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Jurisdição

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Jurisdição
É o poder, função e atividade que possui o Estado, através de seus órgãos competentes (todos incluídos no art. 92, C.F./88). Atividade essa, hoje partilhada entre o Estado e o Arbitragem Privada (árbitro facultativo) (Lei N.º 9.307/95), na qual, ambas as arbitragem têm o poder, a função e a atividade de dizer o direito diante de um caso concreto, com imparcialidade, aplicando o direito, com finalidade além de pacificar lides atingir também a paz social.
* Da jurisdição estatal, apura-se que ela é ao mesmo tempo poder, função e atividade.
Poder : É a manifestação do poder estatal, em que o Poder Judiciário está encarregado de pacificar lides, quando nos limites da legislação operante, as partes não optarem pela arbitragem.
 Função - É o desempenho por parte do Estado de seu poder de decidir controvérsias. Com efeito, é o exercício da pacificação de lides pelo Estado como correspondência deste poder que possui. É o encargo que têm os órgãos estatais de promover a pacificação de conflitos, através do processo.
Atividade – É a efetivação do exercício estatal de pacificar lides, pela implemento de atos (atuação) por parte de seus agentes (juizes). Portanto, é o conjunto de atos praticados pelos agentes encarregados de em nome do Estado efetivar a função e o poder de dizer o direito.
* Características da Jurisdição.
Característica é aquilo ou elementos que distingue e particulariza um ser de outro ou determinada coisa de outra. 
Lide - Jurisdição somente é prestada diante da existência de lides. Somente diante e frente a existência de conflito de interesses é que haverá a atuação do Estado. Assim, para ter a prestação jurisdicional, deverá haver uma lide, pois o Poder Judiciário não é órgão consultivo.
 Inércia - O Estado tem que ser provocado para dizer o direito. O titular de uma pretensão vem a juízo e pede a prolação de um provimento - sentença que eliminando a resistência, satisfaça a sua pretensão e com isso elimine a insatisfação.
Definitividade - É a característica da jurisdição, que uma vez pacificada a lide, após transcorrido o duplo grau de jurisdição, não poderá o Estado ou qualquer outro agente público novamente analisar a lide. Um conflito interindividual só se considera solucionado, sem que se possa voltar a discuti-lo, depois que tiver sido apreciado e julgado pelos órgãos jurisdicionais, eis que sobre a manifestação do P. Judiciário se opera a coisa julgada.
Coisa Julgada: Efeito que possui a manifestação judicial, onde uma vez expirados todos os recursos, não mais se pode provocar o Estado para aquele tema que já decidiu. 
* Finalidades da Jurisdição. 
1) Social - Significa restabelecer a paz social , expungindo os conflitos interindividuais da sociedade.
2) Político - É a confirmação do poder do Estado, ressalvada a atuação da Lei de Arbitragem, onde o Estado pode dizer o direito e pacificar lides. Tal finalidade se confirma pela legitimação desse poder através do reconhecimento do Estado como detentor da jurisdição.
3) Jurídico - É a aplicação do direito ao caso concreto. A finalidade jurídica se apresenta:
a) Pelo caráter de substituição ( ou substitutividadade) - Com este fim jurídico o Estado absorve as pretensões das partes e apresenta em troca às partes, uma sentença que diz o Direito diante daquele caso concreto. 
b) Pelo caráter da Pacificação com justiça - É a pacificação com base na finalidade jurídica (direito positivo), no propósito de alcançar a pacificação social com justiça.
PRINCÍPIOS INERENTES (próprios) DA JURISDIÇÃO 
1) Investidura - É o princípio em que a jurisdição somente será exercida por quem tenha sido regularmente investido na autoridade de juiz. 
2) Aderência ao território - Cada juiz só exerce a sua jurisdição nos limites do território a ele designado para pacificação da lide, conforme a Constituição, Códigos de Processos e Legislação Especiais, impondo limitações territoriais à autoridade dos juizes.
3) Indelegabilidade - Significa que um órgão do Poder Judiciário não pode transferir a outrem o múnus público da jurisdição, seja ao particular, nem tampouco a outro órgão do Poder Judiciário, que não esteja definido pela Constituição e/ou pela Legislação hábil para tanto..
4) Inevitabilidade – É o princípio da jurisdição, em que provocado o Poder Judiciário, esse tem que se manifestar, apresentando uma decisão ou sentença sobre o caso concreto, mormente tratando-se de direito indisponível.
 
5) Inafastabilidade - Não pode o juiz ,sob qualquer pretexto, afastar da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça de direito, caso contrário estaria violando o art. 5º XXXV CF.
6) Inércia - O poder Judiciário tem que ser provocado para prestar a tutela jurisdicional. 
7) Juiz Natural - É aquele juiz próprio ou previamente constituído para análise de determinado caso, seja pela CF ou pelas leis ordinárias.
* A Jurisdição encerra em si mesma 2 poderes:
a) Poder Jurisdicional - Poder de pacificar conflitos.
b) Poder de Polícia – Poder esse representado pela autoridade em manter a ordem, não só nas audiências; mas, também , dentro do processo conclamando as partes a atuarem dentro dos princípios da moralidade e da lealdade.
Visualize melhor os Poderes da Jurisdição através do quadro abaixo: 
	PODERES DA JURISDIÇÃO
	Poder jurisdicional: poder de pacificar conflitos
	
PODER DE DECISÃO: o Estado-juiz afirma a existência ou a inexistência de uma vontade concreta de lei, por dois modos possíveis e com diferentes efeitos:
	
	
PODER DE DOCUMENTAÇÃO: resulta da necessidade de documentar, de modo a fazer fé, tudo o que ocorre perante os órgãos judiciais ou por parte deles (termos de assentada, de audiência, de provas, certidões de notificações, de citações, etc.)
	Poder de polícia: poder esse representado pela autoridade em manter a ordem, não só nas audiências; mas também, dentro do processo, conclamando as partes a atuarem dentro dos princípios da moralidade e da lealdade. 
Em virtude desse poder o juiz pode determinar a remoção de obstáculos impostos ao exercício de suas funções
	PODER DE COERÇÃO: manifesta-se com mais intensidade no processo de execução, embora esteja também presente no processo de cognição. Está presente: a) no ato da notificação ou citação; b) se o destinatário de recusa a receber materialmente o mandado, considera-se como se tivesse sido entregue. C) Os presentes à audiência (partes, advogados, assistentes) estão sujeitos ao poder de quem a preside, que pode admoestar e afastar os infratores. d)A testemunha tem o dever de depor, podendo ser conduzida à força se se recusar ao cumprimento do dever de colaborar com a Justiça. 
O órgão jurisdicional pode requisitar a presença de força policial para vencer qualquer resistência ilegal, das partes ou de terceiros, na execução de seus atos.
Antes de estudarmos o tema ESPÉCIES (modalidades de manifestação) DE JURISDIÇÃO necessário se faz, para compreensão do tema, entendermos sobre a ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO, conforme texto em anexo. 
ESPÉCIES (modalidades de manifestação) DE JURISDIÇÃO
A jurisdição é única enquanto poder, função e atividade conferido à único poder estatal – Poder Judiciário. Assim, estudaremos a jurisdição, pelo prisma de sua manifestação nos diversos órgãos do Poder Judiciário.
1) Quanto ao objeto 
a) Jurisdição Penal - Voltada para a pacificação de conflitos envolvendo direito penal e imposição de penas .
b) Jurisdição Civil - É empregada em sentido bastante amplo, abrangendo toda a jurisdição não penal. ( Direito Trabalhista, eleitoral, administrativo etc.)
2) Quanto aos organismos ou órgãos do Poder Judiciário. 
a) Jurisdição Comum - É a jurisdição prestada sem o aparelhamento e a adequação para aquele tipo de conflito, inexistindo um organismo própriopara aquele tema especial. Conhecem de qualquer matéria que não esteja reservada a jurisdição especial.
b) Jurisdição Especial - É a jurisdição em que o organismo encarregado de pacificar a lide se adequou, aprimorando-se e especializando-se para a solução daquela espécie de conflito.
3) Quanto a revisão dos julgados ( quanto a hierarquia administrativa )
a) Jurisdição Inferior - É aquela prestada inicialmente pelo órgão jurisdicional encarregado de analisar a lide em primeiro grau. É a jurisdição exercida pelos juizes que ordinariamente conhecem do processo desde o seu início
b) Jurisdição Superior - É aquela prestada pelo órgão jurisdicional encarregado de funcionar como órgão revisor da prestação jurisdicional dado em primeiro grau de jurisdição. Notadamente, é exercida por órgãos a que cabem os recursos contra as decisões proferidas pelos juizes inferiores.
* Inexiste hierarquia subordinativa dos órgãos jurisdicionais . O que há é o duplo grau de jurisdição. Podemos dizer que há uma hierarquia administrativa .
4) Quanto a fonte. 
a) Jurisdição de Direito - É aquela prestada com base na lei, na analogia, costumes, nos princípios gerais de direito.
b) Jurisdição de equidade - É a jurisdição prestada no bom senso do julgador, sem os limites do direito. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
	MODALIDADES DE JURISDIÇÃO
 A jurisdição é função estatal enquanto exercício da atividade jurisdicional - arbitragem estatal, enquanto não só o Poder Judiciário hoje exerça a função de julgar, em razão da quebra do monopólio estatal da jurisdição.
	QUANTO AO OBJETO (ou matéria)
Ilícito penal não difere em substância do ilícito civil.
Há uma integração entre a jurisdição civil e penal (Suspensão prejudicial do processo-crime: se alguém está sendo processado criminalmente e para o julgamento dessa acusação é relevante o deslinde de uma questão civil, suspende-se o processo criminal à espera da solução do caso no cível )
	JURISDIÇÃO PENAL. Tem por objeto as lides de natureza penal e à aplicação da pena privativa de liberdade.
Exercida pelos juízes estaduais comuns, pela Justiça Militar, Federal e pela Justiça Eleitoral (só a Justiça do trabalho é completamente desprovida de jurisdição penal) 
	
	JURISDIÇÃO CIVIL. Compreende as causas de natureza não penal, como as civis, comerciais, administrativas, tributárias, constitucionais, trabalhistas, etc. 
Exercida pela justiça Estadual, Federal, Trabalhista e Eleitoral (só a Militar não a exerce).
	QUANTO AOS ORGANISMOS OU ÓRGÃOS DO PODER JURICIÁRIO - Ou seja, quanto ao aprimoramento e adequação do organismo jurisdicional para a devida prestação. 
As diversas jurisdições não vivem em compartimentos estanques, completamente alheias umas às outras. Há circunstâncias em que os atos processuais realizados perante uma Justiça são aproveitados em outra. Vide exemplo abaixo. 
	JURISDIÇÃO COMUM. É aquela que se atribuem todas as causas que não estejam destinada expressamente a outras jurisdições (especiais).
As Justiças Federal (em geral) e Estadual (em geral): Conhecem de qualquer matéria não reservada à Jurisdição Especial. Aplicam no seu trabalho diuturno, o CPC e CPP comuns.
	
	JURISDIÇÃO ESPECIAL. Tem o seu campo de atuação assinalado pela lei. A constituição atribui jurisdição para causas de determinada natureza e conteúdo jurídico substancial à determinado órgão ou organismo do Poder Judiciário, permitindo melhor adequação do órgão ou organismo:
Justiça do Trabalho: pretensões oriundas da relação de trabalho (CR/88, art. 114)
Justiça Eleitoral: matéria relacionada com eleições políticas (CR/88, art. 121)
Justiça Militar: causas penais fundadas no direito penal militar e na Lei de Segurança Nacional. 
São litígios fundados em ramos específicos do direito material.
Cabe registrar que a Justiça Estadual, no que tange os Juízos de Direito, alguns deles têm jurisdição especializada – Varas de família, fazenda pública e sucessões.
	QUANTO A REVISÃO DOS JULGADOS. Ou seja, quanto à hierarquia administrativa (não há hierarquia jurisdicional)
É da natureza humana o inconformismo perante decisões desfavoráveis - por isso o duplo grau de jurisdição.
Não confundir instância (grau de jurisdição) com entrância (grau administrativo das comarcas e da carreira dos juízes estaduais e membros do MP ) e, nem tampouco confundir com entrância (lugar de descanso ou passeio) 
Em alguns casos a lei entende que o processo deva ter início já perante os órgãos jurisdicionais superiores, em razão de determinadas circunstâncias, como a qualidade das pessoas, a natureza do processo etc (competência originária dos tribunais)
	
JURISDIÇÃO INFERIOR.(competência originária) É a que se exerce na primeira instância, por juiz que conhece e decide as causas originariamente.
Ex.: na Justiça Estadual, a dos juízes de direito das comarcas.
	
	JURISDIÇÃO SUPERIOR. É a exercida na instância superior, por força de recurso interposto em causa já sentenciada, como conseqüência do duplo grau de jurisdição ou por força de remessa ex officio. É aquela prestada pelo órgão jurisdicional encarregado de funcionar como órgão revisor da prestação jurisdicional dado em 1º grau de Jurisdição. 
	QUANTO A FONTE
Nos processos arbitrais podem as partes convencionar que o julgamento seja feito por equidade, "fora das regras e formas do direito. Na arbitragem das pequenas causa, o julgamento por equidade é sempre admissível, independente de autorização pelas partes”, uma vez que a lei expressamente autoriza a aplicação da equidade.
No processo penal, o juízo de equidade é a regra geral, somente na individualização da pena.
Tem-se equidade também nos feitos de jurisdição voluntária, em que o juiz pode adotar em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou oportuna (NCPC, parágrafo único, art. 723).
Contudo, fora os casos autorizados por lei, torna-se inaplicável a equidade, mas somente possível a aplicação do direito positivo.
	
JURISDIÇÃO DE DIREITO. É aquela prestada com base na lei, na analogia, costumes, nos princípios gerais do direito.
	
	
JURISDIÇÃO DE EQUIDADE. É a jurisdição prestada no bom senso do julgador, sem os limites do direito. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei (NCPC, parágrafo único, art. 140). 
Processos arbitrais
Processo penal (somente quando da individualização da pena)
Jurisdição voluntária.
JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA - Modalidades de Intervenção Estatal na Administração dos interesses privados. 
a) Por órgãos estatais alheios ao Poder Judiciário ( Executivo e Legislativo ) 
Para prevenir conseqüências sociais o Estado controla as atividades privadas e faz isso também com órgãos alheios ao Poder Judiciário.
Controle direto do executivo - ex. DETRAN – Inobstante o carro seja seu, para poder circular, você tem que levar o carro (que é um bem móvel e não deveria precisar de registro) para registrar, é um controle em prol da comunidade, que pode vir sofrer reflexos pelo mal uso deste carro. 
Controle indireto - ex. planos de saúde, consórcios, mensalidades escolares - embora sendo uma atividade privada traz reflexos para a sociedade.
b) Por órgãos Estatais sob o controle e fiscalização do Poder Judiciário ( Foro extrajudicial)
Ex. O Poder judiciário através da Corregedoria de Justiça faz um controle indireto ,por exemplo, sobre Cartórios de Registro civil que são atividades de caráter privado controladas pelo Estado por ser de interesse público. 
c) Por órgão do Poder Judiciário - Controle direto administração pública de interesses privados feito pelos magistrados e não por um organismo do judiciário (é a função administrativa exercida por parte do Judiciário, pois não está pacificando lides) - ex. Controle nas separações consensuais - Jurisdição voluntária , graciosa ou administrativa 
* O Estado assumiu a Jurisdição voluntária em razão da tradiçãoe conveniência.
Tradição - em razão do Direito Português
Conveniência - Pública / Social - Prevenção de lides
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a) Jurisdição Voluntária - é aquela jurisdição que o Estado exerce em atividades tipicamente privadas , sem existência de lides , reconhecendo, verificando, autorizando, aprovando , constituindo ou modificando situações jurídicas.
* É uma situação atípica da jurisdição, o Estado vai intervir não para pacificar lides.
EX. de Jurisdição voluntária - guarda de filho se houver acordo, se houver litígio passa a ser Jurisdição contenciosa .
Intervenção do Estado em casos particulares mas que precisam da chancela do Estado.
b) Jurisdição Contenciosa - é aquela jurisdição prestada diante da existência de lides na qual o Estado soluciona conflitos.
	Jurisdição Contenciosa
Atividade: Jurisdicional
Causa (objeto da atividade): um conflito de interesses, uma LIDE.
Aspectos subjetivos: partes contrapostas (internolentes).
Iniciativa: Ação - pedido do Autor contra o Réu. (Há o caráter substitutivo da jurisdição).
Maneira de proceder: mediante um processo - contraditório.
Sentença: produz “coisa julgada material”.
Critério de julgamento: o da legalidade, aplicação do direito positivo.
	Jurisdição Voluntária
(NCPC, arts. 719 e seguintes)
- Administração de interesses privados, não faz pacificação de lides. Atua no controle de atividades privadas, mas que reflete no a atuação do direito, mas a constituição jurídicas novas. 
- Um negócio, ato ou providência jurídica.
- “Interessados”) na tutela de um mesmo interesse (intervolentes). Há apenas um negócio jurídico, com a participação do magistrado.
Simples Requerimento. Insere o juiz entre os participantes do negócio jurídico, para os fins do requerimento sem exclusão das atividades das partes. 
Há procedimento administrativo, facultada eventual controvérsia, quanto á maneira de melhor administrar o negócio em jogo.
- Não há coisa julgada material, pode ser modificada por circunstâncias supervenientes.
- Não é obrigatória a “legalidade”, podendo o juiz ater-se a critérios de conveniência e oportunidade.
*Na Jurisdição Voluntária o procedimento é administrativo - mas é facultado eventual controvérsia - o fato de não haver lide, não impede de ocorrer controvérsia entre os interessados, pois embora requerentes estejam de acordo com o resultado, podem discordar da dimensão ou conteúdo.
Não há lide – pois lide é disputa de 2 pretensões por um único bem
Há controvérsia - há descenso - quando 2 idéias não estão em confronto por um único bem, mas se divergem quanto á solução a ser tomada pelo Estado no controle da atividade de interesse privado, sem contudo existir lide.
Ex. Venda de um bem de menor - a mãe não quer a venda e o pai quer a venda o bem. Tratando de Jurisdição Voluntária, o Estado não vai resolver uma lide, vai dizer se é viável ou não a venda do bem do menor.
* Só produz coisa julgada a sentença de mérito (aquela que decide lides).
* Pode haver Jurisdição Voluntária em Direito Penal ? Não, porque o DP trata de questões públicas, e em sua maioria de Direito Indisponível. Jurisdição Voluntária está ligada a Administração Pública de Interesses Privados e não Público.
LIMITES DA JURISDIÇÃO
Tanto a Jurisdição voluntária quanto a contenciosa têm limites (exceções da aplicação da jurisdição)
*art. 5º IIIV CF - A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Princípio da Inafastabilidade, mas este princípio não pode ser verificado em absoluto, existem limitações internas de cada Estado, excluindo a tutela jurisdicional em casos determinados, e há também limitações Internacionais, ditadas pela necessidade de coexistência dos Estados e pelos critérios de conveniência e viabilidade.
1) Limites Internacionais 
- Quem dita os limites internacionais da jurisdição de cada Estado são as normas internas desse mesmo Estado. 
O legislador não leva muito longe a jurisdição de seu país tendo em conta:
- a conveniência - excluem-se os conflitos irrelevantes para o Estado.
- a viabilidade - excluem-se os casos em que não será possível a imposição autoritária do cumprimento da sentença.
Critérios delimitadores internacionais da jurisdição:
- Existência de outros Estados Soberanos
- Respeito às convenções internacionais
- Razões de interesse do Próprio Estado.
Em princípio cada Estado tem poder jurisdicional nos limites de seu território. O Brasil não abre mão de sua soberania no que se refere aos limites internacionais da jurisdição quando:
1- O réu tiver domicílio no Brasil
2- Versar a pretensão do autor sobre obrigação a ser cumprida no Brasil.
3- Originar-se de fatos aqui ocorridos.
4- O objeto disputado for imóvel situado no Brasil.
5- Situarem-se no Brasil os bens que constituirão objeto de inventário.
Limites internacionais de caráter pessoal
São imunes á jurisdição de um país:
- Estados Estrangeiros 
- Chefes de Estados Estrangeiros são as chamadas imunidades 
- Chefes diplomáticos 
* Exceção com relação a imunidade 
 
Quando se tratar de demanda fundada em direito real sobre imóvel situado no país onde o diplomata se encontra . É questão de soberania . Ex. Se o imóvel ,de um diplomata americano, aqui no Brasil é objeto de demanda, a legislação será a do Brasil ou seja, estando no Brasil, aplica-se as normas de onde está situado o imóvel, neste caso não há imunidade. 
Somente perderão a imunidade:
- quando renunciarem a imunidade
- se o país de origem cassar essa representatividade diplomática: chama-se desacreditar
- quando forem autores em demanda (têm imunidade para ser apenas réu e não autor)
Limites Internos da Jurisdição 
1) O Poder Judiciário não apreciará Atos da administração - para efetivação das finalidades do Estado. Às vezes é o Estado-Administração o único a decidir a respeito de eventuais conflitos , sem intervenção do judiciário. Cabe somente a administração pública a análise de seu ato administrativo, impossibilitando ao Poder Judiciário a análise no que se refere a oportunidade e conveniência daquele ato. Ex. Não cabe indagar ao Estado do porquê de uma desapropriação ou não. Cabe a discussão se aquele ato preencheu a legalidade ou se é de interesse público.
2) A lei exclui da apreciação judiciária as pretensões fundadas em dívidas de jogo - O devedor não é obrigado a pagar divida de jogo ilícito mas se pagou não pode reaver mesmo sendo ilícito.
Limites da Jurisdição Penal 
A Jurisdição Penal rege estritamente sobre o princípio da territorialidade . Tal qual o Direito material Penal, o Direito Processual Penal, não ultrapassa os limites do Estado. A jurisdição Penal tem limites iguais e semelhantes á norma Penal.

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