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C 1 CCUURRSSOO DDEE EELLEETTRRÔÔNNIICCAA DDEE PPOOTTÊÊNNCCIIAA C 2 Capítulo I - DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES ....................................................................... 4 1. O RETIFICADOR CONTROLADO DE SILÍCIO( SCR ) ........................................................... 4 1.1 - CONCEITO E FUNDAMENTOS ....................................................................................... 4 1.2 - CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA ............................................................... 4 1.3 - CURVA CARACTERÍSTICA DO SCR ............................................................................ 7 1.4 - TIPOS DE SCR`s ................................................................................................................ 8 1.5 - IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DE UM SCR ....................................................... 8 1.6 - TESTE DE UM SCR ............................................................................................................ 9 1.7 - IDENTIFICAÇÃO E PARÂMETROS PARA A ESCOLHA DE UM SCR .................. 9 2. O RETIFICADOR CONTROLADO DE SILÍCIO DE MÃO DUPLA “O TRIAC” ................. 11 2.1 - CONCEITO E FUNDAMENTOS ..................................................................................... 11 2.2 - CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA ............................................................. 11 2.3 – CURVA CARACTERÍSTICA DO TRIAC ...................................................................... 12 2.3 - TRIAC`s COMERCIAIS ................................................................................................... 13 2.4 - IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DE UM TRIAC ................................................ 13 2.5 - TESTE DE UM TRIAC ...................................................................................................... 14 3. O TRANSISTOR UNIJUNÇÃO( UJT ) ...................................................................................... 14 3.1 - CONCEITO E FUNDAMENTOS ..................................................................................... 14 3.2 - CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA ............................................................. 14 3.3 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ............................................................................. 15 3.4 - PARÂMETROS IMPORTANTES DA CURVA .............................................................. 15 3.4 – IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DO UJT ............................................................. 16 3.5 – TESTE DE UM UJT ........................................................................................................... 16 4.O DIAC ( DIODO DE CORRENTE ALTERNADA ) ................................................................. 17 4.1 – CONCEITO E FUNDAMENTOS..................................................................................... 17 4.2 – CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA ............................................................ 17 4.3 – CURVA CARACTERÍSTICA DO DIAC ........................................................................ 17 4.3 –IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DE UM DIAC .................................................... 18 4.4 –TESTE DO DIAC ................................................................................................................ 18 4.5 – APLICAÇÕES PARA O DIAC ......................................................................................... 18 5. O IGBT( TRANSISTOR BIPOLAR DE GATILHO ISOLADO ) .............................................. 19 5.1 – CONCEITO E FUNDAMENTOS..................................................................................... 19 5.2 – CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA ............................................................ 19 5.3 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ............................................................................ 20 5.3 – CURVA CARACTERÍSTICA DO IGBT ........................................................................ 21 5.4 – IGBT´s COMERCIAIS ..................................................................................................... 21 5.5 –PINAGEM DO IGBT .......................................................................................................... 22 C 3 5.6 –VANTAGENS DO IGBT .................................................................................................... 22 Capítulo II – CIRCUITOS DE DISPARO DE TIRISTORES ....................................................... 25 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 25 2 – DISPARO DE TIRISTORES COM SINAL CC NO GATILHO .............................................. 25 3 - DISPARO DE TIRISTORES COM SINAL CA NO GATILHO ............................................. 25 4 - CONTROLE DE FASE COM SCR ........................................................................................... 26 5 - CONTROLE DE FASE COM TRIAC ...................................................................................... 29 6 – DISPARO POR REDE DEFASADORA ................................................................................... 32 7 – DISPARO POR PULSOS E COMPONENTES ASSOCIADOS .............................................. 34 8 – TRANSFORMADORES DE PULSO ........................................................................................ 34 9 – ACOPLADORES ÓPTICOS OU ISOLADORES ÓPTICOS ................................................... 35 10 – CIRCUITO DE DISPARO PULSADO COM UJT ................................................................. 38 11 – CIRCUITO DE DISPARO COM TCA-785 ............................................................................ 44 12 – OUTROS MÉTODOS DE DISPARO DO SCR ...................................................................... 49 Capítulo III - CIRCUITOS RETIFICADORES ............................................................................. 51 1.RETIFICADOR CONTROLADO MONOFÁSICO DE MEIA-ONDA ...................................... 53 2.RETIFICADOR CONTROLADO MONOFÁSICO DE ONDA COMPLETA ........................... 56 3.RETIFICADOR CONTROLADO MONOFÁSICO DE ONDA COMPLETA EM PONTE ..... 57 4.RETIFICADOR SEMI-CONTROLADO MONOFÁSICO EM PONTE .................................... 59 5.RETIFICADOR CONTROLADO TRIFÁSICO DE MEIA-ONDA ........................................... 64 6. RETIFICADOR CONTROLADO TRIFÁSICO DE ONDA COMPLETA EM PONTE .......... 66 7. RETIFICADOR SEMI-CONTROLADO TRIFÁSICO EM PONTE ........................................ 67 Capítulo IV ....................................................................................................................................... 68 CIRCUITOS CONVERSORES CC-CC E COMUTAÇÃO CC ...................................................... 68 1. CIRCUITOS CONVERSORES ................................................................................................... 68 2.CIRCUITOS DE COMUTAÇÃO PARA SCR.............................................................................. 72 Capítulo V ......................................................................................................................................... 74 CONVERSÃO DE FREQUÊNCIA ................................................................................................. 74 1.INVERSORES ............................................................................................................................... 75 1.1– PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ..............................................................................75 1.2 - INVERSORES TRIFÁSICOS............................................................................................ 77 2. CICLOCONVERSORES.............................................................................................................. 80 2.1 -PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO .............................................................................. 81 2.2 - CICLOCONVERSOR TRIFÁSICO ................................................................................. 83 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 83 C 4 Capítulo I - DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES 1. O RETIFICADOR CONTROLADO DE SILÍCIO( SCR ) 1.1 - CONCEITO E FUNDAMENTOS CONCEITO É um dispositivo que se comporta como um diodo, porém solicita de uma autorização para que haja condução. 1.2 - CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA - Os diodos são formados por dois pedaços de material semicondutor ( P – N ); - Os transistores são formados por três blocos de material semicondutor ( P-N-P ou N-P-N ); - O SCR apresentam uma constituição interna com quatro camadas de material semicondutor dispostos em “pilha”. P P N N G A K ANODO CATODO GATILHO ( a ) ( b ) Fig. 1.1 – a) estrtura interna de um SCR b) Símbolo do SCR C 5 EQUIVALÊNCIA COM DOIS TRANSISTORES Efetuando-se um hipotético corte inclinado nas “pilhas” de materiais semicondutores que forma o SCR, teremos, como mostra a configuração acima, duas estruturas equivalentes a dois transistores bipolares: Um PNP e outro NPN. Percebamos que tudo se passa como se a base do transistor PNP estivesse ligada ao coletor do NPN. Esta observação é fundamental para entendermos o por quê do SCR permanecer “ ligado” após a retirada do pulso em seu gatilho, explicado mais tarde. DIRETA INVERSA DIRETA + P P N N + + P P N N G + ANODO(A) CATODO(K) GATILHO A K G Fig. 1.2 – a) Corte inclinado em um SCR b) Modelo de um SCR com transistores P N N C K E B P P N G A C E B PNP NPN G A K + - ( a ) ( b ) Fig. 1.3 – Equivalência com diodos C 6 CONDUÇÃO DE UM SCR Observamos na figura 1.3 que mesmo quando o SCR é diretamente polarizado, ele não é capaz de conduzir, mesmo com dois diodos diretamente polarizados, mas haverá uma junção inversamente polarizada localizada no meio do super sanduíche, representada pelo diodo do meio, que diodo “chato” não é? Logo não adianta apenas polarizar diretamente o SCR, é preciso trabalharmos com um terceiro terminal, conectado ao terceiro bloco de material, conforme mostra a figura 1.3 acima. Sem a atuação desse terminal, o SCR não permite a passagem da corrente elétrica, pois a polarização dos seus diodos “internos” é “ conflitante” . Vejamos então o que acontece se aplicarmos uma polarização positiva ao terminal G, como mostra a figura 1.4, logo a seguir. Ao conectarmos o terminal G ao positivo, a junção inferior do “sanduíche” fica polarizada no sentido de condução, permitindo a passagem de uma pequena corrente, chamada de “ corrente de gatilho”, como mostra a seta tracejada menor. Esta corrente pode adquirir níveis perigosos para o SCR, portanto usualmente é utilizada uma resistência de gatilho para limitá-la, e assim manter a integridade do dispositivo, e não danificá-lo. Ao surgir, contudo, essa pequena corrente, através da junção( A ), diretamente polarizada, ocorre um interessante fenômeno, nas “ tripas” do SCR: Essa pequena corrente como que “ arrasta” consigo os portadores de carga existentes na junção( B ), fazendo com que a mesma se “ desinverta”, para efeitos práticos, e permitindo assim a livre passagem de intensa corrente entre o anodo e o catodo. O SCR então entra no que chamamos de estado de condução, e até quando? O SCR mesmo ao retirarmos a conexão do gatilho, após o mesmo ter sido polarizado, ele se mantém conduzindo, esta é uma característica muito importante do SCR, e isto só é possível graças a sua configuração equivalente a dois transistores apresentada na figura 2, vejamos: Suponha que polarizamos o SCR diretamente( terminal A positivo e terminal K negativo ), assim que aplicarmos polarização positiva ao terminal G, a base do transistor NPN receberá tal polarização, fazendo com que esse transistor entre em condução. Ao entrar o transistor NPN em condução, a sua “resistência interna”, entre emissor e coletor, baixa bastante, permitindo então que a polarização negativa atinja, com facilidade, a base do transistor PNP. O transistor PNP, por sua vez, ao receber em sua base essa polarização negativa, também entra em plena condução, “trazendo” polarização positiva à base do transistor NPN, assim, todo o conjunto entra e permanece em condução, podemos então resumir este círculo vicioso em uma pequena frase: “ Eu te ajudo, e você me ajuda”... E Este processo de condução tem fim? ... RG P N P N + - Corrente intensa Corrente pequena de gatilho A K A B Figura 1.4 – Circulação de corrente em um SCR C 7 Claro que tem, existe algumas formas de se bloquear o processo de condução de um SCR : Uma delas é desligar a fonte do circuito e outra é curto circuitar os terminais do dispositivo, ou seja, o anodo com o catodo. Essas são algumas ações verificadas em circuitos CC, outras também utilizadas são chamadas de comutação forçada, onde são elaborados circuitos para que se faça a comutação do SCR no momento desejado. Em circuitos CA há o que chamamos de comutação natural, pois o simples fato do sinal alternado passar por zero, desliga o SCR. 1.3 - CURVA CARACTERÍSTICA DO SCR PARÂMETROS IMPORTANTES DA CURVA VBO - Tensão de Breakover. IH - ( Holding current), corrente de retenção ou de manutenção: A corrente de manutenção é o valor de corrente anódica abaixo do qual o SCR irá entrar em estado de corte. IL – (Latching current), corrente de engatamento ou disparo: A corrente de disparo é o menor valor de corrente anódica que deve circular no SCR, a fim de que possamos retirar o sinal do gatilho e o dispositivo permanecer conduzindo. VBO VBO Imáx VCA IA IL IH Característica de bloqueio reversso Característica de bloqueio direto (a) + V1 RL IA VAC (b) Figura 1.5 a)Curva característica do SCR b)Circuito para obtenção da curva característica C 8 1.4 - TIPOS DE SCR`s 1.5 - IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DE UM SCR Invólucros típicos de SCR´s de baixa potência Figura 1.6 - SCR´s comerciais Tipos de Tiristores - rosca Tiposde Tiristores - disco Módulo de Tiristores K G A Figura 1.7 - SCR e seus terminais G – Gatilho A – Anodo K – Catodo C 9 1.6 - TESTE DE UM SCR Notamos que na figura 1.8a o multímetro mostra que não há condução, mesmo com polarização direta A(+) e K(-), isto acontece devido a autorização não ser solicitada através do Gatilho(G). Na figura 1.8b observa-se que o SCR permite a condução, pois curto-circuitando os terminais A e G com a ponteira positiva do multímetro, um pulso positivo é dado no gatilho, solicitando a autorização, logo verificamos uma diminuição na resistência indicada pelo instrumento. Na figura 1.8c, retomamos a ligação feita na figura 1.8a, porém a resistência se mantém baixa devido a característica que o SCR apresenta de permanecer em condução após o pulso de disparo, isto só é possível se sua corrente de manutenção for suficiente para tal. 1.7 - IDENTIFICAÇÃO E PARÂMETROS PARA A ESCOLHA DE UM SCR Com a folha de dados técnicos de um SCR em mãos, é importante que saibamos o significado de alguns parâmetros existentes na mesma para que possamos especificar o nosso SCR, são eles: DADOS TÉCNICOS DE TENSÃO: G K A K G K A K G K A K Figura 1.8 – Sequência de testes do SCR VDRM VRWM VDWM VRRM VD VRSM VDSM VR t Figura 1.9 - Sinal da rede com os transientes VRSM : Pico de tensão reversa não repetitivo(surto). Esta capacidade é quotada para transientes com o tempo de duração t 10ms. VRRM : Pico de tensão Reversa repetitivo. É o valor de pico dos transientes que ocorrem em todos os ciclos. VRWM: Tensão de crista de trabalho, no estado de corte, aplicada no sentido inverso. VDSM : Tensão de pico não repetitivo(surto), no estado de corte, aplicada no sentido direto. VDRM : Tensão de pico repetitivo, no estado de corte, aplicada no sentido direto. VDWM : Tensão de crista de trabalho, no estado de corte, aplicada no sentido direto. c) b) a) C 10 Obs: Quando o tiristor é operado diretamente na rede de energia elétrica, é recomendável que se escolha um dispositivo cujas capacidades de tensão de pico repetitiva VRRM e VDRM sejam pelo menos 1.5 vezes o valor de pico da tensão senoidal de alimentação, ou seja, VDRM VDWM. DADOS TÉCNICOS DE CORRENTE ITAV : Valor médio da forma de onda ideal de corrente da rede durante um ciclo, supondo a condução durante 180º ITRMS : Corrente RMS(eficaz) no estado de condução. ITRM : Corrente de pico repetitiva na condução. ITSM : Corrente de pico não repetitiva(surto) na condução. Este tempo é estabelecido para ½ ciclo do sinal da rede. IH : Corrente de manutenção( Holding Current ). É o valor de corrente anódica abaixo do qual o SCR corta. IL : Corrente de engatamento( Latching Currente ). É o mínimo valor de corrente anódica necessário para o engatamento do tiristor. DADOS TÉCNICOS GATILHO-CATODO VGRM : Tensão reversa máxima de gatilho. VGD : Tensão máxima aplicada ao gatilho que não provocará o chaveamento do estado de bloqueio para o estado de condução. IGTM : Máxima corrente de disparo de gatilho. IGT : Mínima corrente de disparo de gatilho. PGM : Máxima dissipação de potência no gatilho. Obs: Uma folha de especificação consta em anexo no final deste material. CODIFICAÇÃO DA SÉRIE TIC Devido a família dos tiristores da série TIC ser a mais comumente encontrada no mercado, efetuaremos a identificação dos tiristores através dos códigos impressos no corpo dos mesmos, como mostram os exemplos relacionados nos itens a seguir: 1 – Número 1(um) iniciando o número da série representa tiristor unidirecional ( SCR ) e o número 2(dois) iniciando o número de série representa tiristor bidirecional. Ex: TIC 106 2 – A letra que segue o número da série representa a tensão VDRM( Tensão máxima direta, com tiristor bloqueado). Ex: TIC 106 - A Indica tiristor unidirecional Indica tiristor bidirecional TIC 206 100V TIC 106 - B 200V C 11 2. O RETIFICADOR CONTROLADO DE SILÍCIO DE MÃO DUPLA “O TRIAC” 2.1 - CONCEITO E FUNDAMENTOS a) CONCEITO: É um dispositivo que permite a passagem de corrente em ambos os sentidos, conhecido também como dispositivo bidirecional, já que o SCR é um dispositivo unidirecional. 2.2 - CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA O TRIAC “por dentro” é equivalente a dois SCR`s ligados em paralelo, porém “cada um olhando numa direção”... Os terminais de controle ( gatilhos ) são “juntados” para que ambos os SCR`s possam ser autorizados através de um único contato esterno, como pode ser visto na figura 1.10. Percebemos então que a constituição interna de um TRIAC apresenta as mesmas características de um SCR. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO TRIAC O TRIAC funciona da seguinte maneira: Normalmente o componente fica intercalado entre a carga e a rede de alimentação CA e ao receber, pelo seu terminal de gatilho( G ) uma polarização positiva( em relação ao terminal M2), “entra em condução plena”, permitindo a passagem da corrente elétrica pela carga, nos dois sentidos, como mostram as setas. Para que a corrente na carga permaneça, contudo, é necessário que a polarização positiva no gatilho também seja constante, isso porque, da mesma forma que ocorre com o SCR, o TRIAC “desliga” sempre que a tensão entre seus terminais M1 e M2 cair a “zero”( ainda que momentaneamente). M1 M2 G K A A K G G SÍMBOLO Figura 1.10 – a) Simbololgia b) Constituição interna ( b ) ( a ) C 12 2.3 – CURVA CARACTERÍSTICA DO TRIAC Como pode ser observado, o TRIAC pode conduzir nos dois sentidos de polarização. E no que diz respeito aos parâmetros da curva, são equivalentes aos vistos na curva do SCR. Uma diferença importante entre o TRIAC e o SCR que podemos citar é que o SCR requer uma tensão de gatilho positiva, enquanto o TRIAC irá responder tanto a uma tensão de gatilho positiva quanto a uma negativa. Isto significa dizer que o seu disparo, que pode ser em qualquer direção, pode ser reduzido fazendo-se o gatilho mais positivo ou mais negativo, com relação ao M1, que é usado como terminal de referência. Em suma, pode-se dizer que a curva característica do TRIAC mostra as características de um SCR nas duas direções, e quanto aos parâmetros da curva, a denominação e conceito são equivalntes aos definidos na curva característica do SCR. DESVANTAGENS DO TRIAC EM RELAÇÃO AO SCR Embora o TRIAC tenha a capacidade de controlar a corrente nas duas direções e responder a correntes e gatilho que fluam em qualquer destas direções, o dispositivo apresenta certas desvantagens quando comparado ao SCR. Em geral, os TRIAC`s têm valores de corrente menores que os do SCR e não competem com estes quando correntes extremamente elevadas devem ser controladas. A frequência máxima na qual o TRIAC pode operar, fica em torno de 300Hz, visto que o mesmo opera nos dois semiciclos da rede. Figura 1.11– Curva característica do TRIAC I C 13 2.3 - TRIAC`s COMERCIAIS No comércio, através da consulta do data Book, encontramos TRIAC`s com valores de ITRMS de até 300A e valores de VDRM de até 1.6kV. Por estes dados, podemos perceber que 300A é pouco, frente ao SCR que possui valores de corrente acima de 3000A. Nas figuras 1.12 e 1.13, respectivamente são mostrados alguns tipos de encapsulamentos fabricados para o mercado e alguns TRIACS fabricados para potências mais altas. O invólucro mais conhecido é o TO220(TO220AB) dos quais se utilizam as séries TIC”xxx”, BTA12”AAA” e vários tantos outros triacs mais comuns. 2.4 - IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DE UM TRIAC M1 G M2 G – Gatilho M1 – Anodo 1 ou Main Terminal 1 M2 – Anodo 2 ou Main Terminal 2 Obs: Main Terminal = Terminal principal Figura 1.14 – Terminais do Triac Figura 1.12 – Tipos de encapsulamento do TRIAC Figura 1.13 – TRIAC’s para alta potência T0202-1 T092 T0220AB T0202-2 T0P3 RD91 C 14 Alguns invólucros de TRIACS apresentam denominações diferentes com relação aos terminais de ligação, a figura 1.15 mostra um conjunto desses invólucros. 2.5 - TESTE DE UM TRIAC Na prática, devemos encontrar duas resistências baixas no teste do TRIAC. Estas duas resistências baixas são entre os terminais M1 e gatilho, nos dois sentidos de polarização(algo em torno de 10 a 200ohms), pois estamos pegando a resistência da pastilha P comum a estes dois terminais. O terminal que sobrou, quando encontramos duas resistências baixas, é o M2, inclusive o M2, na maioria dos casos, é a carcaça do TRIAC. Para identificarmos quem é M1 e gatilho, devemos consultar o manual, pois através do teste prático não podemos diferençar estes dois terminais. 3. O TRANSISTOR UNIJUNÇÃO( UJT ) 3.1 - CONCEITO E FUNDAMENTOS CONCEITO É um transistor que comporta apenas de uma única junção. 3.2 - CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA Formado por dois blocos de material semicondutor, um do tipo P e outro do tipo N, semelhante a um diodo. O material P, entretanto é de dimensões bem reduzidas em relação ao material N, ficando como que Embutido no mesmo, como mostra a figura 1.16. Figura 1.16 – Constituição interna P N EMISSOR BASE 2 BASE 1 UJT Figura 1.17 – Simbologia E B2 B1 Figura 1.15 – Invólucros com denominações de terminais ligeiramente diferentes C 15 3.3 – PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO De acordo com o diagrama estruturado( fig. 1.18 ) onde representa o transistor de unijunção, caso o terminal B2 seja ligado ao positivo de uma fonte de Alimentação E o terminal B1 ao negativo de tal fonte, uma corrente muito pequena circular Através dos “resistores série”, RB2 e RB1. Isto ocorre devido os valores ôhmicos desses resistores serem elevados( semicondutor). Porém ao aplicarmos uma tensão positiva ao terminal E, estaremos polarizando diretamente o diodo, dessa forma uma corrente I começará a circular no sentido indicado, como mostra a figura 3.2. Assim que a tensão de entrada ultrapassar 0.6V, que é o limite mínimo, a resistência interna da base( RB1 ) cai significativamente para um valor muito baixo, fazendo com que a corrente que percorre B2 para B1, aumente sua intensidade. Caso o sinal de tensão caia para valores abaixo de 0.6V, imediatamente a resistência interna RB1 “sobe ”, novamente para um valor elevado impedindo assim que haja circulação de corrente. 3.4 - PARÂMETROS IMPORTANTES DA CURVA VP - Tensão de pico. Esta tensão também é conhecida como tensão de disparo do UJT . RB1 RB2 E B1 B2 I + - D1 DIODE RB2 RB1+ - Q1 UJT Figura 1.18 – Condução do UJT e diagrama estruturado Figura 1.19 – Curva característica do UJT C 16 - (Intrinsic Stand-off ratio) Relação intrínseca de corte. É a relação RBB RB1 e a faixa de é de 0.51 a 0.82. Dado que RBB é a resistência medida entre os terminais de base com o emissor aberto. O valor de RBB está na faixa de 4K a 10K. IP – Corrente de pico. É a corrente de emissor mínima necessária para disparar o UJT. O valor de IP está na faixa de 2A a 25A para os diversos UJT’s encontrados no mercado. VV – Tensão de vale. É o valor de tensão de emissor abaixo do qual ocorre o corte do UJT. Esta tensão de encontra na faixa de 1V a 5V. IV – Corrente de Vale. É o valor máximo de corrente de emissor na região de resistência negativa. A faixa de valores de IV Para UJT’s comerciais é de 1mA a 10mA. 3.4 – IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DO UJT 3.5 – TESTE DE UM UJT Para que se verifique o estado de Um UJT, efetua-se as medições segundo a tabela de teste resumida , como mostra a tabela 1.1. POLARIZAÇÃO RESISTÊNCIA MEDIDA B2+ B1- RBB B2- B1+ RBB E+ B1- RB1 E- B1+ E+ B2- RB2 E- B2+ B1 – Base 1 B2 – Base 2 E - Emissor Figura 1.20 – Terminais do UJT Tabela 1.1 – Tabela teste do UJT C 17 4.O DIAC ( DIODO DE CORRENTE ALTERNADA ) 4.1 – CONCEITO E FUNDAMENTOS CONCEITO É uma chave bidirecional disparada por tensão, muito utilizada nos circuitos de disparo, onde a tensão no qual o DIAC é submetido ocorre normalmente entre 20V e 40V. 4.2 – CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA O DIAC é construído, em grande parte, do mesmo modo que um transistor bipolar. O dispositivo tem três camadas semicondutoras alternadamente dopadas, como se pode ver na figura 1.21. Entretanto ele difere do transistor bipolar devido às concentrações de dopagem em torno das duas junções serem iguais e aos terminais conectados unicamente às camadas externas. Não há conexão elétrica na sua região intermediária. Uma vez que o DIAC tem apenas dois terminais, ele é geralmente encapsulado em invólucros de metal ou plástico com terminais axiais. Portanto, o dispositivo lembra em muito um diodo de junção PN comum na aparência. Porém, ele é, algumas vezes, também encapsulado como um transistor bipolar convencional, mas com apenas dois terminais. 4.3 – CURVA CARACTERÍSTICA DO DIAC Como pode ser observado, a curva característica do DIAC mostra que a condução do mesmo se dá a partir do momento em que o nível de tensão ultrapassa VBO( tensão de Breakover), em ambas as polaridades, caracterizando assim o DIAC como um componente bilateral. P N P T1 T2 Figura 1.21 – Estrutura interna do DIAC Figura 1.22 – Símbolos do DIAC Figura 1.23 – Curva característica do DIAC C 18 4.3 –IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DE UM DIAC 4.4 –TESTE DO DIAC Na prática, realizando o teste do DIAC com um multiteste na escala em ohms, devemos encontrar duas resistências altas entre seus terminais e o resultado sendo positivo, o dispositivo se encontra em perfeitas condições de uso, caso contrário, o DIAC não estará em condições de uso. Em perfeito estado, a resistência entre os terminais do DIAC sempre será alta, pois, como mostra sua curva característica, apenas sua resistência diminuirácaso a tensão entre seus terminais seja maior que VBO, e a tensão aplicada pelo multímetro não chagará a tanto. 4.5 – APLICAÇÕES PARA O DIAC O DIAC é aplicado normalmente em circuitos de proteção contra sobretensão, gerador de dente de serra e disparo de TRIAC. Algumas configurações de circuitos são mostradas nas figuras 1.25 e 1.26. Figura 1.25 – a) Circuito gerador de dente de serra b) Forma de onda no capacitor Figura 1.26 – Circuito de proteção contra sobretensão (a) (b) T1 T1 Figura 1.24 – Curva característica do DIAC C 19 5. O IGBT( TRANSISTOR BIPOLAR DE GATILHO ISOLADO ) 5.1 – CONCEITO E FUNDAMENTOS CONCEITO Formado por quatro camadas dispostas na sequência P-N-N-P, o IGBT não faz parte da família dos tiristores, porém este é um componente “híbrido” por apresentar características tanto dos transistores bipolares(alta velocidade de operação) quanto dos transistores FET( pequena perda na condução). 5.2 – CONSTITUIÇÃO INTERNA E SIMBOLOGIA (a) (b) A estrutura de um IGBT é constituída em duas partes: A Primeira envolve o canal–n, juntamente com camadas n- , p e dopadas com n+. Este conjunto é chamado de MOSFET, devido o princípio de funcionamento interno se igualar a este. A região n - é denominada de Dreno (fictício) D’ do MOSFET, a camada da região p abrange o Gate (G) e alcança a região n-dopada( n + ) que é conectada a fonte S. A Segunda envolve uma camada longa contendo uma dopagem p + .Chamada de Substrato, esta camada é responsável pela injeção de portadores minoritários e parcialmente pela baixa tensão de trabalho e alta condutividade entre o Dreno( D ) e a fonte ( S ) do IGBT, estando conectada ao Dreno( D ) do IGBT. e sob esta camada é inserido uma outra contendo uma dopagem n ( n - ) e logo após esta encontramos uma camada p, comentadas anteriormente na primeira parte. A formação desta Segunda parte representa um transistor bipolar pnp, e opera como tal. O Gate( G ) é isolado eletricamente das porções de dopagem das camadas por uma camada muito fina de Dióxido de Silício ( SO2 ), este isolante é um tipo particular denominado Dielétrico, que cria campos elétricos opostos. (Fonte) (Dreno) Figura 1.27 – a) Estrutura interna do IGBT b) Símbolos do IGBT C 20 5.3 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO Figura 1.28 – Estrutura interna de um IGBT FUNCIONAMENTO: Ao se alimentar positivamente o terminal Gate, haverá a criação de um campo Elétrico devido a existência do Dielétrico, este campo criado induzirá cargas positivas que incidirão sobre a região p, onde se faz próximo e repelirá suas cargas positivas( + ), criando lacunas, e dessa forma ocorrerá a atração de elétrons para esta região, elétrons estes vindos das n + -dopadas, colaborando assim para a formação de um canal que chamamos canal – n. Com a criação deste canal inicia o processo de condução de corrente através do IGBT. Esta condução de corrente se dá entre o Dreno( D) e a Fonte(S), e atravessa a região p, de onde se fez o canal. Quando começa a circulação de corrente no IGBT ocorre um processo de recombinação entre os elétrons da camada n - e lacunas que são criadas a partir da camada p + (Substrato), pois os portadores da camada n - são elétrons e os da camada p portadores positivos, e ainda devido a este fenômeno ocorre um processo de difusão através da junção J2, pois os elétrons da Fonte (S) tendem também a se recombinarem com as lacunas em questão. Logo podemos dividir a corrente total de um IGBT em duas importantes componentes a saber: - Uma delas se forma quando da formação do canal-n, Há uma circulação de elétrons entre as regiões n - e n + via este canal criado na região p. Isto provoca uma criação de lacunas no substrato p, ocasionando como foi explicado antes, uma recombinação entre p e n - , esta corrente apresenta um valor bastante substancial para o IGBT. - A outra está inclusa no processo de difusão através da juncão J2, descrita anteriormente. C 21 5.3 – CURVA CARACTERÍSTICA DO IGBT Figura 1.29 a) Circuito típico com IGBT b) Formas de onda dos sinais de entrada e saída do IGBT c) Curva característica ideal do IGBT d) Curva característica real do IGBT 5.4 – IGBT´s COMERCIAIS IRG4BC30F SKM 75 GAR 063 D IRGPC50F SK 13 GD 063 Figura 1.30 – Tipos comerciais de IGBT C 22 5.5 –PINAGEM DO IGBT Figura 1.31 – Terminais do IGBT 5.6 –VANTAGENS DO IGBT O IGBT atinge limites de tensão e corrente consideravelmente mais elevados do que dispositivos como o MOSFET que possuem uma faixa mais reduzida de valores, ficando, tipicamente, entre: 100V/200A e 1000V/20A, enquanto os IGBT´S atingem até 1200V/500A. Tais limites especialmente para os IGBT´s têm se ampliado rapidamente em função do intenso trabalho de desenvolvimento que tem sido realizado. Os IGBT´s também apresentam baixas perdas na condução assim como podem trabalhar em freqüências mais elevadas de até 20kHz, inferiores no caso para os MOSFET´s que trabalham em freqüências maiores do que 50kHz. 2 3 1 1 – GATILHO 2 – COLETOR 3 - EMISSOR C 23 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 1) Conceitue um SCR? 2) O SCR TIC126D possui uma corrente de manutenção(IH) igual a 40mA. Em um certo momento, encontra-se passando pelo mesmo uma corrente de 5A, e logo após, por um motivo qualquer, ocorre uma brusca redução dessa corrente para 30mA. O que você diz sobre o SCR. O mesmo manterá conduzindo a corrente ou entrará em corte? Explique porquê. 2) Explique sucintamente, porque não é viável disparar o SCR aplicando sobre o mesmo uma tensão de breakover com frequência. 4) Dado o TIC106D disposto no invólucro T0220AB, indique a correta pinagem do mesmo. 5) Identifique que defeitos apresentam os SCR´s abaixo, analisando as medidas de resistência. C 24 6) Por que motivo o TRIAC é chamado de dispositivo bidirecional? 7) Identifique a pinagem do TRIAC TIC216 a seguir: 8) Dado o transistor de unijunção abaixo, identifique seu defeito a partir das medições realizadas. 9) De acordo com os testes realizados a seguir, realize o diagnóstico do DIAC ............ ............ ............ C 25 Capítulo II – CIRCUITOS DE DISPARO DE TIRISTORES 1 – INTRODUÇÃO O circuito de disparo de Tiristores representa uma das partes mais importantes nos circuitos de controle. Um correto funcionamento do circuito de disparo, assegurará um bom funcionamento do tiristor e com isto eficiência no controle a ser realizado. Neste capítuloestudaremos os diversos tipos de circuitos de disparo dos tiristores, estes circuitos acionados através de três tipos de fontes: Fonte de sinal CC, fonte de sinal CA e fontes geradoras de pulsos, descrevendo algumas vantagens e desvantagens entre as mesmas. 2 – DISPARO DE TIRISTORES COM SINAL CC NO GATILHO CIRCUITOS TÍPICOS Tendo em vista os circuitos da figura 2.1, é possível calcular o valor das constantes RG e RL visando, respectivamente, manter o valor de corrente de gatilho abaixo de IGMAX e acima de IGMIN, e controlar a corrente de anodo que passa pelo Tiristor. Circuitos desta natureza, apresentam um inconveniente. A corrente no gatilho permanece o tempo todo. Isto não é necessário, visto que a necessidade da corrente no gatilho é só na hora do disparo, depois a mesma pode ser retirada. Caso contrário, estamos dissipando energia no gatilho além do necessário, o que não é conveniente. 3 - DISPARO DE TIRISTORES COM SINAL CA NO GATILHO O disparo em CA ocorre quando uma amostra deste sinal alcança um valor suficiente para disparar o Tiristor. Variante com o tempo, o sinal AC alcança o valor de disparo em um ângulo , chamado ângulo de disparo. Neste circuito não acarreta da corrente se manter no gatilho, pois ao Tiristor ser disparado o circuito de gatilho é curto- circuitado.(Ver figura 2.2 ). VCC RLRG Figura 2.1 – Disparos de Tiristores com sinal CC. (Circuitos Típicos ) RG RL VCC C 26 CIRCUITOS TÍPICOS 4 - CONTROLE DE FASE COM SCR Observe o circuito da figura 2.3 e o comportamento da tensão sobre a carga resistiva RL = 100, mostrado na figura 2.4. O circuito da figura 2.3, como podemos observar, alimenta uma carga resistiva de 100 com uma tensão eficaz Vrede = 127V, através de um SCR TIC 106B, que apresenta IGT = 200A e VGT = 0.6V. A idéia deste exemplo é mostrar que através da escolha de um valor para o potenciômetro P1, tem–se disparos em instantes diferentes em relação ao sinal alternado de entrada ( Vrede ) através do controle de fase, ou seja, controlar a tensão fornecida à carga e, portanto a sua potência. C1 RL P1 R1 ~ Vrede R1 P1 RL C1 ~ Vrede Figura 2.2 – Disparos de Tiristores com sinal CA. (Circuitos Típicos ) Figura 2.3 – Circuito de disparo com SCR ( Controle de fase ) 1k P1 100 Vrede ~ TIC 106B (200k) C 27 FORMAS DE ONDA As formas de ondas características da tensão nos terminais da carga, são mostrados nas ilustrações acima, observe-se que há um valor médio diferente de zero aplicado a carga quando a alimentação da mesma é controlado pelo SCR, e este valor médio pode ser calculado como mostraremos em seguida. É verificado também que a fluxo de potência aplicada a carga é controlado, podendo-se então fornecer mais ou menos potência. Mas do que depende este controle de fluxo de potência para a carga? Vejamos: O valor médio calculado sobre uma carga quando a mesma recebe um sinal Figura 2.4 – Comportamento das tensões na carga para os diversos ângulos de disparo do SCR C 28 retificado em meia onda controlado através de um ângulo de disparo, é calculado pela expressão: Enquanto o valor eficaz de tensão é dado por: Logo é possível então aplicarmos estas equações para calcularmos a tensão média e eficaz aplicadas na carga de um circuito qualquer que se utilize de dispositivos como o SCR para o controle de potência sobre a mesma. A potência então pode ser calculada pela expressão que segue: 0 Notamos que assim como a tensão eficaz varia segundo um ângulo, chamado ângulo de disparo, varia a potência consumida pela carga, conclui-se então que o fluxo de potência sobre a carga depende do ângulo em que o SCR é disparado. A tabela abaixo mostra alguns valores de grandezas para os ângulos de disparos em questão, verificados para o circuito da figura 2.3 Ângulo de disparo() Tensão na rede( Vrede ) Tensão média na carga( Vmedio ) Tensão eficaz na carga( Veficaz ) Potência consumida pela carga( Peficaz ) 2º 6.3V 57.1V 89.8V 80.64W 15º 46.5V 56.2V 89.6V 80.28W 30º 89.8V 53.3V 88.5V 78.32W 60º 155.5V 42.9V 80.5V 64.80W 90º 179.6V 28.6V 63.5V 40.32W Você pode observar que o valor máximo da tensão de rede é obtido com um ângulo de disparo de 90º, e isto nos leva a concluir que a partir deste ângulo não temos mais controle de potência sobre a carga, “e agora José ? ” o que faremos..... Fique tranqüilo caro leitor, logo adiante mostraremos circuitos de disparo que permitem variar o ângulo de 0º a 180º no semiciclo positivo assim como de 180º a 360º no semiciclo negativo, caso estejamos trabalhando com circuitos para disparar o TRIAC. No primeiro instante entenderemos o por quê deste limite de controle em torno de 90º, certo? 2 )1( COSV V Pmédio 8 2sen 44 1 Peficaz VV L eficaz eficaz R V P 2 C 29 Observe a figura 2.5. Verifica-se que o circuito se encontra projetado de tal forma que quando o sinal de tensão da rede alcançar 89.8V, o SCR estará com uma corrente de gatilho necessária para garantir seu disparo, que neste caso se dará em = 30º. Analisaremos agora para o Caso em que = 150º, dado que 0150sen.2.127 rede V . Calculando-se o valor desta tensão encontra-se Vrede = 89.8V. Opa! Mas esse valor não é o mesmo para = 30º ? . Pois é caro leitor, é dessa forma que concluímos a impossibilidade deste circuito atingir ângulos maiores do que 90º, entendeu? A figura 2.6 ajuda a esclarecer este ponto. 5 - CONTROLE DE FASE COM TRIAC Semelhante ao SCR, o TRIAC também pode ser utilizado para o controle de fase de tensão alternada, levando em conta as mesmas considerações adotadas a respeito do limite do ângulo de disparo do SCR. Um circuito típico de disparo de TRIAC é mostrado na figura 5.1, bem como as formas de onda para os ângulos = 2º, = 15º, = 30º, = 60º, = 90º adotados para o circuito com SCR, mostradas na figura 2.7 Figura 2.5 – Tensão de disparo Figura 2.6 – Tensão de disparo para = 30º e = 150º C 30 FORMAS DE ONDA Figura 2.7 –Circuito de controle de fase com TRIAC 100 R1 R2 100 0.1uF~ Figura 2.8 – Comportamento das tensões na carga para os diversos ângulos de disparo do SCR C 31 Observa-se nas formas de onda da figura 2.8 que o controle de fase no TRIAC, diferente do controle em SCR’s, é feito nos semiciclos positivo e negativo. Assim como os resultados do circuito com SCR, é possível calcular os valores de Vmédio, Veficaz e a Peficaz utilizando circuitos com TRIAC’s atravésdas relações matemáticas mostradas a seguir: A partir dessas relações, obtemos assim uma tabela para os ângulos de disparo em questão mostrados nos gráficos da figura 2.8 Ângulo de disparo() Tensão na rede( Vrede ) Tensão média na carga( Vmedio ) Tensão eficaz na carga( Veficaz ) Potência consumida pela carga( Peficaz ) 2º 6.3V 0 127V 161.29W 15º 46.5V 0 126.8V 160.78W 30º 89.8V 0 125.2V 156.75W 60º 155.5V 0 113.9V 129.73W 90º 179.6V 0 89.8V 80.64W Observando com cuidado a tabela, podemos destacar duas grandezas que apresentam valores curiosos em relação a tabela destinada ao SCR. Pois bem, uma delas é a tensão média na carga( Vmedio ), que apresenta valor nulo para todos os ângulos de disparo, você sabe o porquê? Caso você preste atenção nas formas de onda apresentadas na figura 2.8, o ângulo de disparo é igual nos dois semiciclos e como a forma de onda da tensão na carga é simétrica, o seu valor médio é nulo. A outra grandeza é a potência eficaz consumida pela carga. Verifica-se que a mesma para o circuito com TRIAC’s apresenta valores maiores do que aquelas observadas para os circuitos com SCR’s, e você sabe porque? Para um ângulo de disparo de 2º é visto que na figura 2.8, mais senóide é aplicada a carga, comparado ao observado na figura 2.6, e isto significa dizer que mais potência é fornecida à carga. Dessa forma é fácil entendermos que uma mesma lâmpada acenderá com mais intensidade quando ligada a um circuito com TRIAC, e menos intensidade quando ligada a um circuito com SCR. Vimos que até o momento, trabalhamos com circuitos de disparo que limitam o ângulo em até 90º, no semiciclo positivo e 270º no semiciclo negativo, este controle de potência portanto não é completo, ou seja, não se desenvolve de 0º a 180º e 180º a 360º, variando a potência desde 0(zero) até o valor máximo, o controle desta natureza é estudado no tópico seguinte, que trata sobre disparo por rede defasadora. 0 médio V 4 2sen 22 1 Peficaz VV L eficaz eficaz R V P 2 C 32 6 – DISPARO POR REDE DEFASADORA A idéia destes circuitos é produzir um ângulo de disparo ’ maior que 90º em relação à tensão da rede, na figura 2.9 representado por + . A figura 2.9 mostra que a tensão de rede ao alcançar o valor de V, o disparo acontece para um certo ângulo , deslocado o sinal de tensão no circuito de disparo de um ângulo , verifica-se que o disparo se dará em um ângulo maior que o primeiro, ora, então descobrimos a filosofia da solução do nosso problema, pois dessa forma podemos disparar o tiristor sob ângulos maiores que 90º, não é mesmo? Identificamos então um circuito típico capaz de gerar este sinal defasado, como mostra a figura 2.10 O ângulo ( discutido anteriormente ) que representa a defasagem da tensão de disparo, tomada sobre o capacitor, em relação a tensão da rede, depende do valor da constante de tempo = ( R1 + R2 )C1. Variando-se valor do resistor R2, é possível então alterar o valor do ângulo de defasagem em questão, mudando assim o ângulo em que ocorrerá o disparo do SCR. O diodo D1 garante que só haverá corrente de gatilho no semiciclo positivo da tensão da rede, evitando perdas desnecessárias no gatilho do SCR quando este estiver bloqueado. O diodo D2 conduz no semiciclo negativo carregando C1 com tensão negativa. Isso garante que, em cada semiciclo positivo, o capacitor comece sempre a se carregar a partir de uma tensão fixa, mantendo a regularidade do disparo. = Ângulo de disparo normal = Atraso da rede defasadora = Defasagem no disparo ’ = Ângulo de disparo com rede defasadora. Figura 2.9 – Comportamento da tensão de disparo com rede defasadora D2 carga R2 R1 C1 SCR D1 Vrede Figura 2.10 – Circuito típico de disparo com rede defasadora C 33 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 1) Dado o circuito abaixo, responda por que não é viável sua utilização. 2) Responda se o circuito de disparo em CA, como mostra a figura abaixo, apresenta vantagem sobre o circuito de disparo CC, montado no exercício ( 1 ). Justifique sua resposta. 3) Partindo do circuito mostrado na figura abaixo, explique sucintamente a idéia de como podemos disparar em instantes diferentes o SCR, de acordo com o sinal alternado de entrada. VCC RLRG R1 P1 RL C1 ~ Vrede 1k P1 100 Vrede ~ TIC 106B (200k) C 34 4) Qual a vantagem do controle do fluxo de potência efetuado com o TRIAC comparado com o SCR? 5) Responda se é possível controlarmos o valor médio de tensão na carga, utilizando-se um circuito com TRIAC. Justifique sua resposta. 6) Explique a função dos diodos D1 e D2 no circuito abaixo. 7 – DISPARO POR PULSOS E COMPONENTES ASSOCIADOS O disparo por pulsos é vantajoso em relação ao disparo CC no que diz respeito a potência dissipada na junção gatilho - catodo além da possibilidade de obter isolação entre os sinais de disparo e o dispositivo. Esta isolação, “Galvânica”, não permite a passagem de corrente de um lado para outro do circuito, mantendo assim a integridade do dispositivo. Esta isolação normalmente é feita através de “ Transformadores de pulso” e “ Acopladores ópticos”, estudados mais adiante. 8 – TRANSFORMADORES DE PULSO Especialmente projetados para a transmissão de pulsos de disparo aos SCR’s e TRIAC’s, os transformadores de pulso devem apresentar como exigência um ótimo acoplamento entre o primário e secundário além de possuir uma elevada isolação ( tipicamente da ordem de kV ), esta isolação é importante para evitar que tensões desenvolvidas nos enrolamentos, em função da operação normal do conversor, possam causar-lhes danos, e quanto ao acoplamento ser perfeito pode ser melhor entendido nas ilustrações mostradas na figura 8.1. Figura 2.11 – Espalhamento da corrente ao longo do disparo D2 carga R2 R1 C1 SCR D1 Vrede C 35 Verifica-se portanto a medida que a corrente no gatilho é injetada transversalmente, uma corrente Anodo – catodo vai encontrando uma maior facilidade na passagem ao longo da seção do dispositivo, porém caso não haja conformidade nesta distribuição, devido a um possível mau acoplamento, a corrente I se concentrará mais em uma única região provocando um aquecimento( ponto quente ) podendo danificar o componente. TRANSFORMADORES DE PULSO COMERCIAIS 9 – ACOPLADORES ÓPTICOS OU ISOLADORES ÓPTICOS Estes dispositivos surgiram na década de 70 e foram desenvolvidos com a finalidade de isolar pulsos de disparo. Os acopladores ópticos consistem em uma fonte de luz(fotoemissor) e um fotosensor, que deve ter alta sensibilidade na faixa de frequência de luz emitida pelo fotoemissor. O fotosensor pode ser um transistor ou até um SCR ou TRIAC, disparados num mesmo invólucro, como ilustra a figura 2.13. Um inconveniente em usar acopladores ópticos com transistor é a necessidade de uma fonte adicional, para polarizar o circuito de coletor do transistor e fornecer a corrente de gatilho ao SCR ou TRIAC. Imagine, caro leitor, que você agora deseje disparar umtiristor utilizando-se de um acoplador óptico com transistor, como mostra a figura 2.13, verifique que será necessário uma fonte adicional para polarizar o circuito de coletor do transistor e assim fornecer a corrente de gatilho para efetuar o devido disparo, isto não será inconveniente? Figura 2.12 – Transformador de pulso Figura 2.13 – a) Esquema interno de acoplador óptico b) Acoplador óptico com fototransistor c) Encapsulamento do componente a) b) c) C 36 Claro que sim, pois haveria um circuito mais complexo para o disparo de seu tiristor, pois bem, há uma solução interessante para este caso, que é o uso de acopladores ópticos com tiristores, ilustrado na figura 2.14. TIPOS COMERCIAIS CIRCUITO DE DISPARO COM FOTOTRIAC Observe na figura 2.16 que para que seja acionado o TRIAC Q1, o sistema digital deve fornecer nível lógico “1” a entrada de controle da porta nand. Assim, o pino 2 do MOC3011 vai para nível lógico “0” e o led D2 fica polarizado diretamente, disparando o fotosensor Q2 e, como consequência, o TRIAC Q1. Figura 2.14 – Circuito integrado MOC3011 Figura 2.16 – Circuito típico de disparo com o MOC3011 VCONTROLE R3 R2 +V F1 R1 “1” 1/4 - 7400 D2 Q2 Q1 CARGA MOC3011 MOC3020 MOC3021 MOC3022 MOC3023 Figura 2.15 – Circuito típico de disparo com o MOC3011 C 37 Para podermos especificar um circuito integrado desta natureza é importante estarmos atento a dois parâmetros: A tensão máxima reversa(VRRM) e a corrente máxima direta(ID), suportadas pelo elemento fotosensor, no caso o TRIAC. Uma breve análise do comportamento do circuito com o MOC3011 quanto ao uso dentro de seus parâmetros máximos, é feito para que possamos ter a idéia da sequência de cálculos para um bom dimensionamento do circuito de disparo. A partir da figura 2.16 e dado as características do TRIAC Q1, assim como do circuito integrado MOC3011 faremos a análise. Visto que a tabela 2.1 nos mostra os parâmetros do MOC3011, a corrente IA de entrada do pino 1(anodo do led) deve ser inferior a 50mA,. Para não danificar o dispositivo, e deve ser superior a 10mA, para garantir o disparo de Q2. Desejamos então dispararmos o TRIAC Q2, tendo no pino 2 nível lógico “0”, a corrente IA vale: mA R V I FA 3.12 300 3.155 1 Desta forma o MOC3011 está protegido e garante o disparo do TRIAC interno Q2. Para garantirmos a proteção do TRIAC Q2, a partir da carga a ser acionado, é necessário calcularmos o valor do resistor R1, inserido no pino 6, vejamos: 29.161 100 )127( 22 L REDE L P V R Portanto, a corrente máxima no pino 6 será: A RR V I L REDE 529.0 29.341 2127 2 6 Isto garante que o TRIAC interno não será danificado, pois opera com corrente menor que máxima permitida(I6 = 1.2A). Garantidas então as condições normais de trabalho do MOC3011, é possível determinar o que nível de tensão da rede, o TRIAC Q1 irá Disparar, dado que saibamos seus parâmetros. A partir da tabela 9.1, temos que IGT = 100mA e VGT =2V, considerando que VT =3V (TRIAC Q2), obtemos então através do circuito em questão: PARÂMETROS DO MOC3011 LED IA 10mA(min) 50mA(max) VF 1.3V-10mA TRIAC VRRM,VDRM 250V(min) VT 3V(max) – 100mA I6 1.2A(max) PARÂMETROS DO TRIAC Q1 VGT 2V IGT 100mA Tabela 2.1 – Parâmetros do TRIAC e do MOC 3011 C 38 21 12 )()( RR QVQVV I GTTREDEGT 29.341 23 10100 3 REDE V x , VVREDE 13.39 Isto significa que a tensão da rede ao atingir 39.13V, o TRIAC Q1 será disparado. Você deve estar questionando o fato do controle de potência, não estar disponível nesta tipologia de circuito, não é? Pois bem, é possível sim criarmos um controle de ângulo de disparo nesta topologia de circuito, basta inserirmos no pino 6 um resistor variável(RV), e logo teremos disparos para vários valores de tensão da rede. Porém temos que ter um cuidado especial com o mínimo valor para esta resistência inserida no pino 6, pois poderá haver um aumento de I6 superior ao suportado pelo TRIAC Q2. Uma recomendação para evitarmos este tipo de problema, é inserirmos em série com o resistor variável(RV) uma resistência que garante o valor limite quando este resistor estiver próximo de zero(0), como ilustra o circuito da figura 2.17 10 – CIRCUITO DE DISPARO PULSADO COM UJT OSCILADOR DE RELAXAÇÃO COM UJT R1 RB2 RB1 + VCC C1 UJT B1 B2 E (a) rb1 RB1 rb2 RB2 D1 DIODE R1 C1 + VCC B2 B1 E (b) Figura 2.18 a) Circuito típico de um oscilador com UJT b) Oscilador de relaxação com circuito equivalente do UJT Figura 2.17 – Circuito de disparo com MOC 3011 100W R1 180 5V F1 1A R2 300 VRede D2 Q2 Q1 Vcontrole “1” MOC3011 1/4 - 7400 R3 C 39 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO Observe a figura 2.19, inicialmente ao aplicarmos uma tensão VCC, o capacitor se carregará até que o diodo dom emissor comece a ficar polarizado diretamente. Quando a tensão no capacitor atingir a tensão de disparo do UJT(Vp), O mesmo conduz, temos então uma diminuição de r b1, permitindo então que o capacitor C1 se descarrega sobre (RB1 + rb1). Esta descarga se dará até que o UJT entre novamente no estado de corte. Este ciclo se repete segundo constantes de tempo, de carga e descarga, formando assim um circuito oscilador. E o que são constantes de tempo? Vejamos, Por definição, uma constante de tempo é o tempo necessário para que o capacitor se carregue( ou descarregue) em até 63% do valor de tensão de entrada no circuito, e é dada pela expressão = RC. No nosso caso temos duas diferentes constantes de tempo a considerar, a de carga e a de descarga, respectivamente representadas pelas expressões: carga = R1C1 e descarga = (RB1 + R B1 ) C1, e o comportamento das mesmas então observados na figura 2.20. D2 DIODE RB1 rb1 C1 R1 + VCC1 B1 E Figura 2.19 – Circuito equivalente ao oscilador de relaxação após o corte do UJT VE t2 VB2 VB2 VB1 VB1 VV VP t1 Tensão de disparo Tensão contínua em B1 Tensão de vale Tensão no terminal B1( usada para disparar tiristores) Tensão no terminal B2 t t t 0 Figura 2.20 – Circuito equivalente ao oscilador de relaxação após o corte do UJT C 40 Verifica-se que de 0 a t1, o capacitor se carrega através de R1, com constante de tempo carga = R1C1. Em t1, o UJT dispara e entre t1 e t2, o capacitor se descarrega com uma constante de tempo descarga = (rB1 + R B1 ) C1, de valor menor do que carga. Aprendemos então como funciona o circuito de um oscilador de relaxação com UJT, mas de que forma podemos nos servir do mesmo para dispararum SCR ou TRIAC? Veja bem, caro leitor, observe que na figura 2.20, a forma de onda adquirida no terminal de B1 representa pulsos de tensão e exatamente estes que são utilizados para disparar os tiristores em questão. O circuito típico para o disparo de SCR´s ou TRIAC´s é mostrado na figura 2.21. PROJETO DE UM OSCILOSDOR DE RELAXAÇÃO COM UJT Para que um SCR seja disparado com sucesso através de um circuito como mostrado na figura 2.21, é preciso especificarmos os parâmetros do mesmo. É necessário então efetuarmos alguns cálculos baseando nas características do UJT, assim como nas características do SCR que desejamos acionar, um exemplo ilustrativo é do SCR que desejamos acionar, um exemplo ilustrativos é mostrado a seguir, apresentando a você de que forma podemos obter os parâmetros deste circuito oscilador. Para o projeto em questão iremos considerar o circuito da figura 2.21, com o UJT 2N2646 e o SCR TIC 106, onde algumas de suas características são apresentadas a seguir: UJT – 2N2646 0.56(min) 0.75(max) rbb 4.7k(min) 9.1k(max) Ip 1A(tip) 5A(max) Iv 4mA(min) 6mA(tip) SCR – TIC106 VGD=0.2V VGT=1V - CÁLCULO DOS PARÂMETROS R1, R2, R3 E C1 CÁLCULO DE R2: carga R3 R2 R1 C1 UJT SCR + Vcc Vrede ~ Figura 2.21 – Circuito típico de disparo de SCR com UJT C 41 Um valor prático de R2 é calculado em torno de 15% de rbb, verificado nas características técnicas do dispositivo. CÁLCULO DE R3: Dado Vcc, calcula-se o valor de R3 através da relação: CÁLCULO DE R1: O valor do cálculo do resistor do emissor(R1) deve ficar dentro do seguinte limite: p pcc v vcc I VV R I VV 1 A partir da seção 3.4 que trata dos parâmetros do UJT, temos que VV=2V, IV = 4mA e IP = 4A escolhidos assim para efetuarmos o cálculo em questão. Porém Vp é encontrado através da expressão: BBDp VVV onde VD = 0.6, = 0.6 e 32 2 RRR RV VV BB cc ccBB V3 e Sabendo que V3 < 0.6V, consideraremos então V3 = 0.3V. CÁLCULO DO CAPACITOR C1: Para o cálculo do capacitor, devemos fixar uma faixa de frequência de operação do circuito. O valor de C1 é então calculado pela expressão que segue: 1 1 ln 1 1 1 fR C , dado que são conhecidos os valores de R1, f e . Como exemplo, aplicamos então uma tensão de alimentação Vcc = 12V e queremos que a saída do circuito oscile com uma frequência de 1kHZ. De posse então desses dados de entrada e de acordo com a ferramenta de cálculo de cada parâmetro obtemos então o valor dos mesmos mostrados no circuito da figura 2.22. R2 = 1k, R3 = 220, R1 = 10k e C1 = 0.1F Vcc rRx R bb (min))(6.0 2 3 carga R3 R2 R1 C1 UJT SCR + Vcc Vrede ~ 10k 0.1F 1k 220 Figura 2.22 – Circuito típico de disparo de SCR com UJT C 42 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM 1)Cite uma vantagem do disparo por pulsos em relação ao disparo CC. 2) Qual a função do transformador de pulso em um circuito de disparo? 3) Cite algumas vantagens do uso de um acoplador óptico no disparo de um tiristor? 4)Dado o circuito abaixo, e consultando os dados técnicos necessários, dimensione o circuito com o objetivo de protegermos o optoacoplador? 5) Dado o circuito abaixo, explique de que forma é possível retardarmos o disparo do UJT. VCONTROLE R3 R2 +V F1 R1 “1” 1/4 - 7400 D2 Q2 Q1 CARGA(RL=500) V = 110V 5V R1 RB2 RB1 + VCC C1 UJT B1 B2 E C 43 OSCILADOR DE RELAXAÇÃO COM UJT SINCRONIZADO COM A REDE No circuito de disparo visto anteriormente, há um pequeno problema: O ângulo de disparo() é aleatório, pois o circuito gerador de pulsos fica oscilando independente do sinal da rede. Quando isto ocorre, os pulsos enviados podem “pegar” a senóide a cada ciclo, em momento diferente. Como mostra a fig. 2.23 abaixo: Para evitar o problema do ângulo ficar aleatório, devemos sincronizar funcionamento do circuito de disparo com o sinal que alimenta o circuito de potência. Um circuito típico de disparo sincronizado com a rede é mostrado na figura 10.7: Este circuito funciona da seguinte forma: No semiciclo negativo da tensão de rede, o diodo zener funciona como um diodo normal, pois é polarizado diretamente como mostra a figura 2.25: R1 RB1 RB2 UJT D1 R C1 ~ Figura 2.23 – Formas de ondas para o circuito de disparo Com aleatório de disparo de SCR com UJT Figura 2.24 – Circuito sincronizado de disparo com UJT R1 D1~ Vrede Vrede I Figura 2.25 – Etapa de estabilização zener C 44 Neste instante o oscilador estará em curto e o UJT não irá disparar, permitindo assim que não haja alguma dissipação desnecessária no gatilho, já que no semiciclo negativo o SCR não deve conduzir, como de costume. No semiciclo positivo, até que a tensão de rede atinja a tensão VZ, o diodo zener estará bloqueado. A partir daí o diodo zener irá manter a tensão, no circuito gerador de pulsos, estabilizada no valor de VZ, isto ocorrerá logo no início do semiciclo positivo. Uma vez alimentado, o circuito oscilará normalmente e o primeiro pulso(com ângulo em relação à tensão da rede) irá disparar o SCR. Os demais pulsos são desnecessários, mas inevitáveis neste circuito e como os sinais são repetitivos, ou seja, as condições de carga repetem-se em todos os semiciclos negativos, o primeiro pulso ocorrerá sempre com o mesmo ângulo , como pode ser visto na figura 2.26. 11 – CIRCUITO DE DISPARO COM TCA-785 O TCA-785 é um circuito integrado desenvolvido para controlar o ângulo de disparo de tiristores, continuamente de 0º a 180º. O TCA-785 faz parte de um grupo de circuitos integrados de disparo. A finalidade destes circuitos é a de facilitar o projeto de circuitos de disparo e torná-los mais compactos e confiáveis. Dentre suas excelentes características é possível destacar: Largo campo de aplicação devido à possibilidade de controle externo; Operação em circuitos trifásicos, utilizando-se 3(três) CI´s; Duas saídas com corrente de disparo( TCA-785 - 250mA), duas saídas adicionais complementares; Figura 2.26 – Formas de ondas para o circuito de disparo sincronizado com a rede. Figura 2.27 – Circuto integrado TCA 785 C 45 Duração de pulsos de disparo determinado por um capacitor externo; Detecção de passagem de tensão por zero volt; Possibilidade de inibição dos pulsos de disparo; Faixa de fonte de alimentação de 8V a 18V; Consumo interno de corrente até 10mA. DIAGRAMA DE BLOCOS DO TCA-785 Para melhor entendermos o funcionamento deste circuito, analisaremos suas principais etapas. DETETOR DE PASSAGEM POR ZERO Vimos a importância do circuitode disparo estar em sincronismo com a rede, para que não ocorra disparos aleatórios dos tiristores. TCA-785 apresenta um bloco chamado DPZ(Detector de Passagem por Zero) que gera um pulso de sincronismo toda vez que a tensão da rede passa por zero. A entrada para a tensão de referência de sincronismo é no pino 5, como mostra a figura 2.28. Figura 2.28 – Diagrama de blocos do TCA 785 Figura 2.29 – a)Detalhe parcial do TCA 785 b) Conexão de referência a) b) C 46 Quanto a tensão de alimentação VS(pino 16) pode variar dentro do intervalo 8V VS 18V, pois a alimentação interna do TCA-785 é regulada em 3.1V pelo próprio CI, de uma tensão de alimentação externa(VS), como pode ser observada na figura 2.29. GERADOR DE RAMPA O gerador de rampa(cujo controle está na unidade lógica) consiste essencialmente de uma fonte controlada por uma resistência RR. O tempo de subida da rampa é assim determinado pela combinação RR e CR, como pode ser observado na figura 2.30. A tensão fornecida pelo gerador de rampa varia linearmente com o tempo(reta), ou seja, a tensão dobra se o intervalo de tempo dobrar. Em outras palavras, a tensão cresce proporcionalmente ao aumento do tempo, como se vê, por exemplo, na figura 2.30. A equação então que rege este comportamento da tensão de rampa(VCR), no capacitor(cr) é dada por: tx C I V R CR CR Verifica-se então que a equação impõe restrições quanto ao valor de CR, logo para o correto funcionamento do circuito, devem ser considerados os valores mínimos e máximos adotados na prática 500pF e 1F, respectivamente. Um valor elevado de CR tornaria a descarga do mesmo muito lenta, comprometendo o novo ciclo de carga e, consequentemente, o sincronismo do disparo. Figura 2.30 – Saída de um gerador de rampa C 47 COMPARADOR DE DISPARO DO TCA-785 A finalidade deste bloco é comparar a tensão de rampa(VR) com a tensão de controle(VC), quando estas forem iguais, envia pulsos nas saídas, via unidade lógica. Obtém-se, então, no pino 15, pulsos positivos no semiciclo positivo da tensão de sincronismo e no pino 14, pulsos positivos no semiciclo negativo da tensão de sincronismo, defasadas entre si de 180º. Uma ilustração do bloco comparador, bem como as formas de onda do sinal de controle e rampa são mostrados na figura 2.31 Observe na figura 2.31 que a mudança de estado na saída VO do bloco comparador de disparo indicará ao bloco lógico de formação de pulsos, que um pulso de disparo deve ser acoplado a uma de suas saídas, a duração destes pulsos é determinada pela conexão de um capacitor externo C12, entre o pino 12 e o terra e amplitudes iguais a tensão de alimentação do pino 16. Na tabela 2.2 é apresentada uma relação de capacitores para o pino 12 com as respectivas larguras de pulsos. C12 Aberta 150pF 220pF 33pF 680pF 1000pF Curto = 620s/F 30s 93s 136s 205s 422s 620s 180º - Assim podemos monitorar a largura dos pulsos adquiridos nas saídas do bloco lógico de formação dos pulsos. A figura 2.32 ilustra as formas de onda dos sinais de interesse do TCA 785, apresentando os pulsos adquiridos com larguras diferentes. Figura 2.31 – a)Comparador de disparo do TCA b) Sinal aplicado ao bloco lógico de formação de pulsos b) a) C 48 Figura 2.32 – Formação dos pulsos de disparo Observa-se então com mais clareza que os pulsos são criados a partir de interseção do sinal de controle(Vcontrole) com o sinal de rampa(VCR), e é fácil de percebermos em que caso elevarmos ou abaixarmos o sinal de controle, o pulso irá se deslocar para frente ou para trás, respectivamente. Verifica-se também o quanto a largura do pulso é alterada quando alteramos o valor do capacitor C12, conectado ao pino 12, na verdade, no primeiro momento o pino é deixado aberto e no segundo momento o mesmo é curto-circuitado. C 49 12 – OUTROS MÉTODOS DE DISPARO DO SCR Os métodos que estudamos até o momento são dedicados a sinais aplicados ao gatilho do dispositivo, disparando-o sob uma tensão bem menor que sua tensão de breakover. Neste tópico analisaremos as possíveis formas de ocorrer o disparo do S R onde alguns destes são indesejáveis e por tal motivo, proteções deverão ser utilizadas para evitar disparos acidentais. DISPARO POR TENSÃO DE BREAKOVER(VBO) Existe um valor de tensão anodo-catodo capaz de levar o SCR do estado de corte para o estado de condução, sem aplicações de corrente de gatilho(ig=0), conhecido como tensão de Breakover. Este processo de disparo, nem sempre destrutivo, raramente é utilizado na prática, pelo fato de necessitarmos de valores elevados de tensão capaz de fazer o SCR conduzir. DISPARO POR RUÍDO ( SINAIS DE INTERFERÊNCIA) Esta forma de disparo é indesejável, pois um tiristor poderá conduzir a qualquer momento, desde que o gatilho capte estes sinais de interferência. Este tipo de disparo só ocorre para a linha de SCR´s mais sensíveis(ex.: TIC 106) onde pequenos níveis de sinal no gatilho são suficientes para disparar o componente. Para evitarmos um disparo indesejável por ruído, deveremos utilizar um resistor do SCR. Na figura 2.33 temos a localização do resistor que evita o disparo do SCR por ruído e vale a pena ressaltar que em alguns casos(ex.: TIC 116, TIC 126) este resistor já vem colocado internamente no componente. Figura 2.33 – Disparo por ruído DISPARO POR VARIAÇÃO DE TENSÃO(dV/dt) Toda junção PN reversamente polarizada, apresenta característica capacitiva. Observe a figura 2.34 Figura 2.34 – Capacitância refletida na junção J2 RG A G K C 50 A partir do circuito da figura 2.34, observe que ao fecharmos a chave CH1, a capacitância da junção J2 fará com que circule uma corrente de gatilho. Caso o valor da corrente capacitiva seja suficiente para que haja o processo regenerativo, o SCR entra em condução, é aplicado um disparo acidental podendo atém provocar sérios danos ao sistema, como por exemplo um grave curto-circuito. Muito bem, caro leitor, a questão é como reduzirmos este efeito, certo? Então partimos do conhecimento que o capacitor possui a propriedade de se opor a variações de tensão, visto que a tensão nos seus terminais cresce de forma gradativa. Podemos reduzir o efeito da variação brusca de tensão no SCR, colocando um circuito que amorteça esta variação. Este circuito é constituído de um ramo RC em paralelo com os terminais anodo e catodo do SCR, que impedirá que a tensão entre anodo varie bruscamente. Este circuito é conhecido como Snubber(amortecedor). DIS PA RO POR AUMENTO DE TEMPERATURA A medida que a temperatura é aumentada, diversos parâmetros do SCR variam tais como, Ifuga, VBO e IH. Notamos que o aumento de temperatura,
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