Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gestão Ambiental e Responsabilidade Social Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Me. Nilza Maria Coradi de Aráujo Revisão Técnica: Prof.a Dr.a Solange de Fatima Azevedo Dias Revisão Textual: Prof.a Dr.a Selma Aparecida Cesarin Ferramentas para a Gestão Socioambiental e Responsabilidade Social • Responsabilidade Social Empresarial (RSE); • A Pegada Ecológica; • Processos e Normas; • Padrões de Relatórios/Indicadores; • Finalizando a Unidade. · Discutir a implementação de mudanças corporativas em organiza- ções, de acordo com o conceito de desenvolvimento sustentável em seus negócios. Apresentar algumas ferramentas que funcionam como agentes de consolidação desse novo paradigma de gestão e a implantação desses instrumentos como uma das grandes responsá- veis pela melhoria do desempenho econômico, social e ambiental de empresas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Ferramentas para a Gestão Socioambiental e Responsabilidade Social Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Responsabilidade Social Empresarial (RSE) A Responsabilidade Social é um dos aspectos do movimento ambiental, tanto de indivíduos, quanto de organizações, em todos os setores: privado, público ou terceiro setor. Existem diversas definições de Responsabilidade Social Empresarial, mas na prá- tica o conceito de RSE é promover um comportamento empresarial que harmoniza os elementos sociais e ambientais que podem não estar inseridos na Legislação, mas que atendem às necessidades da Sociedade em relação à Organização. Esse conceito é chamado de Sustentabilidade Corporativa, baseado nas três di- mensões da sustentabilidade: responsabilidade ambiental, Responsabilidade Social e Responsabilidade Econômica. Hoje, para uma Empresa, a corresponsabilidade pelo ambiente, pela sociedade, pelo país é um diferencial competitivo em que a organização consegue agregar valor à sua marca. Assumir Responsabilidade Social, mostra a ideia do empresário cons- ciente, que deseja uma nova forma de fazer negócio, que juntamente com a coletivi- dade e com o Estado busca um novo modo de resolver problemas, o que é chamado de “cidadania compartilhada”; é quando as empresas se abrem para construir uma Sociedade mais democrática, mais humana e mais justa. Com isso as empresas sus- tentáveis conseguem posição de destaque no modelo de Mercado atual. O conceito de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) pode ser entendido como o comprometimento permanente do empresariado em adotar um comportamento ético e transparente e contribuir para o desenvolvimento econômico, simultaneamente melhorando a qualidade de vida de seus empregados e familiares, da comunidade local e da sociedade como um todo, tendo como valores essenciais: o respeito aos direitos humanos e aos direitos trabalhistas, e a valorização do bem-estar das comunidades e do progresso social (LEAL, 2009). Como uma ferramenta de gestão, a Responsabilidade Social não é somente um fator de competitividade, mas também um ato de sobrevivência para as empresas. A Pegada Ecológica Como discutido anteriormente, avançamos sobre nosso Planeta consumindo seus recursos como se fossem infinitos. A Pegada Ecológica é um mecanismo criado com o objetivo de dimensionar a marca que deixamos no Planeta. Consumimos cerca de 25% a mais do que a natureza é capaz de suprir (IDEIA SUSTENTÁVEL, 2017). No sentido de equacionar essa relação, a Pegada Ecológica se mostra como uma forma de interpretar a realidade, indicando as mudanças necessárias nos modelos de produção, consumo e comportamento para o uso mais consciente dos recursos naturais; uma mudança profunda no padrão da civilização atual, que deve se iniciar nas atitudes de cada um. 8 9 Os cálculos da Pegada Ecológica se iniciaram em meados de 1960 e começaram a ser realizados pela Global Footprint Network; nesse momento, a população humana usava em torno de 70% da capacidade produtiva do Planeta. Em 1987, pela primeira vez, a Humanidade consumiu mais recursos do que o Planeta era capaz de oferecer. O relatório Planeta Vivo, elaborado pela WWF e Global Footprint Network, em 2006, mostra que se essa tendência de consumo for mantida, em 2050, os seres humanos vão demandar duas vezes mais recursos do que o Planeta é capaz de oferecer. Uma das piores consequências desse cenário é a perda de serviços ambientais e de biodiversidade. Analisar até que ponto o impacto dos seres humanos na Terra já ultrapassou o limite da capacidade biológica é fundamental para alcançar padrões de vida, tecno- logias e processos mais sustentáveis. A Pegada Ecológica pode ser útil para medir e gerenciar o uso de Recursos Naturais em toda atividade econômica. Também pode ser um indicativo importante para motivar a sustentabilidade dos estilos de vida individuais, dos produtos, serviços, organizações, indústrias, cidades e nações. A Pegada Ecológica tem o objetivo de demonstrar de forma honesta o desafio de reduzir nossos impactos na Natureza. É ferramenta de análise muito simples, mas eficiente (DIAS, 2015). A Pegada Ecológica é uma forma de traduzir, em hectares, a extensão de territó- rio que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para atender suas necessidades. De forma geral, as sociedades mais industrializadas utilizam mais espaços de produção do Planeta em relação às populações de culturas ou socieda- des menos industrializadas. Suas pegadas ecológicas são maiores porque, quando utilizam recursos de várias partes do mundo, afetam locais cada vez mais distantes. A forma ou o estilo de vida e do consumo de um indivíduo, de uma família ou de uma sociedade têm influências locais e globais. “Os EUA, por exemplo, consomem 43% da gasolina do Planeta para movimentar internamente 5% da população global; com isso impactam o clima e a vida de todos no mundo”, afirma Eduardo Athayde, diretor da Universidade da Mata Atlântica (UMA), organizaçãoque repre- senta o World Watch Institute no Brasil (IDEIA SUSTENTÁVEL, 2017). Segundo o relatório Planeta Vivo, elaborado pela WWF e Global Footprint Network, a Pegada Ecológica per capta dos países industrializados está bem acima da média ideal de 1,8 hectares globais. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse índice é de 9,6, enquanto na Somália é de apenas 0,4. De maneira geral, nenhum país dá conta do desafio de oferecer o bem-estar social da sua população sem comprometer a disponibilidade de Recursos Naturais. A Pegada Ecológica é uma ferramenta que permite ampliar a percepção das pessoas a respeito da sua contribuição pessoal às pressões sobre os Recursos Ambientais. Facilita a percepção das pressões causadas por diferentes países e seus padrões de produção e consumo” (DIAS, 2015). Analisar nossa atitude é a melhor forma de reduzir a Pegada Ecológica. Devemos repensar muito o nosso consumo. 9 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Figura 1 Pe ga da Ec ol óg ica (n úm er o d e p la ne ta s T er ra ) 1961 1970 1980 1990 2000 2008 Legenda Áreas construídas Pastagens Pesqueiros Florestas Áreas de cultivo Carbono Ano O Consumo Consciente Consumo consciente é o ato de adquirir e usar bens de consumo, alimentos e Recursos Naturais de forma a não exceder as necessidades. Além de ser uma questão de cidadania, as atitudes de consumo consciente ajudam a preservar o meio ambiente. É necessário que fiquemos atentos aos nossos hábitos cotidianos, como o tempo gasto no banho, e a busca por tecnologias mais eficientes, inclusive as mais simples, para aquecer a água, por exemplo. O simples fato de deixar os aparelhos eletrônicos em Stand by, por exemplo, pode aumentar em até 11% o consumo de energia, segundo pesquisas. Reavaliar a necessidade de deslocamentos com automóveis é outro ponto importante; o setor de transportes é responsável por 14% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa. É importante ressaltar que quanto maior a consciência do consumo, mais efetivas as contribuições para o desenvolvimento de uma Sociedade sustentável, pois ao basearem as decisões de compra em critérios socioambientais, os consumidores adquirem o direito de punir ou recompensar as empresas em consequência da sua postura, induzindo padrões mais sustentáveis no Mercado. Apesar de figurarem entre os mais preocupados com as mudanças climáticas, por exemplo, os consumidores brasileiros também estão entre os mais acomodados em relação a mudanças em comportamentos para reduzir impactos no meio ambiente: Na média, não conseguimos estabelecer as conexões que existem entre os nossos hábitos com os problemas ambientais. Não é tão simples per- ceber que o modo de se locomover, descartar resíduos são responsáveis pelo aquecimento global, por exemplo. Reconhecemos que o desmata- mento na Amazônia é um problema a ser enfrentado, mas na hora de 10 11 comprar móveis não perguntamos de onde vem a madeira. Apesar de termos informações, continuamos consumindo da mesma forma (IDEIA SUSTENTÁVEL, 2017). Segundo Dias (2015), a resistência a mudanças de hábito se deve ao modelo civilizatório atual, consolidado pelos sistemas de ensino e meios de comunicação: “O analfabetismo ambiental atrelado à ganância e à busca do poder, da acumulação simples de coisas e dinheiro, são os principais desafios para redução da pegada ecológica. As pessoas se apegaram ao consumismo como objetivo de vida, símbolo de sucesso”, ressalta. Para mudar nosso padrão civilizatório atual, é necessário um novo modelo educacional, pois o modelo de civilização atual é predatório, excludente e gerou essa situação de insustentabilidade planetária. Precisamos de uma Educação baseada em outra visão de mundo, que seja holística, sistêmica e estimule o respeito à diferença. Como Reduzi-la Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images. · Reutilizar sempre que seja possível; · Reduzir ao máximo o consumo; · Separar os resíduos recicláveis (papel, vidro, plástico, pilhas, tecido,...) e encaminha-los para uma empresa de reciclagem; · Tomar ducha em vez de banho de imersão; · Recolher a água da chuva para regar as plantas; · Optar por materiais de construção ecológicos. Processos, Produtos e Ciclos Fechados Fazer a análise dos processos, produtos e práticas de determinada Corporação e de sua cadeia de valor tem se tornado questão de sobrevivência para os negócios. Assuntos como biodiversidade, eficiência energética, reciclagem de resíduos, análise do ciclo de vida dos produtos, redução de emissões de gases causadores do efeito estufa, neutralização de carbono passaram a ser assuntos constantes nas companhias. Precisamos desenvolver tecnologias baseadas na Natureza, em que nada se perde, tudo se transforma. É necessário buscar formas de utilizar resíduos como matéria-prima, reduzindo a necessidade de extração de novos recursos e descarte na Natureza. Analisar para aonde estão indo os resíduos, desenvolver formas de reduzir sua produção, reutilizá-los e reciclá-los, e procurar trabalhar com ciclos fechados, assim como na Natureza, em que o resíduo de um processo torna-se matéria-prima para outra atividade. 11 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Figura 3 Fonte: Acervo do conteudista. Esse conceito de responsabilidade social pode ser entendido em dois níveis: o nível interno relacionado aos trabalhadores e às partes afetadas pela empresa e que podem de alguma forma influir no alcance de seus resultados, e o nível externo que é a consequência das ações de uma organização sobre o meio ambiente, seus parceiros de negócio e a sociedade em que estão inseridos. Foram diversos fatores que originaram o conceito de responsabilidade social, no contexto mais globalizado das mudanças nas organizações, surgiram preocupações e expectativas dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores em relação às organizações. Os indivíduos e as instituições, como consumidores e investidores, começaram a condenar os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas e também a pressionar as empresas para a observância de requisitos ambientais. As primeiras citações que tratam da responsabilidade social ocorreram nos Estados Unidos, na década de 1950 e, na Europa, nos anos 1960. Na década de 1970, surgiram as primeiras associações de profissionais com interesse em estudar o assunto. A partir daí, a responsabilidade social se transformou em um novo campo de pesquisa. Hoje, já bem mais estabelecida, a responsabilidade social é uma realidade, e podemos mencionar os três tipos principais: responsabilidade social corporativa, responsabilidade social empresarial e responsabilidade social e ambiental. A responsabilidade social corporativa é um conjunto de ações que beneficiam a sociedade e as corporações, considerando a economia, a educação, o meio- -ambiente, a saúde, o transporte, a moradia, as atividades locais e o governo. Normalmente, as instituições criam programas sociais que melhoram a qualidade de vida dos funcionários e da população. 12 13 A responsabilidade social empresarial está relacionada a uma gestão ética e transparente que a organização deve possuir com suas partes interessadas, para diminuir os impactos negativos no meio ambiente e na comunidade. A responsabilidade social e ambiental está ligada a práticas de preservação do meio ambiente. Assim, uma empresa responsável no âmbito social deve ser conhecida pela criação de políticas responsáveis na área ambiental. Enfim, ao longo dos anos, as preocupações aglutinaram-se e encorparam as discussões voltadas à responsabilidade social, como o respeito à diversidade humana,o combate à corrupção, a promoção da qualidade de vida, inclusive no trabalho, a preocupação e o cuidado com o meio ambiente (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). A preocupação e o fortalecimento das Teorias tomaram impulso graças à grande quantidade de organizações Nacionais e Internacionais que promoveram a prática da responsabilidade social, como é o caso do Instituto Ethos e o do Ibase – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas. A ISO elaborou também uma norma de responsabilidade social, a ISO 26000 (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social foi criado, em 1998, por um grupo de empresários da iniciativa privada, cujo objetivo é, a partir de troca de experiências e sistematização de conhecimentos, desenvolver ferramentas para auxílio na análise de práticas voltadas à gestão e ao compromisso com responsabilidade social e desenvolvimento sustentável. O Ibase é uma organização fundada, em 1981, pela sociedade civil, cujo objetivo é a radicalização da democracia e a afirmação de uma cidadania ativa. As iniciativas são regidas pelos princípios da igualdade, solidariedade, participação e justiça socioambiental. Responsabilidade Social Empresarial No Brasil, conforme Pereira, Silva e Carbonari (2011), a desigualdade social e a impossibilidade de atendimento a estas demandas fazem com que a responsabilidade social empresarial seja mais relevante. Primeiramente, vale destacar que ações isoladas por razões humanitárias não são sinônimo de responsabilidade social, talvez a origem tenha sido assim, mas a responsabilidade social empresarial se constrói por meio de ações interligadas, inseridas no planejamento e na cultura da organização, envolvendo a todos (PEREIRA, SILVA E CARBONARI, 2011). Atualmente, é intensa a quantidade de iniciativas em sintonia com os movimentos da responsabilidade social das empresas e do desenvolvimento sustentável, originando os conceitos de organização e de empresa sustentável, ou seja, a responsabilidade social das empresas é um caminho para alcançar a sustentabilidade empresarial (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). 13 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Quadro 1 – Responsabilidade social empresarial nos níveis estratégicos e operacionais. Níveis Estratégicos Visão, Valores e Missão Princípios Diretivos Declaração Universal dos Direitos do Homem Agenda 21 Carta da terra Metas do Milênio Pacto Global Política, Liderança e Recursos Códigos e Regulamentos Convençoes da OIT Diretrizes da OCDE para Multinacionais Convenção contra a corrupção Níveis Operacionais Impactos Econômicos Processos e Normas ISO 9001 ISO 14001 OHSAS 18001 NBR 16001 Impactos Ambientais AA1000 SA 8000 ISO 26000 Impactos Sociais Códigos de boas Práticas do setor Relatórios Padrões de Relatórios Balanço Social GRI Indicadores Ethos Princípios Diretivos Conforme mostra o quadro 1, são exemplos de princípios diretivos que impul- sionaram a criação de normas e outras ferramentas e instrumentos de gestão para as práticas da responsabilidade social (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012): • Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) – Importante fonte para orientar a concepção de políticas de responsabilidade social quer seja para uma entidade pública ou privada. • Agenda 21 – realizada no Rio de Janeiro, em 1992, é um plano de ação para alcançar objetivos do desenvolvimento sustentável. • Carta da Terra – foi concluída em 2000, surgiu para incluir questões que não foram tratadas na Declaração de 1992, no Rio de Janeiro, procurando sanar as deficiências existentes, cujos temas básicos são: » Respeitar e cuidar da comunidade da vida; » Integridade ecológica; » Justiça econômica e social; » Democracia, não violência e paz; 14 15 • Metas do Milênio – Aprovada em 2001 pelas Nações Unidas, cujo objetivo é reforçar o compromisso entre as Nações dos pactos celebrados anteriormente: » Erradicar a extrema pobreza e a fome. » Atingir o ensino básico fundamental. » Promover igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres. » Reduzir a mortalidade infantil. » Combater a AIDS, a malária e outras doenças. » Melhorar a saúde das gestantes. » Garantir a sustentabilidade do planeta. » Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. • Pacto Global – Fórum aberto à participação de empresas e outras organizações, para se engajar neste pacto, é necessário expressar seu apoio ao pacto, cujos princípios são: » Princípios de Direitos Humanos: 1. Respeitar e proteger os direitos humanos. 2. Impedir violações de direitos humanos. » Princípios de Direitos do Trabalho: 3. Apoiar a liberdade de associação no trabalho. 4. Abolir o trabalho forçado. 5. Abolir o trabalho infantil. 6. Eliminar a discriminação no ambiente de trabalho. » Princípios de Proteção Ambiental: 7. Apoiar uma abordagem preventiva aos desafi os ambientais. 8. Promover a responsabilidade ambiental. 9. Encorajar tecnologias que não agridam o meio ambiente. » Princípio contra a Corrupção: 10. Combater a Corrupção em todas as suas formas, inclusive extorsão e propina. Códigos e Regulamentos Como mostrado no quadro 1, são exemplos de Códigos e Regulamentos (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012): • Convenções da OIT – Organização Internacional do trabalho, criada em 1919, cujas convenções e recomendações são voltadas para as relações de trabalho e envolve empregadores, empregados e governos. • Diretrizes da OCDE para as Multinacionais – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, elaborou por exemplo, a Convenção Contra o 15 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Suborno de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Internacionais de 1997, incluída na Legislação Brasileira. • Convenção Contra a Corrupção – É fundamental para qualquer gestão de responsabilidade social empresarial. A Transparency International (TI) define a corrupção como o abuso do poder, cujo objetivo é obter ganhos privados ilegítimos. Processos e Normas Para operacionalizar os princípios estabelecidos nos Acordos e Convenções, são necessários instrumentos gerenciais, conforme quadro 1. O processo de normalização internacional é intensificado com a criação da International Organization for Standardization (ISO) em 1947. É válido destacar que recebeu propositadamente essa sigla ISO, que significa em grego ‘igualdade’, justamente por desenvolver trabalhos de normalização técnica, que representem o consenso de seus membros. O Brasil representado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) participa das decisões e estratégias da ISO (ISAIA, 2010). Série de Normas ISO: é um conjunto de normas, cujo objetivo é fornecer informações, estabelecer requisitos e auxiliar na implementação dos seus requisitos (ISAIA, 2010). Ex pl or Veja abaixo a Série de Normas ISO: • ISO 9001 – É a mais conhecida da série 9000, ela especifica requisitos de um sistema de gestão da qualidade. • ISO 14000 – Esta série estabelece diretrizes para um sistema de gestão ambiental. Exemplificando, temos: • ISO 14001 – Sistemas de Gestão Ambiental – Especificação e Orientação para uso. • ISO 14004 – Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes gerais sobre princí- pios, sistemas e técnicas de apoio. • ISO 14063 – Norma que fornece a uma organização as diretrizes sobre prin- cípios gerais, política, estratégia e atividades relacionadas com a comunicação ambiental, tanto interna quanto externa. • OSHAS 18001 – Entrou em vigor em 1999. Foi concebida pela recusa da ISO em criar normas sobre saúde e segurança do trabalho. Portanto, esta norma trata deum sistema de gestão de segurança e da saúde ocupacional. É um compromisso de redução dos riscos decorrentes do trabalho, recaindo em um processo dinâmico de melhoria contínua. Foi criada a partir de um grupo de certificadores do Reino Unido, Irlanda, Austrália, África do Sul, Espanha e Malásia (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). 16 17 • NBR 16001 – Norma Brasileira de Responsabilidade Social, que estabelece requisitos mínimos, permitindo que a organização crie e implemente um sistema de gestão da responsabilidade social, segundo ABNT (2013), levando em conta: responsabilização, transparência, comportamento ético, consideração pelos interesses das partes interessadas, atendimento aos requisitos legais, respeito às normas internacionais de comportamento e aos direitos humanos à promoção do desenvolvimento sustentável (www.abntcatalogo.com.br). Esta norma apresenta-se compatível com as estruturas das normas ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, o que facilita a integração das mesmas (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). Os sistemas de gestão podem receber certificações. Para fazê-lo, devem subme- ter esse sistema a um organismo externo. No caso da NBR 16001, é denominado de Organismo de Certificação de Sistema de Gestão da Responsabilidade Social (OCR), que, por sua vez, é acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Nor- malização e Qualidade Industrial (Inmetro) (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). • AA 1000 – Origem Reino Unido – Define melhores práticas para prestação de contas a fim de assegurar a qualidade da contabilidade, auditoria e relato social ético de todos os tipos de organizações. • AS 8000 – É uma norma internacional de avaliação da responsabilidade social e parte do princípio que as empresas devem cumprir as leis relativas aos empregados e terceirizados, adotando as disposições das convenções da Organização Internacional do Trabalho (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). • A Norma Internacional ISO 26.000 foi publicada em novembro de 2010 e lançada a versão em português em dezembro de 2010 – ABNT NBR ISO 26.000 a qual concede Diretrizes sobre a Responsabilidade Social. A Responsabilidade Social das Organizações consiste em responsabilizar-se pelos impactos causados por conta dos processos decisórios perante a sociedade e meio ambiente. O que implica em um comportamento ético e transparente, o qual contribui para o desenvolvimento sustentável, compatível com as leis aplicáveis e as normas internacionais de comportamento. A ISO 26.000:2010 não tem a finalidade de certificação, é uma norma de diretrizes e de uso voluntário. Padrões de Relatórios/Indicadores Segundo Barbieri e Cajazeira (2012), um sistema de gestão deve possuir mecanismos de comunicação transparentes para as partes envolvidas. Algumas normas já citadas anteriormente (ISO 14063, ISO 14001) atendem ao princípio da comunicação, porém, não recomendam nenhum tipo específico de instrumento (ferramenta), cabendo à organização a tomada de decisão de qual instrumento deve ser utilizado. 17 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Naturalmente, a escolha de um instrumento depende da estratégia, da política, dos princípios, dos programas, ou seja, de particularidades da organização (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). Segundo Pereira, Silva e Carbonari (2011), os indicadores de sustentabilidade corporativa servem para: • Trazer reflexão sobre temas que nem sempre são geridos. • Identificar metas. • Explicitar o aprendizado e a reação da empresa diante de suas falhas. • Quantificar o impacto. • Dar transparência e consistência à prestação de contas. • Contextualizar e tornar tangível o desempenho. • Permitir a comparabilidade. • Evidenciar a evolução. Figura 4 Transparência com seus públicos e em sua atuação Credibilidade perante o marcado de capitais Questionamento da sociedade Preocupação com a opinião dos colaboradores Preocupação com o meio ambiente Necessidade/realidade do ambiente da organização Incentivar a redução de custos/despesas/contingências Aumentar a inserção em mercados estrangeiros Manter uma imagem de empresa sustentável Atender uma imagem de empresa sustentável Outros Obtenção de selo ou certicação Estratégia de Marketing 0% 5% 10% 15% 20% 25% Fonte: Acervo do Conteudista. No quadro 1, são citados alguns exemplos de padrões de relatório, que seguem: • Balanço Social – É um modelo, criado em 1997 pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que se trata de um demonstrativo e é publicado anualmente. Nele, constam informações sobre projetos, benefícios e ações sociais voltados para funcionários, investidores, analistas de mercado, acionistas e comunidade (stakeholders) e os dados são expressos em valores financeiros ou de forma quantitativa (PEREIRA, SILVA e CARBONARI, 2011). 18 19 • GRI – Global Report Initiative, uma ONG internacional dedicada a desenvol- ver, divulgar e medir o desempenho das organizações, sob o aspecto da sus- tentabilidade ambiental, social e econômica, prestando, dessa forma, contas à sociedade (BARBIERI e CAJAZEIRA, 2012). • Indicadores Ethos – A organização que se utiliza deste indicador tem a vanta- gem de comparar-se com outras empresas e analisar os pontos fortes e fracos e, assim, ter oportunidade de melhoria. Neste indicador, aspectos econômicos que não tenham ligação com aspectos sociais e ambientais não são levados em conta (PEREIRA, SILVA e CARBONARI, 2011). O que é responsabilidade social empresarial? Responsabilidade social empresarial segundo o Instituto Ethos, é a forma ética e responsável que a empresa desenvolve todas as suas ações, suas políticas, suas práticas, suas atitudes, tanto com a comunidade quanto om o seu corpo funcional. Figura 5 Fonte: Acervo do Conteudista. É fácil perceber que usar os indicadores não é tarefa simples, pois eles devem ser flexíveis o suficiente para que possam ser alterados e adaptados, se for necessário. O quadro 1 apresenta apenas exemplos de indicadores, mas existem muitos outros. Destacam-se ainda: • ISE – Índice de Sustentabilidade – Índice lançado pela Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) em 2005, reflete o retorno de uma carteira de ações de empresas que têm um comprometimento com a sustentabilidade social empresarial (PEREIRA, SILVA e CARBONARI, 2011). 19 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental • Relatório de Sustentabilidade Dow Jones – É um indicador de desempenho financeiro, índice de reajuste ligado à bolsa de Nova York. As organizações que constam deste índice são as mais capazes de criar valor para seus acionistas em longo prazo (PEREIRA, SILVA e CARBONARI, 2011). Figura 6 Fonte: Acervo do conteudista. As empresas, certamente, detêm marcas que apresentam ativos intangíveis (bens e direitos que não apresentam forma física), que são preciosos e demandam tempo e dinheiro para serem construídos: transparência e ética. Enfim, a responsabilidade socioambiental passa credibilidade, e é, sem dúvida, uma forma de gestão estratégica, mas vai muito além de estratégia e obrigação, é um compromisso permanente que a organização sela para tornar a sociedade mais justa e contribuir para seu desenvolvimento. Finalizando a Unidade Nesta Unidade, apresentamos algumas características do processo de transfor- mação pelo qual as empresas estão passando, de modo a alterar a sua forma gerencial tradicional, baseada em premissas puramente econômicas, para se posi- cionar no futuro Mercado verde como uma Organização sustentável. Apresentamos a ecoeficiência e práticas de Responsabilidade Social como ferramentas de gestão, um caminho a ser percorrido por essas organizações sustentáveis, promovendo a Gestão Sustentável de seusprocessos produtivos, desde o consumo de matéria-prima e de insumos até a reciclagem dos resíduos provenientes de seus produtos e serviços. Apresentamos alguns direcionamentos utilizados para a transformação das empresas em organizações sustentáveis. 20 21 É fundamental a verificação do nível de sustentabilidade da Empresa, por meio da construção e da implementação de indicadores de sustentabilidade, que permitam quantificar e acompanhar a evolução do grau de comprometimento da Organização com o desenvolvimento sustentável. Como vimos, a responsabilidade social deve ser entendida como o conjunto de ações que podem ser realizadas além das exigências legais. A responsabilidade em- presarial ambiental se configura em ações que extrapolam a obrigação, com conteúdo mais voluntário de participação em iniciativas que tenham como objetivo preservar o meio ambiente e mantê-lo livre de contaminação para as demais gerações. Concluímos que a construção de um futuro sustentável nas empresas só é pos- sível pelo estabelecimento de mudanças corporativas e pela adoção de práticas gerenciais transparentes, que valorizem as dimensões sociais, ambientais e econô- micas, melhorando a qualidade de vida, o bem-estar social, o equilíbrio econômico entre as nações e o respeito ao meio ambiente. Acreditamos que a era das organizações sustentáveis é um caminho sem volta para este novo milênio e para o despertar de toda a sociedade global no que tange à preservação da biodiversidade global, à prosperidade econômica da sociedade, à equidade social para os povos e à manutenção da vida do Planeta como um todo. 21 UNIDADE Novo Paradigma de Gestão Ambiental: Responsabilidade Econômica, Social e Ambiental Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos A História das Coisas – Dublado Parte 1 TIDES FOUNDATION, funders workgroup for SUSTAINABLE PRODUCTION AND CONSUMPTION, FREE RANGE STUDIOS. The story of stuff. Publicado por Cerradowikibr. A história das coisas – Dublado Parte 1. https://youtu.be/ZpkxCpxKilI A História das Coisas – Dublado Parte 2 TIDES FOUNDATION, funders workgroup for SUSTAINABLE PRODUCTION AND CONSUMPTION, FREE RANGE STUDIOS. The story of stuff. Publicado por Cerradowikibr. A história das coisas – Dublado Parte 2. https://youtu.be/ZgyNw5pIXE8 Leitura Estudo do Indicador de Sustentabilidade Pegada Ecológica: uma Abordagem Teórico-Empírica RIBEIRO, Márcia França; PEIXOTO, José Antonio Assunção; XAVIER, Leydervan de Souza. Estudo do indicador de sustentabilidade pegada ecológica: uma abordagem teórico-empírica. In: XVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. A energia que move a produção: um diálogo sobre integração, projeto e sustentabilidade. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 9 a 11 de outubro de 2007. https://goo.gl/EBRYBi 22 23 Referências ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. DIAS, Genebaldo Freire. Pegada ecológica e sustentabilidade humana. São Paulo: Global Editora e Distribuidora Ltda., 2015. IDEIA SUSTENTÁVEL. O desafio da redução da pegada ecológica. Disponível em: <http://ideiasustentavel.com.br/o-desafio-da-reducao-da-pegada-ecologica/>. Acesso em: 12 mar. 2017. LEAL, C. E. A era das organizações sustentáveis. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v. 8, n. 8, p. 1-11, 2009. Disponível em: <http://www.castelobranco. br/sistema/novoenfoque/files/08/04.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2017. VAN BELLEN, Hans Michel. Indicadores de sustentabilidade. Rio de Janeiro: FGV, 2007. WBCSD. A ecoeficiência: criar mais valor com menos impacto. Lisboa: WBCSD, 2000. Disponível em: <www.wbcsd.org>. Acesso em: 21 nov. 2017 23
Compartilhar