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www.portaleducacao.com.br 1
PROF: RAQUEL TINOCO Treinamento Funcional | Portal Educação 
ORÇAMENTO DE
 OBRAS DE 
CONSTRUÇÃO 
CIVIL
www.portaleducacao.com.br
www.portaleducacao.com.br 2
Treinamento Funcional | Portal Educação 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
ORÇAMENTO DE
 OBRAS DE 
CONSTRUÇÃO 
CIVIL
www.portaleducacao.com.br
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
1 NOÇÕES GERAIS SOBRE ORÇAMENTOS 
1.1 O QUE SÃO ORÇAMENTOS 
1.2 COMO SE ORGANIZAM OS ORÇAMENTOS 
1.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
1.3.1 Estudo das condicionantes de um trabalho 
1.3.2 Composição de custos 
1.3.3 Determinação do preço 
1.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES 
1.5 PREÇO DE VENDA (UNITÁRIO) DE SERVIÇOS 
1.6 REALIZAÇÃO DE ORÇAMENTOS 
 
MÓDULO II 
2 CÁLCULO DE PREÇOS DE VENDA 
2.1 ESTRUTURAS DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 
2.2 COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA 
2.3 O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO 
2.4 CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES 
 
MÓDULO III 
3 CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS 
3.1 FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS 
3.2 CUSTOS DE MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS 
 
 
 
3.3 RENDIMANTOS: MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS 
3.3.1 Mão de Obra 
3.3.2 Materiais 
3.3.3 Equipamentos 
3.4 FICHAS DE CUSTOS 
 
MÓDULO IV 
4 CÁLCULO DE CUSTOS DO CANTEIRO DE UMA OBRA 
4.1 MONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS 
4.2 ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS 
4.3 DESPESAS GERAIS 
4.4 DESMONTAGEM DO CANTEIRO DE OBRAS 
 
MÓDULO V 
5 MEDIÇÕES PARA ORÇAMENTO 
5.1 PRINCÍPIOS BASE 
5.2 REGRAS BÁSICAS DE MEDIÇÃO 
5.3 DESENVOLVIMENTO DE CHECK-LIST 
5.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES 
5.5 MEMÓRIA DESCRITIVA 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
1 NOÇÕES GERAIS SOBRE ORÇAMENTOS 
 
A importância da realização de um orçamento preciso corresponde à 
possibilidade direta de uma empresa obter lucro ou prejuízo em uma obra, 
principalmente quando faltam critérios técnicos e econômicos mínimos para a 
sua elaboração. Por ter papel de responsabilidade direta pelo sucesso ou 
fracasso, no orçamento devem estar contidas todas as condicionantes de 
trabalho, desde a análise dos insumos utilizados, até a previsão de alguns gastos 
fixos mensais, tais como aluguéis de equipamentos e mão de obra envolvida na 
organização dos trabalhos (mestres, técnicos, engenheiros ou arquitetos 
responsáveis pela execução). 
 
FIGURA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
 
 
 
Em uma visão tradicional, um orçamento é uma previsão ou estimativa 
do custo de uma obra. O custo total da obra é o valor que corresponde à soma 
de todos os gastos necessários para a sua execução. 
Um orçamento corresponde a uma avaliação, previsão ou estimativa do 
custo de obra ou de serviço a ser executado por meio de quantificação de 
insumos, mão de obra ou equipamentos, o tempo de duração do 
empreendimento. Assim, será possível obter o preço total da obra (GONZÁLEZ, 
2007). 
Na participação de uma concorrência, o preço proposto pelo construtor 
não deve ser nem tão baixo a ponto de não permitir lucro, nem tão alto a ponto 
de não ser competitivo na disputa com os demais proponentes. 
Há sempre a possibilidade de duas ou mais empresas chegarem a 
orçamentos distintos, porque distintos são os processos teóricos utilizados, a 
metodologia de execução proposta para a obra, as produtividades adotadas para 
as equipes de campo e os preços coletados, dentre outros fatores. 
O que é importante destacar é que o orçamento deve refletir as 
premissas da construtora, constituindo-se numa meta a ser alcançada pela 
empresa. 
Os documentos integrantes do estudo do orçamento servem como 
importante fonte de informação para a preparação, organização e execução dos 
trabalhos. Muitas vezes, o volume de informações para um determinado caso 
pode ser bastante complexo, exigindo o registro de uma série de informações 
interligadas, que fazem parte de todo o processo de execução até a entrega do 
trabalho. 
O principal objetivo deste módulo está no entendimento dos conceitos 
de todos os elementos que constituem um orçamento de obras de Construção 
Civil, com a familiarização de suas características próprias e alguns aspectos 
relevantes. 
 
 
 
Neste módulo será possível criar um embasamento técnico que será 
necessário para a compreensão de todo o curso. 
 
 
1.1 O QUE SÃO ORÇAMENTOS 
 
Os orçamentos são as formas de saber quanto custa uma obra ou 
projeto. Tem o mesmo sentido de previsão, sendo o ato de estimar uma situação 
futura, com base em uma análise presente, com o objetivo de alcançar uma nova 
situação projetada. 
No caso da Construção Civil, uma obra é 
uma atividade econômica, na qual o aspecto custo 
possui especial importância. O orçamento possui 
uma proposta do custo de uma obra, apresentada 
por uma empresa para a prestação de um serviço 
solicitado. 
Para entendimento geral de todos os 
passos que se deve percorrer para o desenvolvimento de 
um orçamento, deve-se ter em conta uma série de aspectos, conforme o 
fluxograma apresentado a seguir. 
 
 
 
 
FIGURA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: MATTOS, 2006. 
 
Definição sintética de orçamento: 
É a completa discriminação dos custos e serviços para a realização de 
uma obra de Construção Civil. 
Segundo Tisaka (2006), os principais elementos de um orçamento são: 
 Projeto; 
 Caderno de encargos; 
 Medição; 
 Quantificação; 
 Memória descritiva; 
 Serviço simples; 
 Serviço composto; 
 Mapa de Trabalhos; 
 
 
 
 Mão de obra; 
 Materiais (insumos); 
 Composição de custos; 
 Composição de preços; 
 Preço de venda. 
 
Projeto 
Definição do plano geral para edificar, incluindo a informação específica 
para a concretização. 
 
Caderno de Encargos 
Documento de um projeto no qual se enumera as obrigações das partes 
e condições técnicas para a execução da obra. 
 
Medição 
Determinar quantidades de material, mão de obra e máquinas a aplicar 
em uma determinada obra. A medição gera documento em que constam os 
materiais e serviços necessários para um trabalho e que servem para fazer o 
estudo do orçamento. 
 
Quantificação 
É a etapa em orçamentação na qual são levantadas as quantidades de 
serviços de obra a executar por meio do registro da medição. 
 
Memória Descritiva 
Documento que contém todas as explicações detalhadas, apresentando 
as justificações e soluções para a execução de uma determinada construção. 
 
 
 
Serviço Simples 
É o serviço realizado apenas a partir de insumos e ferramentas básicas, 
com o emprego de mão de obra auxiliar. 
 
Serviço Composto 
É o serviço realizado a partir de insumos diversos, com o emprego de 
técnica e equipamentos especiais. 
 
Mapa de Trabalhos 
É a peça gráfica em que o orçamento é apresentado. É construído pela 
relação dos serviços da obra com as respectivas quantidades, custos unitários e 
totalizações por grupos de serviços afins ou correlatos. 
 
Mão de obra 
É o trabalho humano que é empregado na construção. 
 
Materiais (insumos) 
São os componentes utilizados na realização física dos diversos 
serviços. 
 
Composição de custosÉ a discriminação das quantidades de insumos e respectivos preços 
necessários à realização de um serviço (a soma define um custo para o serviço). 
 
 
 
 
 
 
Preço de venda 
É a composição de custos acrescida da taxa de BDI (Benefícios e 
Despesas Indiretas) que contempla os serviços realizados pelo construtor que 
não fazem parte da obra em si, o emprego do capital, os riscos e o lucro. 
 
Para a realização de um orçamento de Construção Civil é necessário 
compreender inicialmente os seguintes pontos: 
- Identificação da obra; 
- Descrição; 
- Quantificação; 
- Análise e valorização dos serviços apresentados. 
 
Como o orçamento é preparado antes da realização do trabalho, deve 
ser realizado um estudo abrangente para que não existam lacunas na 
composição dos custos e considerações aleatórias. 
Um dos requisitos básicos para um bom orçamentista é o conhecimento 
detalhado de cada serviço. Quanto maior a capacidade de interpretar desenhos, 
planos e especificações da obra, melhor será o estabelecimento de ações para 
cada fase do trabalho a realizar, sendo possível identificar a dificuldade de cada 
serviço e consequentemente custos de execução. 
Existem alguns parâmetros que não podem ser determinados com 
exatidão, como é o caso das condições climáticas, condições do solo quando 
não ocorreram estudos prévios, disponibilidade de materiais, principalmente em 
períodos de férias coletivas dos fornecedores, além da influente flutuação da 
produtividade dos operários e diversas paralisações por acidentes, feriados ou 
outros fatores interligados. 
 
 
 
 
 
1.2 COMO SE ORGANIZAM OS ORÇAMENTOS 
 
A organização dos elementos que fazem parte de um orçamento não 
pode ser analisada apenas como uma listagem de números que foram retirados 
de um livro ou de um manual. 
Os orçamentos devem ser um documento regido por conceitos 
fundamentais de orçamentação, como ser capaz de retratar a realidade do 
projeto, por se tratar de um estudo, há sempre a possibilidade de uma margem 
de incerteza incorporada à análise, muitas são as premissas de cálculo adotadas 
e a defasagem de tempo entre o momento da orçamentação e o da realização 
do serviço. 
Os principais atributos de um orçamento são (MATTOS, 2006): 
 Estimativa; 
 Especificação; 
 Temporalidade. 
 
Estimativa 
O orçamento é baseado em previsões, obtendo levantamentos 
aproximados. Por mais que todas as variáveis sejam ponderadas, há sempre 
uma aproximação associada. O orçamento não tem que ser obrigatoriamente 
exato, porém deve ser o mais preciso possível. Quanto mais criteriosa for a 
análise dos elementos necessários para o estudo do orçamento, menor será a 
sua margem de erro. 
Por exemplo, em um orçamento de R$ 752.350,45, o valor apresentado 
com o rigor dos centavos não representa necessariamente uma “precisão” de 
duas casas decimais. Esse preço de venda é decorrente de uma série de contas 
definidas a partir de premissas de cálculo. 
 
 
 
 
 
FIGURA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A estimativa de um orçamento está embutida em diversos itens: 
 
 Mão de obra 
 
 Produtividade das equipes 
 
Quando, por exemplo, se admite que um pedreiro gasta 1,0 h para fazer 
1,0 m2 de alvenaria de bloco cerâmico, será por meio dessa premissa que o total 
de mão de obra de alvenaria será calculado. A produtividade afeta diretamente 
a composição de custo. 
 
 Encargos sociais e trabalhistas 
 
O percentual de encargos que incidem sobre a mão de obra leva em 
conta premissas tais como incidência de acidentes do trabalho, rotatividade para 
cálculo de aviso prévio, faltas justificadas e outros elementos arbitrados a partir 
de parâmetros estatísticos e históricos. 
 
 
 
 Material 
 
 Preço dos materiais 
 
Não é possível afirmar com certeza que os preços cotados durante a 
orçamentação serão os praticados durante a obra. 
 
 Impostos 
 
Os impostos embutidos no preço de aquisição dos insumos podem variar 
durante a obra. Além disso, a base de cálculo de impostos como o ISS é 
estimada para fins de orçamento. 
 
 Perda 
 
O percentual de perda e desperdício é arbitrado para cada material que 
entra no orçamento. Assim, por exemplo, admitir que há uma perda de 3% no 
bloco cerâmico é uma consideração que pode se mostrar arrojada, realista ou 
conservadora dependendo do serviço. 
 
 Reaproveitamento 
 
O reaproveitamento consiste na quantidade de vezes que um material 
pode ser reutilizado (Exemplo: chapa de madeira compensada para forma de 
estruturas de concreto). 
 
 Equipamento 
 Custo horário 
 
O custo horário depende de parâmetros de cálculo como vida útil, custo 
de manutenção e operação. 
 Produtividade 
 
 
 
Quando se assume, por exemplo, que uma escavadeira, escava 30 m3 
de solo por hora, há uma margem de incerteza incluída, pois a produtividade é 
função da disponibilidade mecânica (percentual de tempo em que o equipamento 
está em condições mecânicas de ser utilizado) e do coeficiente de utilização 
(percentual do tempo disponível em que o equipamento efetivamente trabalha), 
além do empolamento do material escavado (aumento de volume entre os 
estados natural e solto). 
 
 Custos indiretos 
 
 Pessoal 
 
Os salários e encargos sociais das equipes técnica, administrativa e de 
apoio. 
 
 Despesas gerais 
 
As contas de água, luz, telefone, aluguel de equipamentos gerais (grua, 
andaimes), seguros, fretes, etc. 
 
 Imprevistos 
 
Os orçamentistas precisam incluir no orçamento alguma verba para os 
custos que não podem ser orçados com certeza ou explicitamente: retrabalho 
em razão de chuvas, por má qualidade, danos causados por fenômenos naturais 
ou por terceiros, danos causados pela construtora a terceiros, etc. 
 
Especificação 
O orçamento para a construção de uma obra em um determinado local 
dentro da área geográfica da sede da empresa é diferente do orçamento de uma 
obra com as mesmas características a ser realizado em outra região distante, 
 
 
 
que necessite de mobilização da estrutura da empresa ao local. Não é correto 
designar um orçamento como padrão ou generalizado para um tipo de serviço. 
Por mais que um orçamentista se baseie em algum trabalho anterior, é sempre 
necessário adaptá-lo à obra em questão. 
 
Todo orçamento está intrinsecamente ligado a: 
 
 Empresa 
 
O orçamento traz implícita a política da empresa, na quantidade de 
cargos de supervisão previstos (engenheiros, mestres, encarregados), no 
padrão do canteiro de obras, na quantidade de veículos disponibilizados para a 
equipe, grau de terceirização de serviços, na taxa de administração central 
cobrada da obra para cobrir parte dos custos do escritório central da empresa, 
na necessidade de empréstimos para fazer a obra, etc. 
 
 Condições locais 
 
O clima, relevo, vegetação, profundidade do lençol freático, tipo de solo, 
condições das estradas locais, facilidade de acesso às fontes de matérias-
primas, qualidade da mão de obra, oferta de equipamento, qualidade dos 
subempreiteiros da região, diferentes alíquotas de impostos, entre outros fatores. 
 
Temporalidade 
Um orçamento realizado há algum tempo já não é válido atualmente. Se, 
por exemplo, a aprovação para iniciar um trabalho acontecer após longo tempo 
(fora da previsão definida em orçamento), será necessário estabelecer alguns 
ajustes. Isso se deve a: 
 
 
 
 Flutuação no custo dos materiais ao 
longo do tempo; 
 Alteração de impostos e encargos 
sociais e trabalhistas; 
 Evoluçãodos métodos construtivos. 
Surgimento de técnicas, materiais e 
equipamentos mais adequados à 
realização do respectivo serviço; 
 Diferentes cenários financeiros e gerenciais. Os diferentes cenários 
podem justificar a terceirização, delegação de tarefas, condições de capital de 
giro, necessidade de empréstimo, etc. 
 
A organização de orçamentos para obras de Construção Civil pode ter 
enfoques distintos, quando analisado sob o prisma do cliente e proprietário da 
obra ou pelo construtor (MATTOS, 2006). 
Do ponto de vista do cliente e proprietário da obra, o orçamento é a 
descrição de todos os serviços, devidamente quantificados e multiplicados pelos 
respectivos preços unitários, cuja somatória define o preço total, ou seja, seu 
desembolso. 
Alguns pontos apresentados em um orçamento não são uma 
preocupação imediata do proprietário, como a cotação de materiais, percentual 
de perdas e produtividade de equipes. De uma maneira geral estará mais 
preocupado com o montante do empreendimento e como esse montante será 
desembolsado ao longo do tempo. 
Do ponto de vista do construtor, o orçamento é a descrição de todos os 
materiais, devidamente quantificados e multiplicados pelos respectivos custos 
unitários, acrescidos das despesas indiretas, cuja somatória define o custo total, 
ou seja, o desembolso do construtor, mais o lucro e os impostos, gerando então 
o preço total, que é quanto irá receber (TISAKA, 2006). 
Para o construtor, o orçamento encerra em seu contexto todas as 
premissas que passam a ser metas de desempenho durante a obra. O preço de 
 
 
 
venda dos serviços é fixo, o custo é variável e precisa ser monitorado em função 
dessas metas. 
 
1.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
Para a estruturação de um orçamento destinado a obras de Construção 
Civil é necessário considerar alguns conceitos fundamentais que compõem o 
mesmo. 
O orçamento engloba três grandes etapas de trabalho: 
 Estudo das condicionantes de um trabalho; 
 Composição de custos; 
 Determinação do preço. 
 
Inicialmente estudam-se os documentos disponíveis em uma obra, 
realiza-se a visita ao local de trabalho, e fazem-se consultas ao cliente. Em 
seguida, prepara-se o custo, que é proveniente das definições técnicas, do plano 
de obra, dos quantitativos dos serviços, das produtividades e da cotação de 
preços de insumos. 
Por fim, soma-se o custo indireto, aplicam-se os impostos e aplica-se a 
margem de lucro desejada, obtendo-se assim o preço de venda da obra. 
 
1.3.1 Estudo das condicionantes de um trabalho 
 
Quando existem elementos técnicos disponíveis pelo cliente para a 
realização de um orçamento, normalmente por meio de um projeto, seja ele 
básico ou técnico/executivo, a partir do projeto ou especificações técnicas por 
meio de um caderno de encargos, são identificados os serviços constantes da 
 
 
 
obra com suas respectivas quantidades, o grau de interferência entre eles, a 
dificuldade relativa de realização das tarefas, etc. 
A fase de estudo das condicionantes de um trabalho faz com que sejam 
conhecidas as condições da obra, englobando os seguintes passos: 
 
Leitura e interpretação do projeto e especificações técnicas 
A depender da complexidade da obra, as plantas baixas, cortes, vistas, 
perspectivas, notas, detalhes, diagramas, tabelas e quadros, que em essência 
definem o produto final a ser construído, demandam maior ou menor análise. 
O entendimento do projeto depende muito da experiência do 
orçamentista e de sua familiaridade com o tipo de obra. 
As especificações técnicas são documentos que trazem informações de 
natureza mais qualitativa do que quantitativa. Elas contêm, entre outras coisas: 
 Descrição qualitativa dos materiais a serem empregados; 
 Padrões de acabamento; 
 Tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais; 
 Critério de aceitação de materiais; 
 Tipo e quantidade de ensaios a serem realizados; 
 Resistência do concreto. 
 
Leitura e interpretação do edital 
O edital é o documento que rege a licitação, no caso de a obra ser objeto 
de uma concorrência. Ele traz as "regras" do projeto. É o principal documento da 
fase de licitação. 
Algumas das informações contidas no edital e que são indispensáveis 
para a elaboração do orçamento: 
 Prazo da obra; 
 Datas contratuais; 
 
 
 
 Penalidade por atraso no cumprimento do prazo ou bônus por 
antecipação; 
 Critérios de medição, pagamento e reajustamento; 
 Regime de preços (unitário, global, por administração); 
 Limitação de horários de trabalho; 
 Critérios de participação na licitação (capital social da empresa, etc.); 
 Habilitação técnica requerida com relação à empresa e responsável 
técnico; 
 Documentação requerida; 
 Seguros exigidos; 
 Facilidades disponibilizadas pelo contratante (instalações de água, 
energia, etc.). 
 
Visita técnica 
A visita ao local da obra serve para tirar dúvidas, levantar dados e 
características importantes para um orçamento, tirar fotos, avaliar o estado das 
vias de acesso e verificar a disponibilidade de materiais, equipamento e mão de 
obra na região. Em muitos casos, quando não existe projeto ou caderno de 
encargos, a visita técnica torna-se a única fonte de levantamento de informações 
para realizar o orçamento. 
 
1.3.2 Composição de custos 
 
Identificação dos serviços 
O custo total de uma obra é fruto do custo orçado para cada um dos 
serviços integrantes da obra. A origem da quantificação está na identificação dos 
serviços. 
 
Levantamento de quantitativos 
 
 
 
Cada serviço identificado deve ser quantificado. O levantamento de 
quantitativos é um dos principais trabalhos do orçamentista. O levantamento de 
quantitativos inclui cálculos baseados em dimensões precisas fornecidas no 
projeto (volume de concreto armado, área de telhado, área de pintura, etc.) ou 
em alguma estimativa (volume de escavação em solo, quando são dados perfis 
de sondagem, por exemplo). 
 
Custos Diretos 
Os custos diretos são aqueles diretamente associados aos serviços dos 
trabalhos em obra. Representam o custo orçado dos serviços levantados. 
A unidade básica é a composição de custos, os quais podem ser 
unitários, ou seja, identificados a uma unidade de serviço (quando ele é 
mensurável, por exemplo: kg de armação, m3 de concreto) ou dado como verba 
(quando o serviço não pode ser traduzido em uma unidade fisicamente 
mensurável, por exemplo: paisagismo, sinalização). 
Cada composição de custos unitários contém os insumos do serviço com 
seus respectivos índices (quantidade de cada insumo requerida para a 
realização de uma unidade do serviço) e valor (provenientes da cotação de 
preços e da aplicação dos encargos sobre a hora-base do trabalhador). 
A empresa pode usar composições de custos próprias obtidas pela 
experiência e levantamento por meio de obras de igual dimensão já 
anteriormente realizadas ou obtê-las em publicações especializadas, como a 
TCPO (Tabelas de Composições de Preços para Orçamentos), da Editora PINI 
(TCPO, 2011), sendo atualmente uma das publicações mais completas e 
difundidas no mercado da Construção Civil. 
 
Custos Indiretos 
Os custos indiretos são aqueles que não estão diretamente associados 
aos trabalhos de obra em si, mas que são necessários para que tais serviços 
possam ser realizados. Nestes custos são dimensionadas as equipes técnicas 
 
 
 
(engenheiros, mestres, encarregados), de apoio (almoxarife, apontador) e de 
suporte (secretária, vigia), e identificadas às despesas gerais da obra (contas, 
materiais de escritório e limpeza, etc.), mobilização e desmobilização do canteirode obras, taxas e emolumentos, entre outras despesas. 
 
Cotação de preços 
A cotação de preços consiste na coleta de preços dos fornecedores do 
mercado para os diversos materiais da obra, tanto os que aparecem no custo 
direto, quanto no custo indireto. É importante que esta etapa seja feita em 
seguida à seleção das composições de custos, para que o orçamentista possa 
ter uma relação completa de todos os materiais do orçamento. 
 
Definição de encargos sociais e trabalhistas 
Análise dos encargos sociais e trabalhistas, a serem aplicados à mão de 
obra a ser utilizada na obra analisada. Envolvem os diversos impostos que 
incidem sobre a hora trabalhada e os benefícios a que têm direito os 
trabalhadores e que são pagos pelo empregador. 
 
1.3.3 Determinação do preço 
 
Definição da margem de lucro 
Basea-se nas condições intrínsecas e extrínsecas da obra, o construtor 
define a margem de lucro que deseja obter na obra em questão. Ele deve levar 
em conta fatores como: concorrência, risco do empreendimento, necessidade de 
conquistar a obra para imagem da empresa, etc. Aplicação do BDI (Benefícios e 
Despesas Indiretas) sobre o preço do trabalho como taxa de majoração 
importante ao custo do orçamento. 
 
 
 
Ao analisar os conceitos fundamentais aqui apresentados, é importante 
identificar que o propósito do orçamento não se resume à definição do custo da 
obra. Ele tem uma abrangência maior, servindo de subsídio para outras 
aplicações, tais como (MATTOS, 2006): 
 
Levantamento dos materiais e serviços 
A descrição e a quantificação dos materiais e serviços ajudam o 
construtor a planejar as compras, identificar fornecedores, estudar formas de 
pagamento e analisar metodologias executivas. 
 
Obtenção de índices para acompanhamento 
Com base nos índices de utilização de cada insumo (mão de obra, 
equipamento, material), o construtor poderá realizar uma comparação entre o 
que orçou e o que está efetivamente acontecendo na obra. Os índices servem 
também como metas de desempenho para as equipes de campo. 
 
Dimensionamento de equipes 
A quantidade de homem-hora requerida para cada serviço serve para a 
determinação da equipe. A partir do índice, determina-se o número de 
trabalhadores para uma dada duração do serviço. 
 
Capacidade de revisão de valores e índices 
O orçamento pode ser facilmente recalculado a partir de novos preços 
de insumos e índices de produção. Para isso, basta que os campos de valores 
sejam alterados, pois todo o restante é produto de operações aritméticas 
simples. 
Realização de simulações 
Cenários alternativos de orçamento com diferentes metodologias 
construtivas, produtividades, jornadas de trabalho, lucratividade, etc. 
 
 
 
Geração de cronogramas físico e financeiro 
O cronograma físico retrata a evolução dos serviços ao longo do tempo. 
O cronograma financeiro quantifica mensalmente os custos e receitas desses 
mesmos serviços – é a distribuição temporal dos valores. 
 
Análise da viabilidade econômico-financeira 
O balanço entre os custos e as receitas mensais fornece uma previsão 
da situação financeira da obra ao longo dos meses. 
 
1.4 MAPA DE TRABALHOS E QUANTIDADES 
 
O Mapa de Trabalhos e Quantidades deve relacionar todos os serviços 
a serem realizados. Em seguida, calcular as quantidades a serem executadas e 
seus custos unitários (custo para executar uma unidade de cada serviço em 
questão). 
Os produtos de quantidades por custos unitários fornecem os custos 
totais parciais. A soma destes é o custo total do orçamento. Acrescendo-se o 
BDI, obtemos o preço total do orçamento (o preço a ser apresentado ao cliente). 
 
Assim, para o exemplo apresentado a seguir (CARDOSO, 2006): 
 
1) Medição de quantidades 
 
escavação = 1,2 x 1,2 x 1,2 = 1,728 m3 
remoção de solo = 1,2 m3 
compactação do fundo = 1x1 = 1 m2 
fundo em concreto = 1 x 1 x 0,05 = 0,05 m3 
 
 
 
alvenaria = (1 + 1 + 0,8 + 0,8) x 1,15 = 4,14 m2 
reboco interno = 0,8 x 4 x 1,15 = 3,68 m2 
grade = 1 m2 
reaterro = 0,528 m3 
 
2) Planilha de orçamento discriminado 
Orçamento para execução de caixa de drenagem em alvenaria, 
dimensões externas 1 x 1 x 1,2 m, rebocada internamente com grelha de aço d= 
¾”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 1 
 
Item Serviço Unidade Quantidade Custo 
unitário 
Custo parcial 
1. Movimento de solo 
1.1 Escavação de solo com 
escoramento 
m3 1,728 15,00 25,92 
1.2 Apiloamento do fundo m2 1,00 8,00 8,00 
1.3 Remoção de solo m3 1,20 5,00 6,00 
1.4 Reaterro de solo m3 0,528 10,00 5,28 
2. Fundo em concreto magro m3 0,05 120,00 6,00 
3. Alvenaria de tijolos 
maciços, e= 10 cm 
m3 4,14 22,30 92,22 
4. Revestimento interno – 
reboco misto 
m2 3,68 14,00 51,52 
5. Grade de aço, barra d=¾” m2 1,00 150,00 150,00 
 Subtotal 345,04 
 BDI 50% 172,52 
 Total 517,56 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
Os Mapas de Trabalhos e Quantidades devem ser apresentados: 
 Dividindo os trabalhos (ou projeto) em capítulos; 
 Para cada capítulo é necessário individualizar as tarefas; 
 Conferir as tarefas. Verificar se estão todas consideradas (um 
orçamento antigo semelhante pode ajudar); 
 Medir quantidades sobre peças desenhadas definindo previamente a 
unidade de medição. 
 
 
 
 
1.5 PREÇO DE VENDA (UNITÁRIO) DE SERVIÇOS 
 
O preço de venda de um serviço é o preço calculado por uma empresa 
para venda do trabalho em questão. 
No estudo do preço de venda devem ser 
considerados os custos da empresa para a 
execução do trabalho. Estes custos são definidos 
por meio de composições unitárias de custos de 
serviços. 
Para o cálculo de preços de venda deve-
se criar a decomposição em capítulos de um 
mapa de trabalhos, conforme o exemplo a seguir 
de um edifício corrente: 
Capítulo 1 - Demolições 
Capítulo 2 - Terraplanagem 
Capítulo 3 - Fundações e estruturas 
Capítulo 4 - Construção civil 
4.1 - Alvenarias 
4.2 - Revestimento exterior - fachadas 
4.3 - Revestimento interior - tetos 
4.4 - Revestimento interior - paredes 
4.5 - Revestimento interior - pavimentos 
4.6 - Coberturas e impermeabilizações 
4.7 - Carpintaria 
4.8 - Serralharia 
4.9 - Pinturas 
 
 
 
4.10 - Vidros 
4.11 - Diversos 
Capítulo 5 - Instalações Hidráulicas 
Capítulo 6 - Instalações Elétricas 
Capítulo 7 - Instalações de Ar-condicionado 
Capítulo 8 - Instalações de Gás 
Capítulo 9 - Elevadores 
 
Composições unitárias de custos de serviços 
As composições unitárias de custos são as "fórmulas" de cálculo dos 
custos unitários nos orçamentos discriminados. Cada composição consiste das 
quantidades individuais do grupo de insumos (material, mão de obra e 
equipamentos) necessários para a execução de uma unidade de um serviço. 
Exemplos: 
(1) Para a execução de escavação de solo para vigas de fundação, o 
único insumo é a mão de obra (servente), sendo estimado um consumo de 
quatro horas para cada m3 escavado. 
 
Escavação de solo normal, até 3,0 m de profundidade – m2 
 
TABELA 2 
Item Descrição (função) Quantidade 
unitária 
Custo unitário Custo 
parcial 
1 Servente 4,00 h 5,60/h R$ 22,40 
 Total R$ 22,40 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
 
 
O custo unitário do serviço é obtido multiplicando-se a quantidade 
empregada do insumo por seu custo respectivo. No caso apresentado, o valor 
da hora é de R$ 2,00. 
Acrescendo-se os percentuais de Leis Sociais, considerados como 
180%, o preço do insumo "Servente" é de R$ 5,60/h e o preço do serviço"Escavação" é de R$ 22,40/m3. 
(2) A execução da armadura de uma viga, em aço CA-50 de 12,5mm, 
envolve os seguintes insumos, já incluídas as perdas nas quantidades unitárias: 
 
TABELA 3 - ARMADURA CA-50, 12,5 MM – KG 
Item Descrição Quantidade 
unitária 
Custo unitário Custo 
parcial 
1 Aço CA-50, 12,5 mm 1,05 kg 3,00/kg 3,15 
2 Arame recozido 0,02 kg 7,00/kg 0,14 
3 Armador 0,10 h 8,40/h 0,84 
4 Servente 0,10 h 5,60/h 0,56 
 Total : R$ 4,69 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
Da mesma forma, os percentuais de Leis Sociais estão embutidos nos 
custos de mão de obra. Não é necessário que seja assim, podendo-se calcular 
em separado, acrescendo-se como um subtotal. 
O valor adotado depende de vários fatores, principalmente da legislação 
vigente na data e nas condições particulares da empresa (rotatividade, horas 
extras, índice de ações trabalhistas, etc.). 
Para estes dois exemplos, o valor calculado é o custo, válido 
genericamente, para obras comuns. Contudo, em cada caso, devem ser 
verificados aspectos singulares, tais como: local da obra (transporte), horário e 
condições de trabalho (horas extras, periculosidade, insalubridade). Além disso, 
 
 
 
devem ser acrescidos os custos não discriminados e o lucro desejado (BDI) 
(SILVA, 2006). 
 
Obtenção das composições 
As composições de custos podem ser obtidas de várias fontes. A melhor 
forma é o levantamento direto nas próprias obras, verificando-se o consumo de 
acordo com a produtividade da mão de obra local e nas condições técnicas em 
que se produz. Porém, pela quantidade de trabalho envolvido, geralmente no 
início das composições são obtidas por meio de referências em publicações. 
A utilização indiscriminada, porém, é perigosa, pois os coeficientes 
foram determinados em locais distintos, e não há garantias de que sejam 
adequados para as condições das nossas obras. Por exemplo, uma publicação 
editada em São Paulo, há trinta anos, evidentemente deve refletir condições 
muito diferentes das encontradas nos dias de hoje. Outra forma de obtenção de 
composições é o cálculo direto, para o qual se apresentam dois casos: 
(1) Argamassa para alvenaria (1:2:9) - m3: 
a) Materiais - traço em volume, considerando os pesos específicos: o 
volume para cada parcela do traço é: 1 m3 / (1+2+9) = 0,083333 m3 
a1) cimento (1600 kg/m3): 0,83333 x 1600 = 133,3333 kg 
a2) cal hidratada (1030 kg/m3): 0,83333 x 2 x 1030 = 171,6666 kg 
a3) areia: 0,83333 x 9 = 0,75 m3 
a4) perdas: assume-se perda média de 10% nos materiais 
 
b) Mão de obra: estimada (ou medida na obra) em 10h/m3. 
c) Betoneira: tempo ocupado estimado (ou medido na obra) em 4 h. 
 
 
 
 
 
TABELA 4 - ARGAMASSA PARA ALVENARIA (1:2:9) – M3 
Item Descrição Quantidade unitária Custo 
unitário 
Custo 
parcial 
1 Cimento 133,33 kg * 1,10 0,32/kg 46,93 
2 Cal hidratada 171,67 kg * 1,10 0,28/kg 52,87 
3 Areia média 0,75 m3 * 1,10 35,00/m3 28,88 
4 Betoneira 500 litros 0,50 dia 20,00/dia 
(aluguel) 
10,00 
5 Servente 10,00 h 5,60/h 56,00 
 Total : R$ 194,68 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
(2) Alvenaria de tijolos furados (6 furos, 10x15x20), 10 cm de largura – 
m2, para revestir: 
a) Quantidade de tijolos 
 
a1) tijolos em um metro quadrado: 1/0,16 x 1/0,21 = 29,76 un 
a2) àrea ocupada pelos tijolos: 29,76 x 0,15 x 0,20 = 0,89 m2 
a3) volume de argamassa: (1-0,89) x 0,10 = 0,0107 m3 
a4) perdas: assume-se perda média de 10% nos materiais. 
 
b) Mão de obra: estimada 1m 1,6h de pedreiro e 0,8h de servente 
(estes valores são tradicionalmente empregados) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 5 - ALVENARIA DE TIJOLOS FURADOS (6 FUROS, 10X15X20), 
10 CM DE LARGURA – M2 
Item Descrição Quantidade 
unitária 
Custo 
unitário 
Custo 
parcial 
1 Tijolos 29,76 un * 1.10 0,28/un 9,17 
2 Argamassa 1:2:9 0,0107 m3 * 1,10 194,68/m3 2,29 
3 Pedreiro 1,60 h 7,80 /h 12,46 
4 Servente 0,80 h 5,60/h 4,48 
 Total : R$ 28,42 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
É importante entender que a montagem da composição deve ser 
coerente com o critério adotado para a medição de serviços, para que se saiba 
o que está incluído e o que não está nos valores resultantes da composição de 
custos. 
Embora os preços possam ser obtidos de listas, do tipo publicado 
periodicamente em revistas ou fornecido por contrato (mediante assinatura), 
para a execução da obra é necessário obter-se as composições de custos, 
propriamente ditas, para que seja possível realizar a aquisição de materiais, 
contratação da mão de obra ou de serviços subempreitados e o controle geral 
da obra. 
 
1.6 REALIZAÇÃO DE ORÇAMENTOS 
 
Para a realização de orçamentos é necessário organizar os elementos 
identificados no estudo, geralmente compostos pelas seguintes etapas: 
 Recebimento do conjunto de documentos e informações 
complementares (prazo, condições de execução, entre outros); 
 Análise preliminar dos documentos e busca de esclarecimentos ou 
detalhes para elementos sobre os quais há dúvidas; 
 
 
 
 Identificação dos itens e discriminação orçamentária preliminar dos 
serviços; 
 Quantificação (medição em obra ou por meio de projetos); 
 Lançamento em sistema informatizado e/ou busca das composições; 
 Listagem e cotação de materiais, mão de obra e serviços 
subempreitados; 
 Lançamento dos custos, análise de BDI, análises de prazos e 
viabilidade; ajustes finais; 
 Fechamento do orçamento, redação das condições da proposta ou 
minuta do contrato. 
 
Regras gerais para execução de orçamentos: 
 Definir claramente as necessidades; 
 Saber o que se compra, para que fim e onde comprar; 
 Planejar as despesas; 
 Organizar os documentos de despesa de forma funcional; 
 Evitar desperdícios. 
 
Um orçamento deve conter: 
 Apresentação da empresa; 
 Quadro técnico; 
 Memória descritiva; 
 Relatório fotográfico; 
 Mapa de Trabalhos e Quantidades; 
 Descrição dos serviços oferecidos; 
 Planilha de custos; 
 Cronograma de execução; 
 Prazo de entrega; 
 Validade da proposta; 
 Fichas técnicas dos produtos mais relevantes. 
 
 
 
 
Nos casos em que o orçamento não seja gratuito, o profissional deve 
informar sempre ao consumidor previamente do valor do seu custo, a não 
informação condiciona a não obrigatoriedade de recebimento por este serviço. 
Normalmente não é prática usual na construção civil o pagamento pela 
realização de um orçamento, mesmo que seja preciso realizar um estudo técnico 
que pode corresponder a muitas horas de trabalho. 
Esta prática caracteriza o risco que existe por parte das empresas de 
construção civil, que muitas vezes dedicam parte de seu tempo na criação de 
um orçamento técnico, que mostra o perfil técnico e profissional da empresa, 
sem a certeza de que terá sucesso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
2 CÁLCULO DE PREÇOS DE VENDA 
 
O objetivo do Módulo II é a compreensão do cálculo do preço de venda 
para trabalhos em obras de Construção Civil, por meio de uma análise de todos 
os custos diretos e indiretos de uma obra. Faz parte deste módulo, a análise dos 
diversos elementos que compõem uma obra como um todo. 
 
FIGURA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2.1 ESTRUTURAS DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
A definição para a estrutura de custos na Construção Civil em um 
orçamento é a organização dos custos das empresas de construção para que os 
orçamentos possam refletir os custos com maior rigor. 
A estrutura habitualmente utilizada é a seguinte:Custos 
R$ 
Diretos 
Indiretos 
Canteiro de Obras 
 
Custos diretos – Tudo o que é diretamente imputável às obras e em 
particular às respectivas tarefas (tijolos, pedreiro, carpinteiro, equipamentos, 
etc.). 
Custos indiretos – Custos associados à vida da empresa e que não são 
diretamente imputáveis às obras (salários de pessoal do escritório, 
administração, custos com a sede, estrutura da empresa, etc.). 
 
Custos de canteiro de obras – Custos imputáveis a uma dada obra 
particular, mas que não podem ser imputadas às tarefas do orçamento 
(eletricidade, água, salários de pessoal de chefia, vedações, vias provisórias de 
comunicação, equipamentos não imputados aos custos diretos, etc.). 
 
Parâmetros de referência 
A utilização da experiência anterior é fundamental para que o 
orçamentista possa se referenciar. Alguns projetos concluídos com sucesso 
devem ser alvo de estudos, gerando parâmetros para estruturar novos estudos. 
Por exemplo, para uma estrutura de concreto convencional, as 
dimensões esperadas são as seguintes (tabela abaixo), considerando cada 
medida em relação à área total construída. Esses elementos representam 
médias de projetos considerados de boa qualidade pela experiência da empresa, 
mas deve-se ressaltar que estas medidas foram tomadas com base em projetos 
estruturais que seguiam certo padrão. 
 
 
 
 
 
TABELA 6 - PARÂMETROS PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO 
CONVENCIONAIS 
Altura do Prédio Concreto Armadura Formas 
<15 pavimentos 12 a 16 cm/m2 10 a 14 kg/m2 1,6 a 2,1 m2/m2 
 
 
de 15 a 20 pavimentos 16 a 20 cm/m2 14 a 20 kg/m2 
>20 pavimentos 18 a 22 cm/m2 17 a 23 kg/m2 
FONTE: BALLOU, 2003. 
 
No caso da falta de projetos no momento do orçamento ou para permitir 
a comparação de alternativas, é possível considerar estas medidas como 
estimativas, indicando este fato explicitamente no orçamento. Havendo 
dimensões para a estrutura, estas devem ser seguidas, estimando-se de forma 
aproximada apenas a armadura. 
Outra forma de auxílio para um orçamento aproximado consiste na 
consideração da participação percentual média dos grandes itens no custo total, 
preferencialmente obtida em obras similares anteriores. Os percentuais de 
referência podem servir para estimar custos para algumas etapas de projeto 
ainda não desenvolvidas ou para verificar outras etapas, identificando certos 
erros ou inconsistências destes projetos. Uma distribuição razoável é a seguinte 
(tabela abaixo), adequada para prédios de apartamentos residenciais de padrão 
normal, com oito a 12 pavimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 7 - PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL MÉDIA DOS SERVIÇOS EM UM 
ORÇAMENTO (EDIFÍCIO DE PADRÃO NORMAL, DE 8 A 12 PAVIMENTOS)*1 
# Item % 
Custos diretos 
1 Serviços Preliminares 1,00 
2 Movimento de Solo e Fundações 3,50 
3 Estrutura 19,00 
4 Alvenaria 7,00 
5 Impermeabilizações 1,40 
6 Instalações elétricas e telefônicas 5,20 
7 Instalações hidráulicas, sanitárias, pluviais, de incêndio e de gás. 9,80 
8 Aparelhos sanitários, metais, louças e acessórios. 1,80 
9 Pisos e rodapés 6,00 
10 Esquadrias, vidros e ferragens. 7,00 
11 Revestimento de fachada 4,80 
12 Revestimentos internos, inclusive forros. 3,30 
13 Pintura interna 2,00 
14 Pintura externa 1,50 
15 Elevador 1,80 
16 Cobertura 0,50 
17 Serviços complementares 1,00 
18 Paisagismo 0,40 
Subtotal 77,00 
Custos de administração e indiretos 
1 Taxas e impostos 0,20 
2 Equipamentos 0,80 
3 Despesas indiretas 4,00 
4 Gerenciamento 4,50 
5 Lucro construção 5,00 
6 IR sobre lucro construção 8,50 
Subtotal 23,00 
Total 100,00 
 
1 Levantamento pessoal da experiência do autor do curso em diversas empresas de construção de 
edíficios. 
 
 
 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
Uma referência da utilização dos percentuais, caso não existam ainda 
os projetos de instalações elétricas ou hidráulicas, pode-se determinar 
aproximadamente os valores correspondentes utilizando os dados da tabela 
anterior. 
 
Exemplo: 
Se o valor orçado (com base nos outros projetos disponíveis) foi de R$ 
850.000,00, e as instalações elétricas e telefônicas e as hidrossanitárias são 
previstas como normais, pode-se complementar o orçamento da seguinte forma: 
a) Define-se a participação: Instalações elétricas e telefônicas=5,20% e 
Instalações hidrossanitárias= 9,80%, somando o equivalente a 15% do edifício; 
b) O orçamento básico representa (100% - 15%)= 85%, portanto; 
c) As instalações podem ser estimadas em R$ 52.000,00 e R$ 
98.000,00, respectivamente; 
d) Conclui-se que o orçamento total será de R$ 1.000.000,00 
 
Custos Diretos e Custos Indiretos 
Em obras de Construção Civil, é possível perceber com alguma 
facilidade que há um elevado número de despesas que não pertencem a um 
serviço específico. São custos que ocorrem independentemente das 
quantidades produzidas pela obra e que não foram incluídos nas composições 
de custos unitários dos serviços. Eles são de ocorrência inevitável e por isso 
precisam ser computados no orçamento. 
A esse novo tipo de custo denomina-se custo indireto, já que o fato 
gerador do custo não está diretamente associado às atividades de produção do 
campo custo direto. 
 
 
 
Do ponto de vista da classificação, um custo é tido como indireto se não 
tiver sido considerado como custo direto. Assim é que a betoneira, se não tiver 
sido incluída como insumo no serviço de reboco (que seria um custo direto), terá 
que ser tratada como custo indireto. 
As despesas indiretas associam-se normalmente com manutenção do 
canteiro de obras, salários, despesas administrativas, taxas, emolumentos, 
seguros, viagens, consultaria, fatores imprevistos e todos os demais aspectos 
não orçados nos itens de produção. 
Enquanto o custo direto é função direta da quantidade produzida, o 
mesmo não se pode dizer do custo indireto. 
O salário do mestre, a alimentação da equipe e o custo de vigilância do 
canteiro serão os mesmos, quer a obra produza 200 m3 de concreto em um mês, 
quer produza 30 m3. 
Por exemplo, o salário do engenheiro e a conta de telefone da obra não 
integram as composições de custos dos serviços, mas devem ser levados em 
conta no orçamento. A lista das despesas indiretas é extensa, variando com o 
porte da obra, sua duração, localização e particularidades. 
O custo indireto é todo custo que não apareceu como mão de obra, 
material ou equipamento nas composições de custos unitários do orçamento. 
Em outras palavras, é todo custo que não entrou no custo direto da obra, não 
integrando os serviços de campo orçados (escavação, aterro, concreto, 
revestimento, etc.). 
 
Fatores que podem influenciar os custos indiretos 
O custo indireto geralmente fica na faixa de 5 a 30% do custo total da 
construção. O percentual pode oscilar em função dos seguintes aspectos: 
 
 
 
 
 
 
TABELA 8 
Aspecto Como influi 
Localização 
geográfica 
Uma obra em local distante requer maior despesa de mobilização de 
pessoal e equipamentos, etc. 
Política da empresa 
Quantidade de engenheiros e supervisores (mestres e encarregados), faixa 
salarial adotada, quantidade de veículos à disposição da obra, etc. 
Prazo As despesas administrativas são proporcionais à duração da obra. 
Complexidade 
Obras com elevado grau de dificuldade tendem a exigir mais supervisão e 
suporte externo. 
FONTE: MATTOS, 2006. 
 
Há empresas que estimam o custo indireto como um percentual do custo 
direto. Embora esse método expedito possa ser aplicado para produzir números 
aproximados, é sempre aconselhávelanalisar em detalhe os diversos aspectos 
que compõem o custo indireto para que grandes omissões ou excessos sejam 
evitados. 
Do ponto de vista temporal, por envolver despesas provenientes de 
várias origens (administrativas, legais, comerciais e técnicas), o custo indireto de 
uma obra pode ter ocorrência: 
 
TABELA 9 
Ocorrência Exemplo 
Anterior à obra Visitas à obra, estudos técnicos, ensaios, elaboração de 
planejamento, taxas e emolumentos (alvará), etc. 
Simultânea à obra Salários e despesas correntes do canteiro de obras. 
Posterior à obra Desmobilização do canteiro, taxas e emolumentos (licença 
Habite-se), confecção de memoriais, etc. 
FONTE: MATTOS, 2006. 
 
Para a análise dos custos indiretos de uma obra, é apresentada uma 
relação com os principais custos encontrados na Construção Civil. O peso de 
 
 
 
cada um deles é variável de obra para obra e nem todos os itens são aplicáveis 
a todas as obras: 
 
TABELA 10 
Item O que inclui 
PESSOAL 
EQUIPE TÉCNICA: 
o Engenheiro – gerente de contrato, de 
produção; 
o Mestre; 
o Encarregado – de carpintaria, de pedreiros, de 
armação, de instalações; 
o Técnico – de edificações, de segurança; 
o Estagiário. 
Custo acrescido dos encargos sociais e trabalhistas 
(mensalistas). 
EQUIPE DE SUPORTE: 
o Almoxarife; 
o Apontador; 
o Comprador; 
o Equipe de serviços gerais (eletricista, 
encanador, servente, etc.); 
o Operadores de equipamentos (guincho, grua, 
elevador de carga, etc.). 
Custo acrescido dos encargos sociais e trabalhistas 
(mensalistas). 
Item O que inclui 
PESSOAL 
EQUIPE ADMINISTRATIVA: 
o Chefe de escritório (encarregado administrativo 
financeiro); 
o Auxiliar adiministrativo; 
o Secretária; 
o Motorista; 
o Vigia. 
Custo acrescido dos encargos sociais e trabalhistas 
(mensalistas). 
Mobilização e desmobilização da obra 
o Mobilização e desmobilização do canteiro Montagem e desmontagem de escritórios, barracões, 
galpões, centrais (de carpintaria, armação, pré-
moldados), refeitório, depósito de materiais e demais 
construções provisórias. 
 
 
 
o Mobilização e desmobilização de pessoal Custo do deslocamento (transporte) e alojamento 
provisório. 
o Mobilização e desmobilização de equipamentos Transporte em carretas, montagem de grua. 
o Aluguel de banheiros químicos de obra Custo de locação 
 
MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO DA OBRA 
o Estradas de acesso à obra e caminhos dentro 
da obra 
Abertura de caminhos de serviço (desmatamento, 
terraplenagem, sinalização) e manutenção (aspersão 
de água para contenção de poeira, regularização). 
o Tapumes e cercas Construção e remoção ao final da obra. 
o Iluminação de obra (torres, postes e 
gambiarras). 
Montagem e remoção das estruturas. 
o Ligações provisórias de água, luz e telefone. Custo de material, instalação de equipamentos e taxas 
de ligação. 
o Placas da obra 
EQUIPAMENTOS DO CANTEIRO DE OBRAS 
o Andaime; 
o Balancim; 
o Betoneira; 
o Bomba hidráulica; 
o Caminhão; 
o Caminhão Guindaste (tipo “Munck”); 
o Elevador de carga (monta-carga); 
o Grua; 
o Guincho; 
o Porta-palete; 
o Retroescavadeira; 
o Rompedor pneumático; 
o Equipamentos de uso geral (lixadeira, furadeira, 
etc.); 
o Serra circular; 
o Teodolito, nível, baliza; 
o Transformador; 
o Vibrador de imersão; 
o Veículo utilitário. 
Custo de propriedade e operação (se equipamento 
próprio) ou custo por mês de locação. 
EQUIPAMENTOS ADMINISTRATIVOS 
o Ar-condicionado, ventilador; 
o Bebedouro; 
Custo de propriedade ou locação. 
 
 
 
o Cafeteira; 
o Calculadora; 
o Câmera; 
o Central telefónica, telefones; 
o Cofre; 
o Computador e impressora; 
o Copiadora; 
o Fax; 
o Fogão, forno de micro-ondas; 
o Mobiliário – mesa, cadeira, escrivaninha, 
estante, armário, etc.; 
o Refrigerador; 
o Relógio de ponto; 
o Sirene. 
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA 
o Extintor de incêndio; 
o Sinalização – placas, faixas, cones e cavaletes; 
o Tela de proteção. 
Custo de aquisição ou verba. 
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) 
o Bota; 
o Uniforme/fardamento; 
o Capacete; 
o Luvas; 
o Óculos de segurança; 
o Capa de chuva; 
o Protetor auricular; 
o Cinto de segurança; 
o Cabo de sustentação. 
Custo de aquisição ou verba. 
FERRAMENTAS 
o Arco de serra; 
o Balde; 
o Broca; 
o Carrinho de mão; 
o Cavadeira; 
o Chave de dobrar ferro; 
o Colher de pedreiro; 
o Corda; 
o Desempenadeira; 
Custo de aquisição ou verba. 
 
 
 
o Enxada com cabo; 
o Escantilhão; 
o Escova de aço; 
o Gerica; 
o Maçarico; 
o Mangueira; 
o Marreta; 
o Martelo; 
o Masseira; 
o Pá com cabo; 
o Peneira; 
o Picareta com cabo; 
o Régua de alumínio; 
o Roldana; 
o Serrote; 
o Talhadeira; 
o Tirfor; 
o Torquês; 
o Trincha. 
DESPESAS CORRENTES 
o Consumo de energia; 
o Consumo de água; 
o Consumo de gás; 
o Consumo de telefone; 
o Despesa com internet; 
o Material de escritório; 
o Material de limpeza; 
o Material de enfermaria; 
o Combustível (veículos de apoio). 
Custo médio mensal. 
DESPESAS COM PESSOAL 
o Alimentação – comida, vale-refeição, cesta 
básica; 
o Transporte – aluguel de veículso, vale-
transporte, etc. 
Custo médio mensal. 
o Relocação de pessoal (mudanças); 
o Exames admissionais e demissionais; 
o Cursos e treinamento de pessoal. 
 
Verba. 
 
 
 
SERVIÇOS DE TERCEIROS 
o Controle tecnológico (concreto, solos); 
o Topografia; 
o Vigilância; 
o Consultoria – fundações, tecnologia de 
concreto, planejamento, detalhamento de projetos, 
etc.; 
o Vistoria, laudo pericial; 
o Instrumentação. 
 
TAXAS E EMOLUMENTOS 
o Alvará; 
o ART (CREA); 
o Licença Habite-se; 
o Outras Licenças. 
 
DIVERSOS 
o Seguro contra acidentes coletivos; 
o Seguro contra incêndio; 
o Seguro de responsabilidade civil; 
o Seguro de vida coletivo; 
o Seguro contra roubo; 
o Seguro de equipamentos. 
Prêmio e franquia. 
o Frete; 
o Proteção de estruturas existentes 
(edificações vizinhas, monumentos, pavimentos); 
o Limpeza final da obra; 
o Adiministração central; 
o Imprevistos/Riscos eventuais; 
o Custo financeiro. 
 
FONTE: TISAKA, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
Custos Acessórios 
Além dos custos diretos há outras fontes de despesa que são geralmente 
incluídas nos orçamentos. Tais custos são acessórios porque complementam o 
orçamento da obra, aparecendo perifericamente. 
Os custos acessórios são: 
 Administração Central; 
 Imprevistos e Contingências; 
 Custo Financeiro. 
 
A administração central é a estrutura necessária para a execução das 
atividades de direção geral da empresa, incluindo as áreas administrativa, 
financeira, contábil, técnica, de suprimento, etc. 
O escritório central é apenas um gerador de despesas, sem ser 
propriamente um gerador de receitas, são as obras que suportam as despesas 
da estrutura de uma empresa e precisam embutir nos seus custos uma provisão 
de recursos para o custeio deste. 
 
 
 
As obras rateiam os custos da matriz e remetem mensalmente uma cota 
proporcional ao porte de cada contrato. O percentual do custo que as obras 
rateiam entre si recebe o nome de taxa da administração central. Geralmente, a 
taxa de administração central fica entre 2% e 5% do custo. 
Um orçamento, por mais detalhado e criterioso que seja, é sempre 
aproximado, pois é impossível preverem-se todasas casualidades de uma obra. 
Na construção civil, onde os cenários, os objetos de trabalho e as 
particularidades de metodologia variam de obra para obra, os fatores imprevistos 
têm maior importância. Podem acarretar atrasos de cronograma, acréscimo de 
custos diretos e indiretos, além de colocar em risco a sanidade financeira da 
construção. 
Em obras por preço global, os imprevistos e contingências devem ser 
mais elevados do que em obras por preço unitário. Se a construtora for utilizar 
seguro de obra (responsabilidade civil, risco de engenharia), o patamar de 
imprevistos é menor. Normalmente, o percentual a ser incluído no orçamento fica 
na faixa de 1 a 3% dos custos (diretos mais indiretos). 
 
TABELA 11 
Valores sugeridos para imprevistos e contingências 
Características da obra 
Contrato por 
preço unitário 
Contrato por preço global 
Obra simples e construtor experiente. 0,5% 1,0% 
Obra normal e construtor experiente. 1,5% 2,5% 
Obra complexa e construtor 
experiente. 
3,0% 5,0% 
FONTE: SILVA, 2006. 
 
Na maior parte dos contratos de construção, o construtor realiza os 
serviços com seus próprios recursos, fecha a medição ao final do mês e só 
depois de alguns dias é que recebe o pagamento. 
 
 
 
A empresa que faz a obra gasta do seu bolso com material, mão de obra 
e equipamento, e só recebe pelo serviço algum tempo depois (que pode variar 
de dias até meses). Em última análise, é como se a empresa contratada 
funcionasse como um banco, financiando a construção. 
No caso de obras públicas, esta é a regra. Pelo fato de haver uma 
defasagem entre o momento do desembolso e o momento do recebimento da 
medição, existe inevitavelmente uma perda monetária. É o que se chama de 
custo financeiro. Se o dinheiro empregado pelo construtor no financiamento da 
obra tivesse sido aplicado no mercado financeiro (poupança, fundos de 
aplicação, ações, etc.), ele estaria rendendo e representaria um ganho real. Essa 
"perda", ou melhor, esse ganho que o construtor deixa de auferir precisa então 
ser contabilizado no custo indireto. 
Ao incluir no orçamento o custo financeiro, não se está dando um 
benefício ou regalia ou lucro ao construtor, senão apenas recompondo o poder 
de compra do dinheiro com o qual ele financia a execução da obra. A única 
situação em que não há a alocação de recursos próprios do construtor na obra 
é aquela em que a contratante paga um sinal ou adiantamento. Neste caso, o 
construtor tem capital de giro para tocar a obra e o custo financeiro é nulo. Não 
é prática das mais correntes, pelo menos no setor público. 
 
 
2.2 COMO CALCULAR PREÇOS DE VENDA 
 
Após a realização do levantamento de todos os custos da obra, definindo 
o percentual de lucro almejado e identificando todos os impostos com suas 
respectivas alíquotas, o orçamentista está em condições de calcular o preço de 
venda da obra. O preço de venda é o valor total ofertado pelo contrato, valor que 
engloba todos os custos, o lucro e os impostos. É o valor final do orçamento. É 
com ele que a construtora irá propor negócio à entidade contratante ou participar 
 
 
 
da licitação. A passagem de custo para preço exige cuidados. Esta etapa está 
certamente entre as maiores fontes de erro dos orçamentos. 
 
FIGURA 6 
 
 
 
 
O custo inclui: 
o Custos diretos; 
o Custos indiretos; 
o Custos acessórios - administração central, custo financeiro, 
imprevistos e contingências. 
 
 
 
 
 
2.3 O PREÇO DE VENDA EM FUNÇÃO DO CUSTO DIRETO 
 
Para melhor entendimento, suponha que uma obra hipotética foi 
orçamentada em R$ 100,00. A diretoria da empresa determinou que a margem 
de lucro almejada é de 12% do preço de venda e o orçamentista verificou que 
os impostos na localidade atingem o patamar de 8%. Um orçamentista incauto 
aplicaria as duas taxas percentuais sobre os R$ 100, chegando a um preço de 
R$ 120. Isso está errado, pois imposto e lucro foram calculados sobre o custo, 
quando deveriam ser aplicados sobre a venda! 
Ao aplicar a margem de lucro e os impostos sobre o custo, o 
orçamentista distorceu o sentido dessas duas taxas, que devem incidir sobre o 
preço de venda, que é o faturamento da empresa. É só fazer a verificação para 
constatar o erro do orçamento: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para obter o preço de venda correto, deve-se fazer a conta de trás para 
frente, descontar os 12% da margem de lucro e 8% dos impostos, o valor que 
sobra é exatamente o custo de R$ 100,00. 
 
 
 
 
 
Preço de venda (PV) = R$ 120,00 
Impostos = 8% x R$ 120,00 = R$ 9,60 
Lucro = 12% x R$ 120,00 = R$ 14,40 
Sobram apenas R$ 96,00 para a realização da obra, porém o custo 
orçado tinha sido de R$ 100,00. 
O orçamento está errado! 
 
PV – (12% + 8%)PV = R$ 100,00 
PV (1 – 0,12 – 0,08) = R$ 100,00 
PV = 100 / (0,80) = R$ 125,00 (correto!) 
 
 
 
 
Por meio dos cálculos, o preço de venda é suficiente: 
 
 
 
 
 
 
Um erro comum, que muitos orçamentistas cometem, é aplicar primeiro 
a lucratividade e depois os impostos (ou vice-versa): 
 
 
 
 
 A explicação para esta questão, é que ao aplicar desta forma, os 
impostos acabam por diminuir parte da margem de lucro prevista. 
De forma a realizar um raciocínio lógico e cauteloso, leva-se à seguinte 
equação em notação paramétrica (MATTOS, 2006). 
 
 
 
 
Onde, 
PV = preço de venda (R$); 
CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo 
financeiro, imprevistos e contingências) (R$); 
i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%). 
 
Não é correto aplicar os percentuais de lucratividade e impostos 
diretamente sobre o custo, pois eles incidem sobre o preço de venda. 
Custo = R$ 100,00 
Impostos = 8% x R$ 125,00 = R$ 10,00 
Lucro = 12% x R$ 125,00 = R$ 15,00 
Soma = R$ 125,00 = PV (correto!) 
 
R$ 100,00 / (1 – 8%) = R$ 108,70 
R$ 108,70 / 1 – 12%) = R$ 123,52 (errado!) 
 
𝐏𝐕 =
𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎
𝟏 − 𝐢%
 
 
 
 
 
O correto é somar todos os custos e dividi-los por (1 - i%), sendo i% a 
somatória de tudo que incide sobre o preço de venda. 
Aplicar lucro e impostos separadamente, também altera o resultado, é 
preciso somar ambos para compor a incidência total, ou seja, conforme a fórmula 
apresentada, tudo que for custo deve ficar no numerador e tudo que incide sobre 
o preço (faturamento) do contrato fica no denominador (MATTOS, 2006). 
Exemplo: 
 
Uma obra foi orçamentada em R$ 250.000,00 (custo total). Na localidade 
da obra, os impostos atingem 7% e a margem de lucro desejada pelo construtor 
é de 8%. Calcular o preço de venda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Exemplo de aplicação do BDI. 
CUSTO = R$ 250.000,00 
Impostos = 7% 
Lucro = 8% 
Incidência sobre o preço de venda = 15% 
 
𝐏𝐕 = 
𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎
(𝟏−𝐢%)
 = 
𝟐𝟓𝟎.𝟎𝟎𝟎,𝟎𝟎
𝟏−𝟎,𝟏𝟓
= 𝟐𝟗𝟒. 𝟏𝟏𝟕, 𝟔𝟓 
 
Verificação: 
Custo = R$ 250.000,00 
Impostos = 7% x 294.117,65 = R$ 20.588,24 
Lucro = 8% x 294.117,65 = R$ 23.529,41 
Soma = R$ 294.117,65 = PV 
 
 
 
 
Em uma obra composta pelo mapa de trabalhos abaixo: 
 
TABELA 12 - CUSTO DIRETO 
Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) Custo total (R$) 
Escavação m3 10,0 10,00 1.000,00 
Forma m2 70,0 20,00 1.400,00 
Armação kg 500,0 5,00 2.500,00 
Concreto m3 5,0 200,00 1.000,00 
Total 5.000,00 
FONTE: Arquivo pessoal do autor. 
 
A soma de R$ 5.000,00 corresponde ao total de custo direto para esta 
obra. Falta acrescer o custo indireto, os custos acessórios (administração 
contratual,custo financeiro, imprevistos e contingências), o lucro e os impostos. 
Para efeito de exemplo de cálculo supondo que estes outros itens tenham os 
seguintes valores: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Custo indireto = R$ 500,00 
Administração central = R$ 50,00 
Imprevistos e contingências = R$ 50,00 
Lucro = 10% sobre o faturamento 
Impostos = 10% sobre o faturamento. 
Com essas premissas de cálculo, o preço de venda será: 
 
𝐏𝐕 = 
𝐂𝐔𝐒𝐓𝐎
(𝟏−𝐢%)
 = 
𝟓.𝟎𝟎𝟎+𝟓𝟎𝟎+𝟓𝟎+𝟓𝟎
𝟏−𝟎,𝟏𝟎−𝟎,𝟏𝟎
= 𝟕. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎 
 
Para explicar este valor no Mapa de trabalhos da obra, deve-se de maneira lógica dividir o 
preço de venda pelo custo direto e multiplicar este valor a todos os serviços, gerando um 
multiplicador: 
Multiplicador =
𝟕.𝟎𝟎𝟎
𝟓.𝟎𝟎𝟎
= 𝟏, 𝟒𝟎 
 
 
 
 
TABELA 13 - PREÇO DE VENDA 
Serviço Unidade Quantidade Custo unitário (R$) 
(multiplicador x 1,40) 
Custo total (R$) 
Escavação m3 10,0 14,00 140,00 
Forma m2 70,0 28,00 1.960,00 
Armação kg 500,0 7,00 3.500,00 
Concreto m3 5,0 280,00 1.400,00 
Total 7.000,00 
FONTE: SILVA, 2006. 
 
Em resumo, todos os custos não diretos foram diluídos sobre os custos 
diretos. Todos os custos indiretos, acessórios, imprevistos, lucros e impostos 
foram linearmente distribuídos sobre o custo direto dos serviços. Este 
multiplicador que no caso do exemplo representou uma majoração de 40%, 
chama-se BDI (SILVA, 2006). 
BDI (Benefícios e Despesas Indiretas) é o fator a ser aplicado ao custo 
direto para a obtenção do preço de venda, portanto: 
 
PV = CD x (1 + BDI) 
ou de forma inversa, 
BDI = 
𝐏𝐕
𝐂𝐃−𝟏
 
PV = preço de venda 
CD = custo direto 
 
O BDI inclui: 
 Despesas indiretas de funcionamento da obra; 
 Custo da administração central (matriz); 
 Custos financeiros; 
 
 
 
 Custos imprevistos; 
 Impostos; 
 Lucro. 
 
Em termos práticos, o BDI é o percentual que deve ser aplicado sobre o 
custo direto dos itens do mapa de trabalhos da obra para se chegar ao preço de 
venda. 
Por exemplo, se o custo direto de uma determinada obra foi orçado em 
R$ 100,00, o custo indireto em R$ 20,00 e o lucro em R$ 10,00, o BDI é igual ao 
quociente (20,00 + 10,00) / 100,00 = 30%. o preço final (preço de venda) será 
100,00 x 1,30 = R$ 130,00, portanto o BDI é a majoração percentual que o preço 
de venda representa sobre o custo direto. 
 
2.4 CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA – SEQUÊNCIA DE OPERAÇÕES 
 
Para o cálculo de preço de venda e BDI, pode-se utilizar a seguinte 
sequência de operações (MATTOS, 2006): 
PV = preço de venda (R$); 
CUSTO = custo total (direto, indireto, administração central, custo 
financeiro, imprevistos e contingências) (R$); 
i% = somatória de todas as incidências sobre o preço de venda (%). 
 
 
 
BDI = Benefícios e Despesas Indiretas (%) 
PV = preço de venda 
CD = custo direto 
𝐁𝐃𝐈 =
𝐏𝐕
𝐂𝐃 − 𝟏
 
 
 
 
 
Outra forma de calcular o BDI é transformar os custos em percentuais, 
tendo a fórmula: 
 
 
 
 
 
onde, 
CI = Custo indireto (%) (sobre custo direto). 
AC = Administração central (%) (sobre custos diretos e indiretos). 
CF = Custos financeiros (%) (sobre custos diretos e indiretos). 
IC = Imprevistos e contingências (%) (sobre custos diretos e indiretos). 
LO = Lucro operacional (%) (sobre o preço de venda). 
IMP = Impostos (%) (sobre o preço de venda). 
 
Considerações sobre BDI 
Várias são as conclusões a que se chega sobre BDI (SILVA, 2006): 
 
 Nem toda obra tem o mesmo BDI. 
 
Por depender diretamente da composição dos custos indiretos, 
administração central, custo financeiro, imprevistos e contingências, lucro e 
impostos, cada obra terá o seu próprio BDI. Não se pode querer que todas as 
obras de uma mesma empresa apresentem o mesmo percentual. 
Mudando as condições, muda o BDI. Por isso, recrimina-se a prática que 
algumas construtoras têm de utilizar um "BDI padrão" da empresa para qualquer 
orçamento. Esta simplificação na prática só teria algum cabimento se a 
BDI =
(𝟏+𝐂𝐈)𝐱(𝟏+𝐀𝐂+𝐂𝐅+𝐈𝐂)
𝟏−(𝐋𝐎+𝐈𝐌𝐏)
− 𝟏 
 
 
 
 
 
construtora só fizesse o mesmo tipo de obra e sob as mesmas circunstâncias, o 
que nem sempre é possível. Para cada obra, o orçamentista tem que calcular o 
seu respectivo BDI. 
 No cálculo do BDI só entram os impostos que incidem sobre o 
faturamento (preço de venda). 
 
Na construção há uma grande quantidade de impostos, mas só integram 
o cálculo do BDI aqueles que incidem sobre a fatura ou preço de venda: COFINS, 
PIS, CPMF, ISSQN e, no caso de regime de tributação por Lucro Presumido, o 
IRPJ e a CSLL. Outros impostos e encargos, tais como IPI, ICMS, FGTS e INSS 
não deixam de ser computados. O que acontece é que eles são computados em 
outro lugar: uns são integrantes do custo de material, outros compõem a extensa 
massa de encargos sociais e trabalhistas. 
 
 O BDI não tem limite superior. 
 
O BDI pode assumir qualquer valor positivo, inclusive acima de 100%. 
Sendo o BDI um quociente entre as parcelas que precisam ser diluídas e o custo 
direto, nada impede que o BDI atinja valores muito altos. Supondo uma obra em 
que uma empresa precise construir uma casa popular a milhares de quilômetros 
de sua sede. 
 
O custo indireto será tão alto em comparação com o custo direto - 
certamente maior, que a razão indireto/direto será superior a 1, gerando um BDI 
maior do que 100%. 
 Em uma concorrência, duas empresas proponentes não 
necessariamente chegam ao mesmo BDI. 
 
 
 
 
Considerando que cada empresa tem suas peculiaridades de arranjo e 
sofisticação de canteiro, formação de equipe, política salarial, margem de lucro 
e estipulação de riscos e imprevistos, é virtualmente improvável que duas 
construtoras cheguem a um mesmo BDI para uma mesma obra. Aliás, é 
basicamente pelo BDI que as propostas se diferenciam entre si. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO III 
 
 
3 CÁLCULO DE CUSTOS DIRETOS DE TAREFAS 
 
O objetivo do Módulo III consiste na análise e caracterização em 
detalhes, de todos os elementos que compõem os custos compostos de uma 
construção: mão de obra, materiais e equipamentos. 
 
3.1 FÓRMULA DOS CUSTOS COMPOSTOS 
 
A formação dos custos compostos do orçamento é realizada por meio 
do estabelecimento dos custos necessários para a execução de um determinado 
serviço ou atividade de acordo com certos requisitos. 
As categorias de custos compostos envolvidas em um serviço são 
(MATTOS, 2006): 
 
 Custos de mão de obra 
 
A mão de obra é um dos principais custos compostos de uma obra 
porque é o elemento racional de uma obra e de suas ações e decisões depende 
em grande parte o sucesso do empreendimento. Este custo tem influência em 
todas as partes de um projeto de construção civil e é o responsável por dar forma 
aos serviços. É o trabalho humano que, em última análise, gera o produto final. 
A importância da estimativa correta deste custo para uma obra pode representar 
em algumas ocasiões até 60% de seu custo global. 
 
 Custos de materiais 
 
 
 
 
Os materiais entram na maioria absoluta das atividades de uma obra, 
representando, muitas vezes, mais da metade do custo unitário de cada serviço. 
A cotação de preço dos materiais é uma tarefa que requer cuidado, porque tem 
algumas particularidades que o orçamentista deve levar em consideração. São 
variadas as formas nas quais os fornecedores dão seus preços, assim como nemsempre as cotações obtidas, referem-se ao mesmo escopo de aplicação. 
 
 Custos de equipamentos 
 
De acordo com o porte da obra, os equipamentos podem representar 
grande parcela do custo de um serviço. Os equipamentos geram diversos custos 
de: aquisição, operação, manutenção, seguros, taxas, etc. 
 
 
3.2 CUSTOS DE MÃO DE OBRA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS 
 
 Mão de Obra 
 
 Encargos sociais e trabalhistas 
 
O custo de um operário para o empregador não se confunde com seu 
salário-base. Isso porque não é só o salário que constitui o ônus do empregador 
- este arca com diversos encargos sociais e trabalhistas impostos pela legislação 
e pelas convenções do trabalho, que se somam ao salário-base ao qual o 
funcionário faz jus. Para compreensão mais clara deste assunto, os encargos 
sociais e trabalhistas são observados sob duas óticas (MATTOS, 2006). 
 
 Encargos em sentido estrito 
 
 
 
 
São os encargos sociais, trabalhistas e indenizatórios previstos em lei e 
aos quais o empregador está obrigado. É esta modalidade a mais usada entre 
os orçamentistas. 
 
 Encargos em sentido amplo - aos encargos sociais, trabalhistas e 
indenizatórios somam-se outras despesas que podem ser referenciadas ao 
homem-hora, tais como alimentação, transporte, EPI, seguro em grupo e até 
horas extras habituais. A rigor, esta ampliação do conceito de encargo existe por 
conveniência do orçamentista. 
 
Encargos em sentido estrito 
São os encargos sociais, trabalhistas e indenizatórios previstos em lei e 
aos quais o empregador está obrigado. Estes elementos são apresentados de 
forma a dar uma referência ao orçamentista, na busca dos elementos que devem 
constar em seus estudos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 14 - ENCARGOS SOCIAIS E TRABALHISTAS 
A. Encargos sociais básicos 
A.1 INSS 20,00 % 
A.2 FGTS 8,00% 
A.3 Salário-educação 2,50% 
A.4 SESI 1,50% 
A.5 SENAI e SEBRAE 1,60% 
A.6 INCRA 0,20% 
A.7 Seguro contra riscos e acidentes 3,00% 
A.8 SECONCI 1,00% 
Total A 37,80% 
B. Encargos Trabalhistas 
(Encargos que recebem incidência de A) 
B.1 Repouso semanal remunerado 18,13% 
B.2 Feriados 4,91% 
B.3 Férias (+1/3) 15,10% 
B.4 Auxílio Enfermidade e Acidentes de Trabalho 2,58% 
B.5 13º salário 11,33% 
B.6 Licença Paternidade 0,13% 
B.7 Faltas justificadas por motivos diversos 0,76% 
Total B 52,93% 
Grupo C = (A*B) 20,01% 
D. Encargos ligados à demissão do trabalhador 
D.1 Aviso-prévio 11,56% 
D.2 Depósito por despedida injusta 3,08% 
D.3 Indenização adicional 0,78% 
D.4 Adicional Lei Complementar 110/01 0,77% 
Total D 16,18% 
Grupo D´ = (A-A2-A8)*D1 3,33% 
E. Outros 
E.1 Dias de chuva e outras dificuldades 1,50% 
E.2 Almoço 20,48% 
E.3 Jantar 7,93% 
E.4 Café da manhã 3,20% 
E.5 Equipamento de segurança 4,85% 
E.6 Vale-transporte 7,63% 
E.7 Seguro de vida e acidentes 0,59% 
Total Grupo E 46,18% 
Total A+B+C+D+D´+E 176,42% 
FONTE: Sinduscon SP – Novembro/2012. 
 
 
 
Na análise dos encargos sociais e trabalhistas, relativos à mão de obra, 
existem alguns encargos fixos e outros variáveis. 
Os fixos são aqueles em que qualquer empresa está condicionada a 
legislação vigente, sendo que independem de considerações como tamanho da 
empresa ou capacidade gerencial. 
Os encargos variáveis dependem das premissas de cálculo adotadas 
por cada empresa. Neste tipo de encargo, uma empresa pode se tornar mais 
competitiva em razão de suas estratégias próprias. Com a finalidade de reduzir 
o percentual de encargos, toda empresa procura se empenhar em reduzir as 
parcelas variáveis, que são basicamente: aviso-prévio, faltas, acidentes de 
trabalho, auxílio-enfermidade. 
O aviso-prévio, por ser o item variável mais representativo, deve ser 
permanentemente monitorado pela empresa. Ele pode ser mantido em níveis 
baixos se a rotatividade de trabalhadores for pequena. 
 
Encargos em sentido amplo 
Os encargos em sentido amplo representam uma extensão do conceito 
tradicional dos encargos sociais e trabalhistas. A ampliação consiste em incluir 
no rol dos encargos, todos os demais que possam ser referenciados à hora de 
cada trabalhador, tais como: 
 
 Encargos intersindicais 
 
São aqueles provenientes de acordos coletivos entre sindicatos 
patronais e de trabalhadores da construção civil. Compreendem: 
 Almoço; 
 Café da manhã (refeição mínima); 
 Vale-transporte; 
 Cesta básica; 
 
 
 
 Seguro de vida e acidentes em grupo. 
 
 Equipamentos de proteção individual (EPI): São os instrumentos de 
uso pessoal para prevenir acidentes e proteger o trabalhador contra possíveis 
danos à saúde causados pelas condições de trabalho. 
 
 Ferramentas. 
 Seguro coletivo. 
 Horas extras habituais. 
 
Os encargos em sentido amplo permitem tratar a hora do funcionário 
dentro do conceito de profissional remunerado, alimentado, transportado, 
fardado e equipado. De uma maneira geral as empresas preferem computar os 
custos com: alimentação, transporte, EPI e ferramentas nas despesas indiretas, 
porém a inclusão desses custos como mais um grupo de encargos é uma 
tendência moderna entre os orçamentistas. 
 
Encargos intersindicais 
Na dedução do percentual dos encargos intersindicais, será necessário 
calcular o salário médio dos trabalhadores, obtido por meio de tabelas fornecidas 
pelo Sinduscon – Sindicato da Indústria da Construção Civil, que disponibiliza 
estes elementos para cada estado respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 15 - HORA-BASE DAS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA 
CONSTRUÇÃO CIVIL 
Função Salário/hora (R$) 
Servente 4,07 
Pedreiro 4,91 
Carpinteiro 4,90 
Armador 4,86 
Eletricista 5,17 
Encanador 5,05 
Pintor 5,08 
FONTE: Sinduscon SP – Novembro/2012. 
 
Adicionais legais 
A legislação trabalhista criou alguns adicionais ao salário, destinados a 
indenizar condições desfavoráveis da prestação do trabalho: 
o Trabalho noturno (majoração média de 20%); 
o Insalubridade ("atividades ou operações que, por sua natureza, 
condições ou método de trabalho, exponham os empregados a 
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em 
razão da natureza e da intensidade dos agentes e do tempo máximo 
de exposição aos seus efeitos” Consolidação das Leis do Trabalho, 
art. 189, Código do Trabalho). 
o Periculosidade. A Consolidação das Leis do Trabalho, art. 193, 
Código do Trabalho diz: “o adicional de periculosidade é devido 
quando ocorre exercício de trabalho em atividades ou operações 
perigosas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem 
o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições 
de risco acentuado” (SINDUSCON SP, 2012). 
 
Estes adicionais não têm a natureza de encargos. Se estiverem 
presentes em uma obra, não devem integrar a tabela dos encargos. Os 
 
 
 
adicionais são aplicados sobre o salário (ou sobre a hora-base) e em cima desse 
total é que se computam os encargos sociais e trabalhistas. 
 
TABELA 16 
Diferenças entre insalubridade e periculosidade 
Aspecto Insalubridade Periculosidade 
Fundamento Risco à saúde Perigo de vida 
Gradação Admite 
10%,20%,40% 
Somente 30% 
Base de cálculo Salário mínimo Salário do empregado 
FONTE: SINDUSCON SP, 2012. 
 
 
Os adicionais de insalubridade e de periculosidade não se acumulam. 
Por norma deve ser aplicado o que for mais vantajoso para o trabalhador. 
 
Hora extra habitual 
O adicional por hora extraordinária (hora extra) destina-se a indenizar o 
trabalhador pelas horas suplementares

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