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Resumo sobre debates no tribunal do júri.

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OS DEBATES NO TRIBUNAL DO JÚRI
O Código de Processo Penal disciplina os debates que ocorrem no Tribunal do Júri em seus artigos 476 e seguintes.
Os debates em plenário serão iniciados logo após o fim da colheita de provas. De acordo com o artigo 477, caput, CPP, a acusação e a defesa possuirão uma hora e meia cada um para fazer suas exposições orais, quando somente um réu estiver sob julgamento. Na hipótese de haver mais de um réu, o tempo será de duas horas e meia para cada parte, conforme artigo 477, §2º, CPP. Poderá haver réplica e tréplica, que terá a duração de uma hora cada uma no caso de julgarem apenas um réu; no caso de pluralidade de réus, o tempo será dobrado, conforme artigos supracitados.
A respeito do conteúdo da exposição oral que o representante do Ministério Público fará, o artigo 476, caput, CPP, estabelece importantíssima limitação: concedida a palavra após o fim da instrução processual, o Ministério Público fará a acusação, que deverá limitar-se aos termos da denúncia ou decisões posteriores que julgarem admissível a acusação, podendo sustentar ainda a existência de agravantes. Ou seja, a acusação feita em plenário deverá possuir correlação com a denúncia, não podendo, em hipótese alguma, articular fatos novos, sob pena de surpreender o réu e seu defensor, atingindo o direito a plenitude de defesa do qual o réu é possuidor. Tal situação poderia gerar nulidade ao julgamento.
Ainda a respeito do direito a plenitude de defesa, cita-se o tempo para o debate oral, que é dividido entre todos os defensores, de todos os réus, quando há pluralidade destes. Em se tratando de processo que contenha vários réus, com teses de defesa muito diferentes umas das outras, mister seria o desmembramento do processo, haja vista o tempo exíguo que cada defensor teria (podendo nem atingir a 1 hora cada um, por exemplo). Sem tempo ideal para que os defensores formulem as defesas da melhor maneira, o magistrado poderá intervir a fim de desmembrar o processo ou, ainda, aumentar o tempo dos defensores, a fim de garantir uma defesa digna, em tempo razoável. 
Ressalte-se que a possibilidade de aumentar o tempo é medida excepcional, uma vez que os tempos usados pela acusação e defesa deverão ser controlados pelo magistrado, com exatidão. No entanto, uma vez que a plenitude de defesa encontra-se prevista na Constituição Federal, não poderá ser limitada ou ferida em razão de regra estabelecida em legislação inferior, e, assim, buscando garantir o exercício do direito do réu, o magistrado poderá dilatar o tempo da defesa, excepcionalmente.
No caso de ação pública, o primeiro a falar é o representante do Ministério Público, seguido do(s) defensor(es). Quando houver pluralidade, seja entre representante do Ministério Público e assistente de acusação, seja de vários defensores em razão do número de réus, o tempo de fala poderá ser dividido em comum acordo pelos envolvidos ou, ainda, definido pelo juiz de maneira igualitária, nunca extrapolando o limite máximo previsto, conforme dispõe o artigo 477, §1º, CPP.
Já no caso de ação privada, o querelante falará primeiro (artigo 476, §2º, CPP), seguido do promotor, que poderá ou não sustentar a condenação. O Ministério Público tem liberdade para apresentar seu ponto de vista, no entanto, não poderá deixar de participar, sendo causa de nulidade relativa a sua ausência, dependendo da prova do prejuízo causado. Nesse caso, o tempo também será dividido entre o querelante e a promotoria.
Durante os debates, poderão surgir falhas ou vícios, que deverão ser suscitados imediatamente pela parte interessada e indicado ao juiz que preside o júri, que deverá saná-lo. Caso a indicação não seja atendida, deverá constar em ata. Da mesma forma deverá constar a manifestação da parte que sair prejudicada pela aceitação ou recusa da indicação. As irregularidades ocorridas no júri só poderão ser discutidas se estiverem registradas em ata.
Não há qualquer previsão legal a respeito do uso de recursos audiovisuais	 ou outros meios para expor as teses e buscar o convencimento dos jurados. Dessa forma, não há qualquer proibição e as partes podem fazer uso de mecanismos variados. No entanto, devem atentar-se ao disposto no artigo 479, CPP, que exige que o material seja juntado aos autos com antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, a fim de garantir ciência à outra parte e evitar surpresas no momento da realização do plenário.
Ao contrário do que costumeiramente acontece no processo civil, não é admitido que as partes formulem acordo entre si, seja pela absolvição, seja pela condenação. Firmar acordos fere, a começar, o princípio constitucional da soberania dos vereditos, que coloca o Conselho de Sentença como órgão supremo que deliberará sobre a condenação ou não do acusado. Ademais, fere-se ainda a competência para o julgamento de crimes dolosos contra a vida, além de ferir a plenitude de defesa. 
Ressalte-se ainda que os advogados de defesa, ao transacionar, tornam disponíveis direitos que não são, como o direito da liberdade individual e o direito de defesa.
Tendo o magistrado o dever de zelar pela plenitude de defesa do réu, bem como pelo julgamento do acusado nos termos da lei, ao notar que há conluio entre a promotoria e a defesa; que há sinais de acordo formulado; quando as teses expostas no momento do debate forem coincidentes e a defesa concordar com a condenação, principalmente quando o réu nega a autoria e se declara inocente em seu depoimento pessoal, poderá o magistrado declarar o réu indefeso e determinar a realização de outro julgamento, com outro defensor cuidando da defesa do acusado. O ocorrido deverá ser registrado em ata.
Além da hipótese em que o promotor e o defensor realizam acordo, o ilustre doutrinador Guilherme de Souza Nucci ainda elenca as seguintes situações em que o magistrado poderá declarar o réu indefeso: “sustentação de tese incompatível com a prova existente; defesa de teses alternativas contraditórias; demonstração de ignorância das provas dos autos, dentre outros elementos.”.[1: NUCCI, Guilherme Souza. Tribunal do Júri, 6ª edição. Forense, 03/2015.]
Outro ponto de extrema importância que deverá ser observado pelo magistrado é o tempo utilizado pelo defensor para, no momento do debate, realizar a defesa do réu. Ora, não é possível defender um réu acusado de homicídio qualificado, por exemplo, em poucos minutos, quando o tempo disponível é de uma hora e meia. Ademais, o magistrado ainda deverá observar se o defensor aborda os principais elementos dos autos, o que dificilmente será cumprido por alguém que utiliza menos da metade do tempo disponível para fala. 
Nesse caso, frente a flagrante deficiência da defesa do réu, o juiz também poderá declarar o réu indefeso e determinar nova data para novo julgamento, com novo defensor responsável pelo caso.
Anote-se que o mesmo vale para a promotoria, que possui o dever de informar o Conselho de Sentença sobre os fatos ocorridos, bem como expor todas as provas existentes, de maneira completa. Caso o representante do Ministério Público aja com desídia, utilizando-se de poucos minutos para realizar a acusação ou, ainda, o fazer de modo deficiente, o magistrado poderá declarar a sociedade indefesa e determinar nova data para novo julgamento, que deverá contar com outro representante do Ministério Público para participar do plenário. 
Durante o debate, uma parte poderá interromper a outra, desde que para fazer breves e pertinentes observações sobre algo que foi dito pela parte, o que é chamado de aparte. Observa-se que o direito de aparte possui como objetivo esclarecer certos pontos ao Conselho de Sentença	.
O aparte está regulamentado no artigo 497, XII, CPP, em que dispõe que caberá ao juiz regulamentar a intervenção de uma das partes enquanto a outra estiver com a palavra, além de determinar que cada aparte terá a duração de até 3 (três) minutos. 	O aparte também poderá ser pleiteado diretamente à parte que está discursando, que pode autorizar a intervenção de imediato ou solicitar que o interessadoaguarde certo período, sem necessidade de intervenção do juiz.
Observa-se que o aparte em nada se relaciona com as tentativas de tumultuar o debate. O aparte serve para a outra parte tecer comentários, pedir que a parte que está discursando esclareça certos pontos, etc., tudo de maneira objetiva e rápida. Não se confunde com o discurso paralelo, em que a outra parte fala ao mesmo tempo que o detentor da palavra, com o claro objetivo de sobrepor falas e confundir os integrantes do Conselho de Sentença; ou, ainda, não se confunde com a tentativa de prejudicar o tempo de fala da outra parte, com pedidos repetitivos e exagerados de aparte.
Em ambos os casos o magistrado poderá intervir. No caso de tumulto por gritarias e falas sobrepostas, o juiz poderá encerrar o julgamento e determinar nova data, até mesmo solicitando a substituição daquele que causou todo o tumulto. Já no caso de pedidos de apartes exagerados, o magistrado poderá conceder como tempo extra o que foi perdido com tantas interrupções da outra parte.
Ao conceder ou negar o pedido de aparte, a parte que se sente prejudicada pode pedir para registrar o ocorrido em ata e, após, com a prova do prejuízo, poderá arguir a nulidade do julgamento. 
De acordo com o caput do artigo 477, CPP, encerradas as manifestações regulares da acusação e da defesa, a acusação possui a faculdade de manifestar-se em réplica, pelo tempo máximo de uma hora. Caso haja a réplica, a defesa possui o direito e dever de tréplica, em igual período.
No entanto, ressalte-se que a réplica é uma faculdade e não uma obrigatoriedade e que, na hipótese de não ser utilizada, a defesa não poderá, portanto, fazer uso do tempo destinado à tréplica. Mas, se a acusação valer-se do tempo da réplica, a defesa deverá obrigatoriamente elaborar a sua tréplica, sob pena de o réu ser declarado indefeso.
Ainda no tocante as réplicas e tréplicas, menciona o artigo 476, §4º, CPP, a possibilidade de as partes reinquirirem testemunhas que já foram ouvidas, desde que utilizem somente o tempo regulamentar, sem qualquer adição.
Muito se discute sobre a possibilidade e validade de apresentação de teses novas de defesa no momento da tréplica. Baseando-se no princípio constitucional da plenitude da defesa, o acusado tem direito de possuir a melhor defesa possível, de modo que seria ilógico retirar argumentos porque expostos durante a fase final do debate.
Não merece guarida o argumento de que há ferimento ao princípio do contraditório ao articular novas teses na tréplica, quando a outra parte não poderá mais manifestar-se. Ora, em algum momento o debate deverá acabar e alguma das partes falará por último. Sendo certo que o acusado é a parte hipossuficiente da relação processual, possui certa lógica deixar que ele se manifeste por último e garanta a melhor defesa que lhe for possível. Ademais, a acusação poderá valer-se do direito de aparte, quando julgar necessário esclarecer certos pontos, ainda que durante a tréplica.
Ainda que se possa aceitar a inovação de teses de defesa na tréplica, a acusação não poderá inovar quanto a acusação, sob pena de acarretar no cerceamento de defesa do acusado, o que resultaria em nulidade absoluta do julgamento. Assim, a acusação deverá limitar-se ao contido na pronúncia.
O jurado, integrante do Conselho de Sentença, que é soberano e decidirá o futuro do acusado, poderá solicitar esclarecimentos sobre alguns fatos alegados e sanar todas as dúvidas que possuir, de modo que possa se informar da melhor forma possível e formar o seu convencimento acerca dos quesitos finais, que fundamentarão uma condenação ou absolvição. A dúvida pode recair sobre a existência ou não de texto legal citado por uma das partes, bem como pode ser apenas um pedido de indicação da página dos autos que fora citada por alguma das partes. O mesmo poderá ser feito pela parte à outra que está discursando. Tal faculdade encontra-se prevista no artigo 480, CPP.
Por fim, finalizado os debates, o juiz deverá questionar os jurados se já estão prontos para julgar ou se necessitam de outros esclarecimentos, conforme artigo 480, §1º, CPP. Todos os jurados devem estar certos de que estão prontos para realizar o julgamento, sendo que apenas um dotado de incerta é suficiente para que o juiz resolva o impasse antes de seguir com o julgamento.
As dúvidas dos jurados podem ser sobre questões de direito, que o próprio magistrado poderá esclarecer (por exemplo, um dos jurados gostaria de saber se um dispositivo legal invocado por alguma das partes é verdadeiro). Sendo a dúvida sobre os fatos, o juiz poderá proceder com o informa de maneira direta à vista dos autos (por exemplo, o juiz poderá ler o trecho do depoimento de uma das testemunhas, sobre o qual o jurado pode ter dúvida sobre o que foi dito ou não). A própria parte poderá esclarecer ainda algo que foi dito, de maneira breve e a pedido do magistrado.
Se a dúvida sobre questão de fato não puder ser sanada, o juiz deverá dissolver o Conselho de Sentença e providenciar meios de sanar a incerteza, conforme dispõe o artigo 481, CPP. Caso o juiz entenda que a dúvida é meramente questão de falta de convencimento, poderá redesignar o julgamento sem dissolver o Conselho. Contudo, se algum jurado for obrigado a dar seu veredito, sem estar convencido e de forma contrária a sua vontade, o julgamento poderá ser anulado.

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