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O regionalismo de Gilberto Freyre e o Movimento Armorial

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
DISCIPLINA: HISTÓRIA DO NORDESTE
Caio Martiniano de Brito Baima e Rodrigo da Silva Ferreira
O Regionalismo de Gilberto Freyre, Ariano Suassuna e o Movimento Armorial
Campina Grande
 Março, 2017
1.RESUMO
Observamos através de Freyre e do movimento criado por Suassuna uma perspectiva de apresentação de um nordeste artístico para o contexto exterior dialogando entre esses autores e o filme O Homem que Virou Suco para compreender o caráter cultural nordestino atrelado ao pensamento de uma construção de identidade regional. Dessa maneira citamos a eleição de Luiza Erundina em São Paulo e os preconceitos ao redor desse fato histórico. Descrevemos no desenvolvimento o que é o movimento artístico, como foi criado, quanto durou e citamos seus grandes representantes. 
Palavras-chave: Armorial; Regionalismo; Nordeste.
2. ABSTRACT
We observed through Freyre and the movement created by Suassuna a perspective of presenting an artistic northeastern to the exterior context by dialoguing between these authors and the film The Man Who Became Suco to understand the northeastern cultural character linked to the thought of a regional identity construction. In this way we quote the election of Luiza Erundina in São Paulo and the prejudices around this historical fact. We describe in development what is the artistic movement, how it was created, how long it lasted and we quote its great representatives.
3.INTRODUÇÃO
O debate que circunda o regionalismo tem como alguns de seus pressupostos a crítica aos processos de modernização e transformação dos fatores tracionais que uma determinada localidade sofre. No caso que este texto se propõe a dialogar, tem como questão e local norteadora os debates que houvera durante o século XX com Gilberto Freyre e o movimento armorial. A questão centralizadora estava na fluência, mudanças e transformações que a cultura e arquitetura que Pernambuco estava sofrendo. O contato com pessoas, pensadores, ideias e ideais de outras localidades estavam apresentados e gerando uma mudança na região. Mary Douglas apresentaria a ideia de poluição – ao qual é representado quando uma cultura tem contato com outra, interiorizando e alterando os costumes locais.
A preocupação central do grupo de intelectuais que debatiam sobre as questões tradicionais centrava na retomada e divulgação da produção local, com raízes nordestinas. Gilberto Freyre, ao apresentar as características da localidade na obra Nordeste, destaca processos e fatores singulares do cotidiano. O destaque colocado na cozinha, o conhecimento passado por gerações da culinária, os sabores, o analfabetismo, etc. são questões elencadas como características a sofrerem manutenção e permanência.
Outro pressuposto a ser elencada é como, a partir de toda construção da localidade, influi para a construção do sujeito social. Em outras palavras, a identidade. Partindo da análise do território, as descrições elaboradas e as maneiras de como são reproduzidas são fatores que auxiliam na construção da identidade regional e do sujeito. Isso nos remete a descrição de Mauro Penna ao descrever o período que Luiza Erundina se candidata e se elege prefeita, nos anos de 1980, em São Paulo. As formas de divulgação da mídia são fatores pontuais na construção da identidade da candidata e nordestina, elencando todos as dificuldades que são existentes naqueles que residem na Paraíba. A construção da mídia seguia interesses colocados. Em um momento para desenvolver uma crítica a candidatura; outra, para exaltar. A luta diária para sobrevivência, centralizando nas dificuldades de alimentação, acesso a água são pontos centrais que apontam uma visão para o Nordeste e para a Erundina. O primeiro retoma as dificuldades colocadas para natureza e na construção de que todo sujeito da região sofre problemas de sobrevivência, sem elencar as formas de convivência com o semiárido. Outro fator, está nas críticas e preconceitos. Um relacionado a região, outro ao fato de ser mulher. Aqui iremos nos concentrar no primeiro ponto.
Para centralizar o diálogo sobre a construção do sujeito e o contato com outra região é retomado no filme O homem que virou suco. Para elencar o debate sobre a identidade e regionalismo, este relatório irá desenvolver os tópicos: sobre a produção audiovisual que apresenta o contato e contraste cultural entre o Nordeste e a migração para São Paulo e o debate que gira em torno da produção do movimento armorial e a manutenção da cultura nordestina.
Adentrando a perspectiva regionalista realizamos em sala de aula a discussão sobre o movimento regional nordestino denominado Movimento Armorial que tem como um dos expoentes o reconhecido romancista Ariano Suassuna. 
4.Movimento Armorial
A princípio o movimento cria uma arte erudita ligada aos costumes do nordeste brasileiro e faz referência aos seus brasões que, por sua vez, não eram os das famílias ricas, mas símbolos que representavam o nordeste feitos em madeira ou outros tipos de material. 
Quinteto Armorial por J. Borges - Xilogravura
Ariano afirma que esse movimento é descendente da Escola do Recife de Tobias Barreto e Silvio Romero no século XIX. O movimento que durou de 1970 até 1980 ainda se mantém vivo, entretanto, não como movimento, mas sim pela estética que ficou marcada e ainda é utilizada.
Foi produzida uma nova arquitetura, literatura, músicas, gravuras em folhetos, dança, teatro, etc. A obra mais conhecida é de Suassuna e chegou às telas de cinema, O Auto da Compadecida, que apesar de uma adaptação cinematográfica que deixa a desejar conseguiu trazer consigo a ideia do movimento. Também compõe o movimento o romance, também de Suassuna, A pedra do Reino. O maior expoente musical é o Quinteto Armorial com o rabequeiro e violinista Antônio Nóbrega, banda que se formou em 1970 mas só gravou seu primeiro disco em 74, tem mais três discos em 76, 78 e 80 quando o grupo encontra seu fim junto ao movimento. 
Nas artes plásticas, mais especificamente na escultura, destaca-se o Recifense Francisco Brennand que tem produções reconhecidas em Recife onde é possível visitar seu ateliê. 
Gilvan Samico é conhecido por suas xilogravuras: 	
Suassuna afirma que tudo que se denomina movimento tem um caráter efêmero, portanto tem início e fim. Propositalmente o armorialismo acontece exatamente 100 anos após a Escola de Recife que acontece de 1870 até 1880. Ainda vemos obras referentes ao movimento, as xilogravuras e as esculturas ainda são vendidas em feiras tradicionais e trazem uma imagem de nordeste para o Brasil e para o resto do mundo.
5. Crítica ao filme O homem que virou suco
O contato e contraste apresentado no filme O homem que virou suco tem em seu protagonista, Deraldo, aquele que migra para o sudeste na finalidade e busca de meios de sobrevivência. O êxodo rural é um dos principais fatores apontados para migração de nordestinos a outras regiões. Em suas tentativas de desenvolver uma atividade remunerada, Deraldo corriqueiramente entra em conflito com outros sujeitos, seja pela maneira de comportamento ou sotaque. Ambos exaltam a localidade onde o personagem é proveniente. De maneira caricata, o nordestino é representado na película como alguém ríspido, incapaz de seguir regras, vestimentas singulares, de origem de um local com extrema pobreza e sem acesso a bens necessário para a subsistência.
Entre outras maneiras de trabalho, a comercialização de cordéis e de itens da cultura nordestina, Deraldo depara-se com infortúnios da legalidade e preconceito pela não consideração de que viver da poesia seria um meio possível e aceito naquela sociedade.
O confronto se estende, não ficando apenas nas características materiais e pontuais do trabalho. Os conflitos internos que foram desencadeados a partir do conjunto de acontecimentos constroem um personagem icônico, que tem, além da dificuldade de se adaptar em outra região, pode ser visto como louco ouum outsider daquele grupo. Toda essa representatividade é relacionada com sujeito. O período que a identidade, a localidade e cultura é exaltada deriva do momento que um sujeito migra para outra região e entra em contato com o outro. Todos os fatores de distinção colocam-se em amostra. Para o outro, a leitura é sempre a partir do local onde ocupa. Isso nos retoma a um dos conceitos elementares da antropologia: o etnocentrismo.
A ficção de O Homem que Virou Suco retrata situação similar aos acontecimentos peculiares de cada nordestino que foi à São Paulo em busca de emprego. Dia à dia viviam situações similares aos do filme onde partindo de um estigma os sertanejos passaram a ter péssimas condições de vida ganhando salários extremamente limitados onde em alguns casos possuíam características servis quando os patrões trocavam trabalho por comida e moradia. 
Desse grande fluxo migratório amplificaram-se as favelas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Caso recorrente na película era a tentativa de “desnordestinizar” Deraldo, situação evidente na cena em que cita Lampião sem conseguir se manter na metrópole. Os casos de estigma não paravam em simples curta metragens fictícios ou em O Homem que Virou Suco. Erundina ao ser eleita foi atacada fortemente pela elite Paulista que recusava a legitimidade dos votos que a elegeram.
6.Bibliografia 
AZEVEDO, N. P. Modernismo e Regionalismo: os anos 20 em Pernambuco. Editora UFPB. Paraíba. 1984.
FREYRE, Gilberto. Manifesto regionalista. 7.ed. Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996.
Oliven, Ruben George. A parte e o todo: a diversidade cultural no Brasil-nação. 2 ed. Editora Vozes. 2011
PENHA, Maura. O que faz ser nordestino: identidades sociais, interesses e o “escândalo Erundina”. São Paulo. Editora Cortez. 1992.
O Homem que Virou Suco. Direção: João Batista de Andrade. Produtora: Embrafilme. São Paulo (BR): 1981.

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