filho. Informaram que seus filhos recebem instruções sobre a questão da sustentabilidade, do consumo, do valor do dinheiro e seu poder de compra. 17 Os pais foram questionados se quando eram crianças receberam orientações dos seus pais sobre o assunto, 60% relataram que não receberam orientação dos seus pais, enquanto 40% receberam. Quando perguntados se realizam planejamento de seus gastos, 80% dos pais disseram que fazem, 20% ainda necessitam ter consciência de que precisam verificar tudo o que ganham e gastam, criando um fluxo de caixa. Questionou-se sobre a importância para os pais sobre o repasse em casa sobre a Teoria de Finanças, 70% responderam que sim, enquanto 30% disseram não. Aos pais foi questionado: “Você está de acordo que além dos pais a escola deve orientar seu filho sobre dinheiro?” Com 100% do resultado, todos acharam excelente a escola ter tido essa iniciativa. Para uns, só fortificou o que era repassado em casa, para outros ainda não é possível ver um retorno palpável. O que 10% mencionaram também foi a questão da metodologia ir ao encontro as crianças com Síndrome de DOWN, facilitando sua compreensão e familiaridade com o dinheiro e o valor que ele tem. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa trouxe um aprendizado com relação a várias vertentes que se remete ao devido tema, já que se abordou o consumo, suas causas e efeitos perante as pessoas, bem como a educação financeira, sua necessidade de inserção na sociedade de maneira mais concreta e fidedigna, de forma que traga uma segurança sobre o real valor do dinheiro, principalmente para o ensino infantil. Também se mostrou a dificuldade de se agregar finanças no ensino regular das escolas públicas e privadas. Contudo, mesmo assim as escolas particulares vêm procurando e aderindo esse tema à sua grade curricular. Destacaram-se, neste estudo, autores conceituados da área, como, por exemplo, Reinaldo Domingo, Cassia D'Aquino que trabalham com métodos, alguns já utilizados pelos pais, como a mesada e sugestões de métodos aplicados nas referidas escolas, a exemplo do DSOP. Esta pesquisa teve como objetivo geral mostrar a importância de se aplicar a disciplina educação financeira no ensino infantil das escolas de Fortaleza – CE. A partir dele, foi elaborado alguns específicos como: 1) Listar exemplos de instituições de ensino em Fortaleza – CE, que já incluíram em suas grades escolares a disciplina de educação financeira; 2) Elencar os benefícios adquiridos pelas crianças formadas nessas escolas; 3) Relatar a metodologia aplicada sobre finanças nessas instituições e 5) Descrever o impacto nas famílias com o resultado das aulas de seus filhos. 18 Foram propostas as seguintes hipóteses: As escolas privadas de Fortaleza – CE são as primeiras a oferecerem a disciplina de finanças para as crianças em seu currículo escolar. Esta hipótese foi confirmada, pois que mesmo existindo o Decreto 7.397 de 22 de Dezembro de 2010 do MEC que cria a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira), abordando temáticas e conferências sobre o tema em questão, para incluir a disciplina na grade das escolas públicas. Nestas ainda estão sendo estruturados projetos pilotos, enquanto que as escolas particulares tomaram a iniciativa de incluírem em seus currículos a disciplina educação financeira, ainda que de forma incipiente, mas efetiva. No tocante à segunda hipótese: As crianças fortalezenses que cursam a disciplina de finanças poupam mais que as outras. De acordo com a base de dados coletada na pesquisa de campo, comprovou-se que, independentemente da idade, quando aplicada a metodologia de acordo, a criança absorve o conhecimento desejado e, conforme a comparação entre as turmas, a grande parte dos estudantes sabe poupar e entende a importância e o valor do dinheiro. Logo, essa hipótese também foi aprovada. Já terceira hipótese: As famílias dos filhos que cursam a disciplina de finanças percebem os impactos positivos no controle financeiro familiar. Constatou-se na análise com os pais ser fato verídico, uma vez que as crianças têm adquirido o conhecimento de se ter um consumo mais consciente, como, por exemplo, querer comprar algo e mediante conversa compreender que no momento não é tão importante, que, com um certo tempo, poderá conseguir formas de trabalhar com a sustentabilidade e assuntos afins. Assim, acredita-se que as famílias fortalezenses precisam de orientação e apoio da escola no tocante a administrar a relação de como lidar com o dinheiro e repassar esses ensinamentos para seus filhos. Diante do exposto, sugere-se que esta pesquisa seja aplicada em outras escolas que incluíram a disciplina educação financeira em seus currículos para se obter resultados mais confiáveis. REFERÊNCIAS BAUMAN, Z. Vida para o consumo: A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. CYPRIANO, C.P. Nada tão fútil que não possa dizê-lo útil: a atividade de consumo na experiência contemporânea. Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2008. 19 D’AQUINO, Cássia. Educação Financeira: como educar seus filhos. Coordenação Gustavo Cerbasi. Rio de Janeiro; Elsevier, 2008. In: FERREIRA, Andréia de Jesus. A importância do controle de gastos domésticos. Monografia (Especialização em Finanças e Gestão Coorporativa). Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, 2010. DOMINGOS, Reinaldo. Terapia financeira como método para realizar seus sonhos. São Paulo: Gente, 2008. ______. Educação financeira: como educar seus filhos – São Paulo: Campus, 2008, Disponível em: <http://www.educacaofinanceira.com.br/tcc/impactoconsumoconsciente.pdf> Acesso em: 7 abr. 2016 GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas 2010. ______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas 2008. LEAL, M. A cidadania desafiada: o direito de consumir consumiu o cidadão. 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