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Ana Luisa 
Maria Pia 
25 de novembro de 2017 
Sarmento 
Texto 1 
1 - Antecedentes 
A transição da ditadura para a democracia foi liderada por uma coalizão entre forças 
moderadas que davam suporte ao governo militar e os setores moderados da oposição. Assim, 
foi um modelo de transição com transação, em que mudanças foram negociadas, não 
resultando de rupturas violentas. 
Em 1985, Sarney assumiu o compromisso de criar uma Assembleia Constituinte, 
porém, nomeou uma Comissão Provisória de Estudos Constitucionais pra criar um 
anteprojeto da constituição, sendo objeto de fortes críticas. 	 Foi criada uma Comissão de 
notáveis, que fizeram um texto que adotava o regime parlamentarista, porém, este foi 
arquivado posteriormente. 
Sarney fez uma emenda que convocava o congresso para a elaboração de uma 
Assembleia Constituinte, e esta se realizou presidida pelo presidente do STF. 
2 - Composição da Assembleia Constituinte. 
A Assembleia Nacional Constituinte que se reuniu em 1º de fevereiro de 1987 era 
composta por 559 membros – 487 deputados federais e 72 senadores. Entre os constituintes, 
todos os deputados federais e 49 dos senadores haviam sido eleitos no pleito ocorrido em 
1986. Os demais 23 senadores eram “biônicos”: tinham sido eleitos indiretamente nas 
eleições ocorridas em 1982. 
Do ponto de vista ideológico, os estudos sobre a Assembleia Constituinte apontam para 
o seu caráter altamente plural, com predominância do Centro. Do ponto de vista da 
representação regional, havia uma distorção em favor dos Estados menos populosos do Norte 
e Centro-Oeste, e em desfavor daqueles do Sudeste pois impor limites mínimo e máximo de 
representação, favorecera aos Estados com menor eleitorado. 
RELATÓRIO DA PROVA "1
No que concerne ao perfil econômico-profissional dos constituintes, uma pesquisa 
elaborada pelo cientista político David Fleishner, que afirmava que grande parte dos 
membros eram empresários rurais e Este peso do empresariado rural na representação 
parlamentar ajuda a explicar o fracasso das propostas mais avançadas sobre a reforma agrária 
na Constituinte. Do ponto de vista do gênero, as mulheres estavam absolutamente 
subrepresentadas na Assembleia Constituinte, o fenômeno também ocorria com 
afrodescendentes e indígenas. 
3 - Os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte 
Ulysses Guimarães ganhou aa votações para presidente e foi realizado um Regimento 
Interno para a elaboração da Constituição. O Regimento Interno apenas previu a 
possibilidade de que a Constituinte sobrestasse qualquer medida que pudesse ameaçar os seus 
trabalhos e a sua soberania, faculdade que não chegou a ser exercida. 
Neste quadro, a solução engendrada buscava integrar todos os constituintes na tarefa de 
elaboração do novo Texto Magno. Previu-se a criação de 24 subcomissões temáticas. As 
comissões redigiriam projetos sobre as suas áreas, os quais seriam, por sua vez, enviados a 
uma Comissão de Sistematização. Esta última elaboraria novo projeto, a partir dos trabalhos 
das comissões temáticas, que seria submetido ao Plenário da Constituinte, em dois turnos de 
votação. 
Uma das consequências decorrentes da fórmula adotada foi o caráter analítico da 
Constituição, já que, ao se criar uma subcomissão dedicada a tratar de determinado assunto, 
este, naturalmente, se tornava objeto de disciplina constitucional. Ademais, a escolha dos 
temas das subcomissões já importava na definição das questões que ingressariam na nova 
ordem constitucional. 
Os grupos mais variados foram ouvidos nas audiências públicas – Ministros de Estado, 
lideranças empresariais e sindicais, intelectuais, associações de moradores, entidades 
feministas e de defesa dos homossexuais, representantes do movimento negro, ONGs 
ambientalistas, indígenas, empregadas domésticas, meninos de rua, etc. O contraditório foi 
intenso. 
Depois das subcomissões, começaram a trabalhar as comissões temáticas e depois 
passou-se à fase da Comissão de Sistematização. Em 26 de agosto de 1987, Bernardo Cabral 
apresenta o seu 1º Substitutivo, com 305 artigos no corpo permanente e outros 69 nas 
disposições transitórias, que ficou conhecido como “Cabral 1”, com diversas alterações em 
relação ao seu texto anterior, decorrentes das negociações então travadas. O projeto 
RELATÓRIO DA PROVA "2
desagradou ao Governo e ao campo conservador por várias razões, como a definição de um 
regime parlamentarista mitigado, as limitações impostas à atuação das Forças Armadas, a 
generosidade nos direitos trabalhistas e a amplitude da anistia aos perseguidos pelo regime 
militar. 
As negociações e debates prosseguiram, e, em 18 de setembro de 1987, o Relator 
apresenta o 2º Substitutivo, apelidado de “Cabral 2”. Além do parlamentarismo e da duração 
do mandato de Sarney, eram extremamente controvertidos a reforma agrária em terras 
produtivas, as regras sobre propriedade e livre iniciativa, as limitações ao capital estrangeiro, 
o imposto sobre grande fortunas, os instrumentos de democracia participativa e a amplitude 
dos direitos trabalhistas. 
O discurso do Centrão, que tinha o respaldo do Governo, do empresariado, dos 
militares e ruralistas, era no sentido de que este modelo implicava numa tirania da Comissão 
de Sistematização sobre o Plenário, alienando o baixo clero, que daquela não participara. 
Para isso, a sua estratégia consistia em aprovar mudança no Regimento, que possibilitasse a 
apresentação de novas emendas que, quando subscritas pela maioria absoluta dos membros 
da Assembleia, teriam prioridade na votação. 
Depois, a constituição foi revisada pela Comissão de Redação. Finalmente, em 22 de 
setembro de 1988, ocorre a derradeira votação da Assembleia Nacional Constituinte, que 
visava a apreciar o texto final da Constituição de 1988, depois das mudanças ocorridas no 
âmbito da Comissão de Redação. 
Em 5 de outubro de 1988, em clima de emoção, a Constituição de 1988 é finalmente 
promulgada, após uma longa Assembleia Constituinte que durara mais de 20 meses – período 
durante o qual fora o centro das atenções do País –, provocara intensa mobilização cívica e 
contara com um grau de participação social na sua elaboração absolutamente inédito na 
história nacional. 
4 - Traços essenciais da Constituição de 1988 
Do ponto de vista histórico, a Constituição de 1988 representa o coroamento do 
processo de transição do regime autoritário em direção à democracia. Apesar da forte 
presença de forças que deram sustentação ao regime militar na arena constituinte, foi possível 
promulgar um texto que tem como marcas distintivas o profundo compromisso com os 
direitos fundamentais e com a democracia, bem como a preocupação com a mudança das 
relações políticas, sociais e econômicas, no sentido da construção de uma sociedade mais 
inclusiva, fundada na dignidade da pessoa humana. 
RELATÓRIO DA PROVA "3
Trata-se de uma Constituição longa e analítica, não apenas por incorporar ao seu texto 
um amplo elenco de matérias, como também por descer, em muitas delas, a um grau de 
detalhamento incomum em sede constitucional. Por outro lado, a Constituição de 1988 
qualifica-se como compromissória, já que o seu texto não representa a cristalização de uma 
ideologia política pura e ortodoxa. Por outro, é também dirigente porque, ela não se contenta 
em organizar o Estado e elencar direitos negativos para limitar o exercício dos poderes 
estatais. Ela vai muito além disso, prevendo direitos positivos, e estabelecendo metas, 
objetivos, programas e tarefas a serem perseguidos pelo Estado e pela sociedade, no sentido 
de alteração do status quo. Além de regular diretamente vastos domínios da vida social, a 
Constituição contém princípios e valores fundamentaisque devem ser tomados como nortes 
na interpretação de toda a ordem jurídica. 
Em outras palavras, as características da Constituição de 1988 – tanto o seu caráter 
analítico, como a sua riqueza axiológica – propiciam o desenvolvimento do fenômeno da 
constitucionalização do Direito, que suplanta clivagens tradicionais, como as que separam o 
Direito Público do Direito Privado, e o Estado da sociedade civil. 
O sistema de direitos fundamentais é o ponto alto da Constituição. Ao lado de um 
amplo e generoso elenco de direitos civis e políticos, a Carta de 1988 também garantiu 
direitos sociais – tanto trabalhistas como prestacionais em sentido estrito – e ainda agregou 
direitos de 3ª dimensão, como o direito ao patrimônio cultural. 
Além dos direitos universais, a Constituição também voltou os seus olhos para a 
proteção dos sujeitos em situação de maior vulnerabilidade, instituindo normas voltadas à 
defesa de grupos como as mulheres, consumidores, crianças e adolescentes, idosos, indígenas, 
afrodescendentes, pessoas com deficiência e presidiários. Além dos direitos fundamentais, o 
outro “coração” da Constituição de 1988 é a democracia. Entre outras medidas, ela 
consagrou o sufrágio direto, secreto, universal e periódico para todos os cargos eletivos. 
Em relação aos poderes, a Constituição preocupou-se em fortalecer tanto o Legislativo 
como o Judiciário. Assim, surgiu o “presidencialismo de coalização”, que se expressa na 
necessidade de o Chefe do Executivo construir uma base de apoio no Legislativo, através de 
mecanismos como a participação na formação do Ministério e na distribuição de outros 
cargos. 
RELATÓRIO DA PROVA "4
Arguelhes 
Texto 2 
	 1 - Resumo 
Em muitas explicações existentes sobre o atual protagonismo do Supremo Tribunal 
Federal na política nacional, tende-se a enfatizar variáveis e processos que independem da 
vontade dos Ministros - variáveis como desenho institucional, texto constitucional, 
expectativas sociais e comportamento estratégico dos atores políticos ao redor do tribunal. 
Assim, o querer de uma dada maioria no STF, pode afetar o desenho institucional e, com isso, 
influenciar o grau final de participação do tribunal no processo político decisório em um dado 
momento. 
	 2 - Introdução 
	 A construção da participação do STF no processo político-decisório no Brasil não 
pode ser plenamente explicada apenas com fatores exógenos à composição do STF. Mais 
especificamente, embora o desenho institucional, as expectativas sociais e o comportamento 
dos atores políticos sejam condições importantes – talvez até necessárias – para um cenário 
em que o tribunal participa intensamente do processo político decisório nacional, não 
parecem ser condições suficientes para determinar o grau exato dessa participação em um 
dado momento. É preciso levar em conta se e como as preferências dos Ministros do STF 
sobre como exercer o poder de que dispõem – e inclusive sobre de quanto poder deveriam 
dispor – interagem com as já mencionadas variáveis exógenas para explicar a intensificação 
do processo de judicialização dos anos 90 para cá. 
3 - Preferências judiciais restritivas no Supremo Tribunal Federal pós-Constituinte 
A hipótese é a de que os próprios Ministros do Supremo estabeleceram certos limites ao 
quanto o Supremo poderia participar do processo decisório político. Juízes podem ter 
inclinações mais ou menos favoráveis ao exercício de poder, pelo tribunal, na esfera política. E 
uma maioria de Ministros que não queira exercer todo o poder de que dispõe tem meios para 
se proteger do seu próprio poder, restringindo-o. 
4 - Interpretações restritivas do controle abstrato de constitucionalidade na 
jurisprudência do STF 
O fluxo de casos é, enfim, um elemento essencial na definição das chances que um 
tribunal tem de exercer qualquer poder relevante em uma dada comunidade. O poder dos 
tribunais de formular sua agenda institucional é, na melhor das hipóteses, negativo pois 
RELATÓRIO DA PROVA "5
podem priorizar alguns casos e temas em detrimento de outros. Outro fator é restrições de 
tipos de leis e temporais. 
Foi redefinido o conjunto de regras que define quem pode propor Ações Diretas de 
Inconstitucionalidade e isso resultou em uma relativa restrição do grau de representatividade 
e abertura do controle abstrato de constitucionalidade no Brasil. É inegável que as decisões 
do STF sobre os direitos de julgar inconstitucionalidades restringiram o escopo de ação do 
tribunal sobre a política. 
5 - Poder não é querer 
Uma primeira possível hipótese para explicar essas preferências restritivas quanto ao 
controle abstrato e concentrado parte da constatação da grande continuidade judicial que 
marcou a transição brasileira. 
Outra hipótese é que em cenários de democratização recente, em que as regras do jogo 
ainda não são completamente claras faz sentido para um tribunal ser cauteloso em relação a 
onde ou em quem vai pisar, ainda que o ideal dos Ministros seja o de exercer cada vez mais 
poder. No geral, o exercício de controle de constitucionalidade de forma abstrata expõe mais 
o tribunal. 
Uma explicação estratégica diz respeito ao receio, por parte dos Ministros do STF, de 
que a ampliação do controle abstrato produziria uma corrida imediata e em massa da 
sociedade civil e partidos políticos ao tribunal. Além disso, com essa atitude mais restritiva, o 
STF tem acesso ao controle mais concentrado e focado. 
6 - Preferências judiciais restritivas e judicialização da política 
A “judicialização da política” foi definida como um processo duplo: de um lado, o 
processo pelo qual tribunais participam cada vez mais da elaboração de políticas públicas 
que, anteriormente, eram elaboradas (ou deveriam ser elaboradas, segundo a concepção 
dominante) por outras instituições do governo; de outro, (b) o processo pelo qual fóruns 
decisórios não-judiciais passam a ser dominados por regras e procedimentos quase-judiciais. 
Tate enumera oito condições “facilitadoras” do processo de expansão da esfera de 
atuação do tribunal: (i) a existência de um regime democrático; (ii) a separação de poderes; 
(iii) a existência de direitos políticos garantidos a minorias; o uso dos tribunais por parte de (iv) 
grupos de interesse e (v) pela oposição; (vi) partidos políticos e governos de coalizão fracos 
que, ao produzirem políticas inefetivas e com pouco apoio, aumentam a ação da oposição no 
judiciário – condição que os autores denominam de “instituições majoritárias inefetivas”; (vii) 
percepção pública negativa das instituições majoritárias; e, por fim, (viii) a delegação para os 
RELATÓRIO DA PROVA "6
tribunais de medidas e decisões que as instituições majoritá- rias não considerem oportuno 
tomar. 
Isso só ocorre caso os juízes entendam que devem participar do processo decisório 
realizado por outras instituições e interferir nas soluções de políticas públicas formuladas 
desse processo. A judicialização requer que os juízes tenham atitudes, predisposições pessoais 
ou valores que os levem a procurar participar do processo decisório. Podemos dizer que tanto 
“ativismo”, quanto “auto-contenção” operam como preferências de segunda ordem: elas 
orientam a forma pela qual o juiz, diante uma policy cuja constitucionalidade está em 
discussão, levará em conta suas preferências de primeira ordem acerca daquela policy. Nesse 
sentido, são preferências que podemos chamar de formais ou funcionais: não dizem respeito 
ao mérito da questão política submetida à apreciação judicial, mas orientam o juiz a levar ou 
não em conta suas preferências substanciais por políticas públicas específicas na tomada de 
decisões em controle de constitucionalidade. 
A judicialização só ocorre de formaplena quando (i) as condições 
facilitadoras existem, (ii) os valores dos 
juízes não são coincidentes com os 
valores da coalizão majoritária, 
refletidos na legislação aprovada na 
arena política legislativa e (iii) os juízes 
estão dispostos a participar da tomada 
de decisões políticas. Esse ponto, 
primariamente conceitual, pode ser útil para discutir e explicar com mais precisão graus 
diferentes, ao longo do tempo, de participação do tribunal na vida política do país. 
O comportamento do STF em relação a aspectos centrais do controle de 
constitucionalidade após a promulgação da Constituição de 1988 é um eloquente lembrete de 
que poder não é necessariamente querer. Em sentidos importantes, decisões tomadas no 
âmbito do Supremo diminuíram o poder do tribunal em relação ao que havia sido 
textualmente previsto na Constituição. Podiam, mas não quiseram. Reconhecer a diferença e 
a possível interação entre “poder” e “querer” na relação entre o STF e a política tem 
implicações importantes em pelo menos dois níveis: O primeiro é pontual: em determinados 
casos, os Ministros podem não querer usar um poder. Nesse segundo sentido, um tipo de 
RELATÓRIO DA PROVA "7
poder indesejado ou inconveniente não apenas não é exercido, como pode ser reconstruído e 
até eliminado da própria estrutura constitucional que originalmente o consagrava. 
7 - Conclusão 
O argumento mais amplo avançado neste trabalho é o de que as transformações no 
grau de participação do STF na política brasileira não podem ser plenamente explicadas 
apenas com recurso a fatos sobre o contexto político e institucional externo ao tribunal. O 
processo de expansão ou retração do poder judicial é resultado da combinação de fatos 
político-institucionais e atitudes judiciais – mais especificamente, das preferências majoritá- 
rias, em uma dada composição do tribunal, sobre quais são as formas adequadas e/ou 
oportunas de se pronunciar sobre questões políticas. Conectando esse argumento com a 
matriz teórica proposta por Tate (1995), chamaram-se essas concepções de “preferências 
funcionais”. Não se referem à substância ou mérito de casos específicos, mas sim à natureza e 
o alcance das competências do STF. São preferências judiciais sobre como participar da 
política. 
O STF não apenas manteve plena flexibilidade para rever essa jurisprudência restritiva 
e para apreciar essas questões políticas pela forma mais “segura” do controle incidental, como 
também agiu de forma compatível com o comportamento típico de instituições judiciais 
durante períodos de transição e consolidação política. 
Pereira 
Texto 3 
A condições intragovernamentais e estratégias de negociação subótimas foram as 
principais causas do esquema do mensalão. No presidencialismo de coalizão, é esperado que 
presidentes se comportem compartilhando o poder e governando em coalizão com 
distribuição interpartidária proporcional para poder aprovar legislação no congresso e 
governar. 
1 - Introdução 
Pagamentos de quantias específicas foram vinculados a parlamentares e funcionário de 
Lula e estavam claramente sincronizados a importantes votações nominais legislativas durante 
os dois primeiros anos do Governo Lula. O objetivo desse estudo é discutir as variáveis 
institucionais e políticas que aparentemente levaram o governo Lula a iniciar o esquema 
RELATÓRIO DA PROVA "8
paralelo ilegal de recompensas financeiras. A teoria que formula essa argumentação se baseia 
nas escolhas políticas de coalizão e na estratégia presidencial. As evidências indiretas incluem 
representação de cada membro da coalizão de governo no gabinete, ideologia e transferências 
de recursos particularizados (pork) entre o Poder Executivo e seus apoiadores no Congresso. 
2 - A estrutura do jogo político 
O Brasil possui uma mistura complexa de instituições eleitorais que frequentemente é 
considerada culpada pela fragmentação e descentralização partidária. O sistema de lista 
aberta estimula os eleitores a apoiar candidatos baseado em qualidades e atividades pessoais. 
Assim, os parlamentares tem motivos para cultivar relações diretas com eleitorados locais ao 
invés de por meio de partidos. 
O alto grau de fragmentação significa que o Executivo tem muitos parceiros e aliados 
em potencial, e o baixo grau de fidelidade partidária e disciplina significa que benefícios 
monetários serão persuasivos para um número substancial de parlamentares. Assim, o sistema 
eleitoral descentralizado brasileiro estimula os deputados federais a se envolverem em 
políticas personalistas e favorecer políticas distributivistas orientadas geograficamente, 
enquanto a lógica majoritária das relações Executivo-Legislativo estimula os deputados a 
seguir os interesses dos líderes partidários ou do presidente. 
3 - Opções estratégicas de governança 
Compromissos com a coalizão de governo normalmente implicam uma expectativa de 
que o partido político terá acesso a cargos no ministério, bem como os recursos associados a 
capacidades legislativas. Assim, o Executivo pode obter apoio legislativo com benefícios 
monetários pois o Executivo tem poder para escolher quais emendas serão de fato executadas. 
4 - Um breve histórico da gestão de coalizão no Brasil 
O governo Collor foi o único desde a redemocratização em que o presidente governou 
sem uma coalizão estável, multipartidária e majoritária dando-lhe apoio dentro do 
Congresso. Além disso, Collor tinha pouca representação pois não compartilhava o poder 
com partidos que poderiam apoia-lo quando houvesse necessidade. Por esse e outros motivos, 
ele sofreu o impeachment. 
Porém, FHC rapidamente aprendeu a governar com uma coalizão sustentável e teve 
grande apoio conciso durante seu mandato. 
5 - Características específicas contextuais para a coalizão de Lula 
O PT possui uma legenda dividida e fragmentada. Além disso, Lula precisava bancar os 
programas sociais e encontrar formas de cortar outros custos ou aumentar a receita do 
RELATÓRIO DA PROVA "9
governo. As formas mais clara de liberação de recursos foram através das reformas tributárias 
e previdenciárias que criariam polêmica e controvérsia entre suas principais aliados 
partidários. Além disso, essas reformas requereriam emendas constitucionais com uma 
parcela de votos mais conservadora. 
6 - As decisões estratégicas de Lula 
A expansão de cargos ministeriais por Lula foi de incluir alguns ministérios novos com 
atribuições para diferentes dimensões de políticas sociais, mas a maioria dos novos cargos foi 
para o próprio PT, ampliando o poder do Executivo. FHC tinha uma coalizão de 6 partidos e 
Lula de 8. As decisões de Lula sobre a distribuição de benefícios monetários se refletiram na 
capacidade de substituição desses benefícios por benefícios políticos. Lula comprou apoio 
externo para as reformas constitucionais mais difíceis ao repassar por para partidos fora da 
coalizão. 
Os mensaleiros tendem a ser mais jovens, com menos atividade legislativa, mais 
proeminentes na mídia e mais dependentes de financiamento de campanha de seus partidos. 
Além disso, tendiam a ter votos dispersos, recebendo votos espalhados pelos estados.Isso é 
consistente com o que Persson diz de que os sistemas políticos que usam voto distrital freiam 
comportamento corrupto porque a representação territorial demarcada minimiza os custos 
de monitoramento dos eleitores e aumenta a responsabilização vertical. Assim, os mensaleiros 
exibem maior demanda por distributivismo (pork) mas não tem maior probabilidade de 
recebê-lo. 
7 - Conclusão 
A reformulação de postura decisiva do PT como um partido pragmático, pró-mercado 
de centro esquerda depois de 2003, reduziu significativamente a distância ideológicaentre o 
PT e seus partidos de aliança. Ocorreu, de certa forma um presidencialismo de coalizão onde 
teve uma importância de negociação estratégica e gerência da coalizão, onde mesmo com as 
restrições institucionais, o presidente tem certa margem de manobra. 
Na construção de coalizões, os executivos enfrentam escolhas sobre ideologia e 
heterogeneidade, sobre transferências de recursos orçamentários e sobre acesso a espaços de 
poder no ministério. 
RELATÓRIO DA PROVA "10
Reis 
Texto 4 
Nada é capaz de banir corrupção. Há, no entanto, outros valores a serem perseguidos 
quando se discute o processo eleitoral, além do controle da corrupção, e esses acabam 
obscurecidos. Esse é o tema que vou tentar perseguir. Há nexos razoáveis, plausíveis, entre 
sistema eleitoral e corrupção, e eu vou tentar persegui-los especificamente no caso do Brasil. 
Não há consenso entre os estudiosos sobre quais são os nexos e, finalmente, quaisquer que 
sejam esses nexos, eles se dão no longo prazo. Então, não há nada que se possa esperar de 
uma reforma política, a curto prazo, no combate à corrupção. 
O combate à corrupção é tarefa permanente do Estado. Permanente no sentido de que 
se trata de tentar coibir uma prática criminosa, o abuso do poder econômico nas decisões 
políticas. Corrupção é exatamente isso: certa contaminação das decisões políticas pelo poder 
econômico. Temos um aparato de Estado que se auto-fiscaliza com rigor crescente e, 
portanto, visibilidade crescente do que quer que aconteça e o ato mesmo de aparecerem 
problemas regularmente cria um mal-estar que eventualmente poderá cobrar seu preço no 
que diz respeito à confiabilidade e à respeitabilidade geral do sistema político – e, portanto, 
sua estabilidade. Isso, naturalmente, aumenta a pressão por reformas no sistema político. 
Sistemas de financiamento são um atributo a mais do sistema eleitoral. A fiscalização do 
sistema de financiamento brasileiro é muito exigente e cara. Isso é ruim para a legitimação do 
sistema político, seja porque no limite a fiscalização precária (ou custosa) favorece corrupção, 
seja porque tende a produzir elevadas barreiras à entrada e, logo, competição enviesada. 
Apesar de o indicador clássico da corrupção ser a percepção da corrupção, a percepção 
da corrupção é contaminada pela grande heterogeneidade daquilo que costumamos chamar 
vagamente de “cultura política”, e que pouco tem a ver com a corrupção efetivamente 
praticada. 
Não há sistema eleitoral igual ao do Brasil com seu sistema de distritos de grande 
magnitude, dezenas de partidos, liberdade para formar coligações distintas em diferentes 
distritos e representação proporcional com centenas de candidatos não ordenados. 
Se um sistema é difícil de controlar, se é difícil atribuir confiabilidade às prestações de 
contas, e essa pulverização de candidaturas individuais certamente não ajuda, ele produz 
duas consequências plausíveis: primeiro, a provisão financeira para a sua próxima campanha, 
RELATÓRIO DA PROVA "11
se você é um político profissional, é muito incerta, já que o campo é difícil de prospectar; em 
segundo lugar, torna-se relativamente mais fácil escapar com financiamento ilegal, porque a 
fiscalização é feita sobre mais de mil contendores. Se temos um sistema com provisão 
financeira incerta e dificuldade de controle, e se o gasto aumenta sua chance de se eleger, 
então o sistema embutiu um viés a favor da conduta criminosa: como a probabilidade do 
infrator ser pego é baixa e o fato de gastar mais dinheiro aumenta as chances de se eleger, 
aquele que montar seu “caixa dois”, aquele que for menos escrupuloso quanto a aceitar 
dinheiro do “caixa dois” de seus potenciais doadores, tem maior probabilidade de ser eleito, 
tudo mais mantido constante. 
Devemos ter em mente que o caixa dois da campanha tem origem no caixa dois 
privado, cujo dono eventualmente estará interessado em lavar esse dinheiro na campanha. 
Assim, a pulverização das candidaturas individuais é algo que dificulta não apenas o controle 
ponto de vista administrativo mas também dificulta ao candidato recusar ofertas ilegais, 
porque ele não tem poder de barganha suficiente para influenciar os termos da doação. 
Pois, nos casos de corrupção, alguém que não chega a ter influência decisiva sobre o 
sistema pulveriza dinheiro em montantes comparativamente menores, tentando influenciar 
um deputado ou outro. Por sua vez, aquele que financia legalmente grande número de 
candidatos ao legislativo, esse está simplesmente comprando influência legalizada sobre o 
sistema político. 
Quem ajuda a escrever a própria lei, não precisa cometer crime de corrupção ativa, pois 
está simplesmente definindo a regra do jogo em termos que lhe convêm. É um problema 
muito mais grave, porque leis serão escritas na forma que interessa a um poder privado 
específico, fonte de poder econômico, de maneira tecnicamente não corrupta. Eu suspeito 
que será inútil procurarmos favorecimento ocasional, irregular, ao grande financiador de 
campanha: pois ele é capaz, em larga medida, de ditar as regras que lhe interessam. Assim, 
tenderá a não haver favorecimento ilegal – ele será beneficiado legalmente. 
Isso é um problema fundamental, e essa compra legal de influência política espúria, 
somada ao viés eleitoral a favor de quem usa “caixa dois”, criou um quadro delicado, não 
obstante a estabilidade do sistema político. 
Pessoalmente, creio que superar essa pulverização da competição entre candidaturas 
individuais induzida pelo sistema de lista aberta em nossas eleições proporcionais seria 
desejável. Eu evitaria correr para o financiamento público exclusivo, porque é um salto no 
escuro, sem precedentes, e temo que fizesse aumentar de novo o caixa dois, além do efeito 
RELATÓRIO DA PROVA "12
certo de elevar as barreiras à entrada na competição partidária. Eu experimentaria estipular 
tetos nominais para as doações de campanha. 
RELATÓRIO DA PROVA "13

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