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Portfolio Serviço Social 1 semestre

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
CIÊNCIAS HUMANAS
produção textual INTERDISCIPLINAR EM GRUPO 
A QUESTÃO DA TERRA NO BRASIL: HISTÓRICOS DESAFIOS DA REALIDADE BRASILEIRA
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Além Paraíba 
2017
produção textual INTERDISCIPLINAR EM GRUPO 
A QUESTÃO DA TERRA NO BRASIL: HISTÓRICOS DESAFIOS DA REALIDADE BRASILEIRA
Trabalho apresentado ao Curso de Serviço Social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas de Educação à Distância Homem Cultura E Sociedade, Responsabilidade Social e Ambiental, Psicologia e Políticas Públicas, Metodologia Científica, Seminário Interdisciplinar I
Professores: Valquíria Caprioli, Altair Ferraz Neto, Maria Luiza Mariano, Mayra Campos Francisca, Maria Gisele de Alencar, Paulo Sérgio Aragão.
Além Paraíba
2017
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................2
A QUESTÃO DA TERRA COM ÊNFASE NO TRABALHADOR RURAL........3
CENÁRIO DE CONCENTRAÇÃO DE TERRA ENTRE O PEQUENO E O GRANDE PROPRIETÁRIO RURAL.................................................................5
O CENÁRIO AGRARIO CONTEMPORÂNEO BRASILEIRO..........................8
CONCLUSÃO..................................................................................................12
REFERÊNCIAS...............................................................................................13
1INTRODUÇÃO
A terra e a democracia aqui não se encontram. Negam-se, renegam-se. Por isso, para se chegar à democracia é fundamental abrir a terra, romper essas cercas que excluem e matam, universalizar esse bem, acabar com o absurdo, restabelecer os caminhos fechados, as trilhas cercadas, os rios e lagos apropriados por quem, julgando-se dono do mundo, na verdade o rouba de todos os demais.
Hebert de Souza, o Betinho
O Brasil herdou do período colonial práticas concentradoras de terras e até hoje o país apresenta problemas relacionados à distribuição de terras. Este trabalho objetivou estudar as disparidades provenientes da estrutura fundiária, a questão do trabalhador rural e uso da terra, o pequeno e o grande proprietário rural e o cenário agrário contemporâneo.
Verifica-se que o país não apresentou mudanças significativas em relação à estrutura fundiária. Isso por que, segundo Carvalho (2005), os governos federais não têm tido interesse político em realizar a reforma agrária, respondendo às pressões dos movimentos sociais com políticas compensatórias de assentamentos, a fim de controlar ou persuadir a expansão dos mesmos, mas não através de políticas reestruturantes no meio rural. 
Em suma, há indícios de uma naturalização da desigualdade de terras, acompanhada da falta de políticas públicas adequadas para que haja um reordenamento da composição na distribuição de terras no país.
Este trabalho de pesquisa tem como objetivo analisar a distribuição de terras no Brasil. Desta maneira, o presente trabalho, orientado pela abordagem histórica que envolve a questão fundiária brasileira, busca analisar os níveis de concentração de terras.
Essa pesquisa parte da hipótese de que a distribuição de terras no Brasil permanece estabilizada em altos patamares de desigualdade, de modo que as políticas agrárias e fundiárias não têm sido eficientes no sentido de modificar a estrutura fundiária brasileira, pelo menos no que se refere ao curto prazo.
2 A QUESTÃO DA TERRA COM ÊNFASE NO TRABALHADOR RURAL
A luta pela terra não é um fato novo na história do Brasil. No decorrer dos séculos, ela tem sido a expressão das contradições de regimes que historicamente se sucederam, mormente o regime de propriedade que deu sustentação política à maioria dos governos.
O processo de apropriação da terra, polarizado entre o uso e a propriedade, entre a posse e o domínio, sempre foi palco de litígios e ocasião de conflitos. A terra pode significar riqueza e pobreza, vida ou morte, poder político e posição social ou marginalização. Para cada pessoa ou grupo social, ela tem um valor.
O Brasil somente será um país desenvolvido se for capaz de democratizar o acesso à terra. A concentração é a grande geradora do êxodo rural, do inchaço das grandes cidades e, acima de tudo, do alto grau de miséria e pobreza em que se encontram milhões de brasileiros. Representa, pois, um dos principais obstáculos à construção da democracia brasileira. A concentração fundiária e a imensa pobreza dela decorrente, associada ao elevado padrão de violência contra os trabalhadores rurais, estão no cerne do que se convencionou chamar de “questão agrária brasileira”. 
O resultado desse longo e contraditório processo histórico, agravado pelo modelo agrícola inaugurado pela modernização conservadora, e que agora se apresenta como agronegócio, é uma estrutura fundiária concentradora e excludente: quase metade do território brasileiro é controlada por 1,6% dos proprietários, ao passo que milhões de famílias de trabalhadores rurais esperam pela prometida e sempre postergada reforma agrária. 
A terra foi tornada propriedade privada pela agropecuária e pela divisão social do trabalho. A sociedade burguesa transformou-a em simples mercadoria, negociável no mercado. 
O Movimento do Sem Terra - MST tem chamado a atenção dos diversos segmentos da sociedade por apresentar determinadas características que o distinguem em sua trajetória de movimento social de trabalhadores e trabalhadoras do campo. Uma trajetória breve, diga-se, se o considerarmos dentro de um processo histórico mais amplo, mas longa se o compararmos com a maioria dos movimentos camponeses do Brasil, geralmente destruídos com muito menos tempo de vida.
Sem Terra é mais do que sem-terra, exatamente porque é mais do que uma categoria social de trabalhadores que não têm terra; é um nome que revela uma identidade, uma herança trazida e que já pode ser deixada aos seus descendentes, e que tem a ver com uma memória histórica, e uma cultura de luta e de contestação social. Há um processo de construção deste sujeito, que é a história da formação do sem-terra brasileiro, em um recorte político e cultural diferenciado.
Os Sem Terra se fortalecem como sujeitos e se firmam como identidade, à medida que suas ações conseguem pôr em questão e, ao mesmo tempo, afirmar valores, provocando as pessoas a pensar para além da ação que enxergam. Cada vez que caem cercas a sociedade é obrigada a olhar-se e a discutir o tamanho das desigualdades, o tamanho da opulência e da miséria, o tamanho da fartura e da fome. Em uma ocupação de latifúndio há um valor posto em questão: o da propriedade em si mesma; e há valores afirmados ou reafirmados: o da vida e do direito de lutar por ela.
Charge do cartunista Angeli
3 CENÁRIO DE CONCENTRAÇÃO DE TERRA ENTRE O PEQUENO E OGRANDE PROPRIETÁRIO RURAL
Não é de hoje que se diz que o Brasil é um país de contrastes. Mais do que isso, de contradições. Não é de hoje e nem de ontem que a principal queixa apresentada pela maioria dos movimentos que representam a luta pela terra em nosso país é o da má distribuição das terras.
A discussão em torno da concentração da terra e a reforma agrária conduzem a refletir sobre o direito e cidadania, tendo em vista que esta se articula com a noção de acesso a direitos e garantias. Para o direito se tornar universal, assegurando a todos a apropriação dos frutos do próprio trabalho, a propriedade não pode ser um privilégio de poucos, devendo ao contrário ser socializada. Nesta perspectiva de análise, se insere os princípios da reforma agrária, que precariza a redistribuição de terras de maneira equitativa.
A desproporção entre as pequenas e as grandes propriedades, entre a extensão da terra possuída pelos grandes e pelos pequenos proprietários, indica uma nítida desigualdade de condições. À diferença entre a extensão da terra correspondem necessariamente outras diferenças: nos recursos de capital, na forma e técnicade cultivo, na produtividade do trabalho.
As propriedades rurais brasileiras de pequeno e médio porte são compostas por grande parte dos agricultores do país, geralmente são trabalhadores rurais que produzem diversas culturas com pouca tecnologia e mão de obra familiar.
Ocasionalmente essas propriedades são desprovidas de aplicação de técnicas, tecnologias e conhecimentos, diante disso, sua produção agropecuária e agrícola é de baixa produtividade. Essa configuração rural encontra-se nessas condições em virtude da falta de incentivo por parte do governo, que não oferece linhas de crédito com facilidades para pagar, amparo técnico e subsídio.
Mesmo com as adversidades, esses produtores respondem por grande parte dos alimentos dispostos no mercado interno, boa parte dos alimentos da mesa dos brasileiros é oriunda dos pequenos agricultores.
Apesar da extrema relevância exercida por esses produtores rurais, quem consegue incentivo e facilidades na obtenção de créditos nas instituições financeiras para a compra de equipamentos, tecnologias, máquinas são os grandes produtores (latifundiários). Esses têm elevados índices de produtividade e, portanto, uma alta lucratividade. A produção desses grandes produtores são geralmente monoculturas destinadas à exportação e não ao mercado interno. 
Essa questão é preocupante, pois os pequenos e médios produtores convivem com dificuldades produtivas, como baixa produtividade, baixo preço, altos custos etc. Tais problemas forçam a venda das propriedades que geralmente são adquiridas por grandes latifundiários ou mesmo empresas desse ramo que desenvolvem agropecuária de precisão.
O processo em destaque merece uma reflexão, uma vez que a extinção da agricultura familiar agrava os problemas sociais, como o desemprego, diminui a oferta de alimentos, gerando, consequentemente, aumento dos seus preços. Diante dos fatos, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) tem exercido pressão junto ao governo para que disponha subsídios e recursos para tais agricultores. (FREITAS, 20010)
A questão da agricultura de pequeno porte é importante em razão do papel dos pequenos produtores na produção de alimentos no Brasil e da crescente preocupação da sociedade com os impactos das atividades humanas no meio ambiente. 
Considera-se como agricultura de pequeno porte o conjunto de produtores rurais que operam nos menores módulos de produção e utilizam mão de obra da família, o que inclui produtores de frutas e verduras, produtores integrados a agroindústrias ou agricultores de assentamentos de reforma agrária. A agricultura de pequeno porte deve ser tratada como um empreendimento empresarial e por isso deve conseguir sobreviver de forma independente nos mercados em que atua. A geração de alimentos para a subsistência pode eventualmente ocorrer como subproduto, mas o foco deve ser a geração de renda ao produtor. 
Uma das definições mais tradicionais para o conceito de sustentabilidade de uma atividade é que ela seja economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente adequada. Ainda que esses critérios sejam interdependentes entre si, a análise pode ser útil como uma primeira aproximação para uma determinada situação, oferecendo informações básicas e revelando as relações entre esses aspectos. 
A concentração desequilibrada de terras está na raiz da história brasileira. O antigo latifúndio, responsável pelas extensas propriedades rurais, se renovou e hoje gerencia um moderno sistema chamado agronegócio. Um dos principais polos do agronegócio no país, a má distribuição da terra é evidente e tem se tornado uma das principais causas de conflitos sociais.
A população do campo é quem reflete melhor a condição de desigualdade social no país, que ostenta o título de o segundo mais desigual do mundo.
Os problemas se acumularam e a reforma agrária que deve ser feita hoje, no mundo moderno, integrado internacional, exige novo modelo. Os problemas já não se resolvem só distribuindo terra, para resolver as mazelas históricas, tem que combinar distribuição da terra com instalação de agroindústrias e educação para os trabalhadores do campo.
A luta tem sido dura e desigual para os trabalhadores. Enfrentam os chamados ruralistas, sempre muito influentes no poder. 
A prevalência desse modelo, na ausência de um projeto de nação e de controles públicos adequados, define a questão agrária atual. A nova questão agrária é caracterizada pelo forte agravamento dos velhos efeitos do avanço do capital em detrimento dos trabalhadores e camponeses. 
Além disso, tem o agravamento da exploração da mão de obra; várias situações de trabalho escravo; mortes por exaustão nos canaviais paulistas; redução do emprego agrícola; aumento da morbidade; prejuízo para a segurança alimentar; degradação das condições de saúde e ineficácia das políticas públicas.
A Política Agrária oficial tem apenas cumprido o seu papel subalterno à política econômica, mostrando-se tímida e ineficaz para os sem terra e assentados de reforma agrária. 
A viabilização social e econômica de minifundiários, posseiros, parceiros e pequenos arrendatários passa também pelo acesso à terra. O papel primordial da Reforma Agrária brasileira, hoje, é fortalecer a agricultura familiar, visando construir um modelo de desenvolvimento agrícola e agrário que concilie as formas familiar e patronal de produção.
4 O CENÁRIO AGRÁRIOCONTEMPORÂNEO BRASILEIRO
A concentração de terras é uma das maiores cicatrizes do nosso país, em que poucos latifundiários controlam boa parte das terras. A consequência desse problema social histórico é a pobreza no campo, o desrespeito aos direitos sociais, à falta de emprego, a superexploração do trabalho. Isso impede o desenvolvimento das áreas rurais no país e incentiva a saída das pessoas do campo (o chamado êxodo rural), que amplia os problemas sociais nas cidades.
Os dados do censo agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram que a concentração de terras continua no mesmo patamar nos últimos 20 anos. Outro órgão que também atua na linha do desenvolvimento agrário brasileiro e que também relata o mesmo quadro é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Observe a seguinte ilustração:
Fonte: INCRA/Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR), janeiro/2013 - Povo, população e Terras Indígenas. Sistemas de Áreas Protegidas (SisArp), Instituto Socioambiental, setembro/2013.
Como podemos observar acima, no Brasil, 40% das terras destinadas à agricultura está concentrada numa pequena parcela correspondente a 1,4% dos proprietários de terra destinadas ao agronegócio. Enquanto que 60% das terras agricultáveis esta distribuída entre os 98,6% restantes à agricultura de subsistência.
A propriedade rural tem como função social, conforme o Art. 186 da Constituição Federal de 1988:
“o aproveitamento racional e adequado, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, a observância das disposições que regulam as relações de trabalho e a exploração que favoreça o bem estar dos proprietários e dos trabalhadores, sendo dever do poder público zelar para que a propriedade da terra atenda essas funções”.
Neste sentido, é importante salientar que esse direito garantido constitucionalmente não é estendido a grande parcela da população que ainda luta, sobretudo através dos movimentos sociais, por uma distribuição da propriedade mais equitativa tendo em vista a grande concentração fundiária, que é um dos principais problemas no país.
Neste contexto, podemos observar diversos problemas sociais oriundos da questão fundiária, tais como: fome e miséria no meio rural, que repercute, a partir do êxodo rural, no inchaço das cidades, criando uma grande massa de marginalizados e esta realidade, por sua vez, como um efeito dominó, a partir da falta de uma efetiva intervenção do poder público, acabam agravando os problemas sociais e econômicos não somente no campo, mas também na cidade.No que concerne ao êxodo rural, é possível observar um decrescimento no índice populacional do campo, onde 84% das pessoas viviam na zona rural, e atualmente cerca 15% da população brasileira reside em áreas rurais, de acordo com dados do IBGE.
O modo de vida no meio rural é diferente do encontrado na cidade, sendo esta mais trepidante e altamente competitiva. Um outro aspecto que merece destaque, é o processo de desativação do campo, que acaba implicando na diminuição do produto agrícola na cidade, tendo como uma das consequências o fenômeno da desestabilização econômica.
De acordo com Silva (2004)não foram os pobres do campo os causadores do êxodo rural, e muito menos dos problemas na cidade, e sim, os responsáveis pela sua expulsão- grandes proprietários e empresas, além do Estado, por sua não efetivação de políticas de incentivo a fixação do homem ao campo.
No que se refere à questão fundiária no Brasil, a intervenção estatal, a qual deveria estar voltada para implementação da proposta de reforma agrária que ainda se encontra não vinculada aos interesses do capital internacional e dos grandes proprietários de terra em detrimento da população que necessita de áreas para sua moradia e trabalho, a fim de reduzir a miséria existente no campo e aumentando a disponibilidade de alimentos para a população.
Deste modo, a política de reforma agrária deve realizar não somente a redistribuição de terras, mas uma efetiva perspectiva de qualidade de vida para a população de maneira geral, entretanto, isto não se concretiza, por depender da correlação de forças presente na conjuntura do sistema capitalista.
Além do papel do Estado, é necessário uma efetiva participação da sociedade, como exercício de cidadania, para o estabelecimento de um novo modelo de sociedade, com vistas a uma redistribuição menos desigual de renda, desta forma, as políticas fundiárias alcançariam o conjunto de trabalhadores, em especial os rurais.
Esses direitos seriam inteiramente conquistados a partir da emancipação humana, ou seja, da cidadania plena, a qual se efetivaria através da articulação entre os direitos civis, políticos e sociais. No entanto, esta articulação não seria possível num regime extremamente excludente como tem se caracterizado o sistema capitalista. 
Portanto, entendemos que a luta pela cidadania, na realidade brasileira, parte da melhor democratização da estrutura fundiária, tendo em vista que esta repercute não somente no sistema econômico, mas também no social, cultural e político, tanto da parcela da população que reside em áreas urbanas e rurais, e todo este contexto deve estar articulado a um sistema econômico mais igualitário e includente.
Temos muita terra, isso é uma realidade. Porém, ela de fato não está acessível a todos, principalmente, para as camadas sociais mais necessitadas. Tudo que envolve o seu entendimento implica em questões de ordem econômica, jurídica, social e notoriamente a ordem política, sendo essa última a maior causadora das discórdias que envolvem os conflitos no campo.
A ocupação é uma ação que inaugura uma dimensão do espaço de socialização política: o espaço de luta e resistência. Esse espaço construído pelos trabalhadores é o lugar da experiência e da formação do Movimento. A ocupação é movimento. Nela, fazem-se novos sujeitos. A cada realização de uma nova ocupação de terra, cria-se uma fonte geradora de experiências, que suscitará novos sujeitos, que não existiriam sem essa ação. A ocupação é a condição de existência desses sujeitos.
CONCLUSÃO
Após analisar a questão agrária no Brasil sob diversos aspectos, é possível afirmar que o Brasil é um país cuja distribuição de terras está altamente concentrada e altos níveis de desigualdade ainda perduram. Mesmo contendo grande quantidade de terras improdutivas, públicas e devolutas no país, o conservadorismo no campo prevalece aos interesses sociais. A realização de políticas de assentamento por parte de governos federais não se consolidam como propostas claras de políticas públicas para o setor. 
Portanto, uma vez caracterizada a questão agrária no país, pode-se concluir que ao longo da história não foi dado o devido valor a esse setor, e dessa forma, as desigualdades no campo estão longe de serem amenizadas. Pelo contrário, parece haver um acomodamento dessas desigualdades, expressa principalmente na falta de interesse político de se realizar políticas públicas eficientes na desconcentração de terras no Brasil. 
Somente através de um programa estruturado de Reforma Agrária, de caráter abrangente e com vistas ao desenvolvimento econômico seria possível mudar a realidade atual, pois, além de modificar a estrutura fundiária, o país contaria com maiores níveis de produção, gerando externalidades positivas à economia e maior bem estar social à população brasileira.
Os elementos e questionamentos levantados por esta pesquisa são imprescindíveis para a compreensão do que é a luta pela terra contemporaneamente no Brasil. Mudanças, nuances, características e dinâmicas que merecem ser estudadas e discutidas pelos interessados na questão agrária. Esta pesquisa é apenas o primeiro passo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 
CARVALHO, H. M. de. Política compensatória de assentamentos rurais como negação da reforma agrária. São Paulo: Adusp, nº 34, 2005. P 30-38.
FREITAS, Eduardo de. "Importância dos pequenos produtores no Brasil "; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/brasil/importancia-dos-pequenos-produtores-no-brasil.htm>. Acesso em 17 de abril de 2017.
IBGE. Censo Agropecuário. Brasil, 2006. Disponível em: acessado em 17 Mar, 2017.
SILVA, Maria Aparecida de Moraes. A luta pela terra: experiência e memória. São Paulo: UNESP, 2004.

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