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O CASO: A esposa de Asdrúbal está no 7º mês de gravidez. É o primeiro filho do casal após dez anos de vida em comum e depois de árduo e prolongado tratamento a que ambos se submeteram para conseguir a fecundação. Certo dia, em meio a exaltada discussão, Asdrúbal ouve do seu melhor amigo Brederodes que a mulher, supondo-o estéril, sem o seu conhecimento, usara o sêmen do próprio Brederodes e fizera inseminação artificial. Asdrúbal, transtornado por emoção intensa, aplica violenta surra em Brederodes, ferindo-o na cabeça com golpes de uma barra de ferro. Ainda muito emocionado, resolve castigar a esposa: amarra seus pés e mãos, arrasta-a até o automóvel, ata-a ao banco traseiro e, com ela assim imobilizada, sai em direção a uma distante e isolada chácara, onde pretende deixa-la isolada por alguns dias. No trajeto, determinado a impedi-la de fugir daquele local, entra em contato pelo celular com um segurança bancário seu conhecido e o contrata para vigiar a esposa. O segurança aceita o encargo. Contudo, arrependido, avisa a polícia, que consegue alcançar o automóvel nas proximidades da chácara; ao ser libertada, a mulher, muito assustada, começa a passar mal. Os policiais a conduzem rapidamente ao hospital, onde ocorre a expulsão do feto. O esforço dos médicos assegura a sobrevivência do prematuro. Entretanto, após três dias de internação, a mulher morre. A PROVA: Instaurada a ação penal, apura-se que Asdrúbal era mesmo o pai biológico do menino, pois Brederodes inventara a história da inseminação artificial no calor da discussão. A prova convence, também, que o acusado não pretendia prejudicar a gestação da esposa e que ficou muito aflito quando percebeu que ela estava passando mal, chegando mesmo a auxiliar no socorro. A perícia médica constata o seguinte: a) Brederodes sofreu traumatismo craniano provocado por instrumento contundente. Foi submetido a tratamento em regime de internação hospitalar por trinta dias; b) a causa da morte da esposa de Asdrúbal foi uma grave infecção contraída durante o período de internação; c) a criança, em razão das circunstâncias do nascimento, contraiu uma insuficiência pulmonar irreversível, que exigirá cuidados especiais por toda a vida. A SOLUÇÃO DO CASO IMPLICA A ANÁLISE DAS CONDUTAS DE ASDRÚBAL E BREDERODES À LUZ DA POSSÍVEL ADEQUAÇÃO TÍPICA, CONSIDERANDO OS DISPOSITIVOS DA PARTE ESPECIAL JÁ ESTUDADOS (ARTS. 121 A 149 DO CÓDIGO PENAL). DISPENSA-SE DOSIMETRIA OU EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
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