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Letícia Begnini, acadêmica MEDFPP - TIV FAB O2 – SÍNDROMES TÓXICAS • INTOXICAÇÃO POR PESTICIDAS AGRÍCOLAS FUNGICIDAS ORGANOFOSFORADOS + CARBAMATOS → Os organofosforados ligam-se ao centro esterásico da acetilcolinesterase, impossibilitando a hidrólise da acetilcolina em colina e ácido acético; → Os carbamatos possuem efeito parecido, mas formam um complexo menos estável com a colinesterase, permitindo a recuperação da enzima mais rapidamente; → Provocam síndrome colinérgica aguda com manifestações muscarínicas (náusea, vômito, cólicas abdominais...), nicotínicas (fasciculações musculares, tremores, hiporreflexia...) e manifestações no SNC (inquietação, cefaleia, tremores, sonolência, confusão mental, linguagem chula, marcha incoordenada, depressão do centro respiratório...); → Diagnóstico diferencial: intoxicação por fungos de ação musc., barbitúricos, medicamentos de ação colinérgica e opioides, traumatismo cranioencefálico, infecção pulmonar, AVC, síndrome convulsiva e edema agudo de pulmão; → TRATAMENTO: Atropina (bloqueia efeitos da acetilcolina nos receptores muscarínicos), adultos 2-4mg, crianças 0,01-0,05mg/kg a cada 10/15minutos, e pralidoxima (reverte a colinesterase) em solução 1%. → A pralidoxima NÃO substitui atropina; ORGANOCLORADOS → Atua estimulando o SNC, causando hiperexcitabilidade; → Parece atuar nos canais de cálcio, alterando o fluxo de sódio; → Em altas doses são indutores das enzimas microssômicas hepáticas; → Potencial de armazenamento tecidual; → As manifestações clínicas são: náusea, vômitos, diarreia, fraqueza, entorpecimento de extremidades, contrações palpebrais, tremores musculares, convulsões generalizadas que podem evoluir para coma, depressão respiratória, acidose metabólica, arritimias, pneumonite química; → TRATAMENTO: lavagem gástrica com carvão ativado (caso a ingestão tenha sido em doses pequenas), descontaminação cutânea e uso de catárticos salinos ( PIRETRÓIDES → Alergênicos; → Atuam também nos canais de sódio das membranas das células nervosas, alterando a despolarização e a condução do impulso nervoso; → Provocam dermatite de contato, urticária, secreção nasal aumentada, broncoespasmo, irritação ocular, lesão de córnea, manifestações neurológicas como hiperexcitabilidade, parestesia e convulsões; → TRATAMENTO: descontaminação de pele com água e sabão, soro fisiológico para os olhos, carvão ativado e catárticos; FUNGICIDAS HERBICIDAS (paraquat) →Irritação grave das mucosas como lesão incial; → Tardiamente, aparecem alterações proliferativas e irreversíveis no epitélio pulmonar, insuficiência renal e lesão hepática; → A absorção dérmica é mínima; → Os casos de evolução fatal podem ser divididos em três tipos: Intoxicação aguda fulminante, após absorção maciça, ocorrendo óbito por uma combinação de edema pulmonar, oligúria, insuficiência hepática, adrenal e distúrbios bioquímicos. 2. Óbito mais tardio é resultante de edema pulmonar, mediastinite e falência múltipla de órgãos e sistemas. 3. Fibrose pulmonar tardia iniciando após 4 dias e podendo evoluir por várias semanas normalmente culminando com óbito por insuficiência respiratória. Devido a grave e tardia toxicidade pulmonar, é importante o tratamento precoce → TRATAMENTO: lavagem gástrica e uso de catárticos, juntamente com carvão ativado; → Remoção do paraquat por hemodiálise ou hemoperfusão; → Não há antídoto específico; → • INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA PARACETAMOL → Acetominofeno. Inibe COX; → Quase que exclusivamente metabolizado no fígado, com mais de 90% convertido a conjugados não tóxicos (glucorinados e sulfatados); → Menos de 5% é metabolizado por enzimas do citocromo P450, convertidos em um composto tóxico altamente reativo: N-acetil-p-benzoquinoneimia (NAPQUI); → Dose tóxica: >200mg/kg para crianças; → Provoca uma formação excessiva de NAPQUI, depletando os estoques hepáticos de glutationa; → A glutationa possui várias funções, entre elas: regular o potencial de oxidação-redução celular, catálise, metabolismo, transporte, metabolização de peróxidos, inativação de radicais livres e outras...; → O NAPQUI resulta em lesão hepática (morte de hepatócitos) quando os níveis de glutationa estão abaixo de 30%; → Os sinais e sintomas de hepatotoxicidade iniciam-se entre 24-48 horas após a ingestão; → Resulta em dor no hipocôndrio direito, fraqueza, icterícia e aumento dos níveis de enzimas (AST e ALT) e bilirrubinas; → ANTÍDOTO: N-acetilcisteína → O antídoto aumenta a síntese de glutationa e substituí-la na desintoxicação do NAPQUI; → Pode também suprir um substrato para a sulfatação do acetaminofeno, aumentando a geração de metabólitos não tóxicos; → Posologia: 140mg/kg (como dose de ataque), e mais 70mg/kg a cada 4 horas, num total de 18 doses, diluída a 5% por via oral; BENZODIAZEPÍNICOS → Exercem ação sobre o SNC através de ligação aos receptores benzodiazepínicos no complexo do receptor dos canais de cloro do ácido gama-aminobutírico (GABA); → Principais manifestações: depressão neurológica, depressão da resposta ventilatória ao CO2 e diminuição da frequência respiratória; → Testes de urina para detecção normalmente resultam em falsos negativos, além de serem caros e demorados; → ANTÍDOTO: flumazenil; → Flumazenil é antagonista dos receptores benzodiazepínicos; → Indicação controversa; → Há relatos de convulsões, arritmias cardíacas, agitação, náusea, vômito, ressedação após o uso de flumazenil; → Contra-indicado para pacientes em uso crônico de benzodiazepínicos (????????), com histórico de convulsão (mesmo febris), mioclonias ou para pacientes com suspeita/confirmação de outras drogas que possam baixar o limiar para convulsão (antidepressivos tricíclicos, lítio, cocaína, metilxantinas...); → É proposto a realização de um ECG antes de sua administração, para identificar anormalidades encontradas em intoxicação por tricíclicos (taquicardia sinusal e prolongamento do intervalo QRS); → Posologia: 0,02mg/kg (máximo de 0,2mg/dose) repetida a cada minuto, com doses subsequentes de 0,02mg/kg (máximo de 0,3-0,5mg/dose) até a dose total máxima de 3mg OPIOIDES; → São classificados em naturais (morfina, codeína), semi-sintéticas (heroína, hidromorfina, oximorfina) e sintéticas (meperidina, metadona, paregórico, difenoxilato, fentanil, propoxifeno). Loperamida (age em M3, glândulas) é utilizado para “controlar” diarreia, e sua dosagem para antidiarreico é muito menor do que o comum em opioides, e por isso é vendido sem receita em farmácias; → Todas as três classes são agonistas para seus receptores específicos; → A intoxicação manifesta-se com sinais de diminuição do nível de consciência, miose e hipoventilação; → Hipotermia e bradicardia pode estar presente em crianças muito jovens; → Testes toxicológicos de urina apresentam falsos-positivos e negativos, e apenas são qualitativos; → ANTÍDOTO: naloxone; → É um antagonista competitivo dos opioides pelo seu receptor, usado como arma diagnostica e terapêutica no coma induzido por opioides; → Possui ação rápida e pode ser fundamental no diagnostico diferencial do coma, evitando exames desnecessários, como punção lombar, tomografia ou procedimentos invasivos como intubação endotraqueal; → Posologia: para crianças até 5 anos > 0,1mg/kg intravenosa / crianças maiores de 5 anos > dose mínima de 2mg. Podendo ser repetida após 3m, até o máximo de 10mg; →Se não houver resposta, o diagnóstico de intoxicação por opioides deve ser revisto; • INTOXICAÇÃO POR GASES TÓXICOS → Podem ser classificados segundo seus efeitos: irritantes, asfixiantes simples e asfixiantes químicos; → Podem produzir efeitos irritantes no trato respiratório superior e inferior, mas o risco principal e a localização primária dos sintomas dependem da sua solubilidade em água e da concentração à qual os indivíduos se expõem; → Gases altamente solúveis: ex. amônia e cloro, são bem adsorvidos pelo trato respiratório superior e rapidamente produzem efeitos nas membranas mucosas dos olhos, nariz e garganta;→ Gases pouco solúveis: ex. fosfogênio e NO2, são lentamente adsorvidos pelo trato superior e podem atingir o trato respoiratório inferior, onde exercem sua toxicidade; → De forma geral, a exposição é via inalatória, surgindo cefaleia, conjuntivite, rinite, faringite, laringite, secura e insensibilidade nasal, hemorragia, edema de glote, edema laríngeo, pneumonite, bronquite. Pode ocorrer taquipnéia, sibilos, tosse, infiltrado pulmonar e síndrome disfuncional reativa das vias aéreas; → A exposição cutânea causa eritema e queimadura; DIFERENÇA GASES ASFIXIANTES → Asfixiantes simples: gases invertes, porém, quando em altas concentrações em ambientes confinados, reduzem a disponibilidade de o2, ocupando o espaço do oxigênio na arvore brônquica (gases nobres, dióxido de carbono, metano, butano e propano); → Asfixiantes químicos: substancias que impedem a utilização bioquímica do oxigênio. Atuam no transporte de oxigênio pela hemoglobina (Hb) e impedem o uso tecidual do O2 (CO, substancias metahemoglobinizantes, cianeto e gás sulfídrico); TRATAMENTO PARA INTOXICAÇÃO POR CO (mais comum) → O paciente deve receber oxigênio para diluir e deslocar o gás de seus locais de ligação; → O acesso venoso deve ser feito em todo paciente traumatizado; → A administração de oxigênio deve ser feita em ambiente pré-hospitalar e tem melhores resultados quanto mais precoce for feita; → Deve prosseguir até que os níveis de carboxihemoglobina caiam a 10%; → A administração simples, por máscara, é capaz de diminuir a meia vida da carboxihemoglobina circulante, mas não existe consenso sobre a quantidade e o tempo de oxgenoterapia; → Uso de oxigênio hiperbárico para o tratamento de intoxicação moderada e grave por CO, realizado em uma câmara hiperbárica, em pressão de 2,5 a 3 atm (no BR não é comum); → TRATAMENTO: azul de metileno; • FUNÇÃO DO CARVÃO ATIVADO → A administração de carvão ativado aparentar ser o melhor procedimento para descontaminação digestiva; → Dose usual de 1g/kg, por via oral, em suspensão aquosa; → Textura desagradável dificulta o uso; → A eficácia diminui com o tempo, os melhores resultados são obtidos na primeira hora após a ingestão da substancia tóxica; → Sua eficácia é menor com tóxicos de grandes massas, como ferro, lítio, potássio, álcool e cianeto; → Não há evidências de que sua administração melhore a evolução do intoxicado (?); → O carvão ativado, por sua porosidade, tem grande capacidade de adsorver toxinas e gases; → Totalmente inerte (não realiza nenhuma reação e nem é absorvido pelo organismo); → É protetor de mucosas; → Outras possibilidades: mudança de pH urinário, uso de catárticos (diarreia), lavagem gástrica → NÃO induzir o vômito; • SÍNDROMES TÓXICAS → benzodiazepínico → neurodepressor → flumazenil; → síndrome colinérgica → atropina; → CO → metahemoglobinemica → azul de metileno + O2; → paracetamol → hepatotóxica → N-acetilcisteína; → Opioides → síndrome narcótica → naloxone → Síndrome serotninérgica → Ciproheptadina → Síndrome adrenérgica → síndrome anticolinérgica;
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