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CEL 0727 – FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Objetivos da aula: Compreender as mudanças políticas, econômicas e sociais que ocorreram no Brasil nos anos oitenta; Analisar o processo de democratização pelo alto no Brasil na década de oitenta; Entender as propostas distintas de educação para o Brasil a partir da década de oitenta; Analisar as propostas de educação permanente e a escola integral; Apostar na formação do professor, com vistas a desvelar sua real significação para a sociedade; Avaliar até onde as novas tecnologias contribuem para mudar a atual situação no campo social e educacional no sentido da inclusão social; FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Objetivos da aula: Examinar as políticas e os programas no campo da formação do atual governo, com vistas a avaliar as transformações em curso com base no critério da colocação destas políticas como fatores de transformação da sociedade brasileira; Tomar como referência para a análise a base comum nacional, que indica as condições para uma política global de formação e profissionalização dos trabalhadores em educação, nos termos defendidos pela área da educação e pela Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE). FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania É fundamental compreender e analisar o embate entre dois projetos distintos de sociedade e de educação para o Brasil. São eles: Educação para a Competitividade e Educação para a Cidadania. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Para compreendermos como se processaram as mudanças políticas, econômicas e social no Brasil nas últimas décadas e, principalmente, nos anos noventa, é fundamental retomar o projeto econômico e de sociedade que se desenhou no Brasil a partir do golpe militar de 1964, possibilitando o entendimento dos principais elementos que do processo de transição democrática “pelo alto”. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Havia a necessidade de se criar um novo ambiente na América Latina, tendo como a principal estratégia a reorganização de acúmulo do capital nesta parte do continente, tendo como meta central, a redefinição do papel dos países, na nova composição das relações de poder estabelecidas pela nova dinâmica da globalização da economia e do mercado. VIDEO: A Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). http://www.youtube.com/watch?v=Od3Jlrdr9tI FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Ao mesmo tempo em que o regime militar-tecnocrático teve como estratégia político-ideológico frear o fortalecimento das bases de organização da sociedade civil – no período pós-golpe de 1964 – acabou propiciando justamente o contrário no cenário político nacional. A partir da segunda metade da década de 1970 e no início dos anos 1980, tal estratégia acabou proporcionando a revitalização das bases democráticas no país, lutando por mudanças significativas na composição das relações de poder entre Estado e sociedade civil. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Os discursos, embora se pautassem sob a mesma bandeira, a da democracia, revelavam: A) de um lado, um novo momento de rearticulação da elite brasileira, afetada pela crise, precisando de uma nova composição política para a defesa de seus interesses, frente às novas relações de poder que se desenhavam no cenário internacional; B) do outro lado, setores progressistas sinalizavam a possibilidade de democratização das relações de poder e a saída da clandestinidade de setores da sociedade brasileira que se opuseram ao regime militar de 1964, propondo a elaboração de um projeto alternativo à sociedade do capital. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Aprofundou o modelo de substituição de importações, solidificado na época pelo regime da ditadura militar. A) de um lado uma crescente modernização da base produtiva com crescimento significativo da economia brasileira, solidificando as bases do sistema capitalista de produção e, consequentemente, da cultura urbano-industrial, de acordo com os interesses do capital nacional e estrangeiro; B) do outro lado, não foi capaz de conter a tendência de organização de diversos segmentos sociais que fizeram frente à ordem estabelecida, na luta pela democratização das relações de poder no final da década de setenta e nos primeiros anos da década seguinte. P L A N O E C O N Ô M I C O FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Embora as diretrizes da Nova República tenham iniciado um processo de ajuste das políticas econômicas dentro do país à nova dinâmica das relações de poder (no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo de corte monopolista), a sociedade brasileira refletia, nesse momento de transição democrática, o aprofundamento do binômio industrialismo/democracia. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Em consequência da reorganização dos diversos setores da organização da sociedade civil, o Governo de José Sarney acabou instaurando, em 1987, a discussão em torno da nova Constituição Brasileira no Congresso Nacional. Esta, por sua vez, teve sua aprovação no ano seguinte, em meio a um clima de euforia parlamentar, liderada pelo presidente da Constituinte Ulysses Guimarães. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Nesse contexto de redefinição dos diversos papéis econômicos no país, o Governo procurou responder de forma eficaz à crise do modelo de substituição de importações, com uma série de pacotes econômicos: na tentativa de implementar um novo projeto modernizante, seguindo as orientações recebidas dos agentes internacionais, forjando um novo modelo de desenvolvimento para o país, na segunda metade dos anos 1980. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Os empresários do setor moderno da economia brasileira, entendendo a nova composição das relações de poder, no atual estágio de desenvolvimento do capitalismo de corte monopolista... As mudanças das relações de poder no Brasil, por um lado, a socialização da participação política e, por outro, a estagnação da economia brasileira, aglutinaram-se, mais uma vez, em torno da Confederação Nacional da Indústria (CNI), para a discussão de um novo modelo de desenvolvimento, segundo os seus interesses. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Embora algumas das reivindicações do empresariado nacional, tenham sido atendidas pelo Governo de José Sarney, entenderam que para se adaptarem ao novo contexto internacional e nacional – que começava a se gestar – ia muito mais além do que a simples apresentação de propostas em aliança com os setores tradicionais da política brasileira. Portanto, este segmento da sociedade ao se rearticular, aprofunda seu projeto de desenvolvimento com um objetivo mais amplo. FILOSOFIADA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Esse novo direcionamento do empresariado nacional sinalizava a possibilidade da efetivação de políticas, no âmbito do Estado “stricto sensu”, garantindo-lhes as condições necessárias para a modernização do parque produtivo brasileiro, como também a sua fatia no mercado interno e externo, já que a era da globalização da economia e do mercado exigia redefinição de sua base produtiva e de sua representatividade política, em um mercado consumidor de significativo potencial, como é o mercado brasileiro. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania No período de 1988 a 1994, os governos de Collor e Itamar, e em seguida, o de Fernando Henrique Cardoso, vão governar, basicamente, através de decretos antecipando a própria revisão e implantando políticas tidas como modernizantes, tanto no funcionamento do aparelho estatal quanto no campo econômico. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Nesse quadro de avanços, retrocessos e lacunas da organização da sociedade civil brasileira, um acontecimento abria novas condições para a implantação do projeto desenvolvimentista e modernizante (que fora determinado pelos “novos senhores do mundo” para os países da América Latina e, especificamente, para o Brasil): FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania As eleições gerais de 1989 elegem o presidente Collor de Mello. Momento-chave para se eleger o representante que aglutinasse um novo projeto para o país, desde que estivesse afinado com as diretrizes traçadas pelo capital internacional e nacional, em tempos de uma economia e de um mercado globalizado. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania A Temática da Educação do Brasil: Educação para a Cidadania VERSUS Educação para a Competitividade Com o processo de transição democrática o Brasil dos anos 1980, a temática da EDUCAÇÃO volta a ser o centro do debate, nos diversos segmentos da sociedade brasileira, por parte dos setores históricos da educação do país, como possibilidade de se redefinir os rumos da educação nacional, de acordo com as necessidades de um sistema que viesse atender às demandas sociais. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania No plano político-ideológico, esses debates concentravam forças na tentativa de oferecer respostas efetivas às necessidades que começavam a se gestar a partir da nova composição de força e poder político, que se desenhou com o aprofundamento do binômio industrialismo e democracia, em nosso processo histórico. VIDEO: Neoliberalismo e a participação do Estado na economia. http://www.youtube.com/watch?v=L73-IVopFdU FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania De um lado, verificou-se a rearticulação dos grupos conservadores e modernos do cenário político-econômico-social brasileiro na tentativa de consolidar um novo projeto educacional que viesse de encontro com as diretrizes do ideário neoliberal, principalmente as advindas do Banco Mundial. De outro, era crescente a organização e articulação de grupos progressistas que buscavam pautar suas propostas numa ótica da classe-que-vive-do-trabalho, como um dos fatores essenciais para se consolidar as vias de democratização das relações de poder em nosso país. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania A nova política educacional do Brasil, acabaram explicitando o embate entre duas propostas distintas: A) a primeira, de cunho estatizante, defendendo uma escola pública, laica, gratuita e de qualidade para todos em todos os níveis de ensino, fundamentando o seu discurso em uma educação para a cidadania; B) a segunda, fundamentada a partir da lógica de uma educação para a competitividade, de acordo com os interesses dos setores modernos da economia brasileira, com um significativo respaldo das agências internacionais de financiamento na América Latina, que viesse atender a uma formação adequada da classe-que-vive-do-trabalho à automação flexível, ou seja, do novo paradigma da produção e do trabalho, o modelo neofordista. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Em meio ao processo de “ocidentalização” da sociedade brasileira, destacam-se como defensores da primeira proposta, no âmbito do Estado “stricto sensu”, o CONSED e a UNDIME, como também a significativa participação das entidades dos trabalhadores em educação – como da ANDES, e no conjunto da sociedade civil, ressalta-se o papel desenvolvido pela CUT e, posteriormente a presença da CGT. Defender o projeto de uma educação pública, expressava uma proposta alternativa ao sistema educacional dualista, que historicamente marcou a estrutura educacional da sociedade brasileira. Em outras palavras, buscava-se romper com o viés histórico de uma escola excludente, que beneficiou em muito as classes dirigentes e detentoras do poder em nosso país. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Essa proposta tinha o respaldo popular e fazia parte de reivindicações históricas. Os anos oitenta mostraram a possibilidade de se chegar a uma democratização do acesso ao ensino em todos os níveis, como também, da relação entre ensino, pesquisa e extensão. O Conselho dos Secretários Estaduais de Educação, tendo sua origem em 1982, após as eleições para governadores, em que os oposicionistas ao regime militar tiveram êxito em algumas capitais, formado pelos Secretários de Educação, teve inicialmente o nome de Conselho de Secretários de Educação no Brasil. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Percorrendo outro caminho, em defesa de uma educação para a competitividade, encontram-se o empresariado nacional (representado pela CNI, sistema SENAI e SENAC), os empresários leigos de ensino (entre eles, a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC) e os representantes da Igreja Católica (AEC e ABESC). FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Estes últimos, historicamente, defendem maior controle do campo educacional em seu poder, baseado na defesa da tese de que sempre foram os principais atores sociais para o desenvolvimento do sistema educacional brasileiro, de forma competente e de grande qualidade de ensino. O Estado sempre se demonstrou incapaz de assumir e desenvolver com competência o processo educacional em nosso país. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Já a perspectiva na ótica do capital por parte das propostas tecidas pelo setor privado, apresentava-se à sociedade brasileira uma defesa da manutenção do sistema dualista de educação, ou seja, de uma escola diferenciada, tendo como elemento central de suas diretrizes o viés econômico que sustentava-se a partir dos pilares: da competitividade qualidade, eficiência e produtividade. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Além disso, entendiam que o fundo público deveria manter o sustento econômico de suas entidades para que pudessem continuar o seu projeto “missionário”na área educacional. Essa defesa refere-se principalmente às áreas de formação profissional para atualização no quadros dos trabalhadores dos setores de ponta da economia brasileira, para que viessem responder às novas demandas de formação profissional decorrentes da acumulação flexível. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania Esse momento revelava uma rearticulação das forças conservadoras e modernizantes do sistema educacional brasileiro na luta pelo controle do campo educacional, como locus privilegiado para a difusão de propostas na ótica do capital em tempos de redefinição dos papéis: do Estado, do capital nacional e internacional e da organização político-social. AFINAL que EDUCAÇÃO queremos para contrapor a EDUCAÇÃO NEOLIBERAL? FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA AULA 14: Educação para a competividade X Educação para a cidadania PROXIMA AULA Foi sugerido na primeira aula um grande SEMINÁRIO síntese, com exposição dos trabalhos elaborados ao longo da disciplina, para ser apresentado nessa aula, se possível no auditório trazendo como temas: O papel da Filosofia na Formação e na prática do Educador; Tendências Pedagógicas e os Educadores brasileiros ou não, que contribuíram para a construção do Pensamento Pedagógico Brasileiro. Caso não tenha optado para a atividade do Seminário síntese, pode-se utilizar os textos já estudados nas aulas anteriores para trabalhar as ideias dos educadores acima mencionados e ainda trazer as contribuições das obras de Paulo Freire "Pedagogia do oprimido" e "Pedagogia da autonomia" e (obras atuais, pois são de fácil acesso, inclusive nas bibliotecas institucionais). Seminário sobre o Pensamento Pedagógico brasileiro
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