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1 Gêneros Textuais I – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Prof. Vânia Araújo www.grancursosonline.com.br GÊNEROS TEXTUAIS I Algumas bancas examinadoras têm cobrado nos editais a caracterização dos gêneros textuais, reconhecimento de tipos (características físicas) e gêneros (a quem se destina o texto). Os gêneros textuais estão intimamente relacionados às práticas sociais e, portanto, são inúmeros: orais, escritos, imagens etc. São textos produzidos por usuários da língua em determinado momento his- tórico e definidos de acordo com o estilo, o conteúdo, a composição e, principal- mente, a função. Vale lembrar que muitos gêneros textuais são comuns a vários domínios discursivos. OObs.:� para que um gênero textual seja reconhecido, é necessário que se saiba a função do texto, diante do contexto. Editorial As bancas examinadoras utilizam, na sua quase totalidade, textos pertencen- tes ao discurso jornalístico. O editorial é um texto que aparece na contracapa dos jornais e revistas. Exemplo: gênero (editorial), tipologia (dissertativa). • É um texto dibbertativo, que manifesta a opinião do jornal ou da revista a respeito de um assunto da atualidade (quase sempre polêmico), com a intenção de esclarecer ou alterar pontos de vista dos leitores, alertar a sociedade e às vezes até mobilizá-la. • O editorial, como texto argumentativo que é, tem por finalidade persuadir o leitor e, por isso, precisa dar a impressão de que detém a verdade, evi- tando opiniões pessoais, afirmações generalizantes e sem fundamento. • No desenvolvimento da ideias de um editorial, os recursos empregados para dar maior consistência ao texto e aproximá-lo da verdade são exem- plos, depoimentos, dados estáticos, pesquisas, comparações ou relações de causa e efeito. Leia o editorial abaixo, extraído da revista ÉPOCA, de 20 de setembro de 2010. Sinais inequívocos de como o homem moderno já está sendo prejudicado pelo uso predatório dos recursos naturais têm se multiplicado mundo afora. No ano 2005, houve número sem precedentes de irregularidades climáticas de consequências trágicas. Quase simultaneamente, houve ondas de calor nos EUA, na Europa, na Ásia e na África. Inundações na Ásia, nos EUA e na 2 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO – Gêneros Textuais I Prof. Vânia Araújo www.grancursosonline.com.br Europa. E também furacões devastadores nas Antilhas, nos EUA e na Ásia. E até no Brasil, um caso com poucos precedentes. E ainda por cima começam se desenvolver hipóteses de que a atividade vulcânica, responsável por maremo- tos (tsunamis), pode ser induzida pelo aumento da temperatura da água do mar. Embora não seja consenso, pesquisas científicas apontam uma relação de causa e efeito entre o aquecimento global e as perturbações climáticas observa- das nos últimos tempos. Com base nisso, desde 1997, representantes de cerca de duas centenas de países têm se reunido para discutir um protocolo de inten- ções que vise a regular a emissão dos gases poluidores responsáveis pelo aque- cimento global. A esse protocolo foi dado o nome de Kyoto, cidade japonesa onde ocorreu a primeira reunião do grupo. IMPORTANTE! A banca examinadora utiliza fragmentos do texto. A ideia central é defendida no início do texto, e, para sustentá-la, os fatos são apresentados. Esse texto pertence à tipologia dissertativa e seu gênero é o editorial. NOTÍCIA • É um texto narrativo que expressa um fato novo, buscando despertar o interesse do público a que se destina. Gênero tipicamente jornalístico, a notícia pode ser veiculada em jornais, escritos e falados, e em revistas. Deve ser encabeçada por um título, que anuncia o assunto a ser desenvol- vido e no qual são empregadas palavras curtas e de uso comum. • Uma notícia deve ser imparcial e objetiva, ou seja, deve expor fatos, e não opiniões – em linguagem clara, direta e bastante precisa. IMPORTANTE! Na prática, nem sempre a notícia é um texto imparcial. E, também, não pode ser confundida com o ponto de vista do autor. Ebtrutura textual da notícia LEAD.: é um resumo do fato em poucas linhas e compreende, normalmente, o primeiro parágrafo da notícia. Contém as informações mais importantes e deve fornecer ao leitor a maior parte das respostas às perguntas formuladas anterior- mente. 3 Gêneros Textuais I – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Prof. Vânia Araújo www.grancursosonline.com.br CORPO.: são os demais parágrafos da notícia, nos quais se apresenta o deta- lhamento do assunto exposto no lead, fornecendo ao leitor novas informações, em ordem cronológica ou de importância. Leia a notícia abaixo, publicada na revista ISTOÉ O Parque Nacional do Itatiaia, paraíso ecológico no estado do Rio de Janeiro criado por Getúlio Vargas em 1937, está correndo sérios riscos. E a culpa, desta vez, não é dos incêndios, tão comuns na região, que abriga maravilhas naturais como o rio Campo Belo, a Cascata do Maromba e o famoso Pico das Agulhas Negras. Hoje, para muitos especialistas, o maior problema é a ocupação irre- gular de áreas de preservação permanente por casas de veraneio particulares, cerca de 80 residências concentradas em uma região de 1,3 mil hectares. No dia 22 de outubro de 2008, a Associação dos Amigos de Itatiaia, que, desde 1951, reúne proprietários dessas terras irregulares, deu início a uma cam- panha para regularizar o que não é regularizável: a presença de propriedades particulares dentro de um parque nacional. Se aprovado, o projeto reclassificaria parte da área do parque, que passaria a ser um “monumento natural”,e não só legitimaria os imóveis que já existem como abriria caminho para a construção de outros dentro da área de preservação. João Lopes. In: Revista Istoé. 25/2/2009, p. 52 (com adaptações). O texto acima não defende uma ideia, apenas constata um fato. Portanto, a notícia é parcial. – Tipologia: narrativa. – Gênero:notícia e discurso jornalístico. Reportagem (ebcrita) • É um texto dibbertativo, de cunho jornalístico, que, por meio de palavras, imagens e sons, visa apresentar ao leitor várias versões de um mesmo fato, informando-o, orientando-o e contribuindo para formar sua opinião. Ela pode, também incluir as observações pessoais e diretas do próprio repórter ou jornalista. • A reportagem não possui uma estrutura rígida: de modo geral, ela é intro- duzida por um lead, encabeçado por um título (que anuncia o fato em si) e pode ao não apresentar subtítulo. Nela, o autor desenvolve a narrativa por- menorizada dos fatos, compondo-a por meio de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resumos e textos de opinião, e, depois, emite sua opinião a respeito do assunto. 4 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO – Gêneros Textuais I Prof. Vânia Araújo www.grancursosonline.com.br • Embora seja um texto que necessite de linguagem clara, dinâmica e obje- tiva (de acordo com o padrão culto), a maioria dos jornais e revistas brasi- leiras costuma empregar termos e expressões mais informais, dependendo do público a que esses veículos de destinem. OObs.:� enquanto a notícia apenas apresenta os fatos de maneira objetiva, apon- tando razões e efeitos, a reportagem faz investigações, tece comentários, levanta questões, discute e argumenta. Veja, abaixo, um exemplo de REPORTAGEM: Pequenob Debperdíciob Geram Gabtob Debnecebbáriob que Ocorrem no Dia a Dia O número de situações em que o desperdício ocorre no dia a dia é incontá- vel. Seis exemplos, comuns na rotina doméstica, serão apresentados na série de reportagens Pequenos Desperdícios até sexta-feira, um a cada dia. São hábitos errados que podem passar despercebidos, mas, que no fim de um ano, fazem grande diferença no orçamento doméstico. E, se evitados, ainda contribuem para um mundo mais sustentável. Estima-se que 15% do consumo de energia de uma casa seja no modo Stand by. Uma pesquisa da Agência Internacionalde Energia constatou que a função consome cerca de 3% da energia produzida nos 31 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - o Brasil não está incluído - e 1% do carbono emitido nessas regiões. Atitudes sim- ples como não deixar a televisão do modo Stand by (desligar no botão manual), desligar o notebook e apagar a lâmpada quando o cômodo está vazio poderiam reduzir em R$ 256,62 os gastos com a conta de luz em um ano. Matéria extraída do “Jornal de Santa Catarina”, Caderno “Para economizar” 30/03/2012. Artigo de Opinião (Matéria Abbinada ou Coluna) É um texto dibbertativo, de âmbito jornalístico, que se caracteriza pela expo- sição clara da opinião do autor acerca de determinado assunto. Características do artigo: • Contém um título polêmico ou provocador. • Estrutura formal: introdução (exposição), desenvolvimento (interpretação das informações) e conclusão (opinião). • Predomínio de verbos no presente do indicativo. • Faculta o uso de linguagem objetiva (em 3ª pessoa) ou subjetiva (em 1ª pessoa). 5 Gêneros Textuais I – INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Prof. Vânia Araújo www.grancursosonline.com.br Procedimentob argumentativob do artigo • Relações de causa e consequência. • Comparações entre épocas e lugares. • Retrocesso, por meio da narração de um fato. • Interação com o leitor. • Pode conter afirmações radicais (de efeito). • Pode trazer a antecipação de uma possível crítica do leitor – com o propó- sito de construir, antecipadamente, os contra-argumentos. Leia o artigo de opinião, escrito pelo jornalista Eugênio Bucci, extraído da revista VEJA: No seu programa de Domingo dia 8 [setembro de 1996], o apresentador Fausto Silva colocou em cena o garoto Rafael, da altura do seu joelho. Logo que o peso-pena pisou no programa, Faustão tentou entrevistá-lo. O menino, com idade mental de criança que acabou de deixar a fralda, não entendia as pergun- tas. Respondia uma ou outra, com uma voz que parecia um balbucio. Houve então sessões de piada tendo o garoto com o tema. [...]. A apresentação do bizarro na televisão é um recurso que dá resultado, sempre deu. O bizarro atrai a atenção do ser humano quase que por instinto, sem que ele raciocine. [...] Se os telespectadores ficam olhando curiosos, o ibope do pro- grama sobe e isso significa sucesso comercial: mais anúncios, mais faturamento. Qual é a fronteira, qual é a linha divisória entre o que se pode levar ao ar para atrair mais telespectadores? “É tênue a linha que divide o que é curioso e o que transforma a curiosidade em algo que ridiculariza uma pessoa”, arrisca o empresá- rio Sílvio Santos, dono do SBT, uma emissora que não raro transpõe essa linha. [...] FáOula • É um texto narrativo de caráter alegórico (representação abstrata), que trabalha o imaginário e que pretende transmitir alguma lição de fundo moral, tendo geralmente animais como personagens. A fábula constitui uma forma simples de narrativa. • Suas raízes remontam à antiguidade greco-romana, com Esopo e Fedro. La Fontaine (poeta francês) foi quem introduziu e aprimorou as fábulas antigas, fazendo com que chegassem até nós. 6 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO – Gêneros Textuais I Prof. Vânia Araújo www.grancursosonline.com.br • No Brasil, coube a Monteiro Lobato recriar as fábulas de La Fontaine e a Millôr Fernandes atualizar algumas das histórias clássicas. Millôr é também criador de algumas fábulas modernas cheias de humor e filosofia. OObs.:� quando uma fábula utiliza coisas como personagens, ela recebe o nome de apólogo. A fábula é um texto narrativo que simula comportamentos negativos de humanos em animais, com o intuito de dar ensinamentos moralizantes. Veja o exemplo da FÁBULA abaixo, escrita por Millôr Fernandes A CAUSA DA CHUVA Não chovia há muitos e muitos meses, de modo que os animais ficaram inquietos. Uns diziam que ia chover logo, outros diziam que ainda ia demorar. Mas não se chegava a uma conclusão. - Chove só quando a água cai do telhado do meu galinheiro – esclareceu a galinha. - Ora, que bobagem! – disse o sapo de dentro da lagoa. Chove quando a água da lagoa começa a borbulhar as gotinhas. – Como assim? – disse a lebre. Está visto que só chove quando as folhas das árvores começam a deixar cair as gotas d’água que têm dentro. Nesse momento, começou a chover. - Viram? – gritou a galinha. O telhado do meu galinheiro está pingando. Isso é chuva! - Ora, não vê que a chuva é a água da lagoa borbulhando? – disse o sapo. - Mas como assim? – tornou a lebre. Parecem cegos! Não veem que a água cai das folhas das árvores? MORAL.: Todab ab opiniõeb ebtão erradabs Millôr Fernandes (com adaptações).
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