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teologia e missão da igreja

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Prévia do material em texto

TEOLOGIA E 
HISTÓRIA DA 
MISSÃO
Professor Me. Marcelo Aleixo Gonçalves
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de Conteúdo
Roney de Carvalho Luiz
Qualidade Editorial e Textual
Daniel F. Hey, Hellyery Agda
Design Educacional
Nádila de Almeida Toledo, Camila Zaguini Silva, 
Fernando Henrique Mendes, Rossana Costa Giani
Iconografia
Isabela Soares Silva
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
André Morais de Freitas
Editoração
Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Humberto Garcia da Silva
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria 
Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara 
Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio
Ilustração
Robson Yuiti Saito
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; GONÇALVES, Marcelo Aleixo.
 Teologia e História da Missão Cristã. Marcelo Aleixo 
Gonçalves.
 (Reimpressão revista e atualizada)
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 
 227 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Teologia. 2. História. 3. Missão Cristã. 4. EaD. I. Título.
CDD - 22 ed. 209
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Professor Me. Marcelo Aleixo Gonçalves
Licenciatura em Filosofia pela UEM - Universidade Estadual de Maringá 
(2004), Pós-Graduado em História das Religiões - UEM (2007); Graduação em 
Formação Teológico Pastoral - Seminário Evangélico Metodista de Teologia 
(2000), Bacharel em Teologia pelo Cesumar - Centro Universitário de Maringá 
(2013). Mestrado em Missiologia - FTSA Faculdade Teológica Sul Americana 
(2006). Graduado em Psicologia Bacharelado e Formação de Psicólogo (2014).
A
U
TO
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SEJA BEM-VINDO(A)!
18 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autori-
dade nos céus e na terra. 19 Portanto, vão e façam discípulos de todas 
as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 
20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei 
sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28.18-20)
No entanto, a premissa básica da missão de Jesus e o tema central de 
sua pregação não é a esperança da vinda do Reino numa data previsível, 
mas o fato de que em sua própria pessoa e obra o Reino já se tenha tor-
nado presente com grande poder (PADILLA, 2005, p. 202). 
Este material em suas mãos é um texto programado que faz parte de uma série de ma-
teriais que utilizamos na Validação do Curso de Bacharel em Teologia da Unicesumar.
Nosso intento é oferecer reflexões gerais diante de um tema tão oportuno, como tam-
bém favorecer na instrumentalização e preparação para um melhor entendimento de 
mais um dos temas relevantes para o Cristianismo – a Missão Cristã.
Missão Cristã é mais um dos assuntos de suma importância para nossa fé, trata-se de 
uma parte da Teologia Cristã e podemos dizer que este tema é a razão principal da exis-
tência da comunidade de fé.
É importante entender Missão como parte central da teologia. Tudo que se faz é em fun-
ção da missão de Deus, isso porque o Deus da Bíblia é o Deus missionário que trabalha 
e cumpre uma missão voltada para a salvação do homem, Sua criação.
APRESENTAÇÃO
TEOLOGIA E HISTÓRIA DA MISSÃO
Este assunto que, na verdade, é uma ordem de JesusCristo, teologicamente cha-
mado de Grande Comissão, diz respeito à missão de cada cristão, de cada igreja, de 
todo e qualquer que baseia sua vida nas palavras do Evangelho do Senhor Jesus. É 
o chamado, o desafio para cada um que crê no Senhor Jesus como Salvador e busca 
cumprir Suas palavras. 
Nosso intento nestas páginas é apresentar de forma panorâmica alguns aspectos 
básicos em relação ao tema: Missão cristã. E como já escrevemos em nosso material 
sobre Evangelização, entendemos que não há apostila ou livro que ofereça uma 
melhor apresentação deste tema do que a própria Bíblia Sagrada, em especial, os 
relatos do Novo Testamento, pois a “ideia”, as instruções e o chamado estão ali re-
gistrados. 
15 E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a 
todas as pessoas. 16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem 
não crer será condenado. 17 Estes sinais acompanharão os que cre-
rem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; 18 
pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não 
lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes fi-
carão curados”. 19 Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi eleva-
do aos céus e assentou-se à direita de Deus. 20 Então, os discípulos 
saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, 
confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam. 
(Marcos 16.15-20)
Jesus Cristo é o centro/base/alicerce do Evangelho e o autor do chamado para que 
cada cristão seja um missionário, ou seja, que apresente a Palavra de salvação. A 
Graça de Deus é a origem, a possibilidade e a força dinamizadora da missão e da 
evangelização, e parte do pressuposto que Deus está “no e com” o outro antes que 
o(a) missionário(a) chegue ao outro. Missão e evangelização estão implicadas uma 
na outra. O sentido determinante é o da evangelização. Na missão e na evangeli-
zação, podemos visualizar, de forma abrangente, o essencial da ação servidora da 
Igreja. 
A base para a Grande Comissão é a autoridade de Cristo, não a compaixão humana, 
a imensa necessidade, ou qualquer um dos outros incentivos emocionais que ou-
vimos em algumas conferências missionárias. É claro que devemos ter compaixão 
pelos perdidos, mas baseada na compaixão de Cristo, pois Sua autoridade é a base 
para nossa missão. 
O alvo da missão é fazer discípulos, não simplesmente convertidos. O discipulado, 
que é um caminho que exige compromisso, fidelidade e amadurecimento da fé, 
evita o equívoco de se ouvir alguém garantir que irá para o céu por uma decisão 
repentina que fez em sua juventude, enquanto sua vida não demonstra fruto de 
salvação, nem arrependimento. 
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Quem tem o poder por trás das missões mundiais é Cristo, não o homem, nem qual-
quer organização. À Igreja cabe obedecer e cumprir Sua missão. É a Sua promessa 
de que estaria (e está) conosco até o fim dos tempos que deve nos encorajar, como 
também o conhecimento de que Ele trará a provisão para nossas necessidades e 
nos dará a vitória, que deve nos motivar a buscar fazer grandes coisas para Ele e 
para Sua glória.
Temos que a ênfase central do Novo Testamento é que Jesus veio para cumprir 
as profecias do Antigo Testamento e que, em Sua pessoa e obra, o Reino de Deus 
tornou-se uma realidade presente, e este Reino do Senhor deve ser expandido no 
anúncio que a Igreja deve fazer, baseando-se na Graça salvadora. 
A pregação do Evangelho deixa claro o assunto salvação, pois é esta a mensagem 
fundamental das boas-novas cristãs. O Evangelho revela o poder de Deus, que pro-
duz a redenção das pessoas, revela também a justiça de Deus. 
16 Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus 
para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois 
do grego. 17 Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma 
justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: “O justo 
viverá pela fé. (Romanos 1.16,17)
Muito do que apresentamos neste material nasce especialmente de estudos sobre a 
obra “Missão Transformadora – mudanças de paradigma na Teologia da Missão”, de 
David Jacobus Bosch, obra esta que norteou nossa pesquisa e que muito contribui 
na feitura deste material, pois aborda a nova problemática da Missão Cristã, que tem 
a tarefa de transformar o mundo, tendo em vista o advento do Reino de Deus, mas 
também de saber se transformar para enfrentar as novas tarefas que a Missão Cristã 
hoje estabelece.
O objetivo desta disciplina é equipar o(a) aluno(a) de Teologia para a construção de 
um conhecimento consistente e uma reflexão crítica sobre a vocação missionária da 
Igreja no mundo, algo oportuno sobre a missão cristã, entendendo que a missão é 
parte irrenunciável da identidade cristã. 
Objetivamos capacitá-lo(a), a partir de fundamentos bíblicos, teológicos, pastorais e 
históricos, a coordenar, com clareza e segurança, projetos contextualizados de ação 
missionária e, assim, cooperar na Missio Dei; favorecer uma percepção de aspectos 
sobre a missão cristã, construindo uma Teologia prática sobre missão e missão inte-
gral de modo contextualizado, com um olhar mais particularizado aos interesses do 
Reino de Deus na América Latina, como também um breve panorama em relação à 
história da Missão cristã.
Apresentaremos a doutrina e prática da Missão, buscando conciliar teoria e prática 
atualizadas. Estabelecer as bases teológicas para uma reflexão sobre tão nobre e 
urgente comissionamento, que é cumprir a Grande Comissão. Os fundamentos teo-
lógicos devem ser trazidos para a prática da vida da igreja a partir do diálogo entre 
a teologia da encarnação e os desafios presentes da evangelização na sociedade 
contemporânea. Oportunizando, dessa forma, uma reflexão aos alunos do curso de 
Teologia que trabalharão razões bíblico-teológicas para o desenvolvimento do mi-
nistério cristão relevante no mundo dos nossos dias. Sendo assim, propomos, aqui, 
a partir de uma coletânea de textos de autores renomados, uma reflexão crítica so-
bre a história e teologia da missão, como também sobre a vocação missionária de 
cada cristão e da Igreja cristã no mundo.
Que Deus abençoe sua vida e seus estudos!
Prof. Me. Marcelo Aleixo Gonçalves
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
11
UNIDADE I
MISSÃO CRISTÃ
17 Introdução
18 Missão Cristã – Conceitos e Termos 
34 O Que é Missão Cristã? 
42 Missão Cristã – Objetivo 
44 Motivação na Missão Cristã 
50 Considerações Finais 
UNIDADE II
A HISTÓRIA DA MISSÃO CRISTÃ - PANORAMA GERAL
57 Introdução 
57 A História da Missão Cristã, por que Esta Missão tem História 
70 O “Grande Século” das Missões Cristãs 
81 Missão Integral, Aspectos Gerais 
88 Missão Cristã na América Latina 
94 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE III
TEOLOGIA DA MISSÃO, ALGUNS ASPECTOS
99 Introdução
99 Teologia e Teologia da Missão 
102 Missão Cristã na Perspectiva Bíblica 
114 A Grande Comissão (Ide/Indo) 
118 Missão Cristã e o Espírito Santo 
131 Considerações Finais 
UNIDADE IV
A MISSÃO CRISTÃ EM CRISE - QUE CRISE É ESSA?
137 Introdução 
137 A Missão Cristã em Crise – que Crise é Essa? 
147 Igreja e Missão Cristã, qual o Papel Da Igreja? 
166 Evangelização e Missão, ou seja, a Missão de Evangelizar 
173 Considerações Finais 
SUMÁRIO
13
UNIDADE V
MISSÃO CRISTÃ, O QUE SE ESPERA DE NÓS?
179 Introdução
181 Quem Foi Chamado Para essa Missão? 
182 Quem é o que Chama/Convoca para a Missão Cristã? 
195 Missão Cristã Hoje 
199 Considerações Finais 
203 CONCLUSÃO
207 REFERÊNCIAS
211 ANEXOS
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Professor Me. Marcelo Aleixo Gonçalves
MISSÃO CRISTÃ
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Analisar os conceitos e termos que envolvem o tema “Missão Cristã”.
 ■ Conhecer definições que envolvem o tema “Missão”.
 ■ Verificar algunsfundamentos bíblicos sobre a “Missão”.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Missão Cristã – Conceitos e Termos
 ■ O Que é Missão Cristã?
 ■ Missão Cristã – Objetivo
 ■ Motivação na Missão Cristã
 ■ O Sentimento de Gratidão 
 ■ O Sentimento de Responsabilidade 
 ■ O Sentido de Preocupação
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nosso material está dividido em cinco unidades e cada uni-
dade busca oferecer de forma concentrada alguns temas muito importantes para 
nossa reflexão sobre a Missão Cristã. 
Nesta primeira unidade – Missão Cristã: pedimos a sua atenção para as defi-
nições e explicações referentes a cada termo: Missão, Missiologia, Missio Dei, 
Missão Transcultural, Teologia da Missão, Grande Comissão, Missão Integral e 
Missão Urbana. Apresentamos de forma breve cada termo, logo no início, porque 
entendemos que pode-se correr o risco de serem mal entendidos ou confun-
didos durante as leituras que se seguirão; neste primeiro momento, os termos 
aparecem de forma preliminar, mas no decorrer da leitura das páginas seguin-
tes, sofrerão uma explanação um pouco mais aprofundada, mesmo se tratando 
de um material de estudos de aspectos gerais do tema Missão Cristã.
Trataremos, também, de refletir sobre o objetivo da Missão Cristã e a moti-
vação para a missão.
Nosso objetivo aqui é esclarecê-los para contribuir com o entendimento 
deste nosso estudo.
Bons estudos!
17
Introdução
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MISSÃO CRISTÃ
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
MISSÃO CRISTÃ – CONCEITOS E TERMOS
Para uma compreensão básica deste tema, é necessário fazer uma breve apre-
sentação de alguns termos muito utilizados na reflexão sobre Missão Cristã, 
embora aqui apresentados de forma informativa, no decorrer do material, apa-
recerão melhor explanados.
O doutor John Stott escreveu que “o ponto de vista mais antigo ou tradicio-
nal era o de igualar missão e evangelismo, missionários e evangelistas, missões a 
programas evangelísticos” (STOTT, 2010. p.47). Além disso, estes termos, geral-
mente, são utilizados com os sentidos mais variados possíveis, algumas vezes 
gerando confusão entre os mesmos e uma compreensão não correta sobre o que 
de fato é a missão.
Missão: derivado do latim missio, “envio”, mais especificamente da expres-
são latina missione, do verbo mittere, que significa: ação, tarefa, ordem, mandato, 
compromisso, incumbência, encargo ou obrigação de enviar. Cabe ressaltar o que 
um simples dicionário apresenta sobre este termo: ato de enviar ou ser enviado, 
encargo, incumbência de um dever, compromisso, ordem. E o antônimo é, entre 
outros, ociosidade. Na língua grega, corresponde à palavra apostole, que em por-
tuguês é “apóstolo”, isto é, alguém enviado por ordem de outrem para realizar 
uma tarefa. É associada, exclusivamente, ao cristianismo, até mesmo no Léxico 
das religiões, editado por Hans Waldenfels, o verbete missão, de Karl Müller SVD, 
trata exclusivamente da missão cristã, onde consta apenas a seguinte informação: 
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Missão Cristã – Conceitos e Termos
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“Entrementes, religiões não-cristãs já começaram, por sua vez, a fazer missão na 
área de influência do cristianismo. Também o cristianismo não pode impedir 
oficialmente semelhante missão” (WALDENFELS, 1995, p.364-365), alegando-
-se, entre outros aspectos, a questão da liberdade religiosa. Uma verdade, porém, 
precisa ser dita, não há um consenso fácil na Teologia em relação ao conceito de 
missão e entendo oportuna a análise de Roberto Zwetsch1, quando em sua tese 
de doutorado traz a percepção de duas direções para a reflexão:
a) Numa direção, missão é um conceito muito atrelado à Igreja cristã; 
serve aos seus ministérios ordenados e afins, que desenvolvem progra-
ma e criam projetos no intuito não só de manter, mas principalmente 
de expandir a igreja. Um dos conceitos que mais aparecem nessa ar-
gumentação é o da plantatio ecclesiae (plantação de igrejas), suposta-
mente em áreas onde a igreja não exista. Missão evidentemente cria 
igreja, mas aqui a ênfase recai sobre os frutos da ação missionária e sua 
capacidade de frutificação continuada.
b) Noutra direção, missão caracteriza aquelas atividades e projetos que 
têm em vista um público amplo, não vinculado à instituição, e que 
procura situar-se em meio às estruturas sociais com alguns sinais que 
atestam a diferença. Nesse sentido, adquire um caráter mais testemu-
nhal da fé do que de proclamação ou anúncio, ainda que este último de 
alguma forma sempre esteja presente. Não visa à criação rápida e au-
tomática de comunidades eclesiais, dando ênfase à singularidade tanto 
do contexto quanto da vocação missionária. 
Geralmente ocorre em trabalhos diaconais ou em áreas de fronteiras 
geográfica, étnica e social. De forma geral, missão cristã consiste numa 
reação favorável, primeiramente sob a forma de obediência a Deus, que 
ordenou o ir (evangelizar); e, em segundo lugar, por parte de crente 
individual que acolheu a mensagem cristã.
Em resumo, como apresenta González, a missão é a atividade de Deus no mundo. 
Deus é o protagonista da missão. Deus age no mundo pela Sua graça, para recon-
ciliar o mundo consigo mesmo (II Coríntios 5.18,19 – 18 Tudo isso provém de 
Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministé-
rio da reconciliação, 19 ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o 
mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem 
1 <http://www.slideshare.net/Vinicio260861/texto-2-apropositodoconceitodemissiodei> (01/08/2013)
Tradicionalmente, o termo ‘missões’ cria uma imagem de movimento unidi-
recional: do mundo cristão ao mundo não cristão. Por essa razão, por muito 
tempo, as missões associavam-se a uma prática missionária eclesiocêntrica, 
na qual a igreja era protagonista da missão. (...) Portanto, as missões são as 
atividades dirigidas a estender a fé cristã, mesmo em lugares onde a fé já 
existe. As “missões” são o que a igreja tem feito – bem ou mal – na gestão 
de estender a fé fora e dentro das fronteiras onde ela mesma está arraigada 
(GONZÁLES, 2008.).
MISSÃO CRISTÃ
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I
da reconciliação. 20 Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus esti-
vesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: 
Reconciliem-se com Deus). O termo “missões” está carregado de muitos signi-
ficados, refere-se à atividade do povo de Deus na comunicação do Evangelho. 
Karl Barth (1959, p. 120) descreve a missão da seguinte maneira:
Entendida no sentido mais estrito da palavra – o qual, contudo é o sen-
tido real, original – “Missão” significa “enviar”, enviar às nações com 
o propósito de testificar o Evangelho, o qual representa a raiz da exis-
tência e ao mesmo tempo a raiz também de toda a tarefa do povo de 
Cristo. Na “Missão”, a Igreja se descobre e se põe no seu caminho e, 
para tanto, dá o passo necessário nas profundezas do seu próprio ser, 
passo além de seu próprio ser e além do seu próprio ambiente (o que do 
ponto de vista cristão desperta tantos problemas), para dentro daquela 
humanidade que está aprisionada a tantas crenças falsas, obstinados 
e impotentes, e sujeita a tantos deuses falsos (falsos porque refletem 
simplesmente a própria glória e miséria da humanidade),de invenção 
e autoridade mais antigas e mais recentes – para aquele mundo dos ho-
mens que ainda são estranhos à palavra de Deus concernente à Sua ga-
rantia de misericórdia que os inclui, à palavra que em Jesus Cristo tam-
bém lhes foi enviada. Portanto, esta palavra deve ser levada primeiro 
ao homem, como mensagem nova para ele. O chamado que constitui a 
comunidade é precisamente o mandamento para se levar esta mensa-
gem ao mundo dos homens, às nações, aos pagãos. Ao obedecer a este 
mandamento, a comunidade está empreendendo a “missão aos pagãos”.
Tempos atrás, sob o aspecto teológico, a Missão foi tratada apenas como subpro-
duto do estudo da Igreja, Eclesiologia. Não muito depois, com as divisões dos 
temas teológicos, passou a ser colocada como um dos temas da Teologia Prática, 
põem função importante cumpriu o Conselho Mundial de Igrejas (C.M.I.), 
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Missão Cristã – Conceitos e Termos
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órgão do protestantismo, que nasceu do trabalho missionário mundial e dedi-
cou muitos estudos à Missão. Podemos dizer que foi o C.M.I., em seus estudos 
e reflexões, quem trouxe a Missão para o foco central da atenção da Igreja, isto 
feito, reconhecemos hoje que a Igreja existe para a Missão de Deus. É preciso 
reconhecer que a principal base bíblica para a Missão (Mateus 28.18-20), é por 
vezes mal interpretada, o que lhe impõe uma limitação em sua amplitude, isso 
porque muitas vezes a questão denominacional aparece e busca prender o cha-
mado de Jesus a ações particulares de uma igreja, enquanto, na verdade, o texto 
refere-se à implantação do Reino de Deus, que é bem maior que as denominações. 
18 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a auto-
ridade nos céus e na terra. 19 Portanto, vão e façam discípulos de todas 
as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 
20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei 
sempre com vocês, até o fim dos tempos (Mateus 28.18-20). 
Então temos que Missão é o ato de Deus alcançar o homem perdido
Neto (2002, p. 26), escreve que a palavra “missão”, nos dias atuais, já não está res-
trita apenas ao ambiente cristão ou religioso. As empresas, indústrias, instituições 
bancárias etc., adaptaram-se aos novos tempos, deixando claro para funcioná-
rios e clientes a sua “missão”. Tornou-se comum entrar num banco e ver escrito 
em letras garrafais: “Nossa missão é ser o melhor banco do Brasil, assegurar a 
satisfação dos clientes, atender às expectativas dos acionistas e contribuir para o 
desenvolvimento do país” (BOSCH, 2002, p. 458). Já segundo Neto (2002, p.26), 
nosso ponto de partida para entender a missão é afirmá-la como o testemunho 
do amor e da presença de Deus na história pelos cristãos. Desejamos conceituar 
a missão no âmbito do cristianismo contemporâneo.
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MISSIONÁRIO: 
Um missionário ou evangelista é uma pessoa que se deixa usar como coopera-
dor de Deus na Missão e é fundamental que não haja confusão nos papéis, como 
percebido, por exemplo, em I Coríntios 3.5-9: 
5 Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por 
meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Se-
nhor atribuiu a cada um. 6 Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem 
fez crescer; 7 de modo que nem o que planta nem o que rega são al-
guma coisa, mas unicamente Deus, que efetua o crescimento. 8 O que 
planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado 
de acordo com o seu próprio trabalho. 9 Pois nós somos cooperadores 
de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus.
O missionário é o cooperador do dono da obra, mas a obra não é dele. Como 
o próprio Jesus um dia disse ao apóstolo Pedro: “Simão, filho de João, você me 
ama?” Ele respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus: “Pastoreie as 
minhas ovelhas” (João 21.16), as ovelhas são do Senhor. Num dos artigos escritos 
pelo professor Antônio Carlos Barros2, no caso aqui, tratando particularmente 
do missionário num contexto transcultural, comenta que 
“o missionário também existe na forma da sua cultura, tem a mesma 
aparência do seu povo e os mesmos costumes. Tem a sua cultura ecle-
siástica enraizada e com ela identifica-se plenamente. O missionário 
deve abrir mão do seu direito de pertencer a sua própria cultura antes 
mesmo de deixá-la.”
2 <http://ejesus.com.br/bases-biblicas-da-missao-transcultural/> (Acesso em: 07/03/2016)
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O missionário não deve ser obstinado, ancorar-se na sua cultura ao mesmo 
tempo em que deseja colocar o seu barco em outros portos (culturas). Entre o 
povo a ser ministrado e o missionário não deve haver nada, ele é despojado da 
sua dignidade, ele esvazia-se de si mesmo. Entre o povo a ser ministrado, o mis-
sionário é escravo, é pessoa de condição servil e está no meio dos outros para 
servir, desistindo dos seus próprios interesses. Torna-se semelhante aos outros 
na medida em que serve. Aos poucos ele pode ser considerado um dentre o 
povo. “Ele come com os pecadores”, como diziam de Jesus. Humilhar-se é ser 
cristão. Ninguém será um agente do reino de Deus sem passar pelo processo da 
humilhação. A obediência a Deus é inquestionável, mesmo em face da morte e 
dos perigos. Escobar (1997, p.38) escreve que a reflexão do missionário deve ser 
sempre iluminada pela Palavra de Deus, “através dos séculos, a obediência ao 
imperativo missionário de Jesus Cristo, em sua dimensão transcultural, recebeu 
inspiração e direção do modelo pioneiro do apóstolo Paulo”.
Missiologia: é a disciplina/ciência teológica que busca estudar a realidade da 
ação missionária em seu conjunto e em seus diversos elementos e características. 
Ou seja, é a disciplina da Teologia que se ocupa de analisar e estudar as missões 
da Igreja sob a luz dos princípios da revelação divina, da história da Igreja, das 
doutrinas teológicas, conjugando-se com os temas importantes como: a soterio-
logia, a Trindade, a cristologia, a eclesiologia, entre outros. Somam-se ainda os 
conhecimentos da antropologia, sociologia e de outros aspectos relacionados, 
pois em sua pesquisa, é importante o contato e parceria com outras disciplinas 
de estudo. Na obra Missões e Antropologia, FILHO (2004, p.67) 
a missiologia como disciplina enfrenta alguns problemas. Um deles é 
que os críticos estão mais preocupados com as ciências sociais do que 
com os assuntos teológicos. Outro problema é que a missiologia é feita 
apenas no ocidente e lhe falta a perspectiva global. Precisa enfrentar 
situações novas que estão acontecendo no campo missionário, como, 
por exemplo, o envio de missionários, em maior escala, para os países 
da janela 10/403. Temas como a contextualização da missão da igreja, 
3 A Janela 10/40 é a denominação dada por agências missionárias a uma faixa de terra que vai do oeste 
da África até a Ásia. Subindo a partir da Linha do Equador, fica entre os graus 10 e 40, formando um 
retângulo. Na região vive o maior número de povos não evangelizados da terra, cerca de 3,2 bilhões de 
pessoas em 62 países. É ali que estão algumas megalópoles de hoje, ou seja, cidades com uma grande 
concentração urbana como Tóquio (Japão), Calcutá (Índia), Bagdá (Iraque), Bancoc (Tailândia), entre 
outras. De cada 10 pobres da Terra, oito estão nessa região, e somente 8% dos missionários trabalham 
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responsabilidade social na missão, diálogo como método de evangelis-
mo, questões teológicas no encontro com religiões não cristãs e missão 
dos seis continentes para os seis continentes, precisam ser discutidos 
amplamente pelos missiólogos, definindo os assuntos mais importan-
tes para o desenvolvimento das missões no século XXI.4 
Em resumo, é a reflexão crítica sobre a Missão, 
a missiologia é a disciplina que estuda, de forma sistemática e coerente, 
tudo o que for relacionado à missão de Deus e à da comunidade da fé. 
É uma disciplina ampla que se desenvolve em diálogo com a Antro-
pologia, a Economia, a História, a História das Religiões, a Teologia 
Sistemática, e muitas outras disciplinas (GONZÁLES, 2008.)
Observação: González (2008), em sua obra, traz, logo na introdução, o subtema 
“A história da igreja e a história das missões”, onde escreve que: 
“A história da Igreja e a história das missões não deveriam se separar”. A 
reflexão crítica sobre a vida da igreja, seja na liturgia, seja na teologia ou nas prá-
ticas pastorais, não se deve isolar da reflexão crítica sobre a extensão da fé cristã 
por parte do povo de Deus em lugares aonde a igreja chega pela primeira vez ou 
onde se insere como agente de renovação
Infelizmente, a própria definição das disciplinas – História da Igreja e História 
das Missões – mostra uma dicotomia, uma estrutura bipolar que parece negar 
a unidade entre igreja e missão, insinuando que há certos capítulos na vida da 
igreja que são parte de sua verdadeira “história” e outros que somente são parte 
de sua “missão”. O autor sugere que deveríamos estudar esta história como a 
História da Igreja em Missão. 
entre eles. É nessa faixa que se concentram os adeptos das três maiores religiões não cristãs do mundo: 
islamismo, hinduísmo e budismo. Na maioria dos países dessa região, há falta de receptividade aos 
cristãos e, em especial, aos missionários que ali atuam. A liberdade religiosa, quando existe, é frágil. 
Há necessidade de missionários, líderes, pastores e escolas de treinamento para os poucos cristãos 
existentes. Há poucos missionários atuando nestes países devido à política de restrições quanto à entrada 
e perseguições que sofrem. A necessidade de tradução da Bíblia é grande. 
4 FILHO, Tácito da Gama Leite. Missões e Antropologia. Goiânia/GO: CETEO, 2004.
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A expressão vem do latim, significando “missão de Deus”, dando a ideia de “o 
envio de Deus”, no sentido de “ser enviado”, uma frase usada na discussão mis-
siológica protestante, especialmente desde a década de 50. Conforme aponta 
Guimarães em seu artigo5, esta expressão teve seu uso, primeiramente, num sen-
tido missionário, em 1934, por Karl Hartenstein, um missiólogo alemão que se 
inspirou na ênfase que Karl Barth dava à actio Dei, a “ação de Deus”, bem como 
numa palestra proferida em 1928, em que Barth disse que a missão está relacio-
nada com a Trindade. A ideia da Missio Dei, não o termo em si, teve seu auge 
no pensamento missionário em 1952, na cidade de Willingen, por ocasião da 
Conferência do CoMIn. Foi nessa ocasião que o termo foi entendido de forma 
clara, e a partir daí, a missão passou a ser vista como proveniente do próprio 
Deus, procedente de Sua própria natureza (BOSCH, 2002).
Georg Vicedom também teve um papel na popularização do conceito da 
Missio Dei ao usá-la na Conferência da Cidade do México (1963) e em seu texto 
The Mission of God (1965).
Foi ainda em Willingen que a Missio Dei foi colocada no contexto da Trindade 
e não no da soteriologia e nem no da eclesiologia. O sentido clássico da expres-
são foi ampliado, como claramente o coloca David Bosch (2002, p.467): 
5 Fonte: Artigo de Aguinaldo Leônidas Guimarães <http://missao-urbana.com/artigos/compreendendo-
definindo-termos-relacionados-a-missao/>(02/08/2013)
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a doutrina clássica da Missio Dei como Deus, o Pai, enviando o Filho, e 
Deus, o Pai e o Filho enviando o Espírito, foi expandida no sentido de 
incluir ainda outro ‘movimento’: Pai, Filho e Espírito Santo enviando a 
igreja para dentro do mundo. 
Diante de tal conceito, fica claro que a missão é um atributo divino, da qual a 
Igreja é convidada (convocada) a fazer parte como um instrumento para a mesma. 
Como escreveu Moltmann (1977, p.64): “não é a igreja que deve cumprir uma 
missão de salvação no mundo; é a missão do Filho e do Espírito mediante o Pai 
que inclui a igreja”.
Historicamente,
o conceito de ‘Missio Dei’ foi mutuado da escolástica por Karl Barth 
em 1932. De lá pra cá, o conceito assumiu um leque bastante amplo de 
significados, às vezes contrários aos intentos de Barth. Em todo caso, a 
ideia ajudou a expressar a convicção que a Igreja não é autora e a deten-
tora da missão. Esta última é, antes de mais nada e fundamentalmente, 
obra de Deus uno e trino.6 
Não se pode esquecer que Deus é o protagonista da missão, pois esta missão 
revela o plano de Deus na história humana e leva a termo o projeto do Seu Reino. 
Cabe à Igreja continuar o caminho missionário, e esta não deve esquecer-se da 
Missão que Ele nos outorgou e nem do Senhor que a sustenta. “Nem quem planta 
nem quem rega é alguma coisa, mas Deus é que faz crescer” (Mateus 13.24-30).
Hermann Brandt (2006) escreve que só se pode falar da missio Dei como 
missio Dei recebida; traduzindo: da corte que Deus faz em Cristo, que não só nos 
corteja, mas nos “libertou”, “nos tirou de toda servidão [...] para a liberdade”, pelo 
fato de Cristo nos “ter conquistado” e nos ter posto “sob seu domínio”. Em outras 
palavras, a tese da missio Dei se baseia na experiência dessa liberdade recebida. 
Mas, para não ser mal entendido, quero dizer o que isso implica e o que me leva 
a fundamentar o discurso da missio Dei no testemunho do Evangelho experi-
mentado como libertação. 
6 BOSCH, David J. Missão Transformadora: mudanças de paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo, 
RS: Sinodal, 2002.
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Missão Transcultural: é a missão cristã acontecendo além fronteira, imersa em 
outras culturas, ou como escreve Barros7 em seu artigo, transcultural no sentido de 
cruzar qualquer fronteira que separa o mensageiro do ouvinte. Convencionou-se 
pensar em transcultural como além-mares. Todavia, é fato que qualquer missão, 
seja ela perto ou longe, é missão transcultural. Além das barreiras mais conhe-
cidas como a da linguística, costumes, geográficas, étnicas etc., temos ainda as 
barreiras sociais, morais, religiosas, familiares. Como escreve Escobar (1997.), “a 
missão cristã sempre implicou em cruzar fronteiras, porém cada geração cristã, 
ao cruzar novas fronteiras, tem de explorá-las antes de lançar-se à aventura”.
Teologia da Missão: é o estudo do enfoque teológico da missão cristã; pro-
põe elaborar e estudar os temas bíblicos que se destacam apontando a questão 
salvífica, plano de Deus para todas as pessoas. Nesta perspectiva, a Bíblia apre-
senta a história da salvação e o chamamento da Igreja para cumprir a missão. 
A Teologia da Missão deve ser algo que nasce no coração de uma Igreja essen-
cialmente missionária a serviço dos pobres e dos outros. Deve ser uma Igreja 
diferente, pois não tem pátria, cultura ou é dona de verdades,ela sim, espera 
por sua pátria celestial e enquanto aguarda, precisa estar empenhada, desenvol-
vendo a missão para a qual foi comissionada. Teologia da Missão tem a ver com 
o Evangelismo que é “aquela atividade de Deus, por meio de seus representan-
tes, com o propósito de promover a redenção dos homens. O Deus da Bíblia está 
interessado nos homens. O primeiro e maior dos missionários foi o Logos, cha-
mado Cristo, durante sua missão terrena” (CHAMPLIN; BENTES, 1995. p. 259).
Esta missão é a missão de uma comunidade eclesial comprometida com a 
defesa da vida e o anúncio insistente da mensagem de salvação, 
18 Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por 
meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 ou seja, que 
Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não levando 
em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da re-
conciliação. 20 Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus 
estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo 
lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus (II Coríntios 5.18-20). 
7 <http://ejesus.com.br/bases-biblicas-da-missao-transcultural/> (Acesso em: 07/03/2016)
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Essa missão não deve ser simplesmente uma entre muitas atividades da Igreja, 
deve ser sempre a prioridade, a razão maior de sua existência em relação ao 
mundo e em obediência à ordenança de nosso Senhor. A Teologia da Missão 
entende que a Igreja é de natureza missionária, pois nasceu no envio do Filho e 
na missão do Espírito Santo.
Há ainda, especialmente na América Latina, a Teologia da Missão Integral 
que frisa a percepção do ser humano em sua integralidade, sua dignidade e ple-
nitude de vida, e, além disso, entende indissociáveis da mensagem do Evangelho 
cristão os cuidados com o meio ambiente, criação de Deus e a oposição contra 
toda forma de opressão e injustiça.
Na perspectiva da Teologia da Missão Integral, entende-se que Deus criou 
o mundo, o fez na expressão do Seu amor e generosidade e culminou sua cria-
ção com o ser humano, imagem e semelhança do Criador. Com o ser humano, 
estabeleceu relacionamento e o incumbiu de cuidar da criação, aspectos que se 
perderam quando este erra o alvo e em pecado é afastado.
4 Esta é a história das origens dos céus e da terra, no tempo em que 
foram criados: Quando o Senhor Deus fez a terra e os céus, 5 ainda 
não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia 
germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre 
a terra, e também não havia homem para cultivar o solo. 6 Todavia, 
brotava água da terra e irrigava toda a superfície do solo. 7 Então, o 
Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas 
o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente. 8 Ora, o Senhor 
Deus tinha plantado um jardim no Éden, para os lados do leste, e ali 
colocou o homem que formara. 9 Então o Senhor Deus fez nascer do 
solo todo tipo de árvores agradáveis aos olhos e boas para alimento. E 
no meio do jardim estavam a árvore da vida e a árvore do conhecimen-
to do bem e do mal. 10 No Éden, nascia um rio que irrigava o jardim, e 
depois se dividia em quatro. 11 O nome do primeiro é Pisom. Ele per-
corre toda a terra de Havilá, onde existe ouro. 12 O ouro daquela terra é 
excelente; lá também existem o bdélio e a pedra de ônix. 13 O segundo, 
que percorre toda a terra de Cuxe, é o Giom. 14 O terceiro, que corre 
pelo lado leste da Assíria, é o Tigre. E o quarto rio é o Eufrates. 15 O 
Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e 
cultivá-lo. (Gênesis 2.4-15)
A Teologia da Missão Integral se ocupa de temas que chamam a atenção para o 
resgate do relacionamento dos seres humanos com Deus, com os seus semelhantes 
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e também com a restauração do propósito inicial – o Senhor Deus colocou o 
homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. E é em Jesus Cristo que 
esta condição de resgate acontece.
Entendemos, teologicamente, que a missão é um dos atributos pessoais de 
Deus, isto significa que do início ao fim a missão cristã é a Missio Dei (missão 
de Deus) e não do homem. Diante disso, se faz urgente a busca por uma teolo-
gia de missão que não seja antropocêntrica, eclesiocêntrica ou agenciocêntrica, 
mas teocêntrica, isso porque a Missão é uma obra essencialmente de Deus e Ele 
nos convocou para cooperarmos nesta Sua grande obra.
Em se tratando de Teologia e Missões, entendo ser importante trazer aqui 
as palavras de Samuel Escobar(1997, p. 68), quando escreve que 
no desenvolvimento recente da teologia na América Latina, a teologia 
praticamente tem sido missiologia [...], pois para o evangélico latino-a-
mericano médio, a evangelização ainda é o âmago da missão da igreja; 
é a própria razão de ser da igreja. [...] Os teólogos evangélicos na Amé-
rica Latina não fazem teologia para a galeria de acadêmicos ou para 
os cães de guarda fundamentalistas. As questões relevantes na teologia 
devem ser sempre as mesmas questões de missões. Essa tarefa é empol-
gante, mas não sem dificuldades e lutas.
E continua explorando este tema quando afirma que 
em relação a missões, a tarefa do teólogo está sempre entre dois ex-
tremos: o ideológico e o crítico. Alguns acham que a tarefa do teólogo 
é prover uma ‘ideologia’ para o empreendimento missionário como 
ele existe. A função da ideologia é explicar (prover racionalidade) e 
justificar (sancionar ou legitimar) um fato social. Alguns imaginam a 
tarefa da teologia de missões exatamente dentro desses parâmetros: a 
criação de uma teoria de missões que irá substanciar certa expressão 
do empreendimento missionário. A missiologia simplesmente torna-se 
metodologia. Outros veem a tarefa da teologia de missões como crítica, 
em que o empreendimento missionário é submetido à luz das ciências 
sociais, de modo a expor todas as falhas, ao ponto de, no fim, o próprio 
trabalho missionário ser abandonado. Essa é uma das maneiras de a 
missiologia tornar-se uma atividade puramente acadêmica, assumindo 
a forma de um comentário sempre negativo, sem compromisso com 
a prática. Penso que, mantendo-se perto da atividade missionária, a 
missiologia evita a armadilha da esterilidade acadêmica. Mas também 
creio que, sendo fiel à Palavra de Deus, a missiologia também evita a ar-
madilha de simplesmente prover uma ideologia conveniente ao sistema 
missionário existente (ESCOBAR, 1997. p. 72).
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Grande Comissão: a Grande Comissão foi a última comunicação terrena do 
Senhor Jesus. A tarefa remidora é muito grandiosa e requer uma autoridade espe-
cial por detrás da mesma, a autoridade de Cristo, registrada em Mateus 28.18-20: 
18 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a auto-
ridade nos céus e na terra. 19 Portanto, vão e façam discípulos de todas 
as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 
20 ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei 
sempre com vocês, até o fim dos tempos.
A Grande Comissão ordena a todos os cristãos que partam e façam discípulos 
em todas as nações. O caráter centrípeto da evangelização centraliza-se na comu-
nhão com a igreja, o lar espiritual dos que decidem arrepender-se e confiar na 
verdade do evangelho (BOWIE, 1992, p.15).
Gary North diz que a Grande Comissão é necessária porque o homem, em sua 
rebelião contra Deus, esqueceu quem foi que lhe deu a sua missão. Ele esqueceu 
a quem é históricae eternamente responsável. Os homens precisam de regenera-
ção para reconquistar o favor de Deus. O homem ainda está debaixo do governo 
de Deus, mas recusa conhecer esse fato. Ele adora outros deuses, quer feitos por 
ele ou encontrados na natureza (Romanos 1.18-21). Ele pode até mesmo adorar 
a própria natureza (panteísmo), personificando-a como feminina. O fato é que 
as duas missões de Deus estão unidas por seu status como pactos. Deus esta-
beleceu primeiro o pacto do domínio (família) porque o homem não tinha se 
rebelado ainda. Ele então estabeleceu a Grande Comissão (Igreja) porque tinha 
As práticas e os métodos missionários, aliados à teologia que se desenvolve 
antes, durante e depois da gestão missionária, revelam que a relação entre 
teologia da missão e a prática missionária não é unidirecional. As teologias 
da missão foram se desenvolvendo conforme a prática missionária enfren-
tava conflitos, triunfos, derrotas e até expulsão. Esta história ilustra como 
as práticas e as teologias mudam ao longo dos tempos à medida que as 
circunstâncias históricas modificam a cultura e a tarefa missionária (GONZÁ-
LES, 2008. p.45).
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estabelecido o fundamento judicial para um Novo Pacto, um pacto universal que 
une todos os homens, de todas as raças e antecedentes, sob Deus. 
15 E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas 
as pessoas. 16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer 
será condenado. 17 Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu 
nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; 18 pegarão em ser-
pentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; 
imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. 19 Depois 
de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado aos céus e assentou-se à 
direita de Deus. 20 Então, os discípulos saíram e pregaram por toda 
parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com 
os sinais que a acompanhavam. (Marcos 16.15-20) 
Aqui, como os discípulos, recebemos a grande comissão missionária, onde o 
Senhor que agora se assenta à direita de Deus nos convoca para que Sua obra 
continue por intermédio da Igreja, Seu corpo místico. 
O Evangelho que salienta proeminentemente o poder e a atividade do 
Filho de Deus na terra termina rasgando novos horizontes para a igreja 
no mundo. Aquela tarefa até hoje é inacabada, mas o mesmo Senhor 
ainda opera com os que obedecem ao Seu comando, confirmando a 
Palavra com os sinais que se seguem (DAVIDSON, 1997, p. 62).
Em relação à “Grande Comissão”, González (2008, p. 56) escreve que: “a passa-
gem começa com as palavras: ‘Portanto, ide...’”. A conjunção “portanto” implica 
sempre um antecedente, uma razão para o que segue. Nesse caso, esse antece-
dente são as palavras do próprio Jesus: “Todo poder me foi dado no céu e na 
terra. Portanto, ide...”. Em última instância, a razão pela qual os crentes devem ir 
a todas as nações não é termos pena dos que se perdem, ou porque nossa cultura 
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seja superior, ou por termos algo a lhes ensinar. A principal razão é o senhorio 
universal de Jesus Cristo. Jesus disse que já é o Senhor de toda a terra. Não há 
lugar onde Ele não esteja. Não há lugar para o qual seja necessário que os cren-
tes o levem. O Senhor que era no princípio com Deus, por quem todas as coisas 
foram feitas, e que é a luz que ilumina todo ser, já está lá. Está atuando nos indi-
víduos e nas culturas, ainda que não o conheçam, ainda que Sua presença seja 
anônima. Nesse sentido, o que todos os crentes fazem, ao dar seu testemunho, 
é convidar outros a crer, levando-os ao conhecimento do nome de Jesus, de 
Seus ensinamentos e de Suas promessas. Mas não levar Jesus. Se o Senhor Jesus 
já está ali ao chegarmos, isto quer dizer que, no empreendimento missionário, 
vamos ao encontro, não só de quem não crê, mas também de Jesus, em quem 
nós já cremos. Indo a esses lugares, onde Ele nos disse que Seu senhorio, apesar 
de desconhecido, é real, conhecemos um pouco mais d’Ele e de Seus propósitos. 
Assim, por exemplo, Pedro aprendeu um pouco mais do Evangelho ao pregá-lo 
ao pagão Cornélio e a igreja antiga aprendeu um pouco mais ao penetrar a cul-
tura grego-romana (GONZÁLES, 2008. p. 65).
Bosch (2002), logo na introdução de sua obra, nos informa que desde os 
anos 50, tem havido uma notável escalada no uso do termo “missão” entre os 
cristãos. Isso foi acompanhado de uma significativa ampliação do conceito, ao 
menos em certos círculos. Até a década de 1950, a palavra “missão”, mesmo não 
sendo usada numa acepção unívoca, tinha um conjunto de sentidos razoavel-
mente circunscrito. Ela designava:
a) O envio de missionários a um território especificado;
b) As atividades empreendidas por tais missionários;
c) A área geográfica em que os missionários atuavam;
d) A agência que expedia os missionários;
e) O mundo não cristão ou “campo de missão”;
f) O centro a partir do qual os missionários operavam no “campo de mis-
são” (OHM 1962:52s.)
g) Uma congregação local sem um pastor residente e que ainda dependia 
do apoio de uma igreja mais antiga, estabelecida;
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Missão Cristã – Conceitos e Termos
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h) Uma série de serviços especiais destinados a aprofundar ou difundir a 
fé cristã, em geral num ambiente nominalmente cristão. Se tentarmos 
elaborar uma sinopse mais especificamente teológica de “missão”, assim 
como o termo tem sido usado tradicionalmente, observamos que ela foi 
parafraseada como: 
 ■ Propagação da fé;
 ■ Expansão do reinado de Deus;
 ■ Conversão dos pagãos;
 ■ Fundação de novas igrejas (MÜLLER 1987:31-34).8
Ainda assim, todas essas conotações associadas à palavra “missão”, por mais 
familiares que sejam, são de origem bastante recente. Até o século 16, o termo 
era usado exclusivamente com referência à doutrina da Trindade, isto é, ao envio 
do Filho pelo Pai e do Espírito Santo pelo Pai e pelo Filho. Os jesuítas foram os 
primeiros a usá-lo em termos da difusão da fé cristã entre pessoas (incluindo 
protestantes) que não eram membros da Igreja Católica. Nesta nova acepção, ele 
estava intimamente associado à expansão colonial do mundo ocidental no que 
mais recentemente tornou-se conhecido como Terceiro Mundo (ou, às vezes, 
Mundo dos Dois Terços).
Resumidamente, temos então que o termo “missão” pressupõe alguém que 
envia, uma pessoa ou pessoas enviadas por quem envia, as pessoas para as quais 
alguém é enviado e uma incumbência. Toda a terminologia pressupõe, assim, que 
quem envia tem a autoridade para fazer isso. Com frequência, se sustentava que 
quem realmente enviava era Deus, que tinha a incontestável autoridade de decre-
tar que pessoas sejam enviadas para executar Sua vontade. Na prática, entretanto, 
a autoridade era entendida como sendo conferida à Igreja ou a uma sociedade 
missionária, ou mesmo a um potentado cristão. Nas missões católicas romanas, 
8 BOSCH, David J.; Missão Transformadora: mudanças de paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo, 
RS: Sinodal, 2002. p. 17. Lembrando que nesta mesma obra o autor apresenta nos capítulos 10 a 13 uma 
ampliação do conceito de missão (atualização).
MISSÃO CRISTÃ
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em particular, a autoridade jurídica permaneceu sendo, durante muitotempo, 
o elemento constitutivo da legitimidade do empreendimento missionário. Fazia 
parte de toda essa abordagem conceber a missão em termos de expansão, ocu-
pação de campos, conquista de outras religiões e coisas semelhantes.
Projeto Missionário: é entendido como o conjunto de esforços, métodos e 
estratégias para levar adiante a Missão; envolve a parte técnica e operacional e 
a discussão do alvo.
O QUE É MISSÃO CRISTÃ?
Gosto da definição de Hermann Brandt (2006, p. 37), quando diz: 
minha definição é muito singela: missão é impulso para a transforma-
ção. Trata-se de uma definição propositalmente minimalista, oriunda 
da perspectiva externa. Embora ela não baste para a concepção de Mis-
sio Dei (sem excluí-la, entretanto), não se expõe à crítica de que missão 
seria exclusivamente proselitismo ou colonialismo. Antes, tal redução 
da compreensão de missão presta-se para incluir a múltipla e recíproca 
influência, distanciamento, adoção e transformação, os quais, muitas 
vezes, são excluídos ao se preconizar ou repudiar uma “ordem” autori-
tativa de fazer missão.
A Missão Cristã teve um desdobramento histórico importante que vale a pena 
ser percebido: “Até o século XVI, o termo missão era usado para a Trindade, 
referindo-se ao ato do Pai enviar o Filho e, do Pai e o Filho enviarem o Espírito 
Santo. A conotação era compreendida no sentido da Missio Dei (BOSCH, 2002, 
p. 17). A partir daí, uma nova conotação emergiu, 
[1] “especialmente a partir do século 18, se concebia a missão essen-
cialmente em termos geográficos: era quase sempre um cruzamento de 
fronteiras geográficas com o propósito de levar o evangelho [...] para os 
‘campos missionários’ do mundo não-cristão (os países pagãos)” (PA-
DILLA, 2009, p. 14), 
mas hoje o conceito começa a ser visto, uma vez mais, como Missio Dei. Como já 
visto, missão é um atributo divino. Esse conceito difere do que tradicionalmente 
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era aceito, ou seja, a propagação do cristianismo, historicamente falando. Os 
Jesuítas9 usavam o termo para descrever a ação da Igreja Católica em difundir 
sua fé entre os que não pertenciam ao seu redil. No último século, a ideia de mis-
são caminhou para o conceito de Missio Dei, pois não existe missão desligada 
de Deus e tudo o que a igreja faz emana da ação de envio de Deus, o Pai, Deus, 
o Filho, e Deus, o Espírito Santo. Dessa forma, missão e Missio Dei tornam-se 
sinônimas, no entanto, a expressão missão é por vezes utilizada para referir-se à 
missio ecclesiae (missão da igreja). Este sentido só é real na concepção do comis-
sionamento da Igreja por parte do Deus trino,: “Deus, o Pai, enviou o Filho, e o 
Filho é ambos, o Enviado e o Enviador. Juntos, o Pai e o Filho enviam o Espírito 
Santo, que, por sua vez, envia a Igreja, congregações, apóstolos e servos, colo-
cando sobre eles a obrigação de cumprir seu trabalho”. A missio ecclesiae nada 
mais é do que a Missio Dei. “Deus não tem uma missão para a sua Igreja, mas 
uma Igreja para a Sua missão”. Aqui se pode destacar outra ênfase que surgiu 
na conferência de Willingen e posterior conferência da Cidade do México, que 
relacionou a Missio Dei e a missio ecclesiae e afirmou que “não há participação 
em Cristo sem participação em sua missão” (VERKUYL, 1978, p.4). A missio 
ecclesiae, como o recebimento do “envio”, da Missio Dei, ficou clara nas palavras 
de Cristo em João 20.21 – “Disse-lhes, pois, Jesus, outra vez: paz seja convosco! 
Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. As palavras de Jesus eviden-
ciam que [...] missão é participar do envio de Deus entendido em seu ministério 
trinitário, cujo fundamento é o amor por toda a humanidade, revelado cabal-
mente na encarnação de Jesus de Nazaré. Ele é o centro do envio de Deus e a 
missão que lhe corresponde segue os seus passos. Nesse sentido, missão é antes 
uma ação divina do que da Igreja. O fato é que a Igreja não tem uma missão em 
si, mas diante da entrada do pecado e do processo deformativo que este trouxe 
9 Rosino Gibellini, doutor em Teologia, em seu artigo “A Missão Cristã na era da globalização”, 
especialmente referindo-se ao mundo católico romano, apresenta que o termo “missão” é um neologismo, 
que se tornou termo técnico-teológico apenas no início da Idade Moderna no ambiente jesuítico. Logo 
foi imposto e foi oficialmente adotado com a fundação da Congregação Romana para a Propagação da 
Fé, em 1622. Antigamente, usavam-se outras expressões, como “conversão dos infiéis”, “promulgação do 
Evangelho”, “pregação entre os povos”, “difusão da fé” (propagatio fidei), e outras. Expressões e significados 
que confluíram no termo “missão” no século XVII. No século XIX, depois, constituiu-se na Alemanha – 
nas universidades de Halle e de Münster – a “missiologia” (ou missionologia) como disciplina teológica 
(Fonte:<http://www.ihu.unisinos.br/noticias/513524-a-missao-crista-na-era-da-globalizacao>. Acesso em: 
27 ago. 2013).
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ao mundo, Deus concedeu ao ser humano, em Sua bondade e misericórdia, o 
privilégio de participar e se envolver em Sua missão, a Missio Dei. Assim, “mis-
são é manifestar o amor do Reino de Deus, como compartilhado em Cristo, no 
poder do Espírito Santo, através de palavras e obras com vistas à transformação, 
à restauração integral de toda a criação, para a glória divina (BARRO, 2008)”.10
Missão Cristã pressupõe presença e diálogo, deve ser caracterizada pela ida 
do cristão até a(s) pessoa(as) que necessitam ouvir e receber o Salvador Jesus 
e marcada por uma clara comunicação do propósito de salvação oferecido por 
Deus. Crendo que o missionário não está sozinho em missão, pois o Senhor 
Jesus prometeu estar presente (Mateus 28.20) e há também a presença ativa do 
Espírito Santo.
7 Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. Se eu não 
for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu for, eu o enviarei. 8 
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. 
9 Do pecado, porque os homens não crêem em mim; 10 da justiça, por-
que vou para o Pai, e vocês não me verão mais; 11 e do juízo, porque o 
príncipe deste mundo já está condenado. (João 16.7-11)
13 porque “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. 14 
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão 
naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver 
quem pregue? 15 E como pregarão, se não forem enviados? Como está 
escrito: “Como são belos os pés dos que anunciam boas novas!” (Ro-
manos 10.13-15).
Missão Cristã pressupõe também serviço, foi assim que nos ensinou o Senhor 
Jesus, pois Ele mesmo mostrou que veio para servir e não para ser servido. Mateus 
20.26,27 – “[...] Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá 
ser servo, 27 e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; 28 como o Filho do 
homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em res-
gate por muitos”.
Nas palavras de Jesus, é maior quem serve mais e não quem é mais servido. 
12 Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa 
e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: “Vocês entendem o que 
lhes fiz? 13 Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu 
10 <http://missao-urbana.com/artigos/compreendendo-definindo-termos-relacionados-a 
missao/>(08/05/2013)
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o sou. 14 Poisbem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes 
os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. 15 Eu lhes 
dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. 16 Digo-lhes ver-
dadeiramente que nenhum escravo é maior do que o seu senhor, como 
também nenhum mensageiro11, é maior do que aquele que o enviou. 
17 Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem. 
(João 13.12-17)
E para servir, é preciso ter disposição para amar, pois o amor é a base fundamen-
tal do serviço e de todas as virtudes espirituais (Gálatas 5.22,23). O amor está na 
base do intuito remidor de Deus, 
16 Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, 
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 
Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, 
mas para que este fosse salvo por meio dele. (João 3.16,17)
E é este amor que deve nos inspirar e fazer com que nos comprometamos em ir 
até as pessoas como embaixadores de Cristo em missão. 
16 De modo que, de agora em diante, a ninguém mais consideramos 
do ponto de vista humano. Ainda que antes tenhamos considerado 
Cristo dessa forma, agora já não o consideramos assim. 17 Portanto, se 
alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; 
eis que surgiram coisas novas! 18 Tudo isso provém de Deus, que nos 
reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério 
da reconciliação, 19 ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando 
consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos 
confiou a mensagem da reconciliação. 20 Portanto, somos embaixado-
res de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso 
intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com 
Deus. (II Coríntios 5.16-20)
No intuito de apresentar o que é a Missão Cristã, recorro a David J. Bosch (2002, 
p. 26), em seu livro Missão Transformadora, onde, logo no início, oferece uma 
definição “provisória”, seguem abaixo os treze pontos por ele apresentados:
1. Proponho que a fé cristã é intrinsecamente missionária. (...) Um elemento 
distintivo das religiões missionárias, em contraposição às ideologias mis-
sionárias, é que todas elas “aderem a algum grande ‘desvelamento’ da 
11 Mensageiro aqui trazendo a ideia de apóstolo, conforme o texto bíblico original. 
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verdade última que creem ser de significação universal” (BOSCH, 1988, 
p,189). 
A fé cristã, por exemplo, vê todas as gerações da terra como objetos da 
vontade salvífica e do plano de salvação de Deus, ou, em termos neo-
testamentários, considera o reinado de Deus que veio em Jesus Cristo 
como destinado a toda a humanidade12. 
Esta dimensão da fé cristã não é um extra opcional: o cristianismo é 
missionário por sua própria natureza, ou nega sua própria razão de ser.
2. A missiologia, como ramo da disciplina da teologia cristã, não é um empre-
endimento desinteressado ou neutro; ela procura, antes, olhar o mundo 
a partir da perspectiva do compromisso com a fé cristã. Tal abordagem 
não sugere uma ausência de exame crítico; na verdade, precisamente por 
causa da missão cristã, será necessário submeter toda definição e toda 
manifestação da missão cristã a uma análise e avaliação rigorosa.
3. Por conseguinte, nunca podemos arrogar-nos delinear a missão com 
excessiva nitidez e autoconfiança. Em última análise, a missão perma-
nece indefinível; ela nunca deveria ser encarcerada nos limites estreitos 
de nossas próprias predileções. O máximo que podemos esperar é for-
mular algumas aproximações do que a missão significa.
4. A missão cristã dá expressão ao relacionamento dinâmico entre Deus e 
o mundo, particularmente à maneira como ele foi retratado, primeiro, 
na história do povo do pacto, Israel, e então, de modo supremo, no nas-
cimento, vida, morte, ressurreição e exaltação de Jesus de Nazaré. Um 
fundamento teológico da missão, diz Kramm (1979, p. 213), “só é possível 
se nos referirmos continuamente à base de nossa fé: a autocomunicação 
de Deus em Jesus Cristo.”
5. A Bíblia não deve ser tratada como um depósito de verdades às quais 
poderíamos recorrer aleatoriamente. Não há “leis de missão” imutáveis 
e objetivamente corretas às quais a exegese da Escritura nos daria acesso 
e que nos proporcionariam esquemas que pudéssemos aplicar em cada 
situação. Nossa prática missionária não é realizada em continuidade 
inquebrantada com o testemunho bíblico; ela é um empreendimento 
inteiramente ambivalente executado no contexto da tensão entre provi-
12 BOSCH, David J.; Missão Transformadora: mudanças de paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo, 
RS : Sinodal, 2002. Citando Oecumenische Inleiding 1988:19
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dência divina e confusão humana13. O envolvimento da igreja na missão 
permanece um ato de fé sem garantias terrenas.
6. Toda a existência cristã deve ser caracterizada como existência missioná-
ria, ou, nas palavras do II Concílio Vaticano, “a igreja peregrina é por sua 
[própria] natureza missionária” (AG 2). À luz disso, é tautológico falar de 
um “evangelho universal”, conforme Hoekendijk (1967). A igreja começa 
a ser missionária não através de sua proclamação universal do Evangelho, 
mas através da universalidade do Evangelho que ela proclama14.
7. Teologicamente falando, “missões no exterior” não é uma entidade sepa-
rada. A natureza missionária da igreja não depende simplesmente da 
situação na qual ela se encontra em dado momento, mas está baseada 
no próprio Evangelho. A justificação e a fundamentação das missões no 
exterior, bem como das missões no próprio país, “residem na universali-
dade da salvação e na indivisibilidade do reinado de Cristo” (LINZ, 1964, 
p. 209). A diferença entre missões no exterior e no próprio país não é 
uma diferença de princípio, mas de alcance. Temos, pois, de repudiar a 
doutrina mística da água salgada; isto é, a ideia de que viajar para paí-
ses estrangeiros constitui a condição sine qua non de qualquer empenho 
missionário e o teste e critério final do que seja verdadeiramente mis-
sionário. A publicação de Godin e Daniel (1943) foi o primeiro estudo 
sério que destruiu o “mito geográfico” (BRIDSTON) da missão: ela pro-
vou que também a Europa era um “campo de missão”. Este livro, porém, 
não foi longe o suficiente. Ao conceito de missão como primeira prega-
ção do Evangelho às pessoas pagãs, ele simplesmente acrescentou a ideia 
de missão como reapresentação do Evangelho a pessoas neopagãs. Ainda 
definia a missão em termos de seus destinatários, não em termos de sua 
natureza, e propunha que a missão está cumprida assim que o Evange-
lho tenha sido (re)apresentado a um grupo de pessoas.15
8. Temos de distinguir missão (no singular) de missões (no plural). O pri-
meiro conceito designa primordialmente a missio Dei (missão de Deus), 
isto é, a autorrevelação de Deus como Aquele que ama o mundo, o envol-
13 BOSCH, David J.; Missão Transformadora: mudanças de paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo, 
RS : Sinodal, 2002. Citando Gensichen 1971:16.
14 BOSCH, David J.; Missão Transformadora: mudanças de paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo, 
RS : Sinodal, 2002, p. 434.
15 BOSCH, David J.; Missão Transformadora: mudanças de paradigma na Teologia da Missão. São Leopoldo, 
RS : Sinodal, 2002.
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vimento de Deus no e com o mundo, a natureza e atividade de Deus, que 
compreende tanto a igreja quanto o mundo, e das quais a igreja temo 
privilégio de participar. Missio Dei enuncia a boa nova de que Deus é o 
Deus-para às/pelas pessoas. Missões (as missiones ecclesiae [“missões da 
igreja”]: os empreendimentos missionários da igreja) designa formas par-
ticulares, relacionadas com tempos, lugares ou necessidades específicos, 
de participação na missio Dei.
9. A tarefa missionária é tão coerente, ampla e profunda quanto o são a 
necessidade e as exigências da vida humana. Várias conferências missio-
nárias internacionais têm formulado isso desde os anos 50, como a igreja 
inteira levando o Evangelho inteiro ao mundo inteiro. As pessoas vivem 
numa série de relações integradas; portanto, divorciar a esfera espiritual 
ou pessoal da esfera material e social é indicativo de uma antropologia 
e sociologia errônea.
10. Segue-se do que foi dito acima que a missão é o “sim” de Deus ao mundo. 
Quando falamos de Deus, isto já implica o mundo como teatro da ativi-
dade divina (HOEKENDIJK,1967a, p.344). O amor e a atenção de Deus 
dirigem-se primordialmente ao mundo, e a missão é “participação na 
existência de Deus no mundo”. Em nossa época, o sim de Deus ao mundo 
revela-se, em grande medida, no engajamento missionário da igreja no 
tocante às realidades de injustiça, opressão, pobreza, discriminação e 
violência. Encontramo-nos em grau crescente numa situação verdadei-
ramente apocalíptica, onde os ricos ficam mais ricos e os pobres mais 
pobres, e onde a violência e a opressão tanto da direita quanto da esquerda 
estão aumentando. A igreja-em-missão não pode cerrar os olhos a essas 
realidades, já que “o padrão da igreja no caos de nossa época é comple-
tamente político” (SCHÜLTZ, 1930, p.246).
11. A missão inclui a evangelização como uma de suas dimensões essenciais. 
Evangelização é a proclamação da salvação em Cristo às pessoas que não 
creem n’Ele, chamando-as ao arrependimento e à conversão, anunciando 
o perdão do pecado e convidando-as a tornarem-se membros vivos da 
comunidade terrena de Cristo e a começar uma vida de serviço aos outros 
no poder do Espírito Santo.
12. Missão também é o “não” de Deus ao mundo (GÜNTHER, 1967, p.21s.). 
Sugeri que missão é o “sim” de Deus ao mundo. Isso foi proposto na con-
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vicção de que há uma continuidade entre o reinado de Deus, a missão 
da igreja e justiça, paz e integridade na sociedade, e de que a salvação 
também tem a ver com o que acontece às pessoas neste mundo. Ainda 
assim, o que Deus nos proporcionou em Jesus Cristo e o que a igreja pro-
clama e corporifica em sua missão e evangelização não é simplesmente 
uma afirmação ou ratificação do melhor que as pessoas podem esperar 
neste mundo em termos de saúde, liberdade, paz e libertação de carência. 
O reinado de Deus é mais do que o progresso humano no plano hori-
zontal. Assim, se, por um lado, sustentamos o “sim” de Deus ao mundo 
como expressão da solidariedade cristã com a sociedade, também temos 
de confirmar a missão e evangelização como o “não” de Deus, como 
expressão de nossa oposição e conflito com o mundo. (...) nem uma igreja 
secularizada (isto é, uma igreja que se preocupa apenas com atividades 
e interesses deste mundo) nem uma igreja separatista (isto é, que só se 
envolve em salvar almas e preparar os convertidos para o além) podem 
articular fielmente a missio Dei.
13. A igreja-em-missão pode ser descrita em termos de sacramento e sinal. 
Ela é um sinal no sentido de indicação, símbolo, exemplo ou modelo; é 
sacramento no sentido de mediação, representação ou antecipação. Não é 
idêntica ao reinado de Deus, mas também não deixa de estar relacionada 
com ele; é “um antegosto de sua vinda, o sacramento de suas antecipa-
ções na história”. Vivendo na tensão criativa de, ao mesmo tempo, ser 
chamada para fora do mundo e ser enviada ao mundo, ela é desafiada a 
ser o jardim experimental de Deus na terra, um fragmento do reinado 
de Deus, tendo “as primícias do Espírito” (Romanos 8.23) como penhor 
do que há de vir (II Coríntios 1.22).
Resumindo, missão é a Igreja em movimento, é marca e comprovante de vitali-
dade da Igreja, porque uma Igreja morta é aquela que deixa de ser missionária.
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MISSÃO CRISTÃ – OBJETIVO
O objetivo da Missão Cristã é, primordialmente, a salvação da humanidade em 
todos os seus aspectos. “A missão não pode ser nada menos que a continuação 
da atividade redentora de Deus mediante a publicação dos fatos da salvação. Esta 
é a sua autoridade maior e sua comissão suprema”. Deus nos envia a dar conti-
nuidade na história da salvação, a história da Missio Dei. 
A meta da missão cristã não é simplesmente uma salvação individual, pessoal, 
nem sequer espiritual; é a realização da esperança da justiça, da socialização de 
toda a humanidade e da paz do mundo. Esse outro aspecto de reconciliação com 
Deus pela realização da justiça foi descuidado pela Igreja. A Igreja deve trabalhar 
por essa realização, baseada na esperança futura, como escreveu Moltmann.16
A Missão Cristã deve estar intimamente relacionada ao propósito divino e 
universal, propósito esse enfatizado por Jesus.
Sendo assim, o objetivo da Missão Cristã é produzir não somente discípulos, 
mas também trazer de volta ao Pai Seus filhos, para que sejam transformados dia 
a dia segundo a imagem do Filho de Deus, e possam se transformar em proclama-
dores das palavras de salvação a outros. Efésios 4.13 – “até que todos cheguemos 
à unidade da fé e ao conhecimento do filho de Deus, a varão perfeito, à medida da 
estatura completa de Cristo”.
A obediência à Missão cristã precisa se tornar efetivamente a forma de viver da 
Igreja, consequentemente, a forma de viver de cada cristão, pois não pode haver 
objetivo maior do que cumprir com excelência o chamado de Deus na vida, anun-
ciar o Evangelho da salvação e buscar uma vida reta diante de Deus e dos homens.
O que se entende então como objetivo/finalidade da Missão é “fazer discí-
pulos de (e para) Jesus” e isto significa comunicar o Evangelho e oportunizar 
preparo para as pessoas reconhecerem a ação de Deus a fim de que amadure-
çam em sua fé e também se envolvam e participem da Missão, isso em uma ação 
de amor e promoção da pessoa. Não é simplesmente ir atrás de “adeptos”, é, na 
16 <http://reveziolima.blogspot.com.br/2009/01/jrgen-moltmann-dr-da-esperana.html> (08/05/2013)
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Missão Cristã – Objetivo
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realidade, buscar alcançar pessoas para o Reino de Deus que cooperarão conosco 
com a implantação diária do Seu Reino.
Não podemos perder de vista a questão de que o Deus cristão é o Deus mis-
sionário, que trabalha e age por nós e pelo mundo. Tudo que se deve fazer na 
Igreja também deve ser feito em função da Missão, e isso significa dizer que a 
Missão é Missão de Deus, Ele é sempre o maior interessado e Sua Missão é esta-
belecer o Seu Reino.
E o Reino de Deus se expande maravilhosamente, numa progressão incrível, 
o que Ele disse uma vez restrito aos israelitas (Êxodo 19.5-6), a partir de Cristo 
diz a todos nós (I Pedro 2.9-10),
5 Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vo-
cês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora toda a 
terra seja minha, 6 vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma 
nação santa. Essas são as palavras que você (Moisés) dirá aos israelitas. 
(Êxodo 19.5,6)
9 Vocês, porém, são geração eleita,

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