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A economia alemã e seus desafios pós crise financeira de 2008

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Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais 
Curso de Ciências Econômicas 
 
 
 
 
 
 
 
Breno Francis de Paula 
 
 
 
 
 
 
 
A ECONOMIA ALEMÃ E SEUS DESAFIOS PÓS-CRISE FINANCEIRA DE 2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2014 
 
 
 
 
Breno Francis de Paula 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ECONOMIA ALEMÃ E SEUS DESAFIOS PÓS-CRISE FINANCEIRA DE 2008 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Instituto de Ciências 
Econômicas e Gerenciais da Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial 
para obtenção do título de Bacharel em Economia. 
 
 Orientador: Marcelo Meira de Jesus 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2014 
 
 
 
 
Breno Francis de Paula 
 
 
A ECONOMIA ALEMÃ E SEUS DESAFIOS PÓS-CRISE FINACEIRA DE 2008 
 
Monografia apresentada ao Instituto de Ciências 
Econômicas e Gerenciais da Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais, como requisito parcial 
para obtenção do título de Bacharel em Economia. 
 
 
 
 
 
______________________________________________ 
 
 
 
 
______________________________________________ 
 
 
 
 
______________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte, 22 de Maio de 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 À minha mãe, Maria Aparecida dos Anjos, que, com apoio e compreensão, 
 não mediu esforços, tampouco incentivos para que eu chegasse até aqui. 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A todos que contribuíram para a realização deste trabalho, fica expresso aqui a minha 
gratidão, especialmente: 
Agradeço aos meus pais, Maria Aparecida dos Anjos e Flâni de Paula Teixeira, pois, é 
devido à educação, exemplo e orientação que eles me deram ao longo da vida que escolhi 
seguir em busca de meus próprios sonhos e desejos, os quais estão se materializando também 
com o encerramento dessa etapa. 
Agradeço a minha irmã Brenda Lorrane de Paula, por sempre acreditar em mim e me 
apoiar em qualquer decisão. 
Agradeço a minha namorada Yasmin Vartuli Barros, por ter me incentivado no 
cansativo processo que é o desenvolvimento de uma monografia. Agradeço-a por todos os 
beijos e puxões de orelha necessários para a continuidade deste trabalho. 
Agradeço aos professores Marcelo Meira de Jesus, Daniel Ítalo Richard Furletti e 
Maria Letícia Líbero Estanislau, pela orientação, pelo aprendizado e apoio em todos os 
momentos necessários. 
Agradeço as minhas colegas de classe Maiara Vilela Souza, Thais Adriane Silva e 
Sabrina Mota Morais Araújo, pela rica troca de experiências. 
Agradeço a minha cadela Borracha que, muitas vezes teve que me ouvir e estava 
disposta a longas corridas em momentos de alivío de estresse do projeto de monografia. 
A todos que, de alguma forma, contribuíram para esta construção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta monografia é o resultado de um estudo sobre a economia alemã. Ela pretende narrar sua 
trajetória econômica desde antes da formação de seu Estado até os dias atuais, mostrando 
como as particularidades de sua história e de seu povo influenciaram na construção das suas 
instituições. Serão traçadas as características do modelo capitalista coordenado alemão, que 
visa a equalização dos níveis socioeconômicos através de um tripé formado pelo Estado, as 
organizações empresariais e os sindicatos. Buscar-se-á explicar o porquê desse modelo 
capitalista diferenciado proporcionar a Alemanha vigor em momentos de crise e a pujança na 
liderança da comunidade europeia. 
 
Palavras-chave: Economia Alemã. Capitalismo Coordenado Alemão. Escola Histórica Alemã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This paper is the resulto f the detailed study of the german economy. It intends to narrate the 
economic trajectory of Germany since before the formation of its State until nowadays, 
demonstrating how the particularities of its history and its people could make na influence in 
the construction of its institutions. 
Its going to layout all the characteristics of the german coordinate capitalist model that plans 
to equalize the various socioeconomic levels through a tripé formed by the State, the business 
corporations and the syndicate. 
It seeks also to explain why this specific capitalistic model was able to proportionate 
Germany glory on its moments of crises and strength to lead the european community. 
 
Keywords: German Economy, German Coordinate Capitalism, German Historical School. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 09 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 11 
2.1 Debate sobre o desenvolvimento .................................................................................. 11 
2.2 Desenvolvimento Econômico Alemão: evolução histórica e aspectos teóricos ........ 12 
2.2.1 Antecedentes: século XVII e XVIII .......................................................................... 12 
2.2.2 O período da consolidação: século XIX até a Segunda Guerra Mundial ............. 19 
2.2.3 O período de reconstrução até os dias atuais .......................................................... 22 
2.3 Teoria de Integração e Comunidade Europeia .......................................................... 26 
 
3 CONJUNTURA MACROECONÔMICA ..................................................................... 30 
3.1 Dados Macroeconômicos .............................................................................................. 30 
3.2 Crise Financeira de 2008 .............................................................................................. 39 
3.3 Crise Europeia de 2010 ................................................................................................ 41 
 
4 NOVO CONTEXTO ALEMÃO E OS DESAFIOS PARA O FUTURO ................... 44 
 
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 47 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 49 
ANEXOS ............................................................................................................................. 52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O objetivo desta monografia é analisar a economia alemã e compreender as 
características de seu arranjo coordenado e de seus traços socioeconômicos que possibilitaram 
um capitalismo diferenciado e permitiram que o país ostentasse uma posição destacada na 
Europa. 
Segundo a Rádio e Televisão de Portugal (2012), em dezembro de 2012, o ministro 
das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäble defendeu que o pior da crise do euro já havia 
passado. De acordo com o Estado de S. Paulo (2013), o presidente da França, François 
Hollande afirmou que a crise na economia da zona do euro acabou e que está de volta a 
confiança à região. Apesar de todo esse otimismo sabe-se quea conjuntura econômica 
europeia continua instável. O PIB da zona do Euro encerrou o ano de 2012 em queda de 
0,6%, conforme a Eurostat (2013). 
Assim, a Alemanha vem apresentando dados positivos de exportações, com o segundo 
melhor superávit comercial em mais de 60 anos, além de queda no nível de desemprego e a 
manutenção de seus benefícios sociais, bem como de seu rating perante as agências de 
classificação de risco (DESTATIS, 2012). Mesmo diante de uma crise que atinge grande parte 
dos países europeus, a Alemanha consegue manter seus principais dados macroeconômicos e 
preservar a confiança dos investidores. 
No entanto, segundo Guimarães e outros (2012), algumas barreiras se colocam frente à 
Alemanha na atual conjuntura: fraca demanda por importações de seus vizinhos afetados pela 
crise, concorrência chinesa por exportações, indignação dos trabalhadores pelos baixos 
salários dos miniempregos criados para enfrentar a crise da dívida, além do desafio de 
incorporar mulheres e os imigrantes no mercado de trabalho. 
Deste modo, a Alemanha, considerada o bastião europeu na atual conjuntura, tem a 
sua frente grandes adversidades: liderar o reerguimento da Zona do Euro, enfrentar a 
intensificação do processo de internacionalização financeira e consequentemente o 
acirramento da concorrência internacional. 
Nesse contexto, é essencial discutir o modelo econômico adotado pelo país. 
Procurando entender as peculiaridades do capitalismo coordenado alemão, que propõe bases 
sólidas às suas instituições e um caráter mais social em seu arranjo institucional. 
No que tange ao comércio exterior, apesar da crescente concorrência asiática, 
destacando a qualidade dos produtos japoneses e os baixos preços dos chineses, a Alemanha é 
10 
 
 
 
uma grande exportadora mundial de mercadorias, conforme Mendes e Pedroti (2009). A 
balança comercial corresponde a aproximadamente um terço do PIB alemão. A grande força 
econômica alemã está relacionada à sua competitividade e suas indústrias destacam-se pela 
qualidade da força de trabalho, altamente qualificada, e pelo perfil de suas indústrias. 
É importante entender o capitalismo coordenado alemão a fim de que se possam 
delinear suas principais diferenças frente a outras variações do próprio capitalismo. O 
comparativo será dado realizado com maior enfoque no capitalismo liberal. 
Além desta introdução, a condução desta monografia está dividida em três partes: 
inicia-se com a exposição do enfoque teórico sobre o desenvolvimento econômico. Serão 
conceitualizados e diferenciados os termos “desenvolvimento” e “crescimento econômico”. 
Ainda na primeira parte, será necessário contextualizar historicamente, a partir do século 
XVII, as políticas industriais e socioeconômicas adotadas pela Alemanha, que fundaram bases 
para esse capitalismo, preocupado com o social, sobretudo se comparado às outras economias 
bem sucedidas da Europa e do mundo, cujo sobressaem o capitalismo de cunho mais liberal. 
Para tanto, será dada ênfase desde o início da formação do território alemão, passando pelo 
seu período de consolidação e a Segunda Guerra Mundial e, por fim, o período de 
reconstrução até os dias atuais. Finalmente, a primeira parte se encerra com a exposição da 
teoria de integração entre os países e como ela se deu na comunidade europeia. 
No capítulo seguinte é feita uma leitura da conjuntura alemã recente e seu desempenho 
econômico sob a ótica dos principais indicadores macroeconômicos. Assim, é feito uma breve 
análise de dados estratégicos encontrados nos gráficos e tabelas que compõem essa segunda 
parte. Também se faz imprescindível a contextualização da crise financeira americana de 
2008 e como ela criou condições para o surgimento da crise europeia de 2010. 
Finalmente, na terceira parte, será feita uma síntese dos principais acontecimentos na 
trajetória da economia alemã e, posteriormente, com a fundamentação nesses relevantes fatos, 
será realizada uma análise conjuntural e estrutural da Alemanha. Um diagnóstico dos 
principais desafios enfrentados no passado e como eles serão para o futuro do país alemão 
também será realizado. 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
O referencial teórico deste trabalho está dividido em três partes. Inicia-se com uma 
discussão acerca da conceituação de desenvolvimento. Na parte a seguir, o enfoque será dado 
na escola histórico-institucionalista, criada na Alemanha para contrapor a teoria liberal 
inglesa. Finalmente, o terceiro tópico procura expor a teoria de integração regional e sua 
aplicação na comunidade europeia. Essa abordagem mostra como foi conduzido o processo 
político e econômico de integração dos países da Europa e a fundamental importância desse 
processo atualmente. 
 
2.1 Debate sobre o desenvolvimento econômico 
 
Para a compreensão das peculiaridades do desenvolvimento da economia alemã, 
principalmente a partir da Segunda Guerra, faz-se indispensável, primeiramente, a 
conceituação dos termos desenvolvimento e crescimento econômico. A diferenciação entre 
esses termos permitirá uma conscientização da dimensão alcançada pela Alemanha. 
Segundo Souza (2007), não existe uma definição unânime sobre desenvolvimento. 
Contudo, existe um consenso que afirma a existência de duas correntes de pensamento sobre o 
termo supracitado. Uma primeira corrente, de caráter mais teórico e dedutivo, avalia 
crescimento como sinônimo de desenvolvimento. A segunda corrente, baseada em uma 
realidade empírica e histórica, entende que o crescimento é indispensável para o 
desenvolvimento, porém não é condição suficiente. Para Ul Haq (2007), a diferença entre as 
correntes é que a primeira concentra-se exclusivamente na expansão de uma variável 
econômica – a renda – enquanto a segunda engloba todas as variáveis humanas – cultural, 
econômica, política ou social. 
A partir da primeira corrente de pensamento, surgiram modelos que destacam apenas a 
acumulação de capital (SOUZA, 2007). A ideia é de que o crescimento econômico, 
distribuindo diretamente a renda entre os proprietários dos fatores de produção, ocasiona, 
simultaneamente, desenvolvimento econômico e melhoria dos padrões de vida. Porém, a 
realidade tem corroborado que só crescimento econômico não garante o desenvolvimento, já 
que os ganhos da expansão nem sempre beneficiam a economia como um todo, bem como 
todo o conjunto da população. Segundo Ul Haq (2007), essa relação não pode ser feita por 
uma série de motivos: a renda pode ser desigualmente distribuída em uma sociedade, as 
12 
 
 
 
prioridades públicas podem ser excludentes, além do fato de muitas escolhas humanas 
estenderem-se além do bem-estar econômico. 
A segunda corrente de desenvolvimento tem papel chave ao questionar a relação 
automática entre expansão de renda e a expansão de alternativas humanas. “Esse elo depende 
da qualidade e da distribuição do crescimento econômico e não apenas do crescimento em 
termos quantitativos.” (UL HAQ, 2007, p.65). Conforme Souza (2007), inicialmente há um 
crescimento ligado a uma expansão do produto e, em seguida, o desenvolvimento se expressa 
de forma qualitativa, refletindo no bem-estar da população e das instituições. 
Diante do exposto, será adotado como conceito de desenvolvimento, a presença de um 
crescimento econômico quantitativo e qualitativo, que busca o aumento da renda e, 
simultaneamente, da possibilidade de ampliação do campo de escolha dos indivíduos, 
conforme definição abaixo: 
 
Desenvolvimento econômico define-se, portanto, pela existência de crescimento 
econômico contínuo (g), em ritmo superior ao crescimento demográfico (g*), 
envolvendo mudanças de estruturase melhoria de indicadores econômicos, sociais e 
ambientais. Ele compreende um fenômeno de longo prazo, implicando o 
fortalecimento da economia nacional, a ampliação da economia de mercado, a 
elevação geral da produtividade e do nível de bem-estar do conjunto da população, 
com a preservação do meio ambiente. Com o desenvolvimento, a economia adquire 
maior estabilidade e diversificação; o progresso tecnológico e a formação de capital 
tornam-se progressivamente fatores endógenos, isto é, gerados predominantemente 
no interior do país, embora a integração internacional constitua um processo 
gradativo e irreversível. Apesar da diversificação das exportações de produtos 
manufaturados e do crescimento do comércio exterior, o setor de mercado interno 
aumenta simultaneamente sua participação na economia. Em razão da redução 
gradativa do número de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza, da elevação 
dos níveis dos salários e da renda em sem conjunto, esse setor passa a ser 
definitivamente o elemento dinâmico do sistema econômico. 
 (SOUZA, 2007, p.7) 
 
2.2 Desenvolvimento Econômico Alemão: evolução histórica e aspectos teóricos 
 
2.2.1 Antecedentes: século XVII e XVIII 
 
Durante o século XVII, o ducado da Prússia ostentou a condição de líder da 
civilização germânica, quando passou a incorporar os condados adjacentes. Estimulou-se uma 
atividade manufatureira, como ferramentas, armas e tecidos, porém essa atividade industrial 
foi extinta pela guerra dos trinta anos com a França (1618-1648) (SOUZA, 2007). Em 
seguida, a economia renasceu com pujança através de protestantes banidos da França, entre 
eles, abrangiam-se funcionários públicos, homens de negócio, intelectuais e artesãos. Esses 
13 
 
 
 
homens implementaram suas indústrias e técnicas de cultivo, desenvolvendo as culturas de 
batatas, cereais, forrageiras para alimentação animal, criação de gado e produção de lã. 
Na Prússia, nesse período, havia proteção alfandegária, mas não em outros Estados de 
língua alemã, estes sofriam com a concorrência de manufaturas estrangeiras, explica List 
citado por Souza (2007). Na metade do século XVIII, a Prússia passou a ser vista como uma 
potência europeia, graças, também, a alianças feitas com França e Inglaterra. No cenário 
interno, anexou diversas regiões, criou estradas e canais e estimulou a produção agrícola. 
Entre 1806 e 1812, a Prússia e os povos germânicos em conjunto estiveram sob o domínio 
francês, como nota Souza (2007). Apesar disso, a legislação napoleônica foi adepta às trocas e 
à atividade produtiva e findou com as estruturas feudais existentes. As mudanças apareceram 
com o intuito de construir uma grande nação, através da eliminação de obstáculos ao 
comércio e ao exercício profissional. 
Em 1815, os alemães e aliados derrotaram os franceses em Waterloo, acabando com o 
domínio francês. Neste ano, no Congresso de Viena, formou-se a Confederação Germânica. 
Ela contava com 35 estados e 4 cidades livres, destacando-se os reinos da Prússia, Saxônia, 
Hannover, Baviera, Württemberg, sendo Frankfurt a capital. Nessa época, ganhavam forças 
correntes opostas: liberais e nacionalistas. A liberal afrontava os feudos locais por meio das 
universidades e da literatura. A nacionalista ambicionava o fortalecimento da Prússia, para 
que conduzisse a nação alemã, segundo Lafue citado por Souza (2007). 
“A Alemanha sofria particularmente com o impacto das ideias modernas tanto pela sua 
proximidade geográfica com os principais polos irradiadores da novidade (França e 
Inglaterra), quanto pelo pensamento forte e singular de seus intelectuais.” (MAXIMO, 2010, 
p.2). O conflito, no cenário germânico, de interpretações tão distintas fez surgir 
questionamentos e dúvidas essenciais para a ciência econômica. 
Diante disso, articularam-se reações ao avanço da industrialização e sua ideologia 
implícita. Essas reações assumiram várias formas, desde manifestações violentas como a 
destruição direta de máquinas, cometida pelo movimento Ludita, até os rebuscados romances 
escritos no Sturm und Drang 
1
. Assumiu ainda o contorno de uma reação intelectiva com 
efeitos políticos. Entre 1770 e 1830, explica Maximo (2010), deu-se na Alemanha um 
importante florescimento intelectual e artístico. Um acontecimento paralelo ao Iluminismo 
 
1
 Sturm und Drang foi um movimento literário do final do século XVIII que exaltou a natureza, os sentimentos e 
o individualismo humano. O movimento aconteceu por uma reação ao culto do racionalismo, presente no 
Iluminismo, bem como ao classicismo francês. Goethe e Schiller começaram suas carreiras como membros 
proeminentes do movimento. (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA, 2014) 
14 
 
 
 
que atingia a Europa, assinalado por um forte anseio religioso e metafísico, inteiramente 
contrário ao ocidente cada vez mais laico e materialista. 
 
A fundação da Universidade de Berlim em 1810 é um marco dessa oposição 
intelectual. Conviviam no ambiente universitário as cátedras de filosofia, teologia, 
filologia e história, com uma abertura e um diálogo desconhecido nas universidades 
francesas e inglesas. Ao contrário de uma segmentação e uma especialização cada 
vez maior do conhecimento, desenvolvia-se na Alemanha, uma perspectiva de 
integração entre disciplinas que tratam do homem. Um saber conjunto que 
permitisse compreender as diversas esferas da vida em sociedade. 
 (MAXIMO, 2010, p.4) 
 
Como resultado desse movimento, surgiu a escola histórica alemã (Historische Schule 
der Nationalökonomie). Um conjunto de estudiosos com uma corrente de pensamento 
contrária às ideias liberais e ao avanço do pensamento marginalista. Desenhou-se, com isso, 
um embate metodológico entre indutivismo e dedutivismo. Os autores da escola histórica 
confrontavam a noção de universalidade dos teoremas econômicos. Segundo os próprios, a 
economia é dependente dos fatos históricos específicos de cada povo, por isso deve ser 
realizado um estudo rígido sobre a realidade histórica e não à dedução de teoremas de acordo 
com a lógica ou de modelos matemáticos. 
 
Tabela 1 – Representantes em destaque da escola histórica alemã 
Representantes Ideias Econômicas 
Wilhelm Roscher Acreditava que os desejos dos povos em assuntos econômicos 
exigiam um contato estreito com as outras ciências da vida nacional, 
em particular a história do direito, da política e da civilização. 
Bruno Hildebrand Via a história como o porta para a renovação das ciências. 
Karl Knies Negava a existência de leis econômicas universais e permanentes. 
Gustav von Schmoller Aceitava a combinação da indução e da dedução, com o apoio 
estatístico, para a investigação de fenômenos econômicos. 
Johann Herder Era contra a todos que acreditavam que a realidade poderia ser 
simplificada em leis universais descobertas através de pesquisa 
racional. 
Friedrich List Ponderava que as leis econômicas não poderiam deixar de lado a 
conjuntura em que se inseriam. 
Fonte: Elaborado pelo autor; dados de Maximo (2010), Taylor (1963) e Baingo (2009) 
 
15 
 
 
 
 Sobre a escola histórica alemã e os seus pensadores, Maximo (2010) afirma: 
 
É importante identificar o arco de pensamento que une todo o movimento intelectual 
referido. Apesar das inúmeras diferenças entre as chamadas escolas, os membros 
dessa linha de pensamento compartilham a crítica fundamental à perspectiva 
mecânica da vida econômica. Os economistas alemães estão preocupados em 
refutar a suposição clássica à cerca da natureza humana, ou seja, de que os homens 
são essencialmente egoístas;seja à procura do auto-interesse de que Smith nos fala 
ou o homo economicus dos manuais modernos. Isso revela uma diferença 
metodológica crucial. Os economistas históricos rejeitam a abstração como método, 
abandonam a ideia da validade universal dos teoremas econômicos. 
A redução da sociedade a um argumento de agentes individuais, reunidos apenas 
mediante a vontade de maximizar seus interesses pessoais é combatida pela ideia da 
peculiaridade e da complexidade irredutível dos movimentos históricos. 
Essencialmente, o debate erguido pela escola histórica alemã trata de negar 
verdades independentes do tempo, alegando ser necessário um método capaz de 
abarcar as diferenças para compreender uma realidade sempre mutante, única e 
imprevisível. 
 (MAXIMO, 2010, p.) 
 
Verifica-se, também, que o objetivo da escola histórica alemã não era apenas refutar as 
teorias e o método liberal econômico, mas buscar um caminho próprio, que os diferenciaria, 
sobretudo, da economia política inglesa, elucida Fonseca (2000). Essa alternativa almejada 
pelos alemães é considerada uma heterodoxia, ou seja, uma contestação às ideias dominantes. 
Para reforçar as contestações do mainstream de sua época, os pensadores da escola 
alemã utilizavam três aspectos comuns e relevantes que caracterizavam a heterodoxia de sua 
corrente. São eles: o historicismo, o institucionalismo e o intervencionismo (FONSECA, 
2010). 
O historicismo enfatizou um adjetivo marcante dos economistas alemães supracitados: 
a presença da história em seus trabalhos. A forma de tratamento, interpretação e utilização da 
história entrelaçada com as políticas econômicas, apresentaram nítido contraste se comparado 
ao método dedutivo, abstrato e universal dos ingleses. 
O institucionalismo relacionou-se à defesa de um processo assentado na busca da 
peculiaridade, de destaque no empírico. Havia o consenso de que o que era válido para a 
Inglaterra, potência dominante, favorecida pelas leis de livre comércio e precursora da 
Revolução Industrial, não poderia ser verdade para os alemães. Primeiramente, aos 
germânicos faltava a instituição básica: o Estado Nacional unificado. Dentre o seu território 
predominavam diferenças políticas e impasses no campo da economia. Uma economia 
composta por estados sem Estado, mercados, bancos, leis, regulamentos e moedas locais. A 
existência de instituições locais e a inexistência de outras impediam a seus governantes e ao 
seu povo de pensar a economia como algo universal. 
16 
 
 
 
Finalmente, o intervencionismo adveio da inadmissão da corrente econômica alemã de 
que o mercado, em seu curso natural, conduziria a sociedade germânica a um caminho 
próspero. Para garantir esse fim haveria a necessidade de que o Estado se fizesse presente. 
A conjuntura germânica do século XVIII, como já foi dito, era problemática. Sua 
economia baseava essencialmente numa agricultura sem técnicas modernas e produtividade 
baixa, que gerava crises de escassez frequentes entre a população, afirma Baingo (2009). As 
atividades comerciais e industriais assistiam seu desenvolvimento obstruído por divisões 
políticas que criavam barreiras aduaneiras e no sistema monetário, insuficiência dos meios de 
transporte, de capital e do crédito, segundo Pereira e Menezes (2009). 
À luz dessas considerações, Friedrich List
2
 imaginava que o sistema válido na 
Inglaterra não seria eficiente no território germânico: 
 
Como podemos perceber, a realidade de Friedrich List opunha-se à realidade de 
Adam Smith no momento em que este escreveu A Riqueza das Nações. Por essa 
razão, List busca desconstruir a ideia de que o livre-comércio é o caminho mais 
eficiente para o desenvolvimento econômico das nações. Para este autor, o sistema 
de Smith aplicava-se somente a nações que já se encontravam em elevado grau de 
desenvolvimento, como a Inglaterra, mas era ineficiente para nações que se 
encontram na mesma situação de atraso econômico da Alemanha, na primeira 
metade do século XIX. Assim, List iniciava o enfrentamento teórico com os 
herdeiros de Adam Smith e sua teoria. 
 (PEREIRA e MENEZES, 2009, p.92). 
 
Sua teoria recusava a harmonia dos interesses privados, esclarecida na obra a Riqueza 
das Nações de Adam Smith. List afirmou que estes interesses não levariam necessariamente o 
bem estar para todas as nações, aponta Padula citado por Baingo (2009). Ele considerava 
como característica básica de sua teoria o conceito de nacionalidade. Segundo o autor, toda a 
estrutura de seu sistema era baseada neste conceito, porque representava o interesse 
intermediário entre individualismo e a humanidade inteira. 
List citado por Baingo (2009) considerou, também, que a obra de Smith “A Riqueza 
das Nações” falhou em seu objetivo, pois lidou somente com a economia individual e da 
economia global, excluindo a economia nacional bem como o conceito de nacionalidade. Ele 
atribuiu, ainda, a doutrina de Smith como cosmopolita à questão do desenvolvimento das 
nações, afirmam Pereira e Menezes (2009). 
Em seu modelo de desenvolvimento econômico, em resumo, List projetou o progresso 
de sua nação, ou seja, a Alemanha, explicam Pereira e Menezes (2009). Isso se torna evidente 
 
2
 Georg Friedrich List (1789-1846) é considerado o primeiro grande economista de língua alemã, defendia o 
protecionismo, a industrialização e a unificação de seu país. (FONSECA, 2000) 
17 
 
 
 
em toda a obra, já que o conteúdo refere-se à conjuntura da região germânica naquele 
momento. Diante do exposto, “Sistema Nacional de Economia Política”, obra de List, foi 
escrita almejando o sucesso da economia alemã, conquanto pudesse ser adotada por outras 
nações que se deparassem nas mesmas circunstâncias, desde que levadas em consideração 
suas especificidades. 
Segundo Pereira e Menezes (2009), List considerava três estágios de progresso onde 
os países se enquadravam. O primeiro estágio referia-se aos países cuja situação econômica se 
encontrava em um grau de barbárie, ou seja, muito atrasada e abandonada. Para os países 
nessas categorias, a alternativa seria a adoção do livre comércio com nações mais avançadas, 
com a finalidade de que essa relação conseguisse tirá-los do estado de barbárie e fizesse 
prosperar a agricultura. O segundo estágio, dizia respeito aos países, que como a Alemanha, 
estavam em situação intermediária. Nessas condições, o ideal seria a promoção do 
crescimento da navegação, das manufaturas, da pesca e do comércio exterior, seguindo-se 
restrições ao comércio. Por fim, no terceiro estágio, alcançado naquele período somente pela 
Grã-Bretanha, país com alto grau de riqueza e poder, podia-se adotar o livre-comércio e a 
concorrência sem restrições, tanto no mercado externo quanto interno. 
 
Percebi claramente que a livre concorrência entre duas nações altamente 
civilizadas só pode ser mutuamente benéfica no caso de ambas estarem em um grau 
de desenvolvimento industrial mais ou menos igual; ao contrário, qualquer nação 
que, em razão de reveses, estiver atrasada em relação a outra, do ponto de vista 
industrial, comercial ou naval, embora possua os meios mentais e materiais para 
desenvolver-se, deve antes de tudo aumentar e consolidar seus próprios poderes 
individuais para aparelhar-se a entrar na livre concorrência com nações mais 
evoluídas. Em uma palavra, dei-me conta da distinção entre a Economia 
Cosmopolítica e a Economia Política. 
 (LIST apud BAINGO, 2009, p.11). 
 
Embora o nacionalismo fosse o pilar de seu sistema, List também aborda outrasquestões chave, como a unidade nacional. Em conformidade com sua teoria, o primeiro passo 
para que a região germânica ultrapassasse a situação de atraso em que se encontrava era 
organizar-se politicamente. A fragmentação, afirmam Pereira e Menezes (2009), que se 
estabeleceu no território, após a reorganização no Congresso de Viena, deixou os estados 
alemães sem unidade política. List defendia a concepção de um poder forte e concentrado, 
capaz de aprovisionar garantias necessárias ao desenvolvimento de uma nação, tais como a 
ordem pública, a liberdade civil e a estabilidade das leis. 
 
18 
 
 
 
Quando fala em união, porém, List não está se referindo apenas à união entre todos 
os Estados germânicos em um único governo, mas à união dos diversos interesses 
individuais em torno de um único objetivo, o progresso da Alemanha, que 
significaria o progresso de todos. Nesse sentido, as palavras de List também é uma 
crítica ao liberalismo, pois esta teoria levaria à exacerbação do individualismo à 
medida que baseia a conquista de riquezas na realização pessoal de cada um, e não 
amparada pela não-intervenção do Estado na condução das atividades. 
 (PEREIRA e MENEZES, 2009, p.93). 
 
List objetivava o desenvolvimento alemão. Um dos caminhos que o autor assinalou 
para isso foi o aprimoramento do que a Alemanha continha a seu favor, a agricultura. 
Segundo Pereira e Menezes (2009), era necessário instigar e apurar a agricultura para incitar a 
instalação de manufaturas, pois, conforme List, a agricultura depende da manufatura, assim 
como a manufatura depende da agricultura. 
 
O comércio deriva das manufaturas e da agricultura, e nenhuma nação em nossos 
dias conseguirá alcançar um nível considerado de comércio interno e externo, se 
antes não tiver conseguido implantar em seu solo esses dois setores básicos de 
produção, e não os tiver levado a alto grau de desenvolvimento. 
 (LIST, 1986, p.176 apud PEREIRA e MENEZES, 2009, p.93). 
 
Essa discussão sobre o desenvolvimento das atividades produtivas distingue mais uma 
vez as concepções de Smith e List, afirmam Pereira e Menezes (2009). Embora os dois 
acreditassem no desenvolvimento, sequencialmente, da agricultura, manufatura e por fim do 
comércio, e ambos concordassem com a importância do desenvolvimento das forças 
produtivas para o crescimento de uma nação, Smith entendia como força produtiva a 
capacidade técnica dos indivíduos, enquanto para List esse conceito era mais amplo, 
abrangendo não só as habilidades técnicas, mas também as habilidades intelectuais. 
Ou seja, para List, o termo “força produtiva” abrangia todo o investimento feito na 
formação do trabalhador, incluindo como produtivas as atividades que não estão diretamente 
conectadas à produção de um bem que será comercializado posteriormente. Diferentemente 
da “força produtiva” conceituada por Smith que a entendia somente como a competência que 
um indivíduo possuía de produzir um produto que seria futuramente negociado. Dessa forma, 
para Smith, a força produtiva era a força braçal de um trabalhador (PEREIRA e MENEZES, 
2009). 
 
Certamente são produtivos os que criam porcos e preparam pílulas, mas os 
educadores de crianças e adultos, os artistas, os músicos, os médicos, os juízes, os 
administradores são produtivos em grau muito mais elevado. Os primeiros 
produzem valores de troca, ao passo que os outros produzem forças produtivas; 
19 
 
 
 
alguns deles capacitando gerações futuras a se tornarem produtivas; outros, 
promovendo a moralidade e o caráter religioso da geração atual; outros 
enobrecendo e elevando o poder da mente humana. 
 (LIST, 1986, p.103 apud PEREIRA e MENEZES, 2009, p.93). 
 
Como podemos observar, as linhas de pensamento entre Smith e List destoavam 
bastante. Esse hiato era ainda maior quando se tratava de suas concepções acerca do 
envolvimento do Estado nas atividades comerciais dos países, destacam Pereira e Menezes 
(2009). Adepto do protecionismo na região germânica, List defendia com ênfase a 
intromissão do Estado no curso da sociedade, limitando as importações, estimulando as 
exportações e garantindo, portanto, o desenvolvimento da nação. 
Segundo List citado por Baingo (2009), a nação deveria estabelecer e proteger, através 
das taxas alfandegárias, suas indústrias até o ponto que essas não temessem mais a 
concorrência estrangeira. Essas taxas ou direitos alfandegários deveriam ser, contudo, 
moderados, para que não restringisse a importação e o consumo, já que isso, para List, 
enfraqueceria a força produtiva interna do país. 
Foi nesse contexto, com seus anseios da corrente nacionalista, que Friedrich List 
passou a conduzir uma associação de empresários alemães atrelados ao comércio e à 
indústria, que ansiavam constituir uma união aduaneira entre todos os estados da Alemanha (o 
Zollverein). Em 1834, sob a direção da Prússia, o Zollverein formou uma união alfandegária, 
unindo 18 estados e 23 milhões de habitantes, afirma Niveau citado por Souza (2007). Foi 
responsável pela livre circulação de pessoas e capitais, graças à eliminação das barreiras 
comerciais que existiam. As taxas de importação também foram, nesse período, elevadas. 
 
2.2.2 O período da consolidação: século XIX até a Segunda Guerra Mundial 
 
A integração da região germânica continuava, sob a inspiração de List, com a 
construção de ferrovias, entre 1835 e 1839. Com o surgimento do Zollverein, a economia 
alemã teve bases para crescer rapidamente e as modificações econômicas solidificaram a 
consciência nacional. Com a presença de ferrovias, a região decolou em direção ao 
desenvolvimento autossustentado, explica Niveau citado por Souza (2007). A produção de 
aço, carvão, e equipamentos ferroviários cresceram. Concomitantemente a redução dos custos 
de transporte ampliou os mercados no interior da Alemanha e em direção aos outros países 
europeus. Nesse período pujante de industrialização alemã também tiveram importância a 
20 
 
 
 
construção naval, a importação de tecnologia e de capitais da Inglaterra e França, bem como a 
existência de carvão e outros recursos mineiras no solo alemã. 
O desenvolvimento econômico impulsionava a integração espacial e política, elucida 
Souza (2007). A nova conjuntura propiciava a exploração de novas fontes de riqueza. Em 
1860, a produção de carvão do território germânico ultrapassou a produção francesa. A 
integração de novas ferrovias atrelou as fontes de matérias-primas aos mercados 
consumidores, simultaneamente, dinamizou a siderurgia e as indústrias mecânicas 
necessitadas de ferro e aço. Diante desse cenário, expandiu-se o comércio interno e o setor 
bancário. Os capitais privados e públicos financiavam novos empreendimentos. Porem ainda 
que o crescimento da economia se dava em ritmo ligeiro, a unificação política, desejo de 
todos naquela conjuntura, vinha fracassando devido forte oposição da Áustria. 
Segundo Souza (2007), no final do século XIX, o território alemão encontrava-se 
separado em regiões autônomas. A unidade política era tão problemática que havia a 
expressão “as Alemanhas”, o que compreendia até 1866 o próprio território austríaco. Nessa 
época era impossível estabelecer as fronteiras da Alemanha, cujo cenário incluía cerca de 
1500 soberanos em 80 territórios. 
A Áustria também se opôs a unificação italiana e seu insucesso favoreceu a liderança 
da Prússia dentro da Confederação Alemã, nessa época surgiu um novo líder, Otto von 
Bismarck. Com a liderança consolidada, a Prússia se organizou para combater a Áustria. 
Contando coma Itália como aliada venceu o seu rival, em 1866, pondo fim a Confederação 
Germânica. Nessa época, a França almejava adquirir o condado de Luxemburgo da Holanda, 
que, todavia pertencia ao Zollverein desde 1842. Bismarck não aceitou provocando um 
desentendimento. Posteriormente, Luxemburgo foi declarado neutro pelo Tratado de Londres. 
Outras novas indiferenças induziram os franceses a declarar guerra à Prússia, em 1870. O 
exército germânico, melhor preparado, ocupou Paris no ano seguinte. Com a vitória, os 
alemães anexaram em seu território as regiões da Alsácia e Lorena. Depois desse episódio, a 
Alemanha já se exibia como um respeitável país industrializado e uma potência europeia 
(SOUZA, 2007). 
Afirma Souza sobre a industrialização alemã: 
 
A industrialização alemã, como a francesa, beneficiou-se da Revolução Industrial 
inglesa, por meio da importação de máquinas e técnicos ingleses, que acabaram 
repassando a tecnologia. Operários ingleses, franceses e belgas fizeram funcionar 
os primeiros altos-fornos no Vale do Ruhr. Os alemães também receberam capitais 
de outros países da Europa para a exploração de suas minas de carvão e para a 
produção siderúrgica. A rápida industrialização foi acompanhada por uma 
21 
 
 
 
legislação social, que garantia seguro contra doença, invalidez e renda para os 
idosos. A educação pública foi nacionalizada em 1872 e tornada gratuita em 1888. 
A colonização de Togo e Camarões, em 1884, ajudou a suprir a indústria 
germânica com matérias-primas e a consumir seus bens manufaturados. 
 (SOUZA, 2007, p.86) 
 
No período compreendido entre 1870 e 1910, depois da unificação alemã, a produção 
de ferro-gusa, aço e carvão aumentaram dez vezes e a malha ferroviária foi triplicada. Em 
1910, as ferrovias alemãs já haviam ultrapassado, em extensão, a França e o Reino Unido, 
aponta Niveau citado por Souza (2007). A maciça exploração de recursos produtivos e o 
crescimento demográfico ao longo dos anos consolidaram à Alemanha uma posição destacada 
no panorama mundial. 
 
Entre os fatores do crescimento econômico alemão, desse período, podem ser 
destacados: (a) a constituição e a integração do mercado interno; (b) a importação 
de tecnologia; (c) o extraordinário crescimento das exportações, sobretudo nas 
primeiras décadas do século 20; (d) a firme política protecionista contra a 
concorrência estrangeira; e (e) o desenvolvimento de canais e ferrovias, 
interligando a Alemanha com os demais países na Europa e do Oriente. Entre 
1872/1875 e 1909/1913, as exportações alemãs cresceram 250%, contra 85% para 
o Reino Unido e 68% para a França. 
 (MIRADOR, 1995, p.315 apud SOUZA, 2007, p.87). 
 
O nascimento de outras pujanças industriais, como foi o caso da Alemanha, exaltaram 
as rivalidades econômicas e o imperialismo. A procura por novos mercados, a partilha do 
continente asiático e do africano, acirrou os pretensões imperialistas. A construção da ferrovia 
Berlim-Bagdá desagradou os ingleses, cuja rivalidade acirrou à medida que a Alemanha 
aumentava sua influência na África, afirma Souza (2007). O revanchismo francês que se 
instigou depois da perda das regiões da Alsácia e Lorena também teve contribuição para o 
forte sentimento nacionalista que se criou nessa atmosfera imperialista. Anos depois, esse 
clima de tensão iminente, que envolvia praticamente toda a Europa, culminou na Primeira 
Guerra Mundial. 
“O bloqueio econômico provocado pela Primeira Guerra Mundial levou os alemães a 
substituir matérias-primas importadas, a racionar produtos e a controlar preços.” (SOUZA, 
2007, p.87). Findada a Guerra, a Alemanha foi obrigada a ceder parte de seus territórios às 
suas colônias, e foi imposta a pagar elevadas multas para reparar os danos de guerra. 
Internamente, as ideias nacionalistas de direita ganharam força. Em 1923, a Alemanha foi 
vítima da hiperinflação. Enfrentando dificuldades econômicas, ficou claro que o país não teria 
condições de pagar o que lhe foi imposta. No ano seguinte, a Alemanha recebeu empréstimos 
22 
 
 
 
externos para iniciar a recuperação de sua indústria. Como consequência, aumentou o fluxo de 
capital estrangeiro, sobretudo proveniente da Inglaterra e dos EUA, dando sequência a um 
período de rápido crescimento econômico (SOUZA, 2007). 
Para fortalecer-se competitivamente no mercado externo, em 1931, o governo alemão 
efetuou cortes nos preços e salários, impôs licenças de importação, restringiu a saída de 
capitais e realizou acordos bilaterais. Essas medidas não foram eficazes para disputar com a 
Inglaterra, que havia desvalorizado sua moeda em 30%, mas levaram Hitler ao poder como 
chanceler. 
Hitler iniciou uma propaganda política com base na luta contra os comunistas. 
Suprimiu os partidos políticos e expurgou os opositores. Em 1934, passou a 
acumular as funções de presidente da república, reforçando o militarismo e 
colocando a economia sob a direção do Estado. A partir de 1936, adotou dois 
planos quadrienais e a economia de guerra eliminou o desemprego no país. A 
Segunda Guerra Mundial iniciou-se com a Alemanha anexando a Áustria, em 1938. 
Ela continuou com a ocupação da Tchecoslováquia em 1939, com manobras 
agressivas contra a Polônia, França e Reino Unido, e com o ataque à União 
Soviética em 1941, apesar da existência de um pacto de não-agressão. A Segunda 
Guerra Mundial terminou em maio de 1945, estando a economia alemã 
praticamente destruída e submissa incondicionalmente aos Aliados. 
 (SOUZA, 2007, p.88) 
 
2.2.3 O período de reconstrução até os dias atuais 
 
Em 1945, após a Segunda Guerra, iniciou-se um período histórico de disputas 
estratégicas e conflitos indiretos, denominado Guerra Fria. Segundo Vaïse, citado por 
Marinho (2010), há uma transição da influência política, econômica e cultural do continente 
europeu para os verdadeiros vencedores da guerra, Estados Unidos da América e a União 
Soviética. Ambos buscaram aumentar sua projeção internacional e poder de influência perante 
o resto do mundo. Porém, as duas potências não possuíam os mesmos ideais. De um lado, o 
capitalismo, representado pelos americanos, com o apoio da maioria europeia, asiática e 
africana e, de outro lado, o socialismo defendido pelos russos no leste europeu e médio 
oriente. 
A Alemanha, grande perdedora da guerra, viu-se em um panorama desfavorável com 
grandes baixas humanas e materiais, porém conseguiu preservar cerca de 80% do seu parque 
industrial intacto, ou pouco avariado, conforme Raimundo citado por Marinho (2010). 
Segundo Marinho (2010), mesmo diante de fatos que facilitavam a reestruturação da 
Alemanha, a mesma não ocorreu imediatamente, já que faltava o essencial: o Estado alemão. 
23 
 
 
 
Por ter sofrido penalidades com o final da Segunda Guerra, a Alemanha teve sua soberania 
cassada. 
Conforme Vaïsse citado por Marinho (2010), o sistema monetário internacional, em 
prática no fim da guerra, era insuficiente. Então, em 1944, realizou-se a conferência monetária 
de Bretton Woods. Na conferência a principal medida foi a volta do padrão ouro e sua base 
fixa de 35 dólares por onça Troy. Tal medida transformou o dólar na moeda padrão do 
sistema monetário internacional, dada a quantidade de reservas norte americanas em ouro e 
sua capacidade de assegurar as conversões. 
Em junho de 1947, o Plano Marshall, um projeto que tinha o objetivo de apoiar a 
recuperação econômica europeia e espalhar a ideologia capitalista liberal foi lançado pelos 
EUA. Em 1948, conforme Raimundo citado por Marinho (2010), a adoção do novo marcoalemão e depois a fundação do Bundesbank, o Banco Central alemão, instituição-chave no 
combate à inflação nos anos seguintes, propiciaram as bases para a estabilidade na economia 
alemã. 
Depois da traumática experiência do nazismo, a Alemanha teve grande preocupação 
em reconstruir-se e legitimar-se com o grande apoio das classes sociais. Economicamente, 
procurou-se desde o início o apoio dos sindicatos, oferecendo participação ativa dos 
trabalhadores, conforme Streeck citado por Guimarães (2006). Assim, uma característica 
peculiar do capitalismo coordenado alemão é a forte influência dos trabalhadores. Essa 
influência evidencia-se nas negociações coletivas, conduzidas por sindicatos fortes e 
abrangentes, explicam Thelen e Kume, citado Guimarães (2006). 
As adversidades encaradas pela Alemanha, abrangendo a depressão do século XIX e 
os choques do fim da Primeira Guerra Mundial, contribuíram para a aproximação das 
empresas e a formação de cartéis, espalhando o ímpeto de cooperação entre empresas do 
mesmo setor e a criação de associações empresariais, segundo Guimarães (2006). Nota-se a 
diferença em relação aos Estados Unidos, onde a Lei antitruste dificultou a cooptação de 
empresas, desestimulando o alargamento da interação entre elas. Com o incentivo ao 
fortalecimento das associações empresariais e a participação ativa dos trabalhadores, o Estado 
Alemão, estimulou as empresas a desempenharem funções quase públicas. “O capitalismo 
assumiu, assim, um molde social”, afirma Guimarães (2006, p.25). As associações 
empresariais, por sua vez, instigam as empresas a trocarem informações e experiências, 
formando redes de cooperação, que melhoram as capacidades competitivas do respectivo 
setor. Ao fazerem isso, conforme Soskice citado por Guimarães (2006), desempenham função 
24 
 
 
 
notável no processo de transferência de tecnologia, na definição de componentes e no 
desenvolvimento do produto, gerando expertise. 
Os anos posteriores foram de forte crescimento do comércio e da economia mundial. 
Segundo Guimarães (2006), a Alemanha beneficiou-se de alguns fatores para favorecer-se 
diante desse cenário. O país usufruiu de tecnologia e técnicas organizacionais disponíveis em 
países mais avançados, especialmente os EUA. Concentrou seus esforços e recursos 
especialmente na economia, já que sua defesa era garantida pelos norte-americanos. Além de 
privilegiar-se com as iniciativas de integração europeia, expandindo assim suas exportações. 
Em suma, esses arranjos contribuíram para que a Alemanha utilizasse um modelo de 
governança corporativa atrelado à participação dos trabalhadores e pela influência dos bancos 
nas empresas, que garantia uma fonte de capital paciente, ou seja, uma mentalidade 
investidora que não possuía ânsia por resultados imediatos e abria margem para as empresas 
se empenharem em estratégias de longo prazo. Um capitalismo de stakeholders
3
, em que a 
preocupação com os resultados privilegia o desempenho e a sustentabilidade no longo prazo, 
segundo Guimarães e outros (2012). 
 
Um pilar desse modelo foi a existência de uma fonte de capital paciente. No 
imediato pós-guerra, o mercado de capitais foi incentivado pelas forças aliadas, mas 
a forte regulamentação foi preservada, tornando-o menos atrativo para as empresas, 
bancos e famílias. Além disso, outros fatores inibiram o desenvolvimento do 
mercado de capitais: as empresas eram capazes de se auto-financiarem e havia 
grande disponibilidade de crédito por parte dos bancos. Por sua vez, em uma 
economia marcada por menor desigualdade de renda, os agentes familiares tendiam 
a se mostrar mais avessos ao risco e os fundos de pensão privilegiavam aplicações 
mais seguras, implicando menor grau de capitalização. 
Como consequência, as formas de financiamento foram, até o final da década de 
1990, basicamente oriundas dos bancos, com uma parcela reduzida dos ativos 
financeiros se originando do mercado de capitais. 
(GUIMARÃES et al., 2012, p. 9) 
 
O regime alemão impede práticas de redução salarial e de direitos trabalhistas para 
promover a competitividade da indústria e, eventualmente, limita a autonomia do gerente. 
Porém, o trabalhador, como parte ativa do processo, sente-se pronto para cooperar com 
práticas voltadas a aumentar a produtividade, afirmam Guimarães e outros (2012). 
Na década de 70, o arranjo alemão foi fortemente abalado pela crise mundial, 
sobretudo no mercado do petróleo. Seu modelo, baseado em altos salários e direitos 
trabalhistas deu sinais de que precisava de reformas. A mão de obra qualificada do leste 
 
3
 “Expressão em inglês que significa aquele que aposta numa empresa ou empreendimento e assume seus riscos, 
podendo ser uma pessoa ou grupo como, por exemplo, seus proprietários, seus empregados ou mesmo seus 
clientes.” (SANDRONI, 1999, p. 576) 
25 
 
 
 
europeu, que aceitava salários inferiores, foi atraída para o território alemão, dificultando a 
manutenção da alta remuneração, bem como sua negociação centralizada. Outra dificuldade 
deu-se com a internacionalização financeira que colocou em risco a fonte de capital mais 
paciente, afirmam Guimarães e outros (2012). 
Por outro lado, o arranjo corporativo permitiu uma resposta mais suave, garantindo 
resultados macroeconômicos melhores, do que os obtidos nos países de capitalismo liberal. O 
câmbio também favoreceu as exportações e foram adiadas conversas sobre reformas no 
corrente sistema econômico. 
Em novembro de 1989, após a queda do Muro de Berlim, a reunificação e a economia 
penderam para o controle da República Federal da Alemanha. O modelo democrático 
(República Democrática Alemã) não possuía mais o mesmo vigor, porque se perdeu a 
legitimidade do regime comunista e enfraqueceu-se a sociedade civil da parte oriental, 
elucidam Guimarães e outros (2012). O Tratado de Maastricht, em 1992, assentou as bases da 
atual União Europeia e para uma moeda única, abandonando então o Deutsche Mark. 
Com a unificação alemã, o quadro agravou-se drasticamente. O déficit público 
elevado, decorrente da transposição do Estado de bem-estar social (Welfare State
4
) para o 
leste e o aumento do desemprego evidenciou falhas do capitalismo alemão e seu arranjo, 
enfatiza Streeck citado por Guimarães (2006). 
Na primeira década do século XXI e “após anos de dificuldades, mudanças mais 
profundas amadureceram e foram aprovadas.”, segundo Guimarães e outros (2012, p.12). A 
aprovação da Agenda 2010
5
, em 2002, foi um importante passo para a execução das reformas 
que eram necessárias, preservando os avanços sociais do modelo alemão. As metas eram a 
redução do desemprego, fortalecer as relações exteriores, redução de custos de trabalho e do 
Welfare State. 
Foram tomadas ações para a redução de proteção trabalhista de empresas de pequeno 
porte e a suspensão da impossibilidade de demissão de empregados com mais de 50 anos, 
afirma Guimarães e outros (2012). Concomitantemente, foi liberada a contratação de 
trabalhadores para empregos de meia jornada e com contratos por tempo estipulado. Outros 
planos envolvidos na Agenda 2010 incluíram a redução no tempo de duração do seguro 
 
4
 “Sistema econômico baseado na livre-empresa, mas com acentuada participação do Estado na promoção de 
benefícios sociais. Seu objetivo é proporcionar ao conjunto dos cidadãos padrões de vida mínimos, desenvolver a 
produção de bens e serviços sociais, controlar o ciclo econômico e ajustar o total da produção, considerando os 
custos e as rendas sociais.” (SANDRONI, 1999, p. 220) 
5
 Plano do governo alemão, anunciado em março de 2003, para estimulara economia em dificuldades. 
Concentrava-se na redução dos benefícios de saúde, reestruturação de leis trabalhistas, redução de impostos e 
uma reforma do sistema de pensões. (DEUTSCHE WELLE, 2003) 
26 
 
 
 
desemprego e a diminuição monetária do benefício, conforme Seeleib-Kaiser e Fleckenstein 
citado por Guimarães e outros (2012). 
De acordo com Guimarães e outros (2012), alguns anos após a implementação da 
Agenda 2010 houve queda na taxa de desemprego. A taxa passou de 9,3 em dezembro de 
2002 para 5,3 em julho de 2013 (EUROSTAT, 2013). Uma reestruturação das políticas de 
desemprego, com ênfase na melhoria dos sistemas de intermediação e de acompanhamento 
profissional, mirando realocar o indivíduo no mercado do trabalho foi realizada. 
O desempenho exportador também apresentou gradativo incremento e permitiu ganhos 
de competitividade nos anos recentes. “As exportações se transformaram no centro dinâmico 
da economia, respondendo em média por um terço do PIB e alcançando posições de liderança 
em indústrias de alto valor agregado”, conforme Guimarães e outros (2012, pg.15). O 
incremento das exportações está notadamente entre os maiores do mundo, principalmente nas 
últimas duas décadas, período marcado pela criação e disseminação da Zona do Euro. Em 
2012 a Alemanha encerrou o ano com um saldo positivo na balança comercial de 188,2 
bilhões de euros, o maior excedente desde 2007 e o segundo maior desde 1950 (DESTATIS, 
2012). 
 
2.3 Teoria de Integração e Comunidade Europeia 
 
A metodologia para a integração regional de países é, comumente, incentivada por 
demandas econômicas e geopolíticas e se fazem em ritmo mais acelerado do que o 
desenvolvimento de estruturas de harmonização social. Segundo Giovanella e Guimarães 
(2006), os processos de integração entrelaçam afinidades, estreitam e conciliam laços 
políticos que culminam na eliminação de barreiras tarifárias, maior acessibilidade às 
instituições comuns e permissão do consumo de serviços sociais em outros países. Isso, para 
sociedade, significa que os direitos e a garantia de cidadania extrapolam as fronteiras 
geográficas das instituições de cada país e passam a existir em todo o bloco. 
A integração é um processo com diferentes níveis, porém possuem cinco etapas 
principais: 
 
Os objetivos dos acordos multilaterais firmados definem o grau da integração entre 
os países, o qual apresenta cinco estágios principais. O primeiro denomina-se área 
de livre comércio e caracteriza-se pela eliminação de tarifas alfandegárias e cotas 
entre os países membros. A união alfandegária, por sua vez, significa a adoção de 
sistema de tarifas e cotas comuns para relações comerciais externas. O mercado 
comum define-se pela eliminação de restrições de circulação de mercadorias, 
27 
 
 
 
pessoas e capital. A união monetária decorre da harmonização e unificação de 
políticas e instituições econômicas. A confederação ou união política formaliza o 
mais profundo estágio de integração. 
 (GIOVANELLA e GUIMARÃES, 2006, p.2). 
 
É interessante aprofundar a distinção dos níveis de integração econômica e política 
que podem ser alcançados em uma aliança entre nações. A área de livre comércio permite, 
dentro da zona, livre circulação de mercadorias, mas com inexistência de tarifa exterior 
comum das nações integrantes com países terceiros. A união aduaneira admite a livre 
circulação de mercadorias, mas com a existência de uma tarifa exterior comum sobreposta em 
todas as divisas da união. O mercado comum é mais do que a união aduaneira. Ele refere à 
prática da livre circulação de fatores de produção: pessoas, serviços e capitais. O mercado 
comum também inclui o uso de políticas comuns, coordenação e harmonização de legislações 
fiscais, trabalhistas e de sociedades. A união econômica e monetária ocorre quando as 
legislações nacionais estão sintonizadas e ocorre a adoção de regras e políticas comuns sob os 
cuidados de uma autoridade também comum. Além disso, precisa haver o câmbio fixo e 
conversibilidade obrigatória e ilimitada entre as moedas nacionais. A integração monetária 
prevê a moeda única, política monetária unificada e o controle das reservas e taxas de câmbio. 
Por fim, a união política, como resultado final do processo de integração, necessita da 
cooperação política em assuntos como política externa, de segurança e defesa. Para isso é 
necessário uma forte coesão econômica e social. O último objetivo do processo é a adoção da 
Federação dos Estados com uma única autoridade, ou uma confederação onde áreas pré-
acordadas sejam de competência supranacional (THORSTENSEN, 1992). 
A União Europeia é o modelo de integração mais avançado, considerando o estágio de 
acordos firmados, e vem apresentando desenvoltura na resolução das desigualdades 
econômicas e sociais envolvendo seus membros. O caso europeu esquematiza a aplicação de 
fundos estruturais de desenvolvimento, imprescindíveis em processos de integração, para 
atenuar as desigualdades territoriais e sociais, as quais podem se configurar como barreiras 
não tarifárias à integração. (GIOVANELLA e GUIMARÃES, 2006). 
O modelo de integração europeu se iniciou há mais de meio século. Teve em início em 
1948, quando França, Reino Unido e os países componentes do Benelux (Bélgica, 
Luxemburgo e Países Baixos) assinaram o Pacto de Bruxelas, na Bélgica. O objetivo do 
acordo era a proteção mútua dos países-membros, tendo em vista o contexto hostil de duas 
guerras mundiais recém-vividas, afirma Baldissera (2012). Embora a Alemanha não fosse 
28 
 
 
 
mais uma ameaça, visto que seu potencial bélico foi bastante afetado após a Segunda Guerra, 
a preocupação vigente, na época, era a expansão da União Soviética sobre a Europa ocidental. 
Anos depois, em 1951, a Alemanha, França, Itália e o Benelux assinaram o Tratado de 
Paris, conhecido como Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). A CECA 
permitia a todos os seus membros o livre acesso ao carvão e ao aço da região dos rios Mosel, 
Ruhr e Saar sem a necessidade de pagamento de tributos. Essa associação de fins econômicos 
contou ainda com um agente regulador que norteava as operações. A CECA, com isso, foi a 
primeira organização com propriedades supranacionais da Europa. (BALDISSERA, 2012). 
Os integrantes da CECA reuniram-se anos depois, em 1957, para celebrarem outros 
dois pactos: os Tratados de Roma, que instituíram a Comunidade Econômica Europeia (CEE) 
e a Comunidade Europeia para a Energia Atômica (CEEA). 
 
Na CEE e na CEEA, havia a reunião de elementos intergovernamentais e 
supranacionais, que se revelavam não somente a partir da estrutura das instituições, 
mas também a partir de seu financiamento. Enquanto a Comunidade Europeia do 
Carvão e do Aço buscava seus recursos em participações obtidas através da 
operação dos recursos que administrava, a CEE e a CEEA previam apenas a 
contribuição dos países-membros e recusavam a existência de um patrimônio 
próprio. 
 (BALDISSERA, 2012, p.11) 
 
Na década seguinte, em 1965, o Tratado de Fusão foi subscrito pela Alemanha, 
França, Itália e o Benelux. Nesse acordo foi estabelecido um conselho e uma comissão únicas 
paras os acordos anteriormente estabelecidos, CECA, CEE e CEEA, explica Baldissera 
(2012). 
Em 1986, surgiu o Ato Único Europeu. Contando como participantes: Alemanha, 
Espanha, Irlanda, Portugal, Reino Unido, Dinamarca, Grécia, Itália e o Benelux, o tratado só 
começou a produzir efeitos no ano seguinte. De acordo com Baldissera (2012), a função 
chave do Ato Único Europeu foi pressionar os países para a elaboração de uma integraçãoeuropeia visando à criação de um mercado único. Dessa forma, o Ato Único Europeu 
aprimorou os Tratados de Roma, ampliou as possibilidades dos setores de desenvolvimento, 
meio ambiente, pesquisa e da política externa. Ao longo das reformas, houve um 
fortalecimento da integração em termos políticos, econômicos e monetário. Os esforços do 
Ato Único Europeu desenvolveram bases para adesão do Mercado Único em 1993. 
No ano de 1992, o Tratado de Maastricht foi constituído. Também designado como 
Tratado da União Europeia, ele marca uma reviravolta na história dos países europeus e na 
teoria de integração. A criação do Mercado Único, meta perseguida por anos pela comunidade 
29 
 
 
 
europeia, havia sido recentemente realizada após modificações realizadas nos tratados criados 
desde a Segunda Guerra Mundial, dessa forma, pela primeira vez se discutiu a união política 
do território europeu. (BALDISSERA, 2012). 
A mudança mais significativa efetuada pelo Tratado da União Europeia foi no 
aumento do envolvimento do parlamento e dos demais órgãos da União no processo de 
legislação e codecisão. Ainda foi concedido ao parlamento a capacidade de decretar o início 
do processo de produção da legislação por parte da Comissão Europeia, explana Baldissera 
(2012). 
O Tratado entrou em vigor no ano de 1993 após confirmação de todos os países-
membros e previa, ainda, uma revisão no caso da ampliação dessa relação de países. 
Posteriormente vieram os Tratados de Amsterdam e de Nice, que revisaram o Tratado de 
Maastricht, porém quase não alteraram sua estrutura. 
 
Tudo considerado, não apenas setores antigos e políticas que tinham sido 
administradas pelos países-membros até então se transferiram à competência da 
União através do Tratado, mas também se criaram instituições e direitos de 
participação novos. Isto provocou a alteração de algumas Constituições nacionais. 
Em uma comparação ao Ato Único Europeu, embora o Tratado tenha criado uma 
preocupação sobre a perda da soberania dos países membros, provocou um interesse 
maior na população no sentindo da integração dos países europeus. 
 (BALDISSERA, 2012, p.17) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
3. CONJUNTURA ECONÔMICA 
 
3.1 Dados Macroeconômicos 
 
Neste capítulo será exposto o desempenho econômico alemão na forma de gráficos e 
tabelas, feitos com base nos resultados dos indicadores econômicos mais importantes. Em 
seguida, um breve apanhado da crise financeira de 2008 e crise europeia de 2010. 
 
a) Produto interno bruto (PIB) 
 
Gráfico 1 – Comportamento do PIB a preços constantes em milhões de euros da união 
europeia e Alemanha/Ano base: 2012 
 
Fonte: Elaborado pelo autor; dados de Pordata. 
 
De acordo com o gráfico 1, pode-se observar que a tendência do PIB é praticamente a 
mesma nas duas economias. Entre os anos de 2002 e 2007, constata-se uma expansão 
econômica, seguido por uma recessão no biênio 2008 e 2009 e uma ligeira recuperação e 
estabilização a partir de 2010. Contudo, mesmo com a tendência semelhante é possível 
observar que a economia alemã apresenta variações menores em torno de sua média. Cabe 
ressaltar que pelo fato da união europeia admitir 28 países, inclusive a Alemanha, apresenta 
2.000.000,00 
2.100.000,00 
2.200.000,00 
2.300.000,00 
2.400.000,00 
2.500.000,00 
2.600.000,00 
9.500.000,00 
10.000.000,00 
10.500.000,00 
11.000.000,00 
11.500.000,00 
12.000.000,00 
12.500.000,00 
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 
União Europeia Alemanha 
31 
 
 
 
valores absolutos maiores do que a economia germânica. No período observado, a Alemanha 
apresentou uma taxa média de crescimento de 1,16% ao ano. 
 
b) PIB per capita 
 
Tabela 2 – Comparação do PIB per capita alemão e da União Europeia 
 
Fonte: Adaptado de Pordata 
 
De acordo com a tabela 2, percebemos que o PIB per capita foi, em todos os anos, 
maior na Alemanha do que na União Europeia. A média na União Europeia é de 21.037 euros 
e na Alemanha de 24.867 euros. Além disso, a linha de tendência linear das duas regiões é de 
alta durante todo o período, com exceção de 2009 onde em ambos o PIB per capita retraiu. A 
taxa média de crescimento do PIB per capita alemão é de 2,86% ao ano vis-à-vis 3,13% ao 
ano da união europeia. 
 
c) Índice harmonizado de preços ao consumidor (IHPC) 
Anos PIB per capita 
(Paridade Poder de Compra) 
UE27 - União 
Europeia (27 
Países) 
DE - Alemanha 
1995 14.757,0 18.868,7 
1996 15.487,3 19.534,9 
1997 16.300,5 20.125,8 
1998 17.013,5 20.697,4 
1999 17.844,9 21.611,7 
2000 19.084,2 22.389,2 
2001 19.829,1 22.928,5 
2002 20.496,6 23.441,9 
2003 20.751,5 23.956,2 
2004 21.687,5 24.997,7 
2005 22.545,0 26.048,5 
2006 23.734,3 27.310,4 
2007 25.058,6 28.859,7 
2008 25.100,8 29.020,4 
2009 23.558,1 26.969,0 
2010 24.528,5 28.986,3 
2011 25.201,0 30.530,2 
2012 25.686,8 31.323,9 
32 
 
 
 
Tabela 3 – Comparação entre a taxa de inflação europeia e alemã 
 
Fonte: Adaptado de Eurostat 
 
É possível verificar, através da tabela 3, que com exceção do ano de 2013, a inflação 
na União Europeia na maior parte do período esteve acima da inflação alemã. Enquanto a 
média no Estado germânico é de 1,7 a União Europeia apresenta 2,3 no mesmo período. O 
comportamento do indicador também é semelhante nas duas economias, sempre que a 
inflação movimenta-se, seja em expansão ou retração, na União Europeia, pode-se perceber o 
mesmo movimento no índice de variação de preços alemão. 
 
d) Desemprego 
 
Tabela 4 – Comparação entre a variação da população residente e da taxa de 
desemprego na Alemanha 
Anos População residente 
(indivíduos) 
Taxa de 
desemprego (15 aos 
74 anos) 
1996 81.914.831 8,8 
1997 82.034.771 9,9 
1998 82.047.195 9,8 
1999 82.100.243 8,9 
2000 82.211.508 7,9 
2001 82.349.925 7,8 
2002 82.488.495 8,5 
2003 82.534.176 9,8 
2004 82.516.260 10,7 
2005 82.469.422 11,2 
2006 82.376.451 10,3 
Anos União Europeia Alemanha 
2002 2,5 1,4 
2003 2,1 1,0 
2004 2,3 1,8 
2005 2,3 1,9 
2006 2,3 1,8 
2007 2,4 2,3 
2008 3,7 2,8 
2009 1,0 0,2 
2010 2,1 1,2 
2011 3,1 2,5 
2012 2,6 2,1 
2013 1,5 1,6 
33 
 
 
 
 (continuação) 
Anos População residente 
(indivíduos) 
Taxa de 
desemprego (15 aos 
74 anos) 
2007 82.266.372 8,7 
2008 82.110.097 7,5 
2009 81.902.307 7,7 
2010 81.776.930 7,1 
2011 81.797.673 5,9 
2012 81.932.161 5,5 
Fonte: Adaptado de Pordata 
 
De acordo com a tabela 4, pode-se verificar que ao longo de todo o período a 
população residente não apresenta variações significativas. A oscilação no número de 
habitantes do território alemão não ultrapassou 0,3%. Por outro lado, a taxa de desemprego 
apresentou variações mais expressivas. Relacionando as duas variáveis não é possível 
estabelecer uma afinidade comportamental, pois elas apresentam, dentro do período, relações 
direta e inversamente proporcionais. Corrobora com isso o fato de que nos dois últimos anos a 
população residente apresenta uma expansão vis-à-vis o biênio anterior, enquanto as taxas de 
desemprego apresentam forte baixa. 
 
e) Formação bruta de capital fixo (FBKF) 
 
Tabela 5 - Comparação entre o nível de investimento existente na união europeia e na 
Alemanha 
 
Anos Investimento: Formação Bruta de 
Capital Fixo (Milhões Euros) 
Investimento:Formação Bruta de 
Capital Fixo em % do PIB 
UE28 - União 
Europeia (28 
Países) 
DE - Alemanha UE28 - União 
Europeia (28 
Países) 
DE - Alemanha 
1995 1.386.917,5 422.689,0 19,6 21,9 
1996 1.453.938,5 409.481,3 19,6 21,3 
1997 1.530.824,0 400.420,3 19,5 21,0 
1998 1.646.768,3 411.293,5 20,1 21,1 
1999 1.760.465,9 426.980,0 20,4 21,3 
2000 1.909.514,6 439.550,0 20,7 21,5 
2001 1.947.984,0 421.740,0 20,2 20,1 
2002 1.962.058,1 391.800,0 19,7 18,4 
2003 1.978.127,2 381.950,0 19,5 17,8 
2004 2.088.889,8 381.790,0 19,6 17,4 
34 
 
 
 
 (continuação) 
Anos Investimento: Formação Bruta de 
Capital Fixo (Milhões Euros) 
Investimento: Formação Bruta de 
Capital Fixo em % do PIB 
UE28 - União 
Europeia (28 
Países) 
DE - Alemanha UE28 - União 
Europeia (28 
Países) 
DE - Alemanha 
 2005 2.221.817,4 384.450,0 20,0 17,3 
2006 2.431.228,7 417.820,0 20,7 18,1 
2007 2.655.497,6 447.880,0 21,3 18,4 
2008 2.643.678,2 459.530,0 21,1 18,6 
2009 2.239.399,6 408.650,0 19,0 17,2 
2010 2.279.672,7 435.050,0 18,5 17,4 
2011 2.351.053,9 473.170,0 18,5 18,1 
2012 2.323.056,3 470.550,0 17,9 17,6 
Fonte: Adaptado de Pordata 
 
Na tabela 5, verifica-se que o indicador macroeconômico de investimento, em valores 
absolutos, tem comportamentos díspares na União Europeia e na Alemanha. No primeiro, a 
quantidade monetária está sempre a subir, ano a ano, desde 1995 até 2008, apresenta uma 
diminuição em 2009, uma recuperação nos anos seguintes e no ano de 2012 novamente uma 
redução. Já no segundo esse comportamento é mais volátil, apresentando elevações e 
reduções sem formar um padrão visível. Com relação à FBKF em proporção do PIB podemos 
verificar que, no período de 1995 até 2000, a Alemanha apresenta uma taxa maior que a 
União Europeia, e a partir de 2001 até 2012, essa relação é inversa. Fica claro que, apesar da 
proporcionalidade dos investimentos com o PIB serem valores próximos, há um desequilíbrio 
do investimento entre a Alemanha e os demais membros da comunidade europeia, uma vez 
que os investimentos alemães compreendem, em média, cerca de 20% de toda União 
Europeia. 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
f) Pesquisa e desenvolvimento de tecnologia 
 
Tabela 6 – Dados referentes a pesquisa na Alemanha 
Anos Pedidos à Organização Europeia 
de Patentes (EPO) e concessões 
pelo Gabinete de Patentes e 
Marcas dos EUA (USPTO) de 
patentes, por 100 mil habitantes 
Despesas em atividades de 
investigação e desenvolvimento 
(I&D) em % do PIB: por sector 
de execução 
UE27 - União 
Europeia (27 
Países) 
DE - Alemanha UE27 - União 
Europeia (27 
Países) 
DE - Alemanha 
1995 6,53 15,94 1,79 2,19 
1996 7,57 19,01 1,78 2,20 
1997 8,51 21,35 1,77 2,24 
1998 9,33 23,86 1,78 2,28 
1999 10,17 25,57 1,84 2,41 
2000 10,71 26,89 1,85 2,47 
2001 10,62 26,63 1,87 2,47 
2002 10,59 26,48 1,87 2,50 
2003 10,83 26,85 1,86 2,54 
2004 11,28 27,97 1,83 2,50 
2005 11,57 29,05 1,82 2,51 
2006 11,73 29,13 1,84 2,54 
2007 11,64 29,30 1,84 2,53 
2008 11,25 27,82 1,91 2,69 
2009 11,14 28,13 2,01 2,82 
2010 5,71 15,86 2,01 2,80 
Fonte: Adaptado de Pordata 
 
Na tabela 6, verifica-se o pedido de patentes e as despesas em atividades de pesquisa 
nas Alemanha e na União Europeia. Os gastos em atividades de investigação e 
desenvolvimento, levados em conta na tabela são provenientes do estado, empresas privadas, 
ensino superior e instituições privadas sem fins lucrativos. Proporcionalmente os gastos 
alemães nessas atividades são superiores aos da comunidade europeia integrada e ao longo do 
tempo essa proporção só aumenta. Com relação às patentes, pode se afirmar o mesmo. Apesar 
de nas duas regiões os pedidos de patentes aumentarem, na Alemanha percebe-se uma 
elevação de maior magnitude. No último ano da série, houve uma significativa queda no 
número de solicitações de patentes. 
 
 
36 
 
 
 
g) Taxa de Juros 
Gráfico 2 – Comportamento da taxa básica de juros do BCE 
 
Fonte: Elaborado pelo autor; dados de Global Rates 
 
No gráfico 2, verifica-se o comportamento da taxa básica de juros do Banco Central 
Europeu. Percebe-se, inicialmente, uma elevação da taxa, seguida por sua manutenção durante 
quase 8 anos. A partir do último trimestre de 2008 a taxa de juros sofre diversas revisões, 
sempre com comportamento decrescente. Depois de passar o ano de 2010 sem sofrer 
alterações, a taxa básica é novamente elevada em julho de 2011, porém, no decorrer do 
tempo, novamente ela demonstra comportamento decrescente e desde novembro de 2013 ela 
atingiu 0,25%. 
 
h) Poupança 
Gráfico 3 – Taxa de poupança das famílias da União Europeia e Alemanha 
 
Fonte: Elaborado pelo autor; dados de Eurostat 
0 
0,5 
1 
1,5 
2 
2,5 
3 
3,5 
4 
4,5 
Taxa básica de juros do BCE 
0 
2 
4 
6 
8 
10 
12 
14 
13,5 
14 
14,5 
15 
15,5 
16 
16,5 
17 
17,5 
18 
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 
Alemanha União Europeia 
37 
 
 
 
 
Avaliando o gráfico 3, nota-se que a taxa de poupança das famílias possui alguma 
disparidade entre as duas regiões. Na Alemanha esse percentual não apresenta, no período 
avaliado, um valor menor do que 15,1%, enquanto que na União Europeia o maior valor 
encontrado é de 13,21%. A média da taxa, entre 1999 e 2012 é de 11,61% no território 
integrado europeu e de 16,22% no Estado germânico. A curva da UE tem mais volatilidade, 
enquanto a curva alemã é mais suave em suas variações, mas ambas, apesar da diferença entre 
as proporções, apresentam similaridades no comportamento. 
 
i) Comércio Internacional 
 
Tabela 7 - Comparação entre a balança comercial europeia e alemã no período de 20-
2012 
 
Anos Balança comercial: saldo 
(Euro/ECU) - Saldo em milhões 
 
*Euro (a partir de 1/1/1999) / 
ECU (até 31/12/1998) 
Balança comercial - Saldo em % 
do PIB 
UE28 - União 
Europeia (28 
Países) 
Alemanha UE28 - União 
Europeia (28 
Países) 
Alemanha 
2002 145.782,68 97.242,60 1,4 4,5 
2003 122.435,46 84.991,50 1,2 3,9 
2004 126.402,29 112.763,86 1,2 5,0 
2005 84.804,24 118.193,81 0,7 5,2 
2006 52.050,85 132.390,90 0,4 5,6 
2007 70.479,46 173.889,54 0,6 7,0 
2008 29.323,35 160.193,24 0,2 6,3 
2009 117.654,50 116.953,44 1,0 4,9 
2010 117.453,59 141.882,40 0,9 5,6 
2011 141.069,67 139.041,25 1,1 5,2 
2012 255.955,09 161.226,11 1,9 5,9 
Fonte: Adaptado de Pordata 
 
Na tabela 7, visualiza-se a importância da balança comercial no PIB da Alemanha e da 
União Europeia. Na economia germânica, a média do saldo em proporção do produto interno 
bruto é de 5,37%, enquanto que na UE é de 0,96%. Mesmo em valores absolutos, a União 
Europeia, que conta com 28 países afiliados, apresenta, em alguns anos, números inferiores 
38 
 
 
 
aos da economia alemã. Em 2008, por exemplo, o saldo da balança na Alemanha foi 546,3% 
maior do que o território integrado europeu. 
 
j) Dívida Pública 
 
Tabela 8 – Variação do endividamento público de alguns países europeus e da 
União Europeia 
Anos Dívida bruta em % do PIB 
União 
Europeia 
(27 
Países) 
Alemanha Espanha França Grécia Irlanda Itália Portugal Reino 
Unido 
1995 - 55,3 64,7 56,1 105,7 65,5 123,7 59,0 49,1 
1996 69,7 57,4 66,0 57,4 109,9 76,8 123,1 58,1 55,6 
1997 68,1 59,4 65,5 59,4 107,2 61,6 116,7 54,5 50,6 
1998 66,3 60,9 64,4 59,9 106,1 52,9 114,8 52,1 43,9 
1999

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