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Exercícios Figuras de Linguagem – prof. Ítalo Puccini 1. A partir da letra da música “Metáfora”, de Gilberto Gil, responda às questões sequentes: Uma lata existe para conter algo Mas quando o poeta diz: "Lata" Pode estar querendo dizer o incontível Uma meta existe para ser um alvo Mas quando o poeta diz: "Meta" Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudonada cabe Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível Deixe a meta do poeta, não discuta Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora Considerando que a primeira acepção do substantivo ‘lata’, de acordo com o dicionário Houaiss, designa o ‘recipiente, caixa, vasilhame, utensílio ou embalagem’ feita de folha-de-flandres (uma chapa de ferro laminado fina, coberta com uma cama de estanho), releia a letra da música e: a. Aponte em que ocorrências de ‘lata’, nas duas últimas estrofes do poema, o substantivo foi empregado fora dessa acepção. b. Com base na sua resposta ao item ‘a’, explique como se constrói o sentido da palavra ‘lata’ nesses casos. 2. A canção, logo em seu título, já faz referência a uma figura de linguagem. Assinale a alternativa em que a palavra em destaque foi usada em sentido metafórico. a. Uma lata existe para conter algo b. Mas quando o poeta diz: ‘Meta’ c. Deixe a meta do poeta, não discuta d. Meta dentro e fora, lata absoluta * e. Deixe-a simplesmente metáfora 3. Leia o soneto a seguir, de Luís de Camões, para responder ao que se pede: Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói e não se sente, É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer, É um andar solitário por entre a gente, É um nunca contentar-se de contente, É um cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata a lealdade. Mas como pode causar seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo amor? a. Em cada um dos onze primeiros versos do poema, emprega-se uma mesma figura de linguagem. De que figura se trata? Como ela é construída? b. Levando em conta sua resposta à questão anterior, tente explicar o último verso do poema. 4. (FAU-Santos) Nos versos: “Bomba atômica que aterra Pomba atônita da paz Pomba tonta, bomba atômica...” A repetição de determinados elemento fônicos é um recurso estilístico denominado: A) hiperbibasmo B) sinédoque C) metonímia D) Aliteração * E) metáfora 5. (FEBA - SP) Assinale a alternativa em que ocorre aliteração: a) "Água de fonte .......... água de oceano ............. água de pranto. (Manuel Bandeira) b) "A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia." (Chico Buarque) * c) "Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então." (Clarice Lispector) d) "Minha vida é uma colcha de retalhos, todos da mesma cor." (Mário Quintana) e) N.d.a. 6. (FUVEST) Identifique a figura de linguagem empregada nos versos destacados: “No tempo de meu Pai, sob estes galhos, Como uma vela fúnebre de cera, Chorei bilhões de vezes com a canseira De inexorabilíssimos trabalhos!” A) antítese B) anacoluto C) Hipérbole * D) litotes E) paragoge 7. Texto Eu nasci há dez mil anos atrás E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais (...) Eu vi a arca de Noé cruzar os mares Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares Eu vi Zumbi fugir com os negros prá ?oresta Pro Quilombo dos Palmares, eu vi (...) Eu fui testemunha do amor de Rapunzel Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu E pr’aquele que provar que eu tô mentindo Eu tiro o meu chapéu. (Eu nasci há dez mil anos atrás, Paulo Coelho e Raul Seixas. LP, Há dez mil anos atrás, Philips, 1976) É possível observar a seguinte figura de linguagem no fragmento da música de Raul Seixas e Paulo Coelho: a)Metonímia. b) Hipérbole. * c) Catacrese. d) Ironia. e) Sinestesia. 8. Texto DESCOBERTA DA LITERATURA No dia-a-dia do engenho/ toda a semana, durante/ cochichavam-me em segredo: / saiu um novo romance./ E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/ para que os lesse e explicasse/ um romance de barbante./ Sentados na roda morta/ de um carro de boi, sem jante,/ ouviam o folheto guenzo, / o seu leitor semelhante,/ com as peripécias de espanto/ preditas pelos feirantes./ Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante,/ em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/ e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/ a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/ que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/ e, sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes,/ receava que confundissem/ o de perto com o distante,/ o ali com o espaço mágico,/ seu franzino com gigante,/ e que o acabasse tomando/ pelo autor imaginante/ ou tivesse que afrontar/ as brabezas do brigante./ (…) João Cabral de Melo Neto Sobre as figuras de linguagem usadas no texto, relacione as duas colunas abaixo: 1ª COLUNA (1) Romance de barbante (2) Roda morta; folheto guenzo (3) Como puro alto-falante (4) Perto/distante/mágico/Franzino/gigante (5) Cochichavam-me em segredo 2ª COLUNA ( ) Pleonasmo ( ) Metáfora ( ) Comparação ( ) Metonímia ( ) Antítese A ordem correta é: a) 1, 2, 3, 4, 5 b) 5, 2, 3, 1, 4 * c) 3, 1, 4, 5, 2 d) 2, 1, 3, 4, 5 e) 2, 4, 5, 3, 1 9. (Mackenzie) - "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!" Há, nesses versos, uma convergência de recursos expressivos, que se realizam por meio de: I - metonímia; II - pleonasmo; III - apóstrofe; IV - personificação. Quanto às especificações anteriores, diz-se que: a) todas estão corretas. * b) nenhuma está correta. c) apenas I , II e III estão corretas. d) apenas III e IV estão corretas. e) apenas I está incorreta. 10. (Un. Fe. Uberlândia) Cada frase abaixo possui uma figura de linguagem. Assinale aquela que não está classificada corretamente: a) O céu vai se tornando roxo e a cidade aos poucos agoniza. (prosopopéia) b) "E ele riu frouxamente um riso sem alegria". (pleonasmo) c) Peço-lhe mil desculpas pelo que aconteceu. (metáfora) * d) "Toda vida se tece de mil mortes." (antítese) e) Ele entregou hoje a alma a Deus. (eufemismo). 11. (Aman) - Há uma evidente onomatopéia em: a) "Os dois bois tafulham as munhecas, com cloques sonoros." * b) "E Soronho ri, com estrépito e satisfação." c) "... um tremembé atapeado de alvas florinhas de bem-casados e de longos botões fusiformes de lírios." d) "Vam'bora, lerdeza! Tu é bobo o mole; tu é boi?!..." e) "De éis, Buscapé, e depois Namorado, acabaram." Exemplos de Metonímia: A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo: 1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) 2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.) 3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.) 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.)5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.) 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.) 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.) 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores.) 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.) 10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.) 11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.) 12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.) 13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.) 14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado.) Gabarito 1. a. em todas elas. b. Nas quatro ocorrências da palavra “lata” nas duas últimas estrofes do poema, seu sentido figurado, pois, em vez de designar um recipiente feito de uma ‘fina chapa de ferro laminado’, a palavra indica a própria criação artística, a própria canção, o próprio poema. Assim, da mesma forma que em uma lata se guarda algo concreto, na lata do poema estariam os significados possíveis do seu texto, ou seja, o conteúdo do texto literário. 3. a. Da antítese (que, em alguns casos, constitui também um paradoxo). O eu lírico se vale de oposições para definir o sentimento amoroso. b. Ao dizer “Tão contrário a si é o mesmo amor”, o eu lírico sugere que o contrário do amor é o próprio amor, o que, de certo modo, justifica o emprego de antíteses e paradoxos para definir esse sentimento.
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