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Sangramentos 1 metade da gestação

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Daniele Longo 
 SANGRAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 
 
1 
 
 → Definição: Podem acontecer até 20 semanas, porém, são mais frequentes nas primeiras 
16 semanas. Pode ser chamada também de sangramentos no 1 trimestre. De tudo que 
acontece, a gente vai ver mais o aborto, da prenhez ectópica e a mola hidatiforme, lembrando 
que a mola hidatiforme está presente num conjunto de doenças trofoblasticas gestacionais. 
Nós temos as doenças trofoblasticas até o coriocarcinoma, que é um câncer raro que existe. 
 → Abortamento – conceito: É a expulsão do concepto antes da 22 semana de gestação ou 
pesando menos que 500g. vocês encontram também dizendo que é menos de 20 semanas. 
Tudo que nasceu sem vida, se tiver menos que 500g é um aborto. Mas se essa criança com 
menos que 500g, chorou e morreu 2 horas depois, é um neo-morto. Mesmo não tendo 500g. 
mas se nasceu vivo, é como se você tivesse nascido muito mal e sobreviveu. Então se nasceu 
morto antes de 500g é um aborto, a gente não faz atestado de óbito! Nasceu morto, tem 550g, 
não tem jeito, é um natimorto, tem que fazer atestado de óbito. Nasceu e duas horas depois 
morreu, tem que fazer declaração de nascido vivo e depois atestado de óbito. Ele pode ser 
espontâneo ou provocado. Espontâneo eu não tenho esse desejo, e o provocado é quando a 
mãe faz algo para abortar. Lembrando que o aborto não é permitido pela nossa constituição. 
Não precisa fazer boletim de ocorrência em caso de estupro! Você precisa é fazer a sua 
declaração, como médico. Ele pode ser precoce quando ocorre até 13 semanas, e tardio 
quando ocorre entre 13 e 22 semanas. É uma incidência muito grande, 15% das gestações. 
Mais ou menos 70% de todas as mulheres em algum momento da vida, tiveram ou vão ter 
algum aborto espontâneo, mesmo que não tenha sido feito um diagnóstico. 
 → Etiologia: Pode ter fatores genéticos que são os mais frequentes. 80% de todos os 
abortos tem alguma coisa lá na união dos cromossomos que não deu certo. Os fatores 
uterinos, você precisa ter uma cavidade peritoneal livre para que a gravidez se sustente ali, 
então as vezes você tem um mioma submucoso, um pólipo enorme, se você tem uma 
tumoracao no colo uterino, se você não tem um local bom, vai dar problema. E os fatores 
maternos, as mulheres perguntam muito até quantos anos podem engravidar, isso depende. 
Se é uma paciente estável, talvez ela possa engravidar com 40 anos por aí. Fatores 
imunológicos, dentro deles a doença que mais nos preocupamos são as trombofilias. Os 
fatores hormonais, como o hipotireoidismo. E as infecções, se você tem um quadro de infecção 
congênita, pode levar ao aborto, como sífilis, rubéola, etc. 
 → Classificação: A gente pode ter uma ameaça de abortamento, ou pode ser um aborto 
evitável. Um aborto completo, inevitável, incompleto. 
 → Diagnóstico: Pode ser clínico ou ultrassonográfico. A USG é um exame que nos ajuda 
muito dentro da obstetrícia. Toda gestante com sangramento vaginal no 1 trimestre vai ser 
submetida a um exame especular e toque, por isso que falam que quando a criança passa do 
primeiro trimestre, a criança vingou. Porque no primeiro trimestre existe maior chance de 
acontecer o aborto. Então toda mulher que está sangrando tem que fazer o exame especular. 
Por que? Porque uma mulher gravida, por exemplo, eu preciso ver o colo do útero por causa 
do risco de câncer de colo. Para ver se esse sangramento está vindo do colo, da vagina. 
Quando o colo estiver fechado ou tiver dúvidas do diagnostico, está indicado a 
ultrassonografia. Por que? Se eu passei o especulo, eu to vendo que está saindo de dentro do 
colo restos de placenta, ou embrião, eu não preciso de USG. Agora se eu tenho um colo 
bonito, fechado, com pouco sangramento, vale uma USG para saber o que está acontecendo. 
Você faz a ultra para a avaliação das condições do saco gestacional, se tem um descolamento, 
o embrião tem coraçãozinho ou não tem, a gente tem que saber que a primeira ultra a gente 
faz mais ou menos com 5 semanas, e as vezes essa ultra não aparece o coração e a gente 
Daniele Longo 
 SANGRAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 
 
2 
 
não pode dizer que ela está abortando. O que eu tenho que falar para paciente? Repetir em 15 
dias para ver se tem coração. 
 O que é uma ameaça de aborto? É a ocorrência de um sangramento uterino, com acesso 
fechado, sem eliminação de tecidos ovulares. A paciente falou que está sangrando um pouco, 
eu fui lá, olhei o colo do útero, é uma ameaça de abortamento. É um sangramento genital de 
pequena a moderada intensidade, as vezes a paciente tem uma cólica, geralmente é pouca a 
cólica, o colo vai está fechado, o volume uterino é compatível o tamanho esperado para a 
idade gestacional, não tem sinal de infecção, as vezes a gente pede uma USG e pode não ter 
nenhuma alteração, é uma área de descolamento. Fica um espaço que na maioria das vezes é 
ocupado por sangue. Normalmente esse sangue é reabsorvido. Ou não, essa área de 
descolamento vai aumentando até que esse ovo é obrigado a ser eliminado, pois se não tem 
conexão do endométrio com o útero, perdeu. É muito comum a gente vê essa área de 
descolamento. Você vai prescrever progesterona natural, utrogestran. É uma progesterona 
natural que pode ser ingerida e colocada na vagina, pois ela é bem absorvida pela mucosa 
vaginal e não causa tanto náuseas e vômitos na mulher que já tem muito, pois esta gravida. A 
progesterona é formada pelo ovário e produzida pelo corpo lúteo. Por isso que as vezes até 16 
semanas, a gente dá uma ajudo com a progesterona exógena para que essa gestação se 
mantenha. Normalmente não existe indicação de internação hospitalar, a mulher faz repouso, 
abstinência sexual, e volta tudo ao normal. Nesses casos não existe muitas evidencias com o 
uso de progesterona, mas isso é controverso. Normalmente os casos são raros, é mais aquela 
paciente obesa, que tem dificuldade de engravidar, tem irregularidade menstrual... mas hoje a 
gente tem uma tendência maior a usar progesterona, mesmo que seja empiricamente, mesmo 
que eu não tenha o diagnostico prévio, eu prescrevo, pois, o lucro vai ser maior do que algum 
possível dano. 
 Abortamento completo: a paciente começou a ter uma cólica e eliminou. E quando a gente 
elimina tudo, esse sangramento tende a cessar. É muito comum. As vezes a paciente entrou 
num quadro de abortamento, quando você vai ver o útero está vazio. Se você foi fazer uma 
ultra e não tinha coração, fez 15 dias depois, não tem também, é um aborto. A gente fazia 
muito uma curetagem. Hoje, não. Hoje a gente sabe que quanto menos você intervir, melhor. 
Menos chance de você romper esse útero. Então sempre a gente deixa a paciente entrar em 
trabalho de abortamento. Ela começa a contrair, a dilatar e elimina. Se a causa não foi uma 
causa infecciosa, não tem risco maior de infecção. A gente orienta é que a paciente possa 
manter a relação sexual, mas que use camisinha, para que não leve uma infecção. Então se 
ela não provocou o aborto, foi alguma coisa que manipulou o útero lá dentro. Normalmente ele 
acontece menos que 8 semanas, as perdas sanguíneas diminuem ou cessam após a expulsão, 
o colo uterino quando você vai olhar pode estar aberto, a ultra vai mostrar que tem uma 
cavidade vazia ou apenas imagens de coágulos, e nesse caso apenas observar sangramento, 
verificar as ultras e pronto. 
 Se chegou uma paciente de aborto completo que diz que eliminou tudo na casa dela. Olhei 
a ultra e não tem nada dentro do útero. O que a gente diz para ela? A gente tem que dosar o B-
HCG, pois toda a paciente que abortou e você não tem resultado macropatologico ou 
histopatológico, ou aqueles restos, você tem que acompanhar o beta HCG até zerar. Porquese 
não zerar eu tenho que pensar que aquele material que ela eliminou e não levou para o 
consultório possa ser uma mola hidatiforme. Se não for uma mola e nem um coriocarcinoma, 
vai zerar aos poucos. Eu tenho que ir dosando até zerar. 
Daniele Longo 
 SANGRAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 
 
3 
 
 Inevitável: eu posso fazer qualquer coisa que vai acontecer. É um sangramento que tem 
dilatação cervical e ainda não ocorreu eliminação do conteúdo uterino de uma forma concreta. 
O sangramento é maior, diminui com a saída de coagulo ou de restos ovulares, dores de maior 
intensidade, igual à da ameaça do aborto, orifício interno já está aberto, e a USG se eu quiser 
confirmar, confirma a inviabilidade ovular. 
 Incompleto: é quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado. Eu tenho um 
sangramento vaginal intenso, mas o orifício interno encontra-se aberto, mas na ultra tem restos 
ovulares. O abortamento inevitável e incompleto a conduta é a mesma. Gestações com menos 
de 12 semanas, pelo tamanho uterino, é tipo uma aspiração manual intrauterina (AMIU). É uma 
cânula fina que por pressão negativa aspira. Não quer dizer que eu não possa fazer uma 
cureta. Quando a gente faz uma cureta não tem problema, mas você tem que saber fazer 
exatamente para que não traga consequências serias. Mas a gente só utiliza quando há 
necessidade. AMIU é um material descartável, é uma cânula bem fininha acoplada com um 
seringão. Aí eu faço uma pressão negativa e vou aspirando, sem ter um aspirador, que a 
pressão negativa é suficiente. Se vocês têm o tratamento alternativo você pode usar o 
misoprostol. Ele é uma droga utilizado na gravidez com mais de 12 semanas, onde eu já tenha 
um fetinho formado que as vezes foi a óbito. Usamos para estimular esse processo de 
eliminação. Posso usar ou sublingual ou via vaginal, para estimular aquele colo do útero a abrir 
e depois eu aplicar um ocitocico. O misoprostol seja no trabalho de abortamento ou para ajudar 
no trabalho de parto, ele é indicado para amadurecer o colo. O ocitocina não faz isso. Ela age 
na contratilidade. A gente usa no momento seguinte. Se você tiver entre 13 e 17 semanas eu 
uso 200 microgramas de misoprostol via vaginal de 6 em 6 horas, 4 doses. De 18 a 22, 100 
microgramas. Se houve a expulsão e depois eu tenho restos, eu cureto. A gente tem que ficar 
de olho nessa perda sanguínea para não correr risco dessa paciente ter que fazer uma 
transfusão. Se você tem um aborto tardio, mais próximo de 20 semanas, as vezes eu tenho 
que fazer inibição da lactação. Se eu uso uma faixa para conter as mamas, e você pode usar a 
cabergolina 1 mg 2 comprimidos em dose única. 
 Aborto retido: é quando ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece na 
cavidade uterina sem ser eliminado. O colo encontra-se fechado e pode ocorrer um leve 
sangramento. É a paciente que não sente nada, fez um ultrassom que mostrou o embrião que 
morreu. Cursa em secreção. A ultra mostra a presença de um saco gestacional anembrionario, 
forma o saco, mas não forma o embrião. O aborto retido pode cursar sem sinal. As gestações 
com menos de 12 semanas eu posso usar 1 comprimido de misoprostol. Também posso usar 
misoprostol a cada 12 horas. Conforme for aumentando o número de semanas eu diminuo a 
minha dosagem de misoprostol, porque o útero vai aumentando. Ela é uma droga que vai agir, 
atuar, nessa musculatura. 
 Abortamento infectado: ocorre isso tudo que eu falei só que com a presença de infecção. 
Abortamento acompanhado de infecção vaginal, pode ser dentro do útero, ou fora, e pode até 
levar um quadro de peritonite. Quando eu for fazer uma curetagem em um aborto de um útero 
infectado, o meu cuidado tem que ser 10 vezes maior. O tecido do útero é o musculo liso. Por 
isso que quando você passa a cureta você vê resistência, pois é musculo. Se esse musculo 
está infectado, quando eu passo, está mole, está estranho, mas aquele tecido infectado não 
tem a resistência. Normalmente esse tecido infectado está relacionado a manipulação da 
cavidade uterina. As infecções são normalmente polimicrobianas, provocadas geralmente pelas 
bactérias da flora vaginal gram negativos anaeróbicos. É polimicrobiana pois a vagina tem 
muitos tipos de micro-organismos. Normalmente essa paciente tem febre, tem um sangramento 
Daniele Longo 
 SANGRAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 
 
4 
 
genital, tem dor abdominal, é doloroso ao toque vaginal, avaliar as vacinas, vê se ela não está 
séptica, ou seja, lembrar que a infecção é a terceira causa de morte materna, e os abortos são 
a quarta causa de morte materna no nosso pais. Normalmente eu tenho que ter hemograma, 
urina, plaqueta, colher cultura, colher cultura da cavidade vaginal para saber que tipo de 
antibiótico usar, e se ela tiver séptica mais do que fazer uma transvaginal eu faço um raio X, 
um ultrassom, etc. Ainda no aborto inevitável eu tenho que reestabelecer condições vitais, ver 
se tem alguma lesão, antibioticoterapia de largo espectro, como metronidazol ou clindamicina 
associada geralmente com aminoglicosideos, para que eu possa ter um aspecto alto. 
Normalmente eu mantenho um esquema intravenoso até essa paciente estar completamente 
assintomática, sem febre, sem dor, sem mal-estar. Depois de ter passado essas 48h eu posso 
parar o antibiótico venoso e manda-la para casa tomando o antibiótico oral até completar 7 
dias. Se eu tenho um quadro muito grave, uma peritonite, eu tenho que pensar em uma 
laparotomia exploradora e até uma histerectomia. 
 Perdas espontâneas sucessivas de 3 ou mais gestações. É quando eu começo a pesquisar 
porque aquela paciente está tendo abortos de repetição. É o chamado aborto habitual. Então 
se essa paciente chega e diz que já teve 3 perdas espontâneas com a mesma característica, 
os mesmos sintomas. Aí eu começo a procurar a cavidade uterina, eu faço a pesquisa de 
trombofilia, eu vou avaliar uma coisa que chama incompetência istmo-cervical, é quando esse 
colo uterino não é suficientemente forte para manter essa gestação. As vezes essa paciente 
tem sucessão de abortos mais ou menos com 16 semanas. Sem muita dor, sem muita 
contração. Aí fecha o diagnóstico. Essa cérvice não foi competente. As vezes a gente tem que 
fazer uma cirurgia chamada circlagem. A gente passa um fio forte de prolene e a gente passa 
em todo o órgão, como se fosse uma bolsa, dá um no e um laco. Aí ele fica mantido para 
ajudar a manter essa gravidez, quando a paciente chega com 38, 39 semanas eu vou lá e corto 
esse fio para deixar que o trabalho de parto evolua. 
 → Prenhez ectópica: É quando a gravidez ocorre ou se implanta fora do seu local habitual. A 
incidência é de 0,3 a 2% das gestações. Ela pode ser tubaria, que é a mais frequente; 
infundibular; intersticial; etc. ela pode ser ovariana, pode ser abdominal e muito raramente pode 
ser cervical. Por que ela acontece? Se a paciente tem uma prenhez ectópica anterior, uma 
cirurgia tubaria previa, se tem endometriose, uma hipertransmigracao (quando sai um ovulo do 
lado esquerdo, e a trompa direita que captou esse ovulo), infecções tubarias, DIU, 
contracepção com progesterona. Por que ela acontece? A trompa tem a função de captar esse 
ovulo, para chegar até aqui e essa trompa também tem essa função. Ela tem cílios que ajudam 
a varrer o espermatozoide ao encontro do ovulo, e ao mesmo tempo essa trompa que é ciliada, 
e tem esse epitélio cilíndrico ciliado, ele tem cílios com essa função de jogar o espermatozoide 
para dentro. Esse epitélio é ciliado para jogar todos os microorganismos que não são bons 
para fora, ele tem um liquido para ajudar nesse encontro. Além disso, a trompa tem um 
movimento, ela tem que ser mole, pois a trompa queé presa não capta ninguém. Quando ela 
está doente, a trompa, ela não tem mais cílios, não tem mais movimento... então qualquer 
infecção que você tem que compromete a trompa, ela fica mais doente. Qual a doença que 
compromete a trompa? Salpingite, que é provocada pela gonorreia e clamídia, que fazem parte 
de uma grande doença, que é a doença inflamatória pélvica. E qual a outra doença que 
compromete a trompa? Tuberculose genital. Se a trompa esta rígida, ela não consegue 
empurrar o espermatozoide para o ovo, daí o ovo se implanta ali. O ovo ficando ali ele começa 
a crescer, e pode ser diagnosticado ainda na trompa, ou quando se rompe que forma uma 
prenhez ectópica rota. Então todos os fatores de risco traduzem isso. Uma prenhez ectópica 
Daniele Longo 
 SANGRAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 
 
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anterior, se eu já fiz alguma cirurgia na trompa, se eu uso diu (as vezes dificulta a entrada do 
espermatozoide no ovo), a própria contracepção com a progesterona (que as vezes não é 
suficiente para que não haja ovulação). Normalmente a paciente vai ter um atraso menstrual, 
ela pode ter um sangramento vaginal irregular, porque de uma forma o endométrio se preparou 
para receber o ser, mas não recebeu, ela pode ter dor, principalmente se romper, é uma dor 
muito grande. O exame físico você pode ter um sangramento, o útero menor do que a idade 
gestacional, porque não tem nada nele. O colo estará doloroso a palpação, e você pode ter 
uma massa palpável dolorosa na região das trompas. Se você tem um hemoperitonio você 
pode ter uma irritação peritoneal, dor forte, abdome distendido, abaulamento do fundo de saco 
e dor no ombro. Diz-se que essa dor no ombro por causa desse hemoperitoneo é o sinal de 
lafonte. E também diz que é o grito de douglas, quando você faz o toque vaginal e você toca o 
fundo do saco, o saco vaginal esta abaulado e a paciente tem uma dor horrorosa. Isso pode 
acontecer no hemoperitoneo na gravidez ectópica rota, mas pode ser em qualquer quadro 
infeccioso onde você tem uma peritonite. Por exemplo, DIP, abscesso tubo-ovariano, onde 
você tem pus nessa cavidade pélvica, você tem pus no fundo de saco vaginal. 
 Como eu faço o diagnóstico? O beta HCG está positivo. Mas o útero quando eu faço a USG 
ele está vazio, porque o saco gestacional vai ser visto mais em cima, ele tem um tumor ali. 
Então sempre quando você tiver o beta HCG maior que 1.500 e na USG não vir nada dentro do 
útero, suspeitem sempre de gravidez ectópica. Temos também a punção do fundo de saco, a 
culdocentese, já se fez muito, mas hoje não se faz mais. Ela pode ter uma conduta expectante, 
clinica, cirúrgica, laparotomia ou laparoscopia. A expectante é quando você tem um atraso de 
poucos dias, um beta HCG com menos de 1.000 e você vai fazendo e esse beta HCG vai 
diminuindo progressivamente. E continua não tendo batimento cardíaco. A gravidez acontece 
na trompa, mas como ela não tem sangue, ela diminui, então vai absorvendo de uma forma 
gradativa. Conduta clínica, quais são as indicações? Você faz o uso de metrotexato. Você tem 
que encaminhar em clínica especializada para fazer. Se ela tiver os sinais preservados, se for 
uma paciente hígida, estável, se ela tiver um hemograma, hepatograma normal, prenhez 
hígida, essa massa tem que ser menor que 3 cm, e o beta HCG menor que 1.000 aí você faz o 
metrotexato. A dose única de mais ou menos 1 mg por quilo de peso é uma dose 
intramuscular. A gente dosa o beta 4 a 5 dias depois e depois semanalmente até ele zerar. Se 
não houver regressão, pode tentar outra vez ou indicar cirurgia. Mas lembrar que essa 
medicação é uma medicação que pode ser feita, e quando pode ela vai manter a trompa 
integra para uma próxima gestação. E a cirúrgica, eu posso ter uma conduta conservadora ou 
não. Na conservadora eu faço uma salpingostomia. Eu pego a trompa, abro, vou retirar esse 
material, mandar pra histopatológico, vou suturar essa trompa para que não ocorra fibrose ou 
coisa parecido. É uma salpingostomia, a trompa se mantem. Ou a radical. Quando eu indico? 
Quando já tem uma gravidez tubaria rota. A trompa já se rompeu, já se destruiu. Normalmente 
eu faço a salpingectomia, retiro a trompa. Esse tratamento pode ser feito por laparoscopia ou 
laparotomia. Hoje a laparoscopia é uma grande indicação. Quais são as indicações? Quando a 
paciente tem um hemoperitoneo com sinais vitais estáveis; prenhez ectópica avançada; 
segmento difícil; contraindicação para o tratamento clinico, ou se a paciente tiver uma 
hipovolemia importante, eu faço uma laparotomia, eu não posso esperar se ela tem um 
sangramento importante. Mas sempre que posso, eu indico a laparoscopia. 
 → Mola hidatiforme: Ela faz parte das doenças trofoblasticas funcionais. Essas doenças 
podem até ser um coreocarcinoma, é por isso vem a história de sempre dosar o beta HCG. 
Sempre que eu tenho uma perda e não tenho o histopatológico dessa perda, eu sempre tenho 
Daniele Longo 
 SANGRAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 
 
6 
 
que dosar o beta HCG. Normalmente são (?) originados dos tecidos de revestimento, e por isso 
que nesse material eu tenho uma hidropsia do estomago, uma hiperplasia e uma aneuplasia. 
São considerados tumores trofoblasticos, tem crescente proliferação. Então eu posso ter só a 
mola, onde eu só tenho uma introdução de estroma, e uma hiperplasia do tecido estromal, do 
tecido trofoblastico. Mas os sinais são os mesmos. Eu posso ter uma mola hidatiforme, posso 
ter uma mola invasora, até o coreocarcinoma. Para a gente tem que decorar: é uma incidência 
de 1 ou 2 gestações onde o coreocarcinoma é menor. A mola hidatiforme ainda tem ex 
componentes. Ela pode ser completa, ela pode fazer amenorreia, fez atraso menstrual, mas 
quando fez a USG não está lá, não tem feto, não tem cordão, não tem membrana, tem um 
tecido amorfo, apenas. E tem a parcial, que complica, onde você tem uma degeneração da 
placenta, mas tem um feto e normalmente esse feto não vai adiante porque ele tem uma 
neuralgia. 
 Obs: aborto, prenhez ectópica e mola eu tenho que saber o grupo sanguíneo da paciente, 
porque se for positivo, ok. Mas se essa paciente tiver o grupo sanguíneo negativo eu sou 
obrigada a fazer a vacina rh. Porque esse embriaozinho ele pode ser oriundo de um rh positivo, 
e aí eu posso ter uma contaminação, posso ter uma incompatibilidade mesmo que pequena e 
precoce. Toda a paciente rh negativa que teve um aborto, uma mola, uma gravidez ectópica eu 
tenho eu administrar a vacina rh. É fundamental. Rh negativo, engravidou, eu dou a vacina 
para ela. Porque isso vai evitar que ela tenha um problema maior de incompatibilidade fetal 
numa outra gestação. 
 Como é o quadro clinico? Ela vai ter um sangramento, normalmente ela não tem cólica, o 
sangramento que ela diz que não estava sentindo nada e de repente começou a sangrar. É um 
sangramento intermitente. Tem uma dor mais abdominal lombar. Eliminação de vesículas com 
aspecto de cacho de uva. Ao invés do sangramento ser coagulo, só sangramento, ela diz que 
ela sangra como se fosse um cacho de uva. Parece umas bolhinhas císticas. É 
patognomonico. Formou um tecido amorfo com essas características, que são um tecido 
totalmente amorfo e que pode ser apenas uma mola, ou não, esse material pode ser um 
material de característica maligna. 
 É uma doença trofoblastica benigna. Só teve alteração de mais hiperplasia, hidropsia do 
estroma, é como se fosse um edema. Mas pode chegar a um ponto em que a junção desses 
dois tecidos forma uma neoplasia maligna e que forma um coreocarcinoma. Não é o mais 
comum. A mola completa é mais comum que a parcial. Então a gente viu que a paciente 
elimina essas vesículas, ela tem uma anemia porque normalmenteela sangra muito, e ela tem 
náuseas e vômitos. Normalmente a gente diz que ela tem uma hiperemese gravídica, pois ela 
tem um aumento do beta HCG mais do que o esperado em uma gravidez normal. Por isso ela 
tem muitos vômitos, pois o beta HCG aumenta a náuseas e os vômitos. Ela pode ter um 
quadro de pré-eclâmpsia precoce. Pré-eclâmpsia é uma patologia mais característica da 2 
metade da gravidez. Quando você está com a sua pressão normal e começa a ter um quadro 
hipertensivo ainda na primeira metade da gestação, você tem que prestar atenção que pode ter 
uma mola. E as vezes você também tem um aumento da função tireoidiana, observa um 
aumento do t3 e t4. 
 O útero é chamado de útero em sanfona, é maior do que a idade gestacional. O colo e o 
útero são mais amolecidos do que o normal, porque eles estão muito edemaciados, porque 
você tem aumento do volume ovariano, o BCF está negativo, você não acha coração, e a 
paciente pode ter um aumento da pressão arterial. 
Daniele Longo 
 SANGRAMENTOS NA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 
 
7 
 
 O diagnóstico é pela dosagem de beta HCG, valor maior do que o esperado, USG aparece 
uma imagem em flocos de neve ou favos de mel, pode ter o feto e pode não ter, pode ter cistos 
ovarianos. A gente pode fazer raio X de tórax para ver se tem alguma imagem no pulmão que 
possa pensar em doença maligna, e principalmente tem que comprovar com histopatológica, 
para ter certeza que isso é uma mola, se não é um coreocarcinoma. 
 O tratamento é esvaziar esse útero, eu posso usar um aparelho de vácuo aspiração, posso 
usar AMIU, uma curetagem, e as vezes esse útero esta tão comprometido que eu tenho que 
lançar mão de uma histerectomia. Eu tento ao máximo preservar o útero dessa paciente. 
 Eu faço um acompanhamento clinico, com exame para avaliar se essa paciente tem alguma 
chance de ter alguma metástase. Acompanhamento pós-molar. Eu tenho que manter essa 
paciente numa dosagem seriada de beta HCG até 3 resultados negativos. Naquela paciente 
que eu falei do aborto eu só preciso que ele zere. Mas se eu tenho o diagnóstico de mola eu 
tenho que manter essa paciente por um ano fazendo beta HCG e não posso deixar ela 
engravidar, senão eu perco o meu seguimento. Não pode engravidar por pelo menos 1 ano. 
USG com doppler para ver a involução uterina e a regressão dos cistos, raio X de tórax para ter 
certeza que não teve nenhuma metástase, e contracepção. Normalmente a mola ela tem uma 
remissão completa em 80% dos casos, e 20% evoluem para a forma invasora. 
 O que é mais importante é saber pensar no diagnóstico! Só fazer o diagnóstico de aborto 
com 2 USG de 15 dias. Não deixar nunca de prescrever a vacina para as pacientes rh 
negativo. E todo material que sai do aborto tem que ser feito o histopatológico.

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