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Aspectos funcionais do Córtex Cerebral

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Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
1
MED RESUMOS 2012
NETTO, Arlindo Ugulino.
NEUROANATOMIA
ASPECTOS FUNCIONAIS DO CÓRTEX CEREBRAL
(Professor Stênio A. Sarmento)
O córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que reveste o centro branco medular do cérebro. No córtex 
cerebral, chegam impulsos provenientes de todas as vias de sensibilidade que aí se tornam conscientes e são interpretadas. Do 
córtex, saem os impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários e com ele estão relacionados os fenômenos 
psíquicos.
CITOARQUITETURA DO CRTEX
No córtex existem neurônios, células neuroglias e fibras. Os neurônios e as fibras distribuem-se de vários modos, em várias 
camadas, sendo a estrutura do córtex cerebral muito complexa e heterogênea.
Quanto à estrutura, distinguem-se dois tipos de córtex: isocórtex e alocórtex. No isocórtex existem seis camadas, o que não 
ocorre no alocórtex. O isocórtex constitui a maioria das áreas corticais. As seis camadas do córtex, numeradas da superfície para o 
interior, são: I- camada molecular; II- camada granular externa; III- camada piramidal externa; IV- camada granular interna; V- camada 
piramidal interna; VI- camada de células fusiformes (ou multiforme).
A camada molecular, situada na superfície do córtex, é rica em fibras de direção horizontal e contem poucos neurônios, 
destacando-se as chamadas células horizontais (de Cajal). Nas demais camadas, predomina o tipo de neurônios que lhe dá o nome.
 Células granulares (células estreladas): possuem dendritos que se ramificam próximo ao corpo celular e um axônio que 
pode estabelecer conexões com células das camadas vizinhas. Admite-se que o aumento de células granulares durante a 
filogênese possibilitou a existência de circuitos corticais mais complexos, isso porque a célula granular é o principal 
interneurônio cortical, estabelecendo conexões entre os demais neurônios e fibras do córtex. Admite-se também que a 
maioria das fibras que chegam ao córtex estabelece sinapse com as células granulares, que são, assim, as principais 
células receptoras do córtex cerebral. Essas células existem em todas as camadas, mas predominam nas camadas granular 
interna e externa.
 Células piramidais (ou pirâmides): recebem esse nome devido à forma piramidal do corpo celular. Podem apresentar corpo 
celular pequeno, médio, grande e gigante. As células piramidais gigantes são denominadas células de Betz e ocorrem 
apenas na área motora situada no giro pré-central. O dendrito apical dessas células destaca-se do ápice da pirâmide, dirige-
se às camadas mais superficiais onde terminam. Os dendritos basais, muito mais curtos que os primeiros, distribuem-se 
próximo ao corpo celular. O axônio das células piramidais tem direção descendente e, em geral, ganha a substância branca 
como fibra eferente do córtex, por exemplo, as fibras que constituem o tracto córtico-espinhal. Essas células predominam 
nas camadas piramidal externa e interna, que são consideradas camadas predominantemente efetuadoras.
 Células fusiformes: apresentam axônio descendente que penetra no centro branco-medular, sendo pois células 
efetuadoras. Predominam na camada de células fusiformes (VI camada).
 Células de Martinotti: possuem dendritos que se ramificam nas proximidades do corpo celular e um axônio de direção 
ascendente que se ramifica nas camadas mais superficiais. Apresenta função sensitiva.
 Células horizontais (de Cajal): de formato fusiforme, possuem dendritos e axônios de direção horizontal. Predominam na 
camada molecular e são células intracorticais de associação.
FIBRAS E CIRCUITOS CORTICAIS
As fibras que saem ou que entram no córtex cerebral passam, necessariamente, pelo centro branco-medular. Estas fibras 
podem ser de associação ou de projeção. As primeiras ligam áreas diferentes do córtex cerebral, no mesmo hemisfério ou no 
hemisfério oposto (fibras comissurais); as segundas, ou seja, as fibras de projeção ligam o córtex a centros subcorticais, podendo ser 
aferentes ou eferentes.
As fibras de projeção aferentes do córtex cerebral podem ter origem talâmica ou extratalâmica. Estas últimas são fibras 
monoaminérgicas originadas na formação reticular ou fibras colinérgicas do núcleo basal de Meynert. As fibras extratalâmicas 
distribuem-se a todo o córtex cerebral, mas seu modo de terminação não é uniforme. Este fato indica que elas não exercem uma ação 
generalizada de excitação ou inibição do córtex, mas provavelmente aumentam ou diminuem a atividade em regiões corticais 
específicas durante determinadas etapas da informação. Sua ação sobre o córtex é, portanto, considerada como moduladora, 
modificando as características eletrofisiológicas das células corticais. Assim, a degeneração dessas fibras, como ocorre na doença de 
Alzheimer, associa-se a uma completa deterioração das funções corticais. As fibras aferentes oriundas dos núcleos talâmicos 
inespecíficos (representadas principalmente pelas fibras do tracto espino-retículo-talâmico, que terminam nos núcleos intralaminares 
do tálamo) também se distribuem a todo o córtex, sobre o qual exercem ação ativadora, como parte do sistema ativador reticular 
ascendente (SARA), terminando em todas as camadas corticais, principalmente nas três camadas superficiais. Já as radiações 
talâmicas originadas nos núcleos específicos (núcleo ventral-lateral e ventral-medial, principalmente) terminam na camada IV 
(granular interna). Esta camada é, pois, muito desenvolvida nas áreas sensitivas do córtex. A maioria das fibras de projeção aferentes 
do isocórtex origina-se no tálamo. Entretanto, admite-se a existência de conexões aferentes diretas com a formação reticular.
As fibras de projeção eferentes do córtex estabelecem conexões com vários centros subcorticais: fibras córtico-espinhais, 
córtico-nucleares, córtico-pontinas, córtico-estriadas, córtico-reticulares, córtico-rúbricas, córtico-talâmicas. A maioria dessas fibras 
origina-se na camada V, sendo esta, pois, muito desenvolvida nas áreas motoras do córtex. 
OBS1: Em síntese, a camada IV é a camada receptora de projeção e a camada V, efetuadora de projeção. As demais camadas 
corticais são predominantemente de associação.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
2
CLASSIFICA‚ƒO ANAT„MICA DO CRTEX
A divisão anatômica em lobos não corresponde a uma divisão funcional ou estrutural do telencéfalo, pois em um mesmo lobo 
temos áreas corticais de funções e estrutura muito diferentes. Faz-se exceção o córtex do lobo occipital, que, direta ou indiretamente, 
relaciona-se com o sentido da visão.
CLASSIFICA‚ƒO FILOGEN…TICA DO CRTEX
Do ponto de vista filogenético, pode-se dividir o córtex em:
 Arquicórtex: está localizado no hipocampo.
 Paleocórtex: ocupa o úncos e parte do giro para-hipocampal.
 Neocórtex: todo o restante do córtex.
Arqui e paleocórtex ocupam, pois, áreas corticais antigas ligadas à olfação e ao comportamento emocional, fazendo parte do 
rinencéfalo e do sistema límbico.
CLASSIFICA‚ƒO ESTRUTURAL DO CRTEX
O córtex cerebral tem sido objetivo de meticulosas investigações histológicas, com base na sua composição e características 
das diversas camadas, espessura total e espessura das camadas, disposição e espessura das raias e estrias, etc.
A divisão mais aceita da estrutura cortical é a realizada por Brodmann, que identificou 52 áreas citoarquiteturais designadas 
por números. As áreas de Brodmann são muito conhecidas e amplamente utilizadas na clínica e na pesquisa médica.
O isocórtex é o córtex que tem seis camadas nítidas, ao menos durante o período embrionário. Já o alocórtex é o córtex que 
nunca, em fase alguma de seu desenvolvimento, apresenta as seis camadas. O primeiro (o isocórtex) pode ser dividido em duas 
grandes classificações: isocórtex homotípico e isocórtex heterotípico (que pode ser granular ou agranular).No isocórtex homotípico as seis camadas corticais são sempre individualizadas com facilidade. Já no isocórtex heterotípico 
as seis camadas não podem ser claramente individualizadas no adulto, uma vez que a estrutura laminar típica, encontrada na vida 
fetal, é mascarada pela grande quantidade de células granulares ou piramidais. 
 Isocórtex heterotípico granular: característico das áreas sensitivas; há uma enorme quantidade de células granulares que 
invadem, inclusive, as camadas piramidais. 
 Isocórtex heterotípico agranular: característicos de áreas motoras; há considerável diminuição de células granulares e uma 
enorme quantidade de células piramidais que invadem, inclusive, as camadas granulares (II e IV).
OBS2: O isocórtex ocupa 90% da área cortical (correspondente ao neocórtex), enquanto que o alocórtex ocupa áreas antigas do 
cérebro e corresponde ao arqui e paleocórtex.
OBS3: As áreas de Brodmann são clinicamente significativas, constituindo mapas citoarquitetônicos do cérebro humano. Em resumo, 
as mais importantes são:
 Áreas 3,1 e 2 de Brodmann: trata-se do córtex somatossensorial primário (isocórtex heterotípico granular).
 Áreas 4 de Brodmann: córtex motor primário (isocórtex heterotípico agranular).
 Áreas 5 e 7 de Brodmann: córtex somatossensorial secundário.
 Área 6 de Brodmann: área motora suplementar e área pré-motora.
 Área 8 de Brodmann: campo ocular frontal, responsável, em parte, pelo reflexo de acomodação do cristalino.
 Áreas 9, 10, 11, 12, 32 e 47 de Brodmann: córtex pré-frontal (parte não-motora do lobo frontal).
 Área 17 de Brodmann: córtex visual primário (lobo occipital).
 Áreas 18, 19 (lobo occipital), 20, 21 e 37 (lobo temporal) de Brodmann: córtex visual secundário.
 Área 40 e parte da área 39 de Brodmann: giro supramarginal e angular, respectivamente.
 Áreas 41 e 42 de Brodmann: áreas auditivas primárias (giro temporal transverso anterior).
 Áreas 22 de Brodmann: áreas auditivas secundárias (na sua porção posterior, encontramos a área de Wernicke).
 Área 43 de Brodmann: córtex gustatório (próximo a representação somestésica da língua no giro pós-central).
 Área 44 e parte da área 45 de Brodmann: trata-se a área de Broca no hemisfério dominante.
 Área 27, 28 e 34 de Brodmann: olfatória primária (área entorrinal).
 Área 23, 24, 31 e 33: sistema límbico.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
3
CLASSIFICA‚ƒO FUNCIONAL DO CRTEX
Do ponto de vista funcional, as €reas corticais no so homog‚neas, como se acreditava no inƒcio do s„culo XIX. O cirurgio 
franc‚s Broca, durante seus estudos, p…de correlacionar les†es em €reas restritas do lobo frontal (na área de Broca, no giro frontal 
inferior) com a perda da linguagem falada, por exemplo. Outros trabalhos, realizados por Fritsch e Hitzig, chegam ‡ concluso de que 
existe correspond‚ncia entre determinadas €reas corticais e certas partes do corpo.
As €reas funcionais do cˆrtex foram inicialmente classificadas em dois grandes grupos: áreas de projeção e áreas de 
associação. As €reas de proje‰o teriam conex†es com centros subcorticais, enquanto que as €reas de associa‰o teriam conex†es 
apenas com outras €reas corticais. Essa conceitua‰o passou por algumas reformas, de modo que: as €reas de proje‰o so as que 
recebem ou do origem a fibras relacionadas diretamente com a sensibilidade e com a motricidade. As demais €reas so 
consideradas de associa‰o e, de modo geral, esto relacionadas a fun‰†es psƒquicas complexas (interpreta‰o e reconhecimento 
dos impulsos sensitivos que chegam ‡ €rea de proje‰o prim€ria; formula‰o do plano motor; memˆria; intelig‚ncia; personalidade; 
emo‰†es; etc.). Assim, les†es nas €reas de proje‰o podem causar paralisias ou altera‰†es na sensibilidade, o que no acontece nas 
€reas de associa‰o. Les†es dessas €reas, entretanto, podem causar altera‰†es psƒquicas complexas.
As €reas de proje‰o podem ser divididas em dois grandes grupos, de fun‰o e estruturas diferentes:
 Áreas sensitivas: nas €reas sensitivas do neocˆrtex, existe isocˆrtex heterotƒpico do tipo granular, o que est€ de acordo 
com a fun‰o primordialmente receptora das c„lulas granulares.
 Áreas motoras: nas €reas motoras, existe isocˆrtex heterotƒpico agranular, o que est€ de acordo com a fun‰o 
primordialmente efetuadora das c„lulas piramidais, que, como j€ foi visto, predominam nesse tipo de cˆrtex. 
J€ nas €reas de associa‰o do neocˆrtex, existe isocˆrtex homotƒpico, pois, no sendo elas nem sensitivas nem motoras, 
no h€ grande predomƒnio de c„lulas granulares ou piramidais, o que permite a f€cil individualiza‰o das seis camadas coticais. 
As €reas ligadas diretamente ‡ sensibilidade e ‡ motricidade (ou seja, as €reas de proje‰o) so consideradas †reas 
prim†rias. As €reas de associa‰o podem ser divididas em secund†rias (unimodais) e terci†rias (supramodais). As conex†es de 
uma determinada €rea de associa‰o secund€ria se fazem predominantemente com a €rea prim€ria da mesma fun‰o. J€ as €reas 
terciárias so supramodais pois no se ocupam mais do processamento motor ou sensitivo, mas esto envolvidas com atividades 
psƒquicas superiores, como por exemplo, a memˆria, os processos simbˆlicos e o pensamento abstrato.
‡REAS DE PROJE‚ƒO (‡REAS PRIM‡RIAS)
Tamb„m chamadas €reas prim€rias, as €reas de proje‰o relacionam-se diretamente com a sensibilidade ou com a 
motricidade. Existe uma sˆ €rea prim€ria motora, situada no lobo frontal, e v€rias €reas prim€rias sensitivas nos demais lobos.
ÁREAS SENSITIVAS PRIMÁRIAS
Como j€ foi detalhado anteriormente, as €reas sensitivas prim€rias so respons€veis apenas pela percep‰o pura da 
modalidade sensitiva, sendo necess€rias suas conex†es com as €reas secund€rias e terci€rias para a interpreta‰o deste estƒmulo 
sensitivo puro. 
1. Área Somestésica: a €rea somest„sica prim€ria ou da sensibilidade geral est€ localizada no giro pˆs-central (áreas 3, 2 e 1 
de Brodmann). A €rea 3 localiza-se no fundo do sulco central, enquanto as €reas 1 e 2 aparecem na superfƒcie do sulco 
central. Aƒ chegam as radia‰†es talŠmicas que se originam nos n‹cleos ventral pˆstero-lateral e ventral pˆstero-medial do 
t€lamo e trazem, por conseguinte, impulsos nervosos relacionados ‡ temperatura, dor, presso, tato e propriocep‰o 
consciente da metade oposta do corpo e da cabe‰a. Œ importante ressaltar que existe uma correspond‚ncia entre partes do 
corpo e partes da €rea somest„sica (somatotopia). Para representar essa somatotopia, Penfield e Rasmussen imaginaram 
um “hom‹nculo sensitivo” de cabe‰a para baixo no giro pˆs-central, de modo que, na por‰o superior desse giro, na parte 
medial do hemisf„rio, localiza-se a €rea dos ˆrgos genitais e do p„, seguida, j€ na parte s‹pero-lateral do hemisf„rio, das 
€reas da perna, do tronco e do bra‰o, todas em pequenas dimens†es. Mais abaixo vem a €rea da mo, que „ muito grande 
seguida da €rea da cabe‰a, onde a face e a boca t‚m uma representa‰o tamb„m bastante grande. Segue-se, j€ prˆxima ao 
sulco lateral, a €rea da lƒngua e da faringe. Esse fato demonstra o princƒpio, amplamente confirmado em estudos feitos em 
animais, de que a extenso da representa‰o cortical de uma parte do corpo depende da importŠncia funcional dessa parte 
para a biologia da esp„cie e no de seu tamanho.
2. Área visual: localiza-se nos l€bios do sulco calcarino, correspondendo ‡ área 17 de Brodmann. Tal estrutura recebe fibras 
provenientes do tracto geniculocalcarino (originadas no corpo geniculado lateral), e tem a principal fun‰o de uma percep‰o 
visual primaria, de tal modo que, quando ocorre uma visualiza‰o de um foco de luz monocrom€tico, somente ocorre 
ativa‰o desta €rea (segundo exame de ressonŠncia fisiolˆgica), no entanto quando ocorre uma visualiza‰o de objetos 
estereognˆsicos, com formas, texturas e colora‰o ocorrer€ ativa‰o da €rea visual secund€ria, que virtualiza o espa‰o 
extrapessoala partir da visualiza‰o, de tal modo que „ importante para interpreta‰o. A metade superior da retina projeta-se 
no l€bio superior do sulco calcarino e a metade inferior, no l€bio inferior desse sulco. A parte posterior da retina (onde est€ 
localizada a m€cula) projeta-se na parte posterior do sulco calcarino, enquanto a parte anterior projeta-se na por‰o anterior 
desse sulco. Existe, pois, correspond‚ncia perfeita entre a retina e cˆrtex visual. A abla‰o bilateral da €rea 17 causa, 
portanto, cegueira completa na esp„cie humana.
3. Área auditiva: est€ situada no giro temporal transverso anterior (giro de Heschl) e corresponde ‡s áreas 41 e 42 de 
Brodmann. Nela chegam fibras da radia‰o auditiva, que se originam no corpo geniculado medial. Les†es bilaterais do giro 
temporal transverso anterior causam surdez completa. Les†es unilaterais causam d„ficits auditivos pequenos, pois, ao 
contr€rio das demais vias de sensibilidade, a via auditiva no „ totalmente cruzada. Assim, cada cˆclea representa-se no 
cˆrtex dos dois hemisf„rios.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
4
4. Área vestibular: localiza-se no lobo parietal, em uma pequena regio prˆxima ao territˆrio da €rea somest„sica 
correspondente ‡ face (regio mais inferior do giro pˆs-central). Assim, a €rea vestibular est€ mais relacionada com a €rea 
de proje‰o da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva.
5. Área olfatória: muito grande em alguns mamƒferos, a €rea olfatˆria (área 27, 28 e 34 de Brodmann) ocupa no homem 
apenas uma pequena parte da regio anterior do ‹ncos e do giro para-hipocampal. Œ tanto que, em certos casos de epilepsia 
local do ‹ncos ocorrem alucina‰†es olfatˆrias, nas quais os pacientes subitamente se queixam de odores desagrad€veis
(cacosmia), que na realidade no existem (essas crises so chamadas de crises uncinadas).
6. Área gustativa: corresponde ‡ área 43 de Brodmann e se localiza na por‰o mais inferior do giro pˆs-central, bem prˆximo 
‡ insula. Essa regio corresponde a uma €rea adjacente ‡ parte somest„sica correspondente ‡ lƒngua. Les†es dessa €rea 
provocam uma diminui‰o da gusta‰o na metade oposta da lƒngua (isso porque as fibras que trazem os impulsos gustativos 
de um lado da lƒngua at„ o tracto solit€rio, cruzam, em parte, logo depois deste, ainda no bulbo, seguindo at„ o n‹cleo ventral 
pˆstero-medial do t€lamo do mesmo lado e do lado contralateral, e deles seguem at„ a €rea 43 de Brodmann dos dois 
lados).
ÁREA MOTORA PRIMÁRIA
Ocupa a parte posterior do giro pr„-central correspondente ‡ área 4 de Brodmann. Do 
ponto de vista citoarquitetural, „ um isocˆrtex heterotƒpico agranular, com a presen‰a das c„lulas 
piramidais gigantes (c„lulas de Bets). A estimula‰o el„trica da €rea 4 determina movimentos de 
grupos musculares do lado oposto, por exemplo, da mo, do bra‰o, etc.
Essa somatotopia corresponde ‡ j€ descrita para a €rea somest„sica e pode ser 
descrita como um hom‹nculo de cabe‰a para baixo. Œ interessante notar a grande extenso da 
€rea correspondente ‡ mo quando comparada com as €reas do tronco e membro inferior. Isso 
mostra que a extenso da representa‰o cortical de uma determinada parte do corpo no est€ 
relacionada com o seu tamanho, mas sim, a delicadeza dos movimentos realizados pelos grupos 
musculares aƒ localizados.
No homem, a €rea 4 d€ origem ‡ maior parte das fibras dos tractos cortico-espinhal e 
cortico-nuclear, principais respons€veis pela motricidade som€tica volunt€ria.
‡REAS DE ASSOCIA‚ƒO DO CRTEX
So aquelas €reas de cˆrtex cerebral que no esto relacionadas diretamente com a motricidade ou com a sensibilidade 
(considerado, portanto, como €reas silenciosas do cˆrtex). Durante a filog‚nese, houve um aumento das €reas corticais de 
associa‰o, que no homem ocupam um territˆrio cortical muito maior que o das €reas de proje‰o. Esse fato est€ relacionado com o 
desenvolvimento das fun‰†es psƒquicas do homem.
ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO SECUNDÁRIAS
Essas €reas so consideradas unimodais, ou seja, relacionam-se, ainda que indiretamente, com alguma modalidade de 
sensa‰o ou com a motricidade, estando geralmente justapostas as €reas prim€rias correspondentes.
Áreas de associação secundárias sensitivas.
So conhecidas, pelo menos, tr‚s €reas sensitivas secund€rias (ou de associa‰o):
 Área somestésica secundária: situa-se no lˆbulo parietal superior, logo atr€s da €rea somest„sica prim€ria, 
correspondendo ‡ €rea 5 e parte da €rea 7 de Brodmann (pr„-c‹neus).
 Área visual secundária: a princƒpio, acreditava-se que era limitada ao lobo occipital, correspondendo ‡s €reas 18 e 19 de 
Brodmann. Mas nos primatas, inclusive no homem, ela se estende ao lobo temporal, onde tamb„m ocupa as €reas 20, 21 e 
37.
 Área auditiva secundária: situa-se no lobo temporal, circundando a €rea auditiva prim€ria, e corresponde ‡ €rea 22 de 
Brodmann.
As €reas secund€rias recebem afer‚ncias principalmente das €reas prim€rias correspondentes e repassam as informa‰†es 
recebidas ‡s outras €reas do cˆrtex, em especial, ‡s €reas supramodais. Essa identifica‰o se faz em duas etapas: uma de sensa‰o 
e outra de interpreta‰o. Na etapa de sensação, toma-se consci‚ncia das caracterƒsticas sensoriais do objeto, sua forma, dureza, cor, 
tamanho, etc. Na etapa de interpretação, ou gnosia, tais caracterƒsticas sensoriais so ‘comparadas’ com conceito do objeto existente 
na memˆria do indivƒduo.
A etapa de sensa‰o faz-se em uma €rea sensitiva em proje‰o, ou €rea prim€ria; j€ a etapa de interpreta‰o, ou gnosia, 
envolve processos psƒquicos muito mais complexos, que dependem da integridade das €reas de associa‰o secund€rias acima 
descritas e, em consequ‚ncia disso, so ‡s vezes denominadas áreas gnosicas.
A exist‚ncia de duas €reas diferentes envolvidas na identifica‰o de objetos torna possƒvel que elas sejam lesadas 
separadamente. Como j€ foi visto, a leso das €reas prim€rias causa defici‚ncias sensoriais, como cegueira e surdez, o que no 
ocorre em les†es das €reas secund€rias. Nesses casos, entretanto, ocorrem os quadros clƒnicos denominados de agnosias, 
caracterizados pela perda da capacidade de reconhecer objetos, apesar de as vias sensitivas e das €reas de proje‰o cortical 
estarem perfeitamente normais. Deve-se distinguir agnosias visuais, auditivas e somestésicas, estas ‹ltimas geralmente t€teis. Assim, 
um indivƒduo com agnosia visual ser€ incapaz de reconhecer objetos pela viso, embora possa reconhec‚-los por outra forma de 
sensibilidade, como pelo tato, olfato, audi‰o, etc.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
5
Tipos especiais de agnosias visual e auditiva so os defeitos de linguagem denominados, respectivamente, cegueira verbal 
e surdez verbal, nos quais os indivƒduos perdem total ou parcialmente a capacidade de reconhecer os sƒmbolos visuais ou sonoros 
que constituem a linguagem escrita ou falada (afasias). Um aspecto importante relacionado com as €reas secund€rias „ que, do ponto 
de vista funcional, elas no so sim„tricas. Assim, les†es da mesma €rea resultam em sintomatologia diferente conforme o lado
lesado. 
Áreas de associação secundária motoras.
Adjacentes ‡ €rea motora prim€ria, existem €reas motoras secund€rias com as quais ela se relaciona sendo respons€veis 
por enviar o planejamento motor ao cerebelo e n‹cleos da base (onde o planejamento ser€ processado, modulado e reenviado para a 
€rea motora prim€ria para que, sˆ ento, o programa ou projeto motor seja, enfim, executado). Les†es dessas frequentemente 
causam apraxias, que so quadros clƒnicos correspondentes ‡s agnosias j€ descritas a propˆsito das €reas sensitivas secund€rias. 
Nas apraxias h€ incapacidade de executar determinados atos volunt€rios, sem que exista qualquer d„ficit motor. Nesse caso, a leso 
se localiza nas €reas corticais de associa‰o relacionadas com o planejamento dos atos volunt€rio e no naexecu‰o desses atos. 
Por exemplo, um indivƒduo apr€xico „ incapaz de executar corretamente a sequ‚ncia de movimentos necess€rios para acender um 
cigarro e coloc€-lo na boca, ou mesmo a sequ‚ncia pr€tica para se dar partida a um carro. 
 Área motora suplementar: ocupa a parte mais alta da área 6 de Brodmann, situada na face medial do giro frontal 
superior. Suas principais conex†es so com o corpo estriado (n‹cleo caudado e n‹cleo lentiforme), via t€lamo e com a €rea 
motora prim€ria. Do ponto de vista funcional, relacionam-se com a concep‰o ou planejamento de sequ‚ncia complexas de 
movimentos, como o prˆprio movimento fino dos dedos, por exemplo, e sabe-se que ela „ ativada juntamente com a €rea 
motora prim€ria, quando esses movimentos so executados. Admite-se que para essa fun‰o de planejamento de 
movimentos complexos sejam importantes as amplas conex†es aferentes que a €rea motora suplementar recebe o corpo 
estriado, que tamb„m est€ envolvido no planejamento motor. Comparando a realiza‰o de um movimento com a 
constru‰o de um pr„dio, a €rea motora suplementar funciona como um arquiteto, que planeja a obra e envia para o 
cerebelo e corpo estriado; estes, por sua vez, funcionam como engenheiros, que modulam e estabelecem o programa 
motor para enviar de volta ao cˆrtex, mas dessa vez, para o cˆrtex motor prim€rio; este funciona, nesta met€fora, como o 
peão da obra, que realiza efetivamente a obra – a realiza‰o do movimento.
 Área pré-motora: localiza-se no lobo frontal, adiante da €rea motora prim€ria, e ocupa toda a extenso da área 6, situada 
na face lateral do hemisf„rio cerebral. Œ muito menos excit€vel que a €rea motora prim€ria, exigindo correntes el„tricas 
mais intensas para que se obtenham respostas motoras. As respostas obtidas so menos localizadas que as que se obt„m 
por estƒmulo da €rea 4 e esto relacionados a grupos musculares maiores, como no caso dos m‹sculos do tronco ou da 
base dos membros. Esse fato se faz verdade quando nos tratamos de les†es da €rea pr„-motora, em que esses m‹sculos 
apresentam for‰a diminuƒda (paresia), o que impede que o paciente, por exemplo, eleve os membros. Admite-se que isso 
se deva ao fato de que a €rea pr„-motora tem proje‰†es para a forma‰o reticular de onde se originam o tracto retƒculo-
espinhal, principal respons€vel pelo controle motor da musculatura axial e proximal dos membros no homem. A €rea pr„-
motora projeta-se tamb„m para a €rea motora prim€ria e recebe afer‚ncias do cerebelo (via t€lamo) e de v€rias €reas de 
associa‰o do cˆrtex. Atrav„s da via cˆrtico-retƒculo-espinhal, que nela se origina, a €rea pr„-motora coloca o corpo, 
especialmente os membros, em uma postura b€sica preparatˆria para a realiza‰o de movimentos mais delicados, a cargo 
da musculatura distal dos membros.
 Campo ocular frontal: se estende para frente, a partir de €rea da face no giro pr„-central para o giro frontal m„dio (área 8 
de Brodmann). Estimula‰o el„trica dessa regio provoca movimentos conjugados dos olhos, em especial, para o lado 
oposto. O campo ocular frontal „ considerado controlador dos movimentos volunt€rios de busca (scanning movements) do 
olho, sendo independentes dos estƒmulos visuais. Suas conex†es com a €rea visual prim€ria e com os n‹cleos pr„-tectais 
do mesenc„falo (que se ligam, por sua vez, aos n‹cleos motores e parassimp€ticos do N. ˆculomotor dos dois lados) o 
responsabiliza, em parte, pelo reflexo de acomodação do cristalino. 
 Área de Broca: situada nas partes opercular e triangular do giro frontal inferior, correspondendo ‡ área 44 e parte da área 
45 de Brodmann, a €rea de Broca „ respons€vel pela programa‰o da atividade motora relacionada com a expresso da 
linguagem. Para essa fun‰o, a €rea de Broca localiza-se bem a frente da €rea motora que controla os m‹sculos 
relacionados com a fona‰o. Relaciona-se ainda com o lobo da ’nsula (profundamente ao giro frontal inferior), importante 
para o planejamento ou coordena‰o dos movimentos articulatˆrios necess€rios ‡ fala. Œ comum dizer que os fonemas das 
palavras que foram aprendidas durante toda a vida escolar esto armazenados nesta €rea. Les†es da €rea de Broca 
resultam em d„ficits de linguagem denominados afasias.
ÁREAS DE ASSOCIAÇÃO TERCIÁRIAS
As €reas terci€rias ocupam o topo da hierarquia funcional no cˆrtex cerebral. Elas so classificadas como supra-modais, ou 
seja, no se relacionam isoladamente com nenhuma modalidade sensorial. Recebem e integram as informa‰†es sensoriais j€ 
elaboradas por todas as €reas secund€rias e so respons€veis tamb„m pela elabora‰o das diversas estrat„gias comportamentais.
 Área pré-frontal: compreende a parte anterior no-motora do lobo frontal, ocupando cerca de 1/4 da superfƒcie do cˆrtex 
cerebral, incluindo as €reas 9, 10, 11, 12, 32 e 47 de Brodmann. Est€ relacionada diretamente com comportamentos: 
aten‰o, centro inibitˆrio de atitudes, intelig‚ncia, intelectualidade, afetividade, etc. Atrav„s dos fascƒculos de associa‰o 
presentes no cˆrtex, ela recebe fibras de todas as demais €reas de associa‰o do cˆrtex, ligando-se ainda ao sistema 
lƒmbico. Especialmente importantes so as extensas conex†es recƒprocas que ela mant„m com o n‹cleo dorsomedial do 
t€lamo e suas conex†es com o hipot€lamo. Um indivƒduo que sobrevive a um acidente em que haja acometimento dessa 
€rea, geralmente „ acometido de uma perda do senso de responsabilidades sociais e de desinibi‰o para com atos 
obscenos. Seu comportamento habitual e rela‰†es sociais e familiares mudam drasticamente.H€ cirurgias que consistem em 
uma sec‰o bilateral da parte anterior dos lobos frontais, passando adiante dos cornos anteriores dos ventrƒculos laterais,
para o tratamento de doentes psiqui€tricos com quadros de depresso e ansiedade. Uma consequ‚ncia indesej€vel deste 
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procedimento (leucotomia) „ que muitos pacientes perdem a capacidade de discernir e julgar sobre os comportamentos mais 
adequados diante de cada situa‰o, podendo, por exemplo, com a maior naturalidade, urinar, defecar ou masturbar-se em 
p‹blico. Por meio de dados experimentais e clƒnicos, conclui-se ento que esta €rea est€ envolvida pelo menos nas 
seguintes fun‰†es:
 Escolha das op‰†es e estrat„gias de comportamento mais ideais ‡ situa‰o fƒsica e social do indivƒduo.
 Manuten‰o da aten‰o. Al„m da €rea pr„-motora, outras €reas cerebrais (como a forma‰o reticular) esto 
envolvidas no fen…meno da aten‰o. Entretanto, os aspectos mais complexos dessa fun‰o, como por exemplo, a 
capacidade de seguir sequ‚ncias ordenadas de pensamentos depende fundamentalmente da €rea pr„-frontal.
 Controle do comportamento emocional, fun‰o exercida juntamente com o hipot€lamo e o sistema lƒmbico.
 Área temporoparietal: compreende o lˆbulo parietal inferior, incluindo os giros supramarginal (área 40) e angular (área 39), 
estendendo-se tamb„m ‡s margens do sulco temporal superior e parte do lˆbulo parietal superior. Situa-se, pois, entre as 
€reas secund€rias auditiva, visual e somest„sica, funcionando como um centro que integra informa‰†es recebidas por estas 
tr‚s €reas. A €rea temporoparietal „ importante para percep‰o espacial, permitindo ao indivƒduo determinar as rela‰†es 
entre os objetos no espa‰o pessoal e extrapessoal. Ela permite tamb„m que se tenha uma imagem das partes componentes 
do prˆprio corpo, razo pela qual j€ foi tamb„m denominada área do esquema corporal. Les†es nesta €rea so 
caracterizadas por uma desorienta‰o espacial generalizada, que faz com que o paciente no mais consiga deslocar-se de 
casa para o trabalho, por exemplo. E nos casos mais graves, o paciente „ incapaz de dirigir-se de uma cadeira para a cama. 
Entretanto, o caso clƒnico mais caracterƒstico das les†es da €rea temporoparietal (mais especificamente do 
lado direito) „ a chamada síndrome de negligência (sƒndrome de inaten‰o), quese manifesta nas les†es 
do lado direito, ou seja, relacionado com os processos vƒsuo-espaciais. Pode-se considerar um quadro de 
neglig‚ncia em rela‰o ao prˆprio corpo ou ao espa‰o exterior. No primeiro caso, o paciente perde a 
no‰o do seu esquema corporal, deixa de perceber a metade esquerda de seu corpo como fazendo parte 
de seu ‘eu’ passando a negligenci€-la. Assim, ele deixa de se lavar, fazer barba ou cal‰ar sapatos do lado 
esquerdo, no porque no possa faz‚-lo, mas simplesmente porque para ele, a metade esquerda de seu 
corpo no o pertence. No caso da sƒndrome de neglig‚ncia em rela‰o ao espa‰o extrapessoal, que pode 
ser concomitante com o quadro anterior, o paciente passa a agir como se o lado esquerdo do mundo 
deixasse de existir de qualquer forma significativa para ele. Assim, ele sˆ escreve na metade direito do 
papel, sˆ l‚ metade direita das senten‰as e sˆ come o alimento colocado no lado direito do prato.
 Áreas límbicas: as €reas corticais de associa‰o lƒmbicas compreendem o giro do cƒngulo (€rea 23, 24, 31 e 33 de 
Brodmann), o giro para-hipocampal e o hipocampo. Essas €reas, relacionadas principalmente com a memˆria e o 
comportamento emocional, integram o sistema límbico.
OBS4: Áreas relacionadas com a linguagem e afasias. A linguagem verbal „ um fen…meno complexo do qual participam €reas 
corticais e subcorticais. Por„m, sem menor d‹vida, o cˆrtex cerebral tem o papel mais importante. Admite-se, pois, a exist‚ncia de 
apenas duas €reas corticais para a linguagem: uma anterior e outra posterior, sendo ambas de associa‰o. A área anterior da 
linguagem corresponde ‡ prˆpria €rea de Broca (44 e 45 de Brodmann), estando relacionada com a expressão da linguagem. A área 
posterior da linguagem situa-se na jun‰o entre os lˆbulos temporal e parietal e corresponde ‡ parte mais posterior da €rea 22 de 
Brodmann (Área de Wernicke), estando relacionada basicamente com a percepção da linguagem.
Essas duas €reas esto ligadas pelo fascículo longitudinal superior (fascículo arqueado), atrav„s do qual informa‰†es relevantes para 
a correta expresso da linguagem passam da €rea de Wernicke para a €rea de Broca. Na fala, a regio de Broca ativa as regi†es da 
boca e da lƒngua do giro pr„-central (cˆrtex motor). O giro angular coordena, por sua vez, as entradas no cˆrtex visual, auditivo e 
somest„sico para influenciar a regio de Wernicke.
Les†es dessas €reas do origem a dist‹rbios de linguagem denominados de afasias. Nas afasias, as perturba‰†es da linguagem no 
podem ser atribuƒdas a les†es das vias sensitivas ou motoras envolvidas na fona‰o, mas apenas leso das €reas corticais de 
associa‰o respons€veis pela linguagem. Distinguem-se alguns tipos b€sicos de afasias:
o Afasia motora (afasias de expressão ou de Broca): a leso ocorre na €rea de Broca, em que o indivƒduo „ ainda 
capaz de compreender a linguagem falada ou escrita (pois a €rea de Wernicke est€ intacta), mas tem dificuldade de se 
expressar adequadamente, falando ou escrevendo. Nos casos mais comuns, ele consegue apenas produzir poucas 
palavras com dificuldade e tende a encontrar as frases falando ou escrevendo de maneira telegr€fica.
o Afasia sensitiva ou de percepção (afasias de Wernicke): a compreenso da linguagem tanto falada quanto escrita 
„ deficiente. H€ tamb„m algum d„ficit na expresso da linguagem, uma vez que o perfeito funcionamento da €rea de 
Broca depende de informa‰†es que recebe da €rea de Wernicke, atrav„s do fascƒculo arqueado.
o Afasia de condução: leso do fascƒculo arqueado, em que a compreenso da linguagem „ normal (pois a €rea de 
Wernicke est€ integra), mas existe um d„ficit de expresso devido ‡ incapacidade de transporte de impulsos at„ a €rea 
de Broca.
OBS5: Al„m da €rea de Broca (cˆrtex motor associativo), da €rea de Wernicke (cˆrtex associativo sensorial) e do fascƒculo arqueado, 
existem outras €reas corticais – tamb„m de associa‰o – que se relacionam com os processos de produ‰o cortical da linguagem e 
que, de alguma forma, se comunicam com essas €reas pr„-citadas.
 Lobo da Ínsula: a ƒnsula „ a €rea do cˆrtex localizada no fundo do sulco lateral, formando seu assoalho. Histologicamente, 
sua parte posterior „ granular e a parte anterior „ agranular, semelhante ‡s €reas corticais adjacentes. Suas fibras de 
conexo sˆ so parcialmente conhecidas, mas admite-se que o tractos na substŠncia subcortical da ƒnsula proporcionam 
conex†es adicionais entre as €reas de Broca e de Wernicke. Acredita-se que a ƒnsula seja importante para o planejamento e 
coordena‰o dos movimentos articulatˆrios necess€rios ‡ fala. Pacientes com les†es na ƒnsula (que „ irrigada pelas art„rias 
lentƒculo-estriadas) apresentam dislalia, ou seja, dificuldade na pron‹ncia dos fonemas em sua sequ‚ncia correta, 
produzindo, usualmente, sons que so prˆximos da palavra-alvo, mas que no so inteiramente corretas (passam a falar 
“tasa” ao inv„s de “casa”).
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 Giro angular e supramarginal: sabe-se que estes dois giros fazem parte da €rea de associa‰o terci€ria temporoparietal e 
que, portanto, integram todas as informa‰†es somest„sicas, visuais e auditivas pertinentes ao lado oposto do corpo. Mais 
importantes so tamb„m as conex†es diretas que estes giros (o angular, em especial) realizam entre o cˆrtex visual prim€rio 
e a €rea de Wernicke. Por esta razo, o giro angular torna-se importante para leitura e fun‰†es no verbais semelhantes da 
linguagem (figuras ou fotos). O giro supramarginal tamb„m se situa entre o cˆrtex visual e as €reas perisylvianas posteriores 
da linguagem e admite-se que ele esteja envolvido, al„m de fun‰†es visuais, tamb„m com fun‰†es t€teis (leitura braile, por 
exemplo) da linguagem.
 Centro de Exner: „ uma €rea cortical supostamente relacionada com a escrita que se situa no giro frontal m„dio do lobo 
frontal dominante (bem prˆximo ao campo ocular frontal) e imediatamente anterior ao cˆrtex motor prim€rio da mo. Pode 
haver tratos de substŠncia branca ligando as €reas de Wernicke e de Exner ao fascƒculo arqueado.
OBS6: Um fato importante „ que, na maioria dos indivƒduos, as €reas corticais da linguagem se localizam apenas no lado esquerdo 
devido ‡ presen‰a de uma assimetria das funções corticais.
ASSIMETRIA DAS FUN‚ˆES CORTICAIS
Desde o s„culo passado, os neurologistas sempre 
constataram que as afasias esto quase sempre associadas a 
les†es no hemisf„rio esquerdo e que les†es do lado direito sˆ 
excepcionalmente causam dist‹rbios de linguagem. Com isso, do 
ponto de vista funcional, pode-se chegar ‡ concluso que os 
hemisf„rios cerebrais no so sim„tricos e que na maioria dos 
indivƒduos as €reas da linguagem esto localizadas apenas do lado 
esquerdo.
Existe, portanto, uma assimetria nas fun‰†es corticais: o 
hemisf„rio esquerdo est€ mais relacionado com a linguagem, tanto 
na parte motora quanto na compreenso, al„m de apresentar
rela‰†es com o comportamento intelectual e intelig‚ncia; j€ o 
hemisf„rio direito est€ mais relacionado com as tend‚ncias musicais, 
artƒsticas e no‰†es espaciais (pessoal e extrapessoal).
Surgiu assim o conceito de que o hemisf„rio esquerdo seria o 
hemisfério dominante, enquanto o hemisf„rio direito exerceria um 
papel secund€rio. Na realidade, sabe-se que, se o hemisf„rio 
esquerdo „ mais importante do ponto de vista da linguagem e do 
raciocƒnio matem€tico, o direito „ ‘dominante’ no que diz respeito ao 
desempenho de certas habilidades artƒsticas como m‹sica e pintura, 
‡ percep‰o de rela‰†es espaciais ou ao reconhecimento da 
fisionomia das pessoas.
Conv„m assinalar que a assimetria funcional dos hemisf„rios cerebrais se manifesta apenas nas €reas de associa‰o, uma 
vez que o funcionamento das €reas das €reas de proje‰o, tanto motoras como sensitivas, „ igual dos dois lados.
OBS7: Curiosas so as rela‰†es entre dominŠncia cerebral na linguagem e o uso preferencialda mo. Em 96% dos indivƒduos 
destros, o hemisf„rio dominante „ o esquerdo, mas nos indivƒduos canhotos ou ambidestros esse valor cai para 70%. Isso significa 
que em um canhoto „ mais difƒcil prever o lado em que se localizam os centros da linguagem. Essa informa‰o „ importante para um 
neurocirurgio que pretenda operar regi†es prˆximas ‡s €reas de Broca ou de Wernicke de um indivƒduo, pois qualquer a‰o 
intempestiva nessas €reas poderia causar uma afasia. Para saber com seguran‰a o lado em que esto os centros de linguagem, o 
cirurgio injeta em uma das carˆtidas um anest„sico de a‰o muito r€pida (amital sˆdico) enquanto pede ao paciente que comece a 
contar em voz alta (teste de Wada). A droga „ levada preferencialmente ao hemisf„rio do mesmo lado em que foi injetada e nele 
causa um breve perƒodo de disfun‰o: se nesse hemisf„rio estiverem os centros da linguagem, o paciente p€ra de contar e no 
responde ao comando para continuar.
Sabe-se hoje que na maioria das pessoas a regio do lobo temporal correspondente ‡ €rea de Wernicke „ maior ‡ esquerda 
do que ‡ direita. 
A assimetria funcional entre os dois hemisf„rios torna mais importante o papel do corpo caloso de transmitir informa‰†es entre 
eles. Isso ficou provado pelo estudo de pacientes em que essa comissura foi seccionada cirurgicamente para melhorar certos quadros 
de epilepsia. Esses indivƒduos no t‚m nenhum dist‹rbio sensitivo ou motor evidente. Entretanto, so incapazes de descrever um 
objeto colocado na sua mo esquerda, embora possam faz‚-lo quando o objeto „ colocado na sua mo direita. Neste caso, as 
impress†es sensoriais do objeto chegam diretamente ao hemisf„rio esquerdo, dominante, onde esto as €reas de linguagem, o que
permite a descri‰o do objeto. J€ no caso em que o objeto „ colocado na mo esquerda, os impulsos sensoriais chegam ao 
hemisf„rio direito, onde no existem €reas de linguagem. Como esto lesadas as fibras do corpo caloso, que, no indivƒduo normal, 
transmitem as informa‰†es aos centros da linguagem no hemisf„rio esquerdo, o indivƒduo, apesar de reconhecer o objeto (no seu 
hemisf„rio direito), „ incapaz de descrev‚-lo (utilizando o hemisf„rio esquerdo) por no haver mais a comunica‰o comissural entre os 
dois hemisf„rios.
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APLICA‚ˆES CL‰NICAS
As les†es cerebrais focais, como por exemplo, causadas por tumores ou por acidente vascular cerebral, produzem tr‚s tipos de 
sinais e sintomas clƒnicos:
 Crises epiléticas parciais. As descargas repetitivas de grupos de neur…nios em uma determinada €rea do cˆrtex cerebral 
produzem ataques paroxƒsticos de curta dura‰o e refletem as propriedades funcionais pertinentes ‡quele grupo de 
neur…nios em questo. O paciente pode experimentar ataques s‹bitos de movimentos ou sensa‰†es anormais (crises 
parciais simples) ou breves altera‰†es da percep‰o do humor ou do comportamento (crises parciais complexas). As 
crises parciais podem desencadear convulsões complexas (crises generalizadas tônico-clônicas), caracterizadas por 
contra‰†es t…nicas e movimentos cl…nicos generalizados.
 Deficiência sensório-motora. Ocorre perda das sensa‰†es e dos movimentos, detect€veis no exame clƒnico neurolˆgico.
 Deficiências psicológicas. Ocorrem rupturas nos processos psicolˆgicos, como na linguagem, na percep‰o e na memˆria, 
demonstr€veis pela avalia‰o psicolˆgica.
Lesões do lobo frontal esquerdo
o Crises parciais: movimentos abruptos paroxƒsticos dos membros contralaterais (chamados de “motores simples”).
o Defici‚ncia sensˆrio-motora: ocorre fraqueza da face (musculatura do quadrante inferior) e sinais de neur…nio motor 
superior nos membros do lado oposto ao da leso (hemiplegia contralateral).
o Defici‚ncia psicolˆgica: a fala sˆ „ produzida mediante grande esfor‰o e articula‰o prejudicada, em trechos breves, 
com erros de palavras (parafasia). A repeti‰o das palavras fica comprometida, mas a capacidade de compreenso 
fica relativamente preservada. Esse quadro „ conhecido como afasia de Broca. Tamb„m ocorre comprometimento 
da leitura (alexia) e da escrita (agrafia).
Lesão do lobo parietal esquerdo
o Crises parciais: ataques paroxƒsticos de sensa‰†es anormais, propagadas pelo lado contralateral do corpo (crises 
sensoriais).
o Defici‚ncia sensˆrio-motora: perda hemissensorial contralateral e perda contralateral de parte do campo visual 
inferior (quadrantanopsia inferior direita).
o Defici‚ncias psicolˆgicas: incapacidade de dar nome aos objetos (anomia), com incapacidade de ler (alexia), 
escrever (agrafia) e calcular (acalculia).
Lesão do lobo parietal direito
o Crises parciais: ataques paroxƒsticos de perturba‰†es sensoriais que afetam o lado contralateral do corpo (crises 
sensoriais simples).
o Defici‚ncia sensˆrio-motora: perda hemissensorial contralateral e perda contralateral de parte do campo visual 
inferior (quadrantanopsia inferior esquerda).
o Defici‚ncias psicolˆgicas: incapacidade de copiar e de construir esquemas devido ‡ desorienta‰o espacial (apraxia 
de constru‰o). Les†es do lˆbulo parietal inferior (respons€vel pela informa‰o sensorial geral e pelo conhecimento 
consciente da metade contralateral do corpo) comprometem a interpreta‰o e a compreenso das entradas 
sensoriais que nele chegam, e podem causar abandono da outra metade do corpo.
Lesões do lobo temporal esquerdo
o Crises parciais: ataques paroxƒsticos de insensibilidade, de comportamento sem objetividade (automatismos), 
alucina‰†es olfativas e visuais ou auditivas complexas (déjà-vu, do franc‚s, “já visto antes”). Esses ataques so 
referidos como crises parciais complexas.
o Defici‚ncia sensˆrio-motora: perda contralateral de parte do campo visual superior (quadrantanopsia superior 
contralateral).
o Defici‚ncia psicolˆgica: a fala „ fluente e r€pida, mas cont„m erros de palavras (parafasia) e „ incompreensƒvel. 
Existe enorme dificuldade de encontrar palavras, comprometimento da repeti‰o das palavras e perda profunda da 
compreenso. Esse quadro „ conhecido como afasia de Wernicke.
Lesões do lobo occipital: as les†es bilaterais do cˆrtex occipital causam cegueira cortical, da qual o paciente no tem 
conhecimento (anosognosia de cegueira ou sƒndrome de Anton). Les†es bilaterais parieto-occipitais podem poupar a viso 
elementar, mas impedem o reconhecimento e descri‰o dos objetos (agnosia visual perceptiva).
o Crises parciais: alucina‰†es visuais paroxƒsticas de natureza simples, sem forma, como luzes e cores (crises parciais 
simples).
o Defici‚ncia sensˆrio-motora: perda do campo visual contralateral (hemianopia hom…nima contralateral).
Les†es relacionadas com a parte súpero-lateral giro pré-central, seja ela por trauma direto, tumor ou isquemia da A. cerebral 
m„dia, devido a esta €rea estar relacionada com o cˆrtex motor prim€rio da regio superior do corpo (inclusive membros 
superiores e face), sabidamente causam d„ficits motores contralaterais (hemiparesias e hemiplegias com predomƒnio 
braquiofacial), com distribui‰o e extenso dependentes da €rea cortical e/ou do contingente de fibras motoras acometidas. 
Se a leso estiver relacionada com a parte mais anterior do lóbulo para-central, na face medial do enc„falo, seja por 
isquemia da A. cerebral anterior ou qualquer outro motivo, o paciente apresentar€ hemiplegia relacionado com o membro 
inferior contra-lateral (hemiplegia crural).
o Les†es da €rea motora prim€ria: hemiplegia contralateral.
o Les†es da €rea motora suplementar: dificuldade no planejamento do movimento, sem haver paralisia (apraxia). O 
indivƒduo acometido, neste caso, sente uma dificuldade imensa de abotoar uma camisa, por exemplo, ou de seguir 
uma sequ‚ncia lˆgica de eventos para um determinando fim (atos acender, por o cigarro na boca e fum€-lo, por 
exemplo) 
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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Lesõesda área somatossensitiva (áreas 3, 1 e 2 de Brodmann) causam comprometimento contralateral do tato e da pressão 
particularmente notados ao exame concomitantemente bilateral dessas modalidades sensitivas, observando-se assim o 
chamado fenômeno de extinção da estimulação pertinente ao hemicorpo contralateral à lesão e também comprometimento 
da noção proprioceptiva contralateral. O comprometimento da percepção dolorosa por sua vez se relaciona mais 
particularmente com o acometimento de áreas sensitivas secundárias.
o Se a lesão ocorrer na área sensitiva primária (área 3, 1 e 2), há perda da sensibilidade relativa ao tato, dor e 
temperatura na metade lateral do corpo.
o Já se a lesão ocorrer em nível da área sensitiva secundária (áreas 5 e 7), o paciente não tem a perda desta 
sensibilidade, mas se torna incapaz de identificar as características desse estímulo (agnosias).
Lesões frontoparietais podem causar apraxias (incapacidade de executar determinados atos voluntários sem que exista um 
déficit motor pronunciado) ideomotora e ideativa. 
o Na apraxia ideomotora, o paciente é capaz de elaborar a idéia de um ato e de executá-lo automaticamente, mas 
não é capaz de realizá-lo quando sugerido pelo neurologista. É um déficit motor secundário a uma desconexão 
entre os centros da linguagem ou visuais que compreendem o comando e as áreas motoras solicitadas a executá-lo. 
Em outras palavras, o paciente tem dificuldades em executar um comando complexo (Ex: saudar, dar adeus com a 
mão, estalar os dedos, bater continência, realizar o sinal da cruz, etc.) quando solicitado. Ele é incapaz de executar 
o ato mediante um comando do neurologista, mas pode conseguir imitá-lo.
o O paciente com apraxia ideativa, por sua vez, não é capaz de planificar e realizar um ato sobre auto-comando.
Pode ocorrer em casos de lesões da junção temporoparietal posterior esquerda. O paciente consegue executar 
componentes individuais de um ato motor complexo, mas não consegue executar a sequência inteira corretamente: 
quando solicitado a ligar um carro, o paciente pode passar as marchas antes de dar partida; quando solicitado para 
enviar uma carta pelo correio, fecha o envelope antes de por a carta dentro. 
O comprometimento do giro supramarginal (área 40 de Brodmann) do hemisfério dominante, dada a sua maior proximidade 
com as áreas de representação somatossensitiva, pode causar agnosias tácteis e proprioceptivas, distúrbios de 
discriminação direita-esquerda, do próprio esquema corporal e eventualmente quadros apráxicos mais complexos. Por estar 
mais relacionado com as sensibilidades táteis, admite-se que o giro supramarginal seja responsável pelas conexões que 
fazem com que a leitura braile seja interpretada pela área de Wernicke.
Lesões destrutivas do giro angular (área 39 de Brodmann, considerado, com frequência, parte posterior da área de Wernicke) 
dividem a via que interliga a área visual associativa e a parte anterior da área de Wernicke. Isso faz com que o paciente fique 
incapaz de ler (alexia) ou de escrever (agrafia). Como se sabe, a linguagem escrita é percebida pelo sistema visual e as 
informações transmitidas à área de Wernicke onde são interpretadas. Disfunção dos centros da linguagem ou interrupção 
das conexões destes com o sistema visual (conexões que se fazem por meio, principalmente, do giro angular) podem causar 
alexia. Devemos ter em mente também que o esplênio do corpo caloso é responsável por integrar as informações visuais que 
chegam ao córtex occipital do lado direito com a área de Wernicke do lado esquerdo. Por esta razão, lesões no esplênio 
(irrigado pelo ramo dorsal do corpo caloso, ramo da A. cerebral posterior) também podem causar alexia. Pode ocorrer 
também afasia anômica (incapacidade de dar nomes a objetos).
Síndrome de Gerstmann: é o distúrbio caracterizado pela incapacidade de distinguir e denominar os dedos da sua própria 
mão (agnosia digital), incapacidade de reconhecimento de direita-esquerda, afasia de compreensão, alexia, acalculia,
anomia, secundário a lesões parietais posteriores do hemisfério dominante (área terciária temporo-parietal esquerda). 
Dificuldades com a escrita (grafia) é bastante frequente.
Síndrome da Negligência: lesões parietais posteriores, 
principalmente do hemisfério não-dominante (área terciária 
temporo-parietal direita), podem levar o paciente a se comportar 
como se a metade contralateral do seu corpo estivesse ausente ou 
não a pertencesse. A observação de pacientes com lesões do 
córtex parietal posterior (centro responsável por convergir as fibras 
provenientes da área auditiva, somestésica e visual), geralmente 
no hemisfério direito, tem sido importante para definir melhor a sua 
função. Esses pacientes apresentam uma condição clínica 
conhecida como síndrome da indiferença (ou síndrome da 
negligência). Eles geralmente ignoram tudo o que se passa à 
esquerda: o lado esquerdo do seu corpo, o lado esquerdo dos 
objetos, o lado esquerdo co seu campo visual. Se tomarmos a sua 
mão esquerda e lhes mostrarmos, dirão que não é sua, colocarão 
o braço direito na manga correspondente, mas não o farão para o 
braço esquerdo, que permanecerá desvestido. Se pedirmos que 
desenhem uma flor, colocarão pétalas ao lado direito; um relógio 
será representado com todos os números do lado direito, apenas. 
É como se os pacientes não conseguissem posicionar-se em 
relação ao eixo de simetria bilateral das coisas (inclusive do seu 
próprio corpo), e não pudessem perceber o espaço que se localiza 
à esquerda desse eixo. A indiferença à esquerda reflete o fato de 
que o hemisfério direito é mais importante para a função de 
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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percep‰o espacial. Esta indiferen‰a atinge 
tanto o espa‰o peripessoal, isto „, aquele que 
est€ ao alcance dos membros, como o espa‰o 
extrapessoal, aquele que pode ser alcan‰ado 
apenas pelos movimentos oculares. Al„m 
desses sinais, o paciente apresenta, tamb„m, 
um reconhecimento anormal de express†es 
no-orais (expresso facial, tom de voz, humor), 
de modo tal que, ao observar figuras com 
express†es faciais diferentes, para o paciente, 
so todas iguais. Al„m disso, apresentam uma 
impersist‚ncia motora (de modo que, ao ser 
solicitado para elevar os bra‰os, por inquietude, 
ele rapidamente os rep†e). Um dos mais 
importantes sinais da sƒndrome da disfun‰o 
cortical superior do hemisf„rio no-dominante „ 
a anosognosia, que consiste no 
desconhecimento pelo paciente do seu prˆprio 
d„ficit: por exemplo, paciente com hemiplegia 
esquerda evidente (que pode estar comumente 
associada ‡ leso temporo-parietal esquerda, 
uma vez que os dois quadros podem ser 
causados pela isquemia da mesma art„ria), ao 
ser questionado de sua paralisia, ele no 
reconhece, admitindo que tudo est€ funcionando 
normalmente. H€ tamb„m apraxia construtiva 
(ou constitucional), em que o paciente „ incapaz 
de desenhar uma casa, por exemplo, uma vez 
que ele necessita da integridade neurolˆgica da 
€rea temporo-parietal esquerda para realizar a 
integra‰o dos atos de imaginar em desenh€-la, 
observar o que estar desenhando e interpretar o 
desenho. 
Les†es unilaterais restritas ao giro temporal transverso anterior (de Heschl), €rea auditiva prim€ria, e parte do giro temporal 
superior que abrigam a área auditiva primária (€rea 41 e 42 de Brodmann) no causam d„ficit auditivo significativo, dada a 
proje‰o cortical bilateral das vias auditivas. No entanto, as les†es bilaterais dessas €reas podem causar agnosia auditiva, 
tamb„m denominada de surdez verbal. J€ se a leso acontecer na €rea auditiva secund€ria, o paciente „ capaz de ouvir, 
mas no „ capaz de identificar com clareza a origem do som captado.
Les†es na área visual primária, localizada na por‰o distal dos l€bios do sulco calcarino (€rea 17 de Brodmann) causam 
agnosia visual, tamb„m denominada cegueiraou amaurose cortical (em que o indivƒduo „ capaz de ver, mas no de 
enxergar). Pacientes com les†es occipitais ou occipitoparietais bilaterais podem no ter consci‚ncia de seu d„ficit ou podem 
ter essa consci‚ncia mas negar que o d„ficit exista (anosognosia de cegueira). Neste caso, o paciente pode comportar-se 
como se conseguisse enxergar – ao tentar andar, esbarra em objetos e cai sobre as coisas (Sƒndrome de Anton). J€ les†es 
nas €reas visuais secund€rias (€reas 18 e 19 de Brodmann), podem ser respons€veis apenas por dificuldades de 
reconhecer, identificar objetos e dar nomes aos objetos (anomia), apesar de enxerg€-los perfeitamente.
Recebem o nome de afasias alguns dos dist‹rbios de linguagem falada. Estes so extremamente comuns, causados por 
quase a metade dos acidentes vasculares cerebrais, pelo menos na fase aguda. As afasias primárias podem ento ser 
classificadas de acordo com a natureza dos sintomas apresentados pelos pacientes, e correspondem tamb„m ‡ regio 
cerebral atingida. 
o A área de Broca (localizada na parte triangular e opercular do giro frontal inferior esquerdo) „ a respons€vel pelo 
aspecto motor ou de expresso da lƒngua falada. Quando esta „ lesada, o paciente apresenta uma afasia de 
expressão (ou afasia de Broca). Sem d„ficits motores propriamente ditos, torna-se ele incapaz de falar, ou 
apresenta uma fala no-fluente, restrita a poucas sƒlabas ou palavras curtas sem verbos. O paciente se esfor‰a 
muito para encontrar as palavras, sem sucesso. Como exemplo da linguagem de um paciente acometido, temos: 
“Ah... segunda-feira... ah... Papai e Paulo [o nome do paciente]... e papai... hospital. Dois... ah... E, ah... 
meia hora... e sim... ah... hospital. E, ah... quarta-feira... nove horas. E, ah... quinta-feira às dez horas... 
médicos. Dois médicos... e ah... dentes. É... ótimo.”
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o A área de Wernicke „ a respons€vel, por sua vez, pela compreenso da linguagem falada e escrita e 
anatomicamente se disp†e principalmente sobre a por‰o posterior do giro temporal superior e do giro temporal 
transverso anterior. Al„m disso, recebe, via giro angular, fibras oriundas do cˆrtex visual necess€rias para a 
compresso da linguagem escrita ou visual. Quando a leso atinge esta €rea, o quadro „ inteiramente diferente do 
pr„-citado, onde o paciente apresenta uma afasia de compreensão. Quando um interlocutor lhe fala, o indivƒduo 
no parece compreender bem o que lhe „ dito. No sˆ emite respostas verbais sem sentido, como tamb„m „ falha 
em indicar com gestos que possa ter compreendido o que lhe foi dito. Sua fala espontŠnea „ fluente, mas usa 
palavras e frases desconexas porque no compreende o que ele prˆprio est€ dizendo. Œ comum o uso de 
neologismos. Como exemplo da linguagem de um paciente acometido, temos: 
“Queria lhe dizer que isso aconteceu quando aconteceu quando ele alugou. Seu... seu bon€ cai aqui e fica
estripulo... ele alu alguma coisa. Aconteceu. Em tese os mais gelatinosos estavam ele para alu... € amigo... 
parece €. E acabou de acontecer, por isso no sei, ele no trouxe nada. E no pagou.”
o Al„m dessas duas €reas, h€ a influ‚ncia an€tomo-funcional do fascículo arqueado (fascƒculo longitudinal superior). 
Wernicke (neurologista alemo que primeiro descreveu a afasia de compreenso) raciocinou que se a expresso „ 
fun‰o da €rea de Broca, e se a compreenso „ fun‰o da €rea que levou seu nome, ento ambas devem estar 
conectadas para que os indivƒduos possam compreender o que eles mesmos falam e respondem ao que os outros 
lhes falam. De fato, existem conex†es entre essas duas €reas linguƒsticas atrav„s desse feixe ou fascƒculo 
arqueado. Wernicke previu que a leso desse feixe deveria provocar uma afasia de condução, na qual os 
pacientes seriam capazes de falar espontaneamente, embora cometessem erros de repeti‰o e de resposta a 
comandos verbais. Em di€logos entre neurologistas e pacientes acometidos deste tipo de afasia, obviamente, „ 
capaz de compreender o que o neurologista disse, mas como no foi capaz de repetir, emitiu uma frase diferente, 
mas de sentido equivalente:
Neurologista: “Repita esta frase: O tanque de gasolina do carro vazou e sujou toda a estrada”.
Paciente: “A rua ficou toda suja com o vazamento”.
OBS8: O modelo neurolinguƒstico de Wernicke considerava, ento, que a €rea de Broca conteria os programas motores da fala, ou 
seja, as memˆrias dos movimentos necess€rios para expressar os fonemas que aprendemos ao longo da vida, comp…-los em 
palavras e estas em frases (afinal, a €rea de Broca „ adjacente ‡ €rea pr„-motora, em regio bastante somatotˆpica da face). A €rea 
de Wernicke, por outro lado, conteria as memˆrias dos sons que comp†em as palavras, possibilitando a compreenso (ademais, a 
€rea de Wernicke fica no giro temporal superior, vizinha ‡s €reas auditivas). Bastaria que esta €rea fosse conectada com a primeira 
para que o indivƒduo pudesse associar a compreenso das palavras ouvidas com a sua prˆpria fala.
Pronúncia 
e Ritmo da 
fala
Conteúdo
Da fala
Repetição
Da fala
Compreensão 
da linguagem 
falada
Compreensão 
da linguagem 
escrita
Escrita Nomeação
Afasia de 
Broca
Disartria 
gaguejante, 
for‰ada
Falta de 
sƒlabas, sem 
gram€tica, 
telegr€fica
Anormal, 
mas melhor 
do que 
espontŠnea
Normal
No to boa 
quanto da 
linguagem falada
Descuidada, 
sem 
gram€tica, 
erros de 
ortografia
Melhor do que a 
fala espontŠnea
Afasia de 
Wernicke
Normal, 
fluente, 
loquaz
Uso de 
palavras 
erradas ou 
inexistentes
Anormal Muito
anormal
Anormal, mas 
melhor do que a 
falada
Caligrafia 
normal, mas 
com erros de 
ortografia
Nomes errados
Afasia de 
condução Normal
Algumas 
palavras 
erradas
Anormal Levemente 
anormal
Frequentemente 
normal
Erros 
ocasionais de 
ortografia e 
linguagem
Ocasionalmente 
nomes errados
OBS9: Segundo DeJong, a dimenso da linguagem que se localiza no hemisf„rio no-dominante ainda „ uma questo discutida. 
Admite-se que les†es do hemisf„rio no-dominante (como no giro frontal inferior direito) causam dist‹rbios da fala que afetam os 
elementos no-linguisticos da linguagem. H€, por exemplo, perda ou comprometimento do ritmo e dos elementos emocionais da 
linguagem. Ocorre, por exemplo, disprosódia (o termo prosˆdia refere-se aos aspectos melˆdicos da fala - modula‰o, entona‰o, 
volume, conte‹do emocional, etc.). Em outras palavras, os pacientes perdem a capacidade de transmitir emo‰o pela fala ou de 
detectar a emo‰o expressa por outras pessoas. A fala disprosˆdica „ plana e monˆtona, sem inflexo nem emo‰o.
OBS10: Les†es nos giros angular e supramarginal do lado esquerdo tamb„m esto relacionadas com dist‹rbios da linguagem, uma 
vez que ambas as estruturas apresentam conex†es direta com a €rea Wernicke e com a interpreta‰o de linguagem. Em resumo, 
temos as seguintes rela‰†es:
 A linguagem verbal „ primeiramente captada pelas vias auditivas, processada pelas €reas prim€rias e secund€rias da audi‰o 
e, por contiguidade, levada at„ a €rea de Wernicke que, como se sabe, localiza-se na prˆpria €rea auditiva secund€ria (em 
sua por‰o mais posterior).
 A linguagem visual „ primeiramente captada pelas vias ˆpticas, processada pelas €reas visuais prim€rias e secund€rias 
localizadas no lobo occipital e temporal e, posteriormente, via conex†es com o giro angular e supramarginal, levada at„ a 
€rea de Wernicke, onde „ interpretada. E rela‰o anat…mica „ tamanha que se percebe que o giro angular est€ situado entre 
as €reas corticais da viso e a €rea de Wernicke.
 Admite-se que a linguagem tateada (como a leitura braile) seja processada pelas €reas somest„sicas prim€rias e secund€rias 
e, via giro supramarginal, enviada e interpretada pela €rea de Wernicke.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3– 2008.2
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