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fases do projeto

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Fonte: Desenho Técnico Moderno / Arlindo Silva... [et al.]; tradução Antônio Eustáquio de Melo Pertence, 
Ricardo Nicolau Nassar Koury. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro : LTC, 4ª Edição, 2010. 
 
O DESENHO TÉCNICO NAS VÁRIAS FASES DE PROJETO 
 
O desenrolar de um projeto tem várias fases bem definidas, no decorrer 
das quais as várias áreas de Engenharia desempenham um papel específico. O 
desenho técnico é uma ferramenta usada em todas as fases do projeto. O Exemplo 
1 mostra como essas fases decorrem num projeto concreto. Todos os projetos 
passam, implícita ou explicitamente, por estas fases, quer seja o projeto de uma 
lata de refrigerante, quer seja o projeto de um automóvel. 
 
FASE 1 - Identificação do problema 
A origem de qualquer produto novo ou a alteração de um produto existente 
resulta de uma necessidade do mercado. Esta fase não é mais do que a tomada de 
conhecimento de uma necessidade do mercado e a identificação do problema de 
criação de um novo produto. É recolhida informação sobre o produto, como 
estudos de mercado, estudos sobre produtos da concorrência, caso existam, etc. 
Definem-se objetivos gerais, tais como requisitos, prazos de execução e custos 
aproximados. 
 
FASE 2 - Desenvolvimento de conceitos 
Esta é a fase mais criativa de todo o processo. Uma idéia pode gerar muitas 
outras idéias, e, embora nem todas possam ser executadas, ou algumas sejam 
mesmo absurdas, é necessária alguma discussão para que se atinjam soluções 
viáveis para a resolução do problema. Não se deve eliminar nenhuma idéia, ainda 
que de início ela não seja viável. Todas as idéias, esboços ou notas, devem ser 
registradas e guardadas para a fase seguinte. Nesta fase, o esboço representa, um 
papel importante. Eventualmente, podem ser apresentados a um potencial 
consumidor do novo produto um ou mais conceitos resultantes desta fase do 
projeto, quando então se anotam suas reações, boas ou más, e suas sugestões. 
 
 
FASE 3 - Compromissos 
 
Fonte: Desenho Técnico Moderno / Arlindo Silva... [et al.]; tradução Antônio Eustáquio de Melo Pertence, 
Ricardo Nicolau Nassar Koury. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro : LTC, 4ª Edição, 2010. 
 
Tomando agora os conceitos e idéias da fase anterior, ponderam-se os prós e os 
contras de cada solução possível. São estudadas a produção, manutenção e 
reciclagem de componentes. Desta análise, surge uma solução de compromisso, 
que conduz a novos esboços de projeto, agora mais refinados e com mais 
informação no que se refere a materiais e processos de fabricação. Dependendo 
do sistema em análise, devem ser efetuados alguns cálculos com modelos 
simplificados, como, por exemplo, resistência, velocidades ou acelerações, 
temperaturas de funcionamento, estimativas de duração. Em seguida, fazem-se 
modelos dos componentes, em geral num sistema de CAD/CAE. A montagem de 
componentes de todo o mecanismo permite detectar interferências entre os 
diversos componentes. Os modelos podem ser aproveitados para fazer um 
dimensionamento prévio direto com uma interface para programas de cálculo. 
Devem ser feitos compromissos entre as diversas soluções possíveis. 
O custo deve sempre estar à frente dos compromissos assumidos, pois por melhor 
que seja o produto ele deve ser sempre vendido com uma margem de lucro, senão 
todo o investimento feito nesta fase será perdido. A experiência adquirida com o 
desenvolvimento de outros produtos e o senso comum são de importância crucial 
no dimensionamento de componentes não críticos. Só se deve recorrer a 
sofisticados programas de cálculo ou a meios experimentais quando o 
componente é crítico para o funcionamento do mecanismo. 
 
FASE 4 - Modelos/Protótipos 
Pode haver necessidade de fazer um protótipo, em escala ou em tamanho real 
para efetuar testes variados, como facilidade de fabricação, testes aerodinâmicos, 
de durabilidade, ou simplesmente para verificar a aparência do produto. Os testes 
efetuados no modelo poderão eventualmente ditar uma alteração profunda na 
montagem do produto ou no seu processo de fabricação de determinado 
componente caso isto se tenha revelado demasiado moroso ou demasiado 
complicado. Esta fase é bastante importante quando o produto a ser desenvolvido 
é muito complicado, com um elevado número de componentes. 
O DESENHO ASSISTIDO POR COMPUTADOR 
 
Fonte: Desenho Técnico Moderno / Arlindo Silva... [et al.]; tradução Antônio Eustáquio de Melo Pertence, 
Ricardo Nicolau Nassar Koury. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro : LTC, 4ª Edição, 2010. 
 
 
O desenvolvimento da Informática durante as últimas décadas tem 
desempenhado um papel preponderante em todos os domínios da atividade 
humana, em especial na Engenharia, tanto no que diz respeito ao cálculo, como 
no que diz respeito ao desenho. 
A utilização cada vez mais generalizada de sistemas de CAD (do inglês 
Computer Aided Design, ou Projeto Assistido por Computador) como auxílio à 
concepção e projeto nos vários domínios da Engenharia - Civil, Mecânica, 
Eletrotécnica, da Arquitetura - e do Design Industrial tem constituído um impulso 
sem precedentes no desenvolvimento industrial, da educação e da investigação. 
De um modo sucinto, um sistema CAD consiste em software que 
apresenta um conjunto de comandos específicos para operações de desenho 
(linhas, polígonos, sólidos geométricos) e sua manipulação (ampliação, 
deformação, mudanças de escala, cópias, translações etc.). 
 
EXEMPLO 1 – Projeto de uma cadeira de rodas para deficientes físicos 
 
 
 
Fonte: Desenho Técnico Moderno / Arlindo Silva... [et al.]; tradução Antônio Eustáquio de Melo Pertence, 
Ricardo Nicolau Nassar Koury. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro : LTC, 4ª Edição, 2010. 
 
 
 
 FASE 1 - Identificação do problema. A firma X fez um estudo 
de mercado, consultando várias associações de deficientes, e 
organismos estaduais e recolheu opiniões isoladas de deficientes 
físicos a respeito das cadeiras de rodas existentes no mercado e 
das cadeiras de rodas que cada indivíduo possui, ou gostaria de 
possuir. Concluiu que: (a) 60% dos usuários de cadeiras de 
rodas pertencem à faixa etária entre os 18 e os 35 anos; (b) 90% 
dos usuários usam uma cadeira de rodas clássica universal, em 
aço, com poucas possibilidades de adaptação individual, com 
peso em torno de 20 kgf e de baixo custo; (c) 80% dos usuários 
gostariam de ter no mercado uma cadeira leve, de baixo custo, 
totalmente ajustável, com "ar desportivo", que facilitasse ao 
 
Fonte: Desenho Técnico Moderno / Arlindo Silva... [et al.]; tradução Antônio Eustáquio de Melo Pertence, 
Ricardo Nicolau Nassar Koury. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro : LTC, 4ª Edição, 2010. 
 
máximo sua vida do dia-a-dia. O problema identificado é a 
inexistência de cadeiras de rodas com as características que os 
usuários mais gostariam de ver nas suas cadeiras: baixo peso, 
baixo custo, ajustável e atraente. 
 
FASE 2 - Desenvolvimento de conceitos. A firma X reúne o seu 
grupo de engenheiros, e delineia as linhas de desenvolvimento 
do novo produto. A nova cadeira deve ser leve (peso inferior a 
10 kgf). Esse requisito pode ser atingido com o emprego de ligas 
leves (alumínio, magnésio ou fibra de carbono). Deve ser de 
baixo custo, quer de aquisição quer de manutenção. O baixo 
custo de aquisição pode ser atingido se os procedimentos de 
trabalho na linha de produção forem otimizados e o desperdício 
de material for reduzido ao mínimo. O baixo custo de 
manutenção pode ser atingido pelo conhecimento a fundo dos 
processos de fabricação e através de testes exaustivos de fadiga 
em protótipos, aumentando a durabilidade dos seus 
componentes. A cadeira deve ser ajustável acada indivíduo. Este 
requisito pode ser atingido se a cadeira possuir alteração da sua 
forma, como a alteração dos mecanismos de ângulo entre o 
assento e as pernas, do ângulo entre o assento e as costas, ou 
cambagem das rodas, ajustando-se a cada pessoa. A 
possibilidade de remover as rodas sem o auxílio de ferramentas 
e o fechamento da cadeira também pode ser importante para o 
usuário ativo, que conduz o seu próprio carro, quando da 
transferência da cadeira para o carro, sendo mais fácil a 
arrumação da cadeira dentro do carro. A cadeira deve ser 
atraente e ter um "ar desportivo". Este requisito é atingido se a 
cadeira se assemelhar às cadeiras desportivas, com o mínimo de 
acessórios, com cambagem nas rodas traseiras, pintada de cores 
vivas (ao gosto do utilizador). 
 
Fonte: Desenho Técnico Moderno / Arlindo Silva... [et al.]; tradução Antônio Eustáquio de Melo Pertence, 
Ricardo Nicolau Nassar Koury. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro : LTC, 4ª Edição, 2010. 
 
 
FASE 3 - Compromissos. O peso, a rigidez e, conseqüentemente, 
a manobrabilidade da cadeira seriam excelentes se fosse 
empregada fibra de carbono na sua produção, mas sua 
fabricação em série seria bastante complicada e seu custo 
proibitivo. O alumínio é um bom material para a construção da 
cadeira, pois oferece a vantagem do peso relativamente ao aço, 
não perde em rigidez estrutural e é mais barato que o titânio. O 
baixo custo da fabricação leva à necessária utilização de perfis 
normalizados soldados entre si, embora a solução com menor 
peso e maior rigidez fosse a extrusão de perfis ou fundição de 
peças especiais para a cadeira, reduzindo assim também os 
custos de manutenção. 
 
FASE 4 - Protótipos. A firma X executou diversos protótipos da 
cadeira, tendo efetuado algumas alterações de peças que não 
resistiram de modo satisfatório aos testes de fadiga, impacto e 
segurança impostos pelas normas ANSI/RESNA partes 1, 3, 8 e 
16. Alguns elementos foram reforçados e os desenhos finais de 
fabricação elaborados, considerando-se estas alterações. Como 
a firma X usou desde o início uma modelagem 3D parametrizada 
da sua cadeira, bastou-lhe alterar as dimensões das peças que 
era necessário modificar e os restantes componentes refletiram 
imediata e automaticamente as alterações. Sem a ajuda preciosa 
da modelagem tridimensional, esta firma teria perdido mais 
tempo em alterar individualmente os desenhos das peças 
envolvidas, correndo o risco de deixar alguma de fora! 
 
Estes comandos estabelecem com o usuário uma "interface" direta e fácil, 
de acesso ao desencadeamento de cada algoritmo ou algoritmos do domínio da 
Computação Gráfica - ciência multidisciplinar que relaciona aspectos da 
 
Fonte: Desenho Técnico Moderno / Arlindo Silva... [et al.]; tradução Antônio Eustáquio de Melo Pertence, 
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matemática, da geometria e da ciência computacional. O desenvolvimento de 
algoritmos específicos a algum dos domínios da Engenharia e da Arquitetura 
permite definir comandos especificamente dirigidos a operações freqüentes nesse 
domínio e a constituição de Sistemas CAD específicos. Os sistemas CAD podem, 
hoje em dia, abranger as várias fases de projeto e, em alguns casos, também de 
produção. Estes sistemas permitem a articulação entre si de vários módulos: 
CADD (Computer Aided Design and Drafting), CAE (Computer Aided 
Engineering), AEC (Architectural, Engineering and Construction) e CAM 
(Computer Aided Manufacturing). Por vezes, referimo-nos ao CAD como 
Computer Aided Drafting, embora a sigla se refira a Compuser Aided Design. Ao 
longo do texto a sigla CAD será usada para denominar Computer Aided Drafting, 
como rotineiramente se faz. O desenho assistido por computador tem grandes 
vantagens em relação aos métodos tradicionais de desenho. Algumas dessas 
vantagens são enumeradas a seguir: 
 No desenho técnico clássico de prancheta, feito inteiramente a mão, a 
inserção de símbolos repetitivos normaliza dos era feito, em geral, com recurso 
de normógrafos ou folhas de decalque, na escala do desenho. Com o CAD, a 
inserção de símbolos normalizados é direta, se existir uma base de dados de 
símbolos, o que acontece com quase todos os pacotes comerciais de CAD, e 
diretamente em escala para a dimensão pretendida; 
 No desenho técnico clássico de prancheta, qualquer erro cometido no 
papel vegetal era corrigido raspando-se a folha com uma lâmina e desenhando-se 
por cima. Em CAD, os erros são tão fáceis de corrigir como num processador de 
texto comum. Além disso, os desenhos podem ser guardados em suporte 
magnético, nunca perdendo qualidade (como acontece nos arquivos de papel 
vegetal) e podendo, a qualquer momento, serem alterados ou aproveitados de 
novo; 
 As construções geométricas que tanto tempo demoram se feitas a mão, tais 
como tangentes, elipses etc., são automáticas nos sistemas de CAD, poupando 
muito tempo ao desenhista e oferecendo uma apresentação muito superior; 
 A elaboração de relatórios ou catálogos de marketing e publicidade é 
 
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automática, pois se pode fazer a importação dos desenhos em suporte magnético 
dos sistemas de CAD para os sistemas de edição e formatação de texto; 
 A utilização, em particular, de sistemas de CAD a 3D tem as vantagens 
acrescidas da construção dos objetos diretamente a três dimensões, sendo 
possível, imediatamente, a verificação de zonas de interferência com a análise 
cinemática em mecanismos, a análise estrutural dos componentes e do conjunto 
por elementos finitos (com uma interface adequada para um software de análise 
estrutural) e - talvez a maior e mais importante vantagem - a obtenção direta da 
representação dos objetos em vistas múltiplas e/ou em qualquer perspectiva 
desejada. O Capítulo 2 apresenta alguns exemplos (arquivo em anexo).

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