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Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 1 → Fatores de risco: Os fatores que influenciam o câncer gástrico nós sabemos que é a associação com o H. pylori, uma relação indireta com o adenocarcinoma gástrico, uma relação direta com o linfoma gástrico. A questão do fumo, a questão da obesidade, que é responsável por uma alteração epidemiológica do câncer gástrico. O câncer gástrico há 30 anos atrás era uma doença distal do estomago. No primeiro mundo, como a obesidade é hoje um problema de saúde pública, ela promove o deslocamento do câncer gástrico da sua parte distal (o antro), para sua parte proximal (o cardia). A ingesta alta de sal também está relacionada, e a baixa ingestão de frutas e vegetais. Existem uns fatores que estão associados ao câncer gástrico que são prevalentes e independem dos hábitos do paciente, a associação da ração, a etnia, a idade maior que 40 anos, a história familiar, e o sexo, pois a incidência em homens é muito maior do que em mulheres. → H. Pylori: Ele faz parte da flora do nosso estomago. No século 18 um cirurgião inglês chamado John Hunter, produziu a primeira caixinha de lamina com exemplos histológicos de vários tecidos humanos. Essa coleção dele existe até hoje, preservada na real sociedade inglesa de cirurgia. Nos anos 80, quando começou a discutir o papel da H. Pylori na doença gástrica, o histologista da universidade de Londres solicitou que tivesse acesso a essa caixa do John Hunter, e eles deram essa autorização. 100% das amostras de estomago normal tinha H. Pylori. A gente não nasce com ele. A mãe passa para a gente na amamentação. Dos anos 80, 90 para cá, começou-se a tratar sistematicamente o H. Pylori. Ou seja, existem hoje pessoas que não tem H. Pylori na flora, porque quando nasceram a mãe estava tratando a gastrite e teve o seu H. Pylori erradicado da mucosa gástrica. Então, você tem hoje um percentual da população em primeiro mundo que não tem H. Pylori. Então, a gente sabe que o H. Pylori presente na gastrite tem relação indireta com o adenocarcinoma gástrico e tem relação direta com o linfoma gástrico. Ausência de H. Pylori tem relação com o aparecimento do câncer do cardia. Metaplasia intestinal é um estado intermediário entre um estomago inflamado e a neoplasia de estomago. Então, eu tenho um estomago e o H. Pylori habita o espaço entre a cobertura de muco e o epitélio. Então, o primeiro passo para o aparecimento das duas maiores neoplasias gástricas é o aparecimento de uma gastrite crônica. E além da gastrite crônica, caracterizada por um infiltrado inflamatório extenso, pontos pretos na imagem, eu tenho a presença de transformação das células da mucosa gástrica em metaplasia intestinal. Esse é o cenário que leva a transformação, tanto para o adenocarcinoma gástrico, quanto para o linfoma gástrico. Então o surgimento da neoplasia gástrica estaria relacionado com a progressão sequencial da gastrite crônica para a gastrite atrófica, metaplasia intestinal, displasia e por fim, carcinoma. Essa sequência de carcinogenese gástrica, também chamada de cascata de correia, seria iniciada pela infecção pelo H. Pylori. Por esse conceito, a gastrite atrófica e a metaplasia intestinal são consideradas lesões precursoras do câncer gástrico, especificamente para o tipo intestinal, que é o tipo mais brando do câncer gástrico. Contudo, somente uma minoria de pacientes com metaplasia intestinal ira progredir para neoplasia, e nós não sabemos quem. Não sabemos quais são os fatores que levam esse pequeno grupo a evoluir para câncer gástrico. Ao contrário dos pacientes com esôfago de Barret, não existe nenhum protocolo definitivo para seguimento de pacientes com metaplasia intestinal gástrica. Então quando eu tenho um paciente que tem esôfago de barret, eu tenho que estabelecer um protocolo de acompanhamento pela possibilidade do surgimento de displasia e evolução para câncer de esôfago. No caso de metaplasia intestinal não existe nenhum protocolo estabelecido. Por que? Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 2 Porque a doença, no primeiro mundo, segue em mutação. Então, a doença em um lado do pais, é diferente da doença em outro pais, a doença se comporta de maneiras diferentes. E como você tem esses aspectos epidemiológicos muito restritos, não existe um acordo geral de protocolo de acompanhamento desses pacientes. Outro problema é a questão da multicentricidade. Nós vamos ver que o adenocarcinoma gástrico pode se iniciar em vários pontos do estomago ao mesmo tempo. Então um grupo de biopsias negativas não significa que o paciente não tenha já instalado nele o adenocarcinoma gástrico. Então, o seguimento endoscópico para pacientes com metaplasia intestinal gástrica não pode ser recomendado para todos os pacientes. Um dos piores resultados do mundo no tratamento para câncer gástrico é nos EUA. Paciente com risco aumentado para neoplasia gástrica ou condições ambientais de risco poderiam ter algum benefício. Aqui a gente destaca pacientes que tenham histórico familiar de câncer de estomago e pacientes que já tem algum outro tipo de câncer, como por exemplo mama, colo, são pacientes que devem ter o acompanhamento diferenciado. Nos pacientes sob seguimento, a coleta de biopsias gástricas deve mapear topograficamente todo o estomago quanto a sua histologia. Então, quando você biopsia um estomago que tem metaplasia intestinal, você tem que ter o cuidado de biopsiar a maior área possível desse estomago para que esse resultado seja realmente confiável. Pacientes com metaplasia intestinal e áreas de displasia de alto grau confirmada possuem um alto risco para progressão para câncer e deveriam ser considerado tratamento endoscópico cirúrgico. Existe um consenso que na presença de metaplasia intestinal e displasia de alto grau, o paciente deverá ser submetido a gastrectomia total, porque provavelmente ele não tem uma única área assim, ele tem grande parte da cobertura da mucosa dele envolvida com esse problema. A erradicação da H. Pylori permanece controversa nos pacientes com lesões gástricas. Então se eu já tiver lesão intestinal e eu erradicar o H. Pylori, não existe garantia nenhuma que essa erradicação impeça a progressão dessa metaplasia intestinal para câncer. Todas as doenças que nós tratamos, a exceção das infecções bacterianas e virais com etiologia conhecida, são produtos da interação de múltiplos fatores. Então não existe um culpado. A gente pode incriminar o H. Pylori no sentido que ele participa da evolução dessa doença, mas ele não é o único fator etiológico e nem o fator mais importante. As coisas controversas são um consenso da sociedade de endoscopia do brasil. Não precisa de biopsia em todos os pacientes que realizam endoscopia digestiva alta. Até porque biopsias às cegas vão se traduzir em resultados pouco confiáveis. Biopsias devem ser realizadas quando houver alterações endoscópicas. O endoscopista deve procurar essa alteração e focar nela. Quando realizadas as biopsias, mapear o estomago para a histologia e para o seguimento, populações de risco como idosos, história familiar de câncer gástrico, devem realizar biopsias. Cromoendoscopia pode ser útil no reconhecimento de áreas de metaplasia. O que é cromoendoscopia? É o lugol. Quando você está fazendo a colposcopia, fazendo o exame do colo do útero, eu uso o lugol para fazer o teste de schiller, porque ele mapeia os lugares onde o glicogênio é baixo. Onde o glicogênio é baixo quer dizer que eu tenho um consumo energético muito alto e da suspeita de transformação histológica. Eu posso fazer no esôfago e no estomago. Eu tentar encontrar no estomago áreas de alto consumo de glicogênio que seriam áreas sinalizadas com mudanças celulares.Então a matificacao de imagens com endoscopia virtual surge como alternativas promissoras. A estatística de câncer gástrico é diferente dependendo do pais e da região que você esteja. No Japão ela é altíssima, na china, no ira, na américa do Sul, em Portugal, na Espanha, Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 3 é muito alta. Na verdade, essa estatística de 10% em 5 anos é a estatística americana. Para nós, a sobrevida é muito mais alta. O estomago operado geralmente em torno de 20 anos após a cirurgia, a incidência de câncer é altíssima. E a gastrite atrófica crônica. As mudanças da mucosa crônica: displasia de alto grau, esôfago de barret, adenoma gástrico e metaplasia intestinal. O risco genético: a história de câncer gástrico familiar, a adenomatose familiar, a inflamação hereditária não-poliposa, etc. Eu tenho então o estomago, o lugar mais comum de aparecimento ainda é a região da incisura angular, da transição do corpo para o antro. Eu divido ele em tipos. O tipo 1 é uma lesão levemente alterada, é restrito a mucosa. Se eu for analisar os linfonodos desse paciente, 14 a 18% dos pacientes nessa situação já tem metástase linfonodal. Então, nós estamos falando de uma doença que tem um potencial agressivo muito grande. O endoscopista agora vê uma lesão que se parece com uma ulcera normal, não dá para dizer que aquilo é um câncer de cara. O que chama atenção nesse exame? Uma coisa discreta, que é a mucosa, ela vem sem muita diferença e tem um grau pequeno de infiltração. Então se eu for biopsiar isso, eu biopsio nessa lesão. Seu biopsiar aí eu pego necrose. Então se eu quero saber se uma ulcera é benigna ou maligna eu vou fazer uma biopsia na transição dela, e eu vou escolher uma área em que eu tenha alteração da mucosa. Normalmente, no câncer gástrico a gente vê lesão vegetante, sangrativa, ou uma ulcera com vegetação, etc. A apresentação clinica é desconforto ou dor. Como você tem o câncer gástrico, você tem sempre o desconforto epigástrico. Por isso, se eu quero que vocês guardem alguma coisa da aula de hoje, eu quero que vocês guardem que esse paciente com queixa digestiva, merece pelo menos uma endoscopia. Nunca trate ninguém sem ter feito uma endoscopia. Essa é a chance que o paciente tem de um diagnostico precoce. Se eu tiver que fazer mil endoscopias para ter um ou dois exames relevantes, com esses dois exames eu mudo a história natural da doença. Toda queixa dispéptica tem que ter pelo menos uma endoscopia inicial para você saber com o que você está lidando. Então, anorexia com saciacao precoce, perda de peso, vomito, deficiência de ferro, linfadenopatia, como por exemplo o linfonodo de virchow. Todo paciente precisa ser examinado. Nódulo de virchow é aquele que aparece na região supraclavicular esquerda. Ele acontece não só no tumor de estomago, mas também no tumor de esôfago. Nódulo de Ireland é um gânglio comprometido por doença neoplásica que aparece na axila. Sinal de sister-mary-joseph ou sinal de irmã maria Jose é a lesão metastática para cicatriz umbilical. E prateleira de plummer é a presença do implante no fundo de saco de douglas. Todo paciente de câncer gástrico ele tem que ser examinado. Todo paciente com suspeita de câncer gástrico tem que receber um toque retal. O primeiro lugar de implante de metástase peritoneal é o fundo de saco. É inadmissível você operar um paciente e descobrir implante em fundo de saco porque você não fez um toque retal. Câncer gástrico precoce normalmente é assintomático. Por isso a associação dele com doença neoplásica, com doença inflamatória de estomago, ela é muito boa, porque permite a gente uma forma de diagnosticar. O câncer gástrico está aumentando por conta do envelhecimento da população. Nós estamos envelhecendo mais não porque seja um produto da evolução do nosso sistema de saúde, ou que seja um produto da maravilha do ambiente em que nós vivemos, isso é falso. A espécie humana é a espécie que faz mutação numa velocidade absurda. E outra coisa que muda é a expectativa de vida. No brasil você saiu de 55 anos que era a expectativa dos anos 60 para uma expectativa de 75 anos hoje em dia. O câncer gástrico precoce tem um prognostico melhor, mas é assintomático e não oferece a chance de um achado endoscópico, a não ser a associação dele com fenômeno dispéptico. Então diagnostico diferencial: ulcera Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 4 gástrica benigna, linfoma gástrico, pólipos benignos e pseudopolipos, pólipos hiperplásicos, GIST que é o gastrointestinal stromal tumor. Tumorcarcinoide, a gastrite por helicobacter, doença de menetrier, e outras infiltrações do estomago e doença de crohn, amiloidose, sarcoidose, e sarcoma de kaposi. Então como eu vou estabelecer o diagnóstico? A chave é a endoscopia digestiva. Por isso que toda chance que o paciente lhe der para fazer endoscopia digestiva, faca, você pode mudar a história natural da doença. E o enema com bário, que é o exame contrastado. Tomografia computadorizada dificilmente dá o diagnóstico precoce, você vê a doença num estágio tardio, ultrassonografia é difícil, ultrassom endoscópico é um método interessante. Ele vai ver se existem linfonodos próximos a lesão, e com ele eu posso biopsiar esses linfonodos. Se eles forem negativos eu posso fazer somente o tratamento local. O PET CT, PET SCAN é um método interessante também, mas existe um percentual de tumor gástrico que não aparece nele. Qual é o tipo de câncer de paciente que a gente se defronta com ele? É o paciente de câncer avançado. A classificação de Borrmann é fundamental para dar a diferença desse paciente. Borrmann 1 é a lesão vegetante, elevada, polipoide vegetante. Borrmann 2 é a lesão ulcerada. Eu tenho uma ulcera de estomago que parece uma ulcera benigna, a diferença é o tamanho da ulcera. As ulceras ligadas a malignidade são maiores que 1cm, quando eu vou biopsiar eu biopsio na borda da lesão, nunca no fundo. Borrmann 3 eu tenho a mesma ulcera, só que eu tenho infiltração da borda. Borrmann 4 a lesão é difusa, e infiltra todas as camadas do órgão. Agora a classificação de Lauren. Eu divido basicamente o adenocarcinoma gástrico em intestinal e difuso. Essa diferença é fundamental. No intestinal eu tenho um maior número de esporádicos, ou seja, doenças que foram adquiridas por reações inflamatórias do relacionamento dele com a vida, então eu tenho a presença de gastrite atrófica e de metaplasia intestinal. Esse é o tipo mais comum do Japão. Mais homens do que mulheres. Aumenta a incidência conforme o envelhecimento. Formação de glândulas. Disseminação hematogenica preferencial. Estabilidade microssatélite, o gene tem uns agregados de RNA que formam como se fossem apêndices em volta do gene, e eles são responsáveis pela estabilidade na hora da duplicação celular. Quando eles são lesionados na presença de doença inflamatória, eu tenho o que se chama de estabilidade microssatélite, provocando mutação no gene APC, inativação do p53 e do p16 que são parte do cromossoma. Difuso tem associação com sangue A positivo Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 5 ou negativo, mais frequente em mulheres do que homens, são geralmente de idades mais nova, são pacientes jovens, pouco diferenciado ou indiferenciados, e a presença de células em anel de sinete. Ele invade outros órgãos com facilidade, e a disseminação é preferencialmente linfática. Queda da produção de e caderina (?), p 53, p16 inativados. Quando eu tenho esse tipo de câncer eu posso fazer uma ressecção localizada dele, eu não preciso retirar todo o estomago. Quando eu tenho esse tipo de câncer, eu só tenho uma cirurgia para fazer: gastrectomia total. (Ele apontou, mas não sei qual quefaz qual tipo de cirurgia). Então, na classificação da OMS eu tenho 5 categorias principais: adenocarcinoma, adenoescamoso, carcinoma escamoso, indiferenciado e sem classificação. O adenocarcinoma é subdividido em papilar, tubular, mucinoso, anel de sinete. Anel de sinete e mucinoso são canceres de uma agressividade maior. E aqui normalmente quando eu tenho isso a indicação é uma gastrectomia total. Tem a classificação TNM, é define a profundidade da lesão, N o número de linfonodos e M a presença ou não de metástases a distância. O número de linfonodos, o corte é esse, 15. Ate 15 linfonodos positivos, eu tenho como oferecer possibilidade de cura ao paciente. Então por isso, o número mínimo de linfonodos que eu tenho que tirar para minha linfadenectomia ser válida é 16. Se eu to dizendo que 15 é o número máximo de linfonodos comprometidos para o paciente ter prognostico eu tenho que tirar pelo menos 16 linfonodos, o ideal é tirar mais que isso. Se eu tiver mais que 15 linfonodos comprometidos o paciente não tem prognostico, a chance de óbito é muito grande. Então, o que eu tenho que ver no estomago? É o grau de invasão da parede. É a invasão de estruturas adjacentes. Dependendo da estrutura invadida eu posso ter o que oferecer ou não, dependendo do N acometido, eu posso ter o que oferecer ou não. No N ou eu tenho ou eu não tenho. Então na presença do N eu não tenho nada a oferecer. O estadiamento leva em conta isso. Invasão de outros órgãos é T4. N0M0 eu tenho o que oferecer para ele. Agora qualquer invasão T4 com qualquer N, eu não tenho mais nada para oferecer. Eu tenho ultrassom endoscópico, o que eu consigo ver? Eu vejo o tumor. Eu tenho a parede do estomago e a infiltração tumoral, reparem que ele avança pela parede do órgão. Eu tenho uma TC mostrando um estomago aumentado de tamanho, com resíduo alimentar e uma área de estenose próxima ao antro. Tratamento para o câncer gástrico é ressecção cirúrgica. A única possibilidade de cura é a ressecção cirúrgica. O câncer avançado é a cirurgia radical. E a possibilidade de combinar com quimioterapia neoadjuvante e quimioterapia adjuvante. Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 6 → Apresentação clínica: Ele pode ser assintomático. Na apresentação precoce o desconforto epigástrico, a queimação, isso aqui é as vezes a única coisa que você tem para fazer o diagnóstico, por isso a importância de valorizar ele e pedir endoscopia. Na doença avançada temos perda de peso, anorexia, fadiga e vômitos frequentes. Os sintomas dependem da localização do tumor. Quanto mais distal maior a chance de vomito, quanto mais proximal, maior a dificuldade de deglutição. Então temos virchow, periumbilical o sister mary joseph, presença de metástase peritoneal na prateleira de plummer, tumor de krukenberg. Por que que a massa metastática de ovário recebe um eponimo especifico? Porque essa metástase tem vida própria. É uma das poucas indicações de você abordar um paciente com doença avançada para você retirar metástase. Ele tem um potencial de diferenciação isolado. Quando eu tenho tumor de krukenberg eu sou obrigado a operar esse paciente. E hepatomegalia. Mesmo com a mudança do TNM ele vai continuar assim: o T1 limitado a submucosa, T2 a muscular própria, T3 invade todas as camadas, T4 ultrapassa a serosa. Aonde é o lugar mais comum de ter câncer gástrico? Incisura angular. Cada linfonodo desse é numerado porque no Japão, onde começaram a fazer isso, quando eles estão operando, eles têm um negócio de plástico aberto em cima da mesa. Cada linfonodo que eu tiro é como um jogo de bingo. Se eu tenho um linfoma de antro, os linfonodos que recebem inicialmente a drenagem dessa região são o 12D, o 5, o 13, o 6 e o 4 e o 18. Então, se eu for fazer uma cirurgia D1 eu retiro os linfonodos que recebem a drenagem diretamente da região que eu to operando. Agora quando eu tenho um tumor de antro, o 12D ou 5 eles drenam para o 9, então a drenagem secundaria dele vai para o 9. Então se eu vou fazer a cirurgia D2 eu incluo a drenagem secundaria. Então, eu tenho que saber quem é drenagem primaria e quem é drenagem secundaria. Na drenagem secundaria eu faço a cirurgia D2. Então, hoje o padrão para cirurgia gástrica é ressecar linfonodos da drenagem secundaria daquela região. E isso muda conforme a localização do câncer. Então a D1 e D2 mudam conforme a localização do câncer. → Tratamento cirúrgico: É a ressecção, gastrectomia com a linfadenectomia a D2. A mudança é a questão do aumento da incidência do tumor no cardia, que é mais avançado que quando se apresenta fora dessa região. A incidência de gastrectomia proximal aumenta por conta disso. Então eu tenho um tumor da incisura angular, é um tumor do tipo intestinal. O que eu faço? Uma gastrectomia subtotal. Eu vou tirar o antro e uma parte do corpo e faço uma reconstrução em B2. Eu tenho um tumor alto, na curvatura menor localizada próxima ao cardia, eu faço uma gastrectomia total e a reconstrução é em Y de Roux. Paliação é muito ruim, a gente tem algumas técnicas, todos esses pacientes devem fazer quimioterapia. É muito importante ressaltar que a quimioterapia não é efetiva em 40% dos pacientes com câncer gástrico e a doença vai evoluir de forma importante. Outra coisa é que essa é a grande limitação da neoadjuvancia. Se eu tenho um paciente com condição de operar, eu devo operar. Se ele está em condição intermediaria, vale a pena fazer neoadjuvancia. Ela não é um consenso. Ela deve Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 7 ser reservada para aquele paciente que eu tenho ideia que a doença está mais avançada e seria o ideal para ele. Se eu tenho doença avançada aí eu não chamo mais de neoadjuvancia, eu chamo de quimioterapia de resgate, eu faço uma redução do estadiamento. São 3 situações então: eu tenho um paciente que me parece que tem uma doença limitada ao estomago, eu vou lá e opero ele. De acordo com o número de linfonodos acometidos, eu indico ou não indico quimioterapia para ele. Eu tenho um paciente que na tomografia aparece com múltiplos linfonodos comprometidos. Eu faço a neoadjuvancia. Eu tenho um paciente que tem metástase hepática, que tem infiltração de outros órgãos, eu faço quimioterapia a fim de realizar o down stage. E quanto pior for o estadiamento, menor a sobrevida do paciente. Linite gástrica que é o borrmann 4. Eu não vejo uma lesão, eu tenho um estomago completamente infiltrado pela doença, que ele funciona como uma bolsa de couro, rígida. Ele não relaxa. Na gastrectomia subtotal, a gordura foi comida pelo tumor, invasão de gordura adjacente, é um T4. Hoje chamado de T4a. isso é um borrmann 2. Agora tenho um tumor de estomago que invadiu o duodeno, eu faço uma duodenopancreatectomia junto coma ressecção do piloro. Eu abri, é um borrmann 3, tem a ulcera e tem a infiltração. O que mudou na classificação TNM? T1a na lamina própria. T1b na submucosa. T2 muscular própria. T3 subserosa. T4a perfura a serosa. T4b invade outras estruturas. E o N mudou agora pra N0 e N1 de 1 a 2 linfonodos positivos. N2 de 3 a 6 linfonodos. N3a de 7 a 15. E N3b mais de 16. É exatamente aquele ponto de corte. N3b é o paciente que perdeu o seu prognostico. Estagio 1: T1 T2 N0 M0. Estagio 1 2a: T1 T2 N1 N2 e N3. Estagio 1 2b: T3 T4a N0 e M0. Estagio 3: T3 T4a N1 N2 N3. Estagio 4a Tb N0. O estadiamento serve para dizer que este prognostico vai mudando. → Adenocarcinoma de esôfago: Falaremos rapidamente do adenocarcinoma da junção esôfago gástrica. Existe a classificação de Siewert. Ele classifica esses tumores, que é muito difícil dizer se são do esôfago ou do estomago, como uma entidade separada. Siewert1 é o que acontece no esôfago, 1 cm acima do cardia até 5 cm. Eu trato ele como se fosse tumor de esôfago. Siewert 3 é o que acontece 2 cm abaixo do cardia, eu trato ele como tumor de estomago. O problema é o siewert 2, que eu sou obrigado a tratar como um tumor de esôfago no estomago. Eu tenho que ser radical. → Linfoma gástrico: É o tumor diretamente relacionado com o H. pylori. Então eu vou ter principalmente do tipo malt a relação total e absoluta com o H. Pylori. Significa que se eu tratar o H. Pylori no linfoma tipo malt, eu curo o paciente. É uma doença infiltrativa, eventualmente sangra e eventualmente ulcera. Mas ela é uma doença da submucosa, então se eu for biopsiar uma suspeita de linfoma eu tenho que biopsiar mais profundamente na parede. O tratamento do linfoma gástrico não é cirúrgico. A cirurgia do linfoma gástrico está guardada para a resistência e complicação do tratamento. Dos tipos de linfoma gástrico o mais interessante é o malt, porque ele tem uma associação absoluta com H. Pylori e eu tratando o H. Pylori eu curo a doença. Nos outros, o tratamento é quimio ou quimio e radioterapia. 5% dos linfomas gástricos podem perfurar durante o tratamento e aí eu tenho um problemão. De todos os linfomas gástricos, o pior é o linfoma de burkit, porque é o que mais perfura durante o tratamento, e as vezes quando perfura não oferece possibilidade de voce fazer nada. Geralmente da em pacientes jovens. O mais comum de todos é o malt. → GIST: Gastrointestinal stromal tumor. São tumores mesenquimais, na musculatura lisa. Podem acontecer em qualquer lugar do corpo. São mais frequentes no tubo digestivo e principalmente no estomago. Você olha rapidamente e dá a impressão que você está fazendo a histologia do musculo liso, mas se você olhar bem você vai ver um infiltrado diferente nesse Daniele Longo TUMORES GÁSTRICOS 8 tumor, que a característica principal é a presença dessas células que se coram com facilidade chamada de células de cajal. É um achado incidental, na maior parte das vezes, mas ele pode gerar hemorragia digestiva alta importante, dor abdominal e geralmente apresenta massa palpável. O que diz a gravidade do GIST? 2 fatores dão a gravidade. O primeiro deles é o tamanho do tumor. A segunda coisa é o número de mitoses por campo. Então quando eu retiro o GIST, o que vai definir se ele vai fazer quimioterapia ou não é o tamanho e o número de mitoses. O que preocupa? São os tumores de alto risco, que são maiores que 5cm, com mais de 5 a 50 mitoses por campo. Todo o paciente classificado aqui precisa fazer quimioterapia. O cuidado é que eu tenho que ressecar toda a parede envolvida por ele. Eu não posso ressecar só o tumor. Tenho que ressecar tudo se não ele recidiva. Tumor carcinoide que parece com tumor GIST mas eu posso tanto ressecar a parede com ele, como eu posso fazer uma gastrectomia. É uma doença muito nova. Tem mais perguntas do que respostas. Então é muito difícil determinar com exatidão qual o tempo de quimioterapia necessário. → Cirurgia gástrica: Eu posso ter um tumor localizado proximalmente, ou distalmente no estomago. Essa localização associada com o tipo histológico dele programa a cirurgia que eu vou fazer. Então se eu tenho um tumor de antro, eu vou fazer uma gastrectomia subtotal. Os três tipos de procedimento que eu posso fazer em uma gastrectomia para câncer é o Y de Roux, billroth 2, e? A laparotomia tem sido cada vez mais utilizada, principalmente nos estadiamentos menores. Ela tem uma vantagem em relação a cirurgia aberta no que tange a questão da linfadenectomia, quando você faz em um aumento muito grande, facilita a linfadenectomia, mas ainda não existe vantagem em relação ao prognostico e em relação a diminuição de complicações. Quando você fala em gastrectomia robótica, a complicação é semelhante a laparoscópica que é semelhante a aberta. Mas quando acontece a complicação aqui, a agressividade dela é pior do que na laparoscópica e na cirurgia aberta.
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