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Uma Palvra aos Mocos J C Ryle

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Uma Palavra
F
Indice
Prefácio .................................................................. 5
Uma Palavra aos Moços - J.C. Ryle.........................7
Capítulo 1 - Razões Para Exortar os Moços.............. 9
Capítulo 2 - Perigos que os Moços Enfrentam...... 23
Capítulo 3 - Conselhos Gerais aos Moços............. 39
Capítulo 4 - Regras Específicas Para os Moços.... 55
Capítulo 5 - Encorajamentos Finais...................... 71
Prefácio
Eu gostaria muito que na adolescência eu tivesse en­contrado os escritos de J.C.Ryle. Pois, ao mesmo tempo em que seus livros são atrativos a todas as idades 
e estágios da experiência cristã, a franqueza da sabedoria 
bíblica e a profunda preocupação pastoral, encontradas 
neles, os tornam especialmente úteis para os estágios 
de formação da vida.
J.C.Ryle escreveu sobre a vida cristã de forma a 
unir uma exatidão espiritual perscrutadora com um equi­
líbrio maravilhosamente saudável. Este livro, Uma 
Palavra aos Moços, ilustra essas qualidades. Ele está 
repleto de conselhos confiáveis e, com uma combinação 
rara de seriedade e bondade, diz exatamente as coisas 
que precisamos ouvir. Os moços, para os quais o livro 
foi escrito, o acharão de valor inestimável. Mas todos os 
cristãos, homens ou mulheres, jovens ou velhos, podem 
lê-lo e dele receber benefícios duradouros. E uma obra 
digna de ser lida e amplamente divulgada; fará um grande 
bem espiritual a todo leitor.
Sinclair B. Ferguson 
Professor de Teologia Sistemática 
Seminário Teológico de Westminster 
Filadélfia, PA.
Uma Palavra 
aos Moços
Escrevo esta pequena obra em benefício dos moços. Quando o apóstolo Paulo escreveu a sua epístola a Tito, na qual falava do dever deste como ministro, men­
cionou os moços como um grupo que requer atenção 
especial. Depois de discorrer sobre os homens idosos, 
as mulheres idosas e as jovens, ele acrescenta este 
vigoroso conselho: “Quanto aos moços, de igual modo, 
exorta-os para que, em todas as cousas, sejam 
criteriosos” (Tt 2.6). Estou seguindo o conselho do após­
tolo. Proponho-me a oferecer aos moços algumas 
palavras de afáveis e oportunas exortações.
Estou envelhecendo, mas há poucas coisas das 
quais me lembro tão bem quanto'os dias^da minha 
juventude. Tenho a mais precisa lembrança das alegrias 
e tristezas, das esperanças e lágrimas, das tentações e 
dificuldades, dos julgamentos errôneos e afetos mal 
colocados, dos erros e das aspirações que fazem parte 
da vida do jovem. Serei muito grato, se apenas puder 
dizer algo que mantenha o moço no caminho certo e o 
preserve de faltas e pecados, os quais podem prejudicar
o seu bem-estar, agora e na eternidade.
Há quatro coisas que me proponho a fazer: pri­
meiro, mencionarei alguns motivos gerais por que os 
moços precisam ser exortados; segundo, destacarei 
alguns perigos específicos sobre os quais eles precisam 
ser alertados; terceiro, darei alguns conselhos gerais e 
instarei para que sejam aceitos por eles; quarto, estabe­
8 Uma Palavra Aos Moços
lecerei algumas regras específicas de conduta, as quais 
vigorosamente os aconselho a seguir. Tenho algo a dizer 
sobre cada um desses pontos; oro a Deus para que o 
que for dito possa causar algum bem a sua alma, caro 
leitor.
John Charles Ryle
Razões Para Exortar 
os Moços
Inicialmente, quais são os motivos gerais por que os moços, em especial, devem ser exortados? Procurarei 
mencionar alguns deles.
(1) Existe o triste fato de serem poucos os 
moços, em qualquer lugar, que demonstram 
espiritualidade genuína. Falo isso sem acepção de 
pessoas. E digo-o a respeito de todos - os de elevada 
ou baixa posição, ricos ou pobres, educados ou simples, 
eruditos ou incultos, da cidade ou do campo; não faz 
diferença. Tremo ao observar quão poucos jovens são 
guiados pelo Espírito, quão poucos estão no caminho 
estreito que conduz à vida, quão poucos estão colocando 
seus corações nas coisas que são do alto, que estão 
tomando a cruz e seguindo a Cristo. Digo isso com toda 
a tristeza; mas creio, diante de Deus, que estou dizendo 
nada mais que a verdade.
Moço, você faz parte de um dos maiores e mais 
importantes grupos na população de seu país. Porém, 
como e em que situação se encontra a sua alma eterna? 
Em qualquer lugar que indaguemos, veremos com tristeza 
que a resposta será sempre a mesma!
Perguntemos a qualquer fiel ministro do evangelho 
e observemos o que ele nos dirá. Segundo o seu cálculo, 
quantos jovens solteiros participam da ceia do Senhor? 
Quais são os mais negligentes quanto ao uso dos meios
10 Uma Palavra aos Moços
da graça,1 os mais irregulares na freqüência aos cultos 
dõmínicais, os mais difíceis de serem atraídos aos estu­
dos bíblicos e às reuniõesjde oração e sempre os mais 
desatentos nas pregações? Que parte de sua congrega­
ção mais o preocupa? Quais são os “Rúbens” pelos quais 
ele tem as mais profundas “esquadrinhações do cora­
ção”? (Jz 5.16 - a rc ). Quais, no seu rebanho, são os 
mais difíceis de conduzir, os que requerem constantes 
alertas e reprimendas, os que lhe causam mais temor 
pelas suas almas e que parecem os mais incorrigíveis? 
Acredite, sua resposta sempre será: os moços.
Perguntemos aos pais, em qualquer igreja de 
nossa nação, e vejamos o que geralmente eles têm a 
dizer. Quem, em sua família, causa mais dor e trabalho? 
Quem precisa de mais vigilância e, com mais freqüência, 
traz preocupações e dasapontamentos? Quais os primei­
ros a se desviarem do que é certo, e os últimos a se 
lembrarem dos avisos e dos bons conselhos? Quais os 
mais difíceis de serem mantidos dentro das normas e 
dos limites? Quais os que, com mais freqüência, caem 
no pecado, envergonham a família, entristecem seus 
amigos, amargam a velhice de seus parentes e fazem os 
de cabelos brancos padecerem de tristeza? Acredite, a 
resposta freqüentemente será: os moços.
Perguntemos aos juizes e aos delegados de polícia 
e observemos o que nos responderão. Quem mais fre­
qüenta as choperias e danceterias? Quem são os que 
menos guardam o dia do Senhor? Quem promove ajun­
tamentos tumultuosos e reuniões de rebeldia? Quem é 
mais enredado pelo alcoolismo e tem mais tendência a 
perturbar a paz, roubar, assaltar e fazer coisas semelhan­
tes? Quem povoa as celas e penitenciárias? Que faixa 
etária mais requer incessante cuidado e vigilância? Acre­
dite, eles imeditamente apontarão para o mesmo grupo 
e dirão: os moços.
Voltemo-nos para os ricos e observemos os 
comentários que eles farão. Em uma família, os filhos
Razões Para Exortar os Moços 11
sempre desperdiçam o tempo, a saúde e o dinheiro na 
procura egoísta por.prazeres. Em outra, os filhos não 
buscam ter uma profissão específica, mas gastam o 
tempo mais precioso de suas vidas em fazer nada. Em 
uma outra, exercem a profissão como um mero esporte, 
sem atentar para as responsabilidades nela envolvidas. 
Em outra, ainda, os filhos estão sempre envolvendo-se 
em maus relacionamentos, trapaceando, entrando em 
ílívidas, associando-se a más companhias e, assim, man­
tendo seus amigos em constante preocupação. 
Lamentavelmente, não se previne essas coisas com 
posição social, diplomas, riquezas e cultura. Se a verdade 
fosse dita, pais ansiosos, mães com os corações despe­
daçados e irmãs amarguradas poderiam contar fatos 
tristes sobre esses filhos. Apesar de terem tudo o que 
este mundo pode oferecer, muitas famílias trazem, em 
seu meio, algum nome que nunca é mencionado ou que 
é citado apenas com desgosto e vergonha. Talvez seja o 
nome de algum filho, irmão, primo ou sobrinho que 
vive a seu próprio modo e, desta forma, serve de tristeza 
a todos os que o conhecem.
São poucas as famílias abastadas que não trazem 
em si algum espinho de desgosto, alguma mancha nas 
páginas de felicidade, alguma constante fonte de dor e 
ansiedade; e, geralmente, namaioria das vezes, a ver­
dadeira causa de tudo isso não são os moços?
O que dizer diante disso? O que vimos são fatos 
óbvios que nos encaram de frente; fatos com os quais 
esbarramos por toda parte; fatos que não podem ser 
negados. Que coisa horrível! Quão pavoroso é este pen­
samento - sempre que encontro um moço, encontro 
alguém que com toda a probabilidade é um inimigo de 
Deus, viajando pelo caminho largo que conduz à destrui­
ção; alguém desqualificado para o céu! Com toda certeza, 
á vista desses fatos, você não ficará admirado de que eu 
o exorte desta maneira. Na verdade, você deverá admitir 
que há uma causa justa para as minhas preocupações.
12 Uma Palavra aos Moços
(2) A morte e o julgamento estão diante 
dos moços, assim como dos outros; mas quase 
todos eles parecem esquecer-se disso. Moço, está 
lhe ordenado morrer uma só vez (Hb 9.27). Não importa 
o quanto você esteja saudável e forte agora, o dia de sua 
morte talvez esteja muito próximo. Tenho visto a enfer­
midade atingir jovens e velhos. Tenho feito funerais de 
jovens e de idosos. Nos cemitérios eu leio nomes de 
pessoas da mesma idade que a sua. Tenho lido que, 
com exceção da infância e da velhice, morrem mais 
pessoas entre os treze e vinte e três anos que em qual­
quer outra fase da vida.2 Mesmo assim, você vive como 
se estivesse certo, no momento, de que jamais morrerá.
Você pensa em atender a estas exortações 
amanhã? Lembre-se das palavras do sábio Rei Salomão: 
“Não te glories do dia de amanhã, porque não sabes o 
que trará à luz” (Pv 27.1). “As coisas importantes, 
amanhã”, disse um cético a alguém que o alertara de 
um perigo iminente; mas o amanhã dele nunca chegou. 
O amanhã é o dia do diabo, mas o hoje é o dia de Deus. 
Satanás não se importa com a espiritualidade de suas 
intenções, ou com a santidade de suas resoluções, 
contanto que sejam para amanhã. Oh! não dê lugar ao 
diabo quanto a isso! Diga-lhe: “Não, Satanás! Será hoje, 
hoje mesmo!” Não são todos os homens que chegam à 
idade de patriarcas como Isaque e Jacó. Muitos filhos 
morrem antes de seus pais. Davi teve de chorar a morte 
de dois dos seus filhos mais queridos; Jó perdeu todos 
os dez filhos em um só dia. A sua sorte pode ser como a 
daqueles jovens; e quando a morte chama, é inútil falar 
em amanhã - você tem de ir imediatamente.
Você pensa que haverá um tempo mais apropri­
ado, no futuro, para considerar essas coisas? Assim 
também pensaram Félix e os atenienses, aos quais Paulo 
pregara; mas esse tempo nunca chegou (At 17.32-34; 
24.24-27). O inferno está repleto de suposições tolas e 
fantasiosas como essas. É melhor fazer o que é certo
Razões Para Exortar os Moços 13
enquanto você pode. Não deixe na incerteza nada que é 
eterno. Não corra o risco, quando se trata de sua alma. 
Acredite, a salvação de uma alma não é coisa irrelevante. 
Todos precisam de uma “grande” salvação, quer sejam 
moços ou velhos; todos precisam nascer de novo, ser 
lavados no sangue de Cristo e santificados pelo Espírito. 
Feliz é o homem que não deixa essas coisas na incerteza 
e que não descansa até que tenha o testemunho do 
Espírito, em seu interior, testificando ser ele filho de Deus.
Moço, seu tempo é curto. Seus dias são como a 
medida de um palmo, como uma sombra, como um 
vapor, como um conto ligeiro. Seu corpo não é de 
bronze. Isaías 40.30 diz que até mesmo “os jovens se 
cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem”. A 
sua saúde pode lhe ser tirada em um instante; é preciso 
só uma queda, uma febre, uma inflamação, uma 
hemorragia e o verme se alimentará de sua carne. Há 
apenas um passo entre você e a morte. Esta noite sua 
alma poderá ser requerida. Você está indo, rapidamente, 
pelo caminho de toda a terra; em breve você partirá. A 
sua vida é plena de incertezas, mas sua morte e seu 
julgamento são perfeitamente certos. Você, também, terá 
de ouvir o soar da trombeta do arcanjo e estar diante do 
grande trono branco. Você, também, deverá obedecer 
aquele chamamento que Jerônimo3 dizia sempre vibrar 
em seus ouvidos: “Levantai-vos, vós os mortos, e vinde 
ao julgamento”. Eis o que diz o próprio Juiz: “Certa­
mente venho sem demora” (Ap 22.20). Eu não posso, 
não ouso, não o deixarei sossegado.
Quem dera você guardasse no coração as palavras 
do pregador: “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e 
recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda 
pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam 
aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas cousas 
Deus te pedirá conta” (Ec 11.9). E espantoso que, com 
tal exortação, qualquer homem possa permanecer 
descuidado e indiferente. Certamente, ninguém é tão tolo
14 Uma Paloura aos Moços
quanto aqueles que se contentam em viver despreparados 
para a morte. Sem dúvida, a descrença dos homens é a 
coisa mais impressionante no mundo. E com razão que 
a profecia mais cristalina, na Bíblia, começa com estas 
palavras: “Quem creu em nossa pregação?” (Is 53.1). E 
com razão que o Senhor Jesus disse: “Quando vier o 
Filho do homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 
18.8). Moço, eu temo que isto seja dito sobre você na 
corte celestial: “Ele deliberadamente não creu”. Temo 
que você passe de súbito deste mundo e acorde tarde 
demais, para constatar que a morte e o juízo são realida­
des. Temo por tudo isso; portanto o exorto.
(3) O que os moços virão a ser depende, 
muito provavelmente, daquilo que são no mo­
mento; ainda assim, parece que se esquecem 
disso com muita facilidade. A juventude é o estágio 
embrionário da maturidade; o período de formação, no 
curto espaço da vida humana; a época decisiva, na exis­
tência de um homem.
Pelo broto julgamos a árvore; pela flor julgamos 
o fruto; pela florada julgamos a safra; pelo amanhecer 
julgamos o dia; e, de modo geral, pelo caráter do jovem 
podemos julgar o que ele virá a ser na idade adulta.
Moço, não se deixe enganar. Não pense que pode 
deliberadamente servir a si mesmo e a seus prazeres, no 
início da vida, e depois servir a Deus tranqüilamente, no 
final de sua existência. Não pense que pode viver como 
Esaú e morrer como Jacó. E zombaria agir assim com 
Deus e com sua alma. E um terrível desprezo supor que 
você pode oferecer ao mundo e ao diabo o vigor da sua 
juventude, deixando para o Rei dos reis as sobras de sua 
vida e os restos de suas forças. Isso é uma terrível tolice, 
e pode ser que você descubra,~ para o seu desespero, 
que tal coisa de fato não pode ser feita.
Eu me aventuro a afirmar que você está contando 
com um arrependimento tardio. Você não sabe o que 
está fazendo. Está pensando nos fatos sem levar Deus
Razões Para Exortar os Moços 15
em consideração. O arrependimento e a fé são dádivas 
de Deus; dádivas que Ele freqüentemente retém, depois 
de serem oferecidas em vão durante muito tempo. Admito 
nunca ser tarde para o verdadeiro arrependimento; mas, 
ao mesmo tempo, advirto-lhe que o arrependimento 
tardio poucas vezes é verdadeiro. Concordo que um ladrão 
penitente foi convertido na última hora de vida, para que 
nenhum homem venha a se desesperar; mas digo-lhe 
que apenas um dos ladrões foi convertido nessa condi­
ção, para que ninguém presuma o mesmo para si (Lc 
23.39-43). Admito estar escrito que Jesus “pode salvar 
totalmente os que por ele se chegam a Deus” (Hb 7.25); 
mas notifico-lhe que o mesmo Espírito também escreveu: 
“Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a 
minha mão, e não houve quem atendesse... também eu 
me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror, 
eu zombarei” (Pv 1.24,26).
Acredite-me, você verá que não é coisa fácil vol­
tar-se para Deus no momento que achar conveniente. É 
verdadeiro o que disse o pastor Leighton: “O caminho 
do pecado é morro abaixo; o homem não consegue parar 
quando quer”.4 Convicções sérias e desejos santos não 
são como os servos do centurião,prontos a ir e vir, à 
sua vontade (Mt 8.9); antes, são como o boi selvagem 
do livro de Jó; não lhe obedecerão nem atenderão o seu 
comando (Jó 39.10). Conta-se que Aníbal, um famoso 
general do passado, quando poderia ter tomado a cidade 
de Roma, contra a qual guerreava, não quis fazê-lo; e, 
finalmente, quando ele quis, já não pôde mais. Atente 
bem, para que o mesmo não lhe aconteça em relação à 
vida eterna.
For que estou dizendo tudo isto? Digo-o por causa 
do poder dos hábitos. A experiência me diz que os cora­
ções das pessoas dificilmente mudam, se não mudarem 
enquanto elas são jovens. Na verdade, poucos homens 
são convertidos em sua velhice. Os hábitos têm raízes 
profundas. O pecado, uma vez que você permita que se
16 Uma Palavra aos Moços
aninhe em seu coração, não o deixará, mediante um 
pedido seu. O costume acaba se tornando uma segunda 
natureza, como o cordão de três dobras, difícil de ser 
rompido (Ec 4.12). O profeta declara, apropriadamente: 
“Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo 
as suas manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando 
acostumados a fazer o mal” (Jr 13.23). Os hábitos são 
como pedras que rolam pela montanha; quanto mais 
ligeiras elas rolam, mais incontrolável é o seu curso. E, à 
semelhança das árvores, os hábitos se fortalecem com o 
passar do tempo. Um garoto consegue envergar um 
carvalho, quando este é ainda tenro, mas cem homens 
não conseguem desarraigá-lo, quando se torna uma 
árvore adulta. Na nascente do Rio Tâmisa, uma criança 
pode brincar de rolar na água; mas, nas proximidades 
do encontro do rio com o mar, pode navegar o maior 
navio que existe. Assim acontece com os hábitos: quanto 
mais antigos, mais fortes eles ficam; quanto mais tempo 
prenderem a alma, mais difícil de serem eliminados. Eles 
crescem, à medida que crescemos; e se fortalecem, à 
medida que nos desenvolvemos. O hábito nutre o peca­
do. Cada pecado cometido atenua o temor e o remorso, 
endurece o coração, abranda o aguilhão da consciência 
e aumenta nossa inclinação para o mal.
Talvez você, moço, pense que estou enfatizando 
muito esse ponto. Mas não diria isso, se, como eu, tivesse 
visto tantos velhos à beira da sepultura, totalmente 
insensíveis, cauterizados, calejados, apáticos, endurecidos 
como a pedra inferior do moinho. Creia, você não pode 
ficar neutro quanto aos interesses de sua alma. Ou bons 
ou maus hábitos diariamente se fortalecem em seu 
coração. A cada dia que passa, ou você se aproxima 
mais de Deus ou se distancia dEle. A cada ano que você 
continua sem arrepender-se e converter-se, o muro 
divisório entre você e o céu aumenta e se avoluma; e o 
abismo a ser cruzado se aprofunda e se alarga. Oh! eu 
insisto! Você deve temer o endurecimento causado pela
Razões Para Exortar os Moços 17
permanência no pecado! Agora é o tempo aceitável. 
Não espere até a sua velhice, ou a força do hábito será 
tamanha que, se você não busca o Senhor enquanto 
jovem, provavelmente, nunca irá buscá-Lo. E isso que 
eu temo; portanto o exorto.
(4) O diabo faz um esforço especial para 
destruir as almas dos moços; mas, eles parecem 
não saber disso. Satanás sabe muito bem que você 
constituirá a próxima geração; então, sem perda de tem­
po, logo emprega todo artifício para tomar posse de 
sua vida. Eu não quero que você fique ignorante de suas 
artimanhas.
Você faz parte do grupo para o qual ele exibe 
todas as suas tentações favoritas. Ele arma a rede com o 
maior cuidado, a fim de emaranhar o seu coração; guar­
nece as iscas de suas armadilhas com os bocados mais 
doces, para tê-lo em seu poder; expõe com a maior 
habilidade a sua mercadoria diante dos seus olhos, no 
intuito de levá-lo a comprar seu veneno adocicado e a 
comer suas iguarias amaldiçoadas. Você é o grande alvo 
do seu ataque. Que o Senhor repreenda a Satanás e 
livre a sua vida das mãos dele!
Jovem, tome cuidado para não ficar preso nos 
laços de Satanás. Ele tenta jogar poeira em seus olhos 
para impedir que você enxergue qualquer coisa em suas 
cores reais. Ele deliberadamente leva você a considerar 
o bem como mal e o mal como bem. Ele pinta, mascara 
e adorna o pecado, para levá-lo a apaixonar-se pelo 
pecado. Ao mesmo tempo que deforma, deturpa e 
ridiculariza a verdadeira religião, a fim de que você tenha 
aversão por ela. Exalta os prazeres da iniqüidade, mas 
oculta de você a dor que ela causa. Mostra-lhe a cruz e 
os sofrimentos que ela representa, mas mantém fora de 
suas vistas a coroa eterna. Tal como fez com Jesus, o 
diabo promete-lhe qualquer coisa, desde que você tão- 
somente o sirva. Até mesmo o ajuda a praticar uma 
religião qualquer, desde que você não reconheça o poder
18 Uma Palavra aos Moços
da religião verdadeira. No início de sua vida, ele lhe diz: 
“E muito cedo para você servir a Deus”; e no final, ele 
diz: “Agora é tarde demais”. Oh! não se deixe enganar!
Quão pouco você sabe sobre o perigo que corre, 
devido a esse pavoroso inimigo! E precisamente essa 
ignorância que me causa temor. Você é como um cego, 
andando em meio a buracos e armadilhas, e não vê os 
perigos que lhe cercam por todos os lados.
O seu inimigo é poderoso. E chamado de “prín­
cipe do mundo” (Jo 14.30). Ele se opôs ao Senhor Jesus 
Cristo durante todo o ministério dEle. Tentou Adão e 
Eva a comer o fruto proibido, trazendo assim o pecado 
e a morte ao mundo. Tentou até mesmo Davi, o homem 
segundo o coração de Deus, fazendo com que seus últi­
mos dias fossem cheios de tristeza. Também tentou 
Pedro, o grande apóstolo, persuadindo-o a negar seu 
Senhor. Com toda a certeza, o intenso ódio desse inimigo 
não deve ser ignorado!
O seu inimigo é incansável. Ele nunca dorme. Anda 
constantemente em derredor, rugindo como leão, buscando 
a quem possa devorar (1 Pe 5.8). Está sempre a rodear a 
terra e a passear por ela (Jó 1.7; 2.2). Você pode ser des­
cuidado com a sua alma, mas ele não é. Ele quer torná-la 
miserável, assim como ele; e o fará, se puder. Certamente 
que seu ódio intenso não deve ser ignorado!
O seu inimigo é sagaz. Por milhares de anos ele 
tem lido um livro; este livro é o coração do homem. 
Portanto, deve conhecê-lo bem, e de fato o conhece; 
sabe de todas as suas fraquezas, enganos e loucuras. 
Tem armazenado um grande número de tentações, que 
causam males ao coração. Você nunca irá a um lugar 
onde ele não possa encontrá-lo. Vá à cidade, e lá ele 
estará. Dirija-se ao deserto, e ali também ele estará. 
Sente-se entre os beberrões e escarnecedores, e lá estará 
ele para lhe assistir. Ouça a pregação, e ele estará ao 
redor para distraí-lo. Certamente não deve ser ignorado 
um ódio tão intenso!
Razões Para Exortar os Moços 19
Moço, esse inimigo faz grande esforço para con­
seguir a sua destruição; mesmo que você não perceba 
isso. A sua vida é o prêmio pelo qual ele mantém especial 
contenda. Ele vê de antemão que você será uma bênção 
ou uma maldição em seus dias. Assim, procura diligen­
temente obter entrada em seu coração o mais cedo 
possível, para que no final você venha a aumentar o 
reino dele. Ele compreende muito bem que estragar o 
botão é o modo mais seguro para arruinar a flor. Oh! 
que se abrissem os seus olhos como os do servo de Eliseu, 
em Dotã (2 Rs 6.15-17). Oh! se você apenas compre­
endesse o que Satanás está maquinando contra a sua 
paz! Eu preciso alertá-lo, preciso exortá-lo. Quer você 
ouça, quer não; eu não posso, não ouso, não o deixarei 
sossegado.
(5) Os moços necessitam de exortação, por­
que, se começarem a servir a Deus agora, serão 
poupados de tristezas. O pecado é a causa de toda a 
tristeza, e nenhum outro tipo de pecado parece trazer ao 
homem tanta miséria e dor quanto os pecados da sua 
juventude. As tolices que ele cometeu, o tempo desper­
diçado, os erros praticados, as más companhias mantidas 
por ele, os males causados a si próprio, tanto no corpoquanto no espírito, as chances de felicidade jogadas fora, 
as oportunidades de ser útil que foram desprezadas; todas 
essas são coisas que freqüentemente amarguram a cons­
ciência de um ancião. Além disso, enegrecem o 
entardecer de seus dias e preenchem as últimas horas de 
sua vida com auto-reprovação e vergonha.
Alguns homens poderiam contar-lhe sobre a pre­
matura perda da saúde, causada pelos pecados da 
juventude. A enfermidade maltrata os seus membros com 
dor, e a vida para eles é quase um tédio. O vigor de seus 
músculos está tão enfraquecido que um gafanhoto lhes 
parece um fardo. Seus olhos se escurecem precoce- 
mente, e sua força se abate. Sendo ainda dia, já se pôs o 
sol de sua saúde, e lamentam ver consumidos o seu corpo
20 Uma Palavra aos Moços
e sua carne (Ec 12.1,2). Creia-me, esse é um cálice 
amargo para se beber.
Outros poderiam dar tristes relatos sobre as con­
seqüências da ociosidade. Jogaram fora a áurea 
oportunidade da aprendizagem. Não quiseram obter 
sabedoria, na época em que a mente estava mais apta a 
receber o ensino e a memória mais preparada a reter o 
conhecimento. Agora é muito tarde! Já não têm tempo 
para sentar e aprender; não têm a mesma força, mesmo 
que tivessem o tempo disponível. O tempo perdido 
jamais pode ser readquirido. Esse, também, é um cálice 
amargo para se beber.
Outros podem contar-lhe sobre os dolorosos 
enganos em suas decisões, que os fizeram sofrer durante 
toda a vida. Quiseram seguir os seus próprios caminhos. 
Não aceitaram conselhos. Fizeram alianças que resulta­
ram na sua completa infelicidade. Escolheram uma 
profissão com a qual eram inteiramente incompatíveis. 
Agora eles reconhecem tudo isso. Mas, infelizmente, seus 
olhos só se abriram quando o erro não podia mais ser 
reparado. Oh! esse é, igualmente, um cálice amargo 
para se beber!
Moço, moço! gostaria que você conhecesse o 
conforto que há em uma consciência não sobrecarregada 
com uma longa lista de pecados próprios da mocidade. 
Esses pecados são feridas que traspassam o espírito; são 
um aguilhão que fere a alma. Seja misericordioso consigo 
mesmo. Busque o Senhor no início de sua vida e, assim, 
será poupado de muitas lágrimas amargas.
Essa é a realidade que Jó parece ter experimen­
tado. Ele disse: “Pois decretas contra mim cousas 
amargas e me atribuis as culpas da minha mocidade” 
(Jó 13.26). Também Zofar, o amigo de Jó, referindo-se 
ao ímpio, disse: “Ainda que os seus ossos estejam cheios 
do vigor da sua juventude, esse vigor se deitará com ele 
no pó” (Jó 20.11).
Davi, também, parece ter experimentado o mes-
Razões Para Exortar os Moços 21
mo. Ele disse ao Senhor: “Não te lembres dos meus 
pecados da mocidade, nem das minhas transgressões” 
(SI 25.7).
Beza,6 o grande reformador suíço, experimentou 
essa verdade de maneira tão intensa que, em seu testa­
mento, citou como misericórdia especial o fato de ter 
sido chamado, pela graça de Deus, a desprezar o mundo 
aos dezesseis anos de idade.
Pergunte aos crentes, e penso que muitos deles 
lhe dirão coisas semelhantes. “Quem me dera pudesse 
viver minha juventude novamente!”, é o que provavel­
mente falarão. “Ah! se eu tivesse gasto os dias da minha 
mocidade de uma forma melhor!” “Oh! se eu não tivesse 
deixado os maus hábitos se arraigarem, de maneira tão 
forte, na primavera da minha existência!”7
Moço, quero poupá-lo de todos esses dissabores, 
se eu puder. O inferno é uma realidade que vem a ser 
descoberta tarde demais. Seja sábio. O que a juventude 
semear, _a velhice colherá. Não empregue a época mais 
preciosa da vida em coisas que não lhe trarão conforto 
nos seus dias finais. Antes, semeie para si mesmo em 
retidão; revolva o terreno do seu coração para não 
semear entre espinhos.
No momento, você peca facilmente, tanto na 
prática quanto em palavras; mas tenha certeza, não 
demorará para você e o seu pecado se encontrarem, 
mesmo que você não queira que isso aconteça. As feridas 
antigas freqüentemente doem e causam sofrimento, 
mesmo tendo passado muito tempo após a sua cura e 
quando resta apenas uma cicatriz. Assim também será 
com os seus pecados. Milhares de anos após a morte de 
certos animais, têm sido encontradas as suas pegadas 
impressas nas rochas, as quais na época eram apenas 
argila úmida. Assim, também, poderá suceder com os 
seus pecados.
Diz o ditado: “A experiência é uma escola muito 
cara, mas os tolos não aprendem em nenhuma outra”.
22 Uma Palavra aos Moços
Meu desejo é que você escape da tristeza de ter que 
aprender na escola da experiência. Desejo levá-lo a evitar 
a desgraça certamente produzida pelos pecados da 
mocidade. Esse é o último motivo pelo qual eu o exorto.
1. Os meios da graça, de acordo com “O Breve Cate­
cismo”, são as ordenanças dadas por Deus, especialmente a 
Palavra, o batismo, a ceia do Senhor e a oração.
2. Embora não haja dúvidas de que as estatísticas 
exatas mudaram nos últimos 100 anos, permanece o fato 
que, a cada ano, multidões de moços e moças partem para a 
eternidade.
3. Jerônimo (345-420) foi um tradutor da Bíblia e 
um defensor do monasticismo. A sua mais famosa realização 
foi a tradução da Bíblia para o latim. Essa tradução é conhecida 
como Vulgata Latina. Por volta do Século XVIII tornou-se a 
versão oficialmente reconhecida e autorizada para a Igreja 
Católica, substituindo todas as outras traduções em latim.
4. Robert Leighton (1611-1684) graduou-se na Uni­
versidade de Edimburgo e foi arcebispo da Igreja Anglicana 
de Glasgow. Entre os seus escritos devocionais, há um notável 
comentário sobre 1 Pedro, o qual foi recomendado por 
C.H.Spurgeon, ao dizer: “E um dos favoritos de todos os 
homens espirituais”.
5. Das duas pedras do moinho, essa era a usada para 
triturar os grãos. Essa pedra era usada como figura, para 
descrever a condição de endurecimento do coração do homem.
6. Theodore Beza (1519-1605) foi um admirador, 
amigo, associado e sucessor de João Calvino em Genebra. 
Embora tenha estudado para ser um advogado, uma enfer­
midade fez com que seus pensamentos fossem voltados a 
Deus e à Fé Reformada.
7. No livreto intitulado A Dying Man’s Regrets (La­
mentos de um homem à beira da morte), Adolphe Monod 
(1802-1856) trata de vários assuntos relacionados aos re­
morsos sentidos no leito de morte. Nesse opúsculo, um dos 
mais destacados pregadores da França, no século passado, 
abre o coração nos seus últimos dias de vida e compartilha os 
seus lamentos pessoais.
Perigos que os Moços 
Enfrentam
Há alguns perigos específicos sobre os quais os mo­ços devem ser alertados.(1) Um perigo específico para o moço é o 
pecado do orgulho. Bem sei que todas as pessoas 
estão diante de um perigo terrível. Velhos e jovens, não 
importa a idade, todos têm uma corrida a empreender, 
uma batalha a enfrentar, um coração pecaminoso a ser 
mortificado, um mundo a ser vencido, um corpo a ser 
mantido sob controle e o diabo a ser resistido. Bem 
podemos dizer: “Quem está capacitado para tanto?” 
(2 Co 2.16 - nvi). Entretanto, cada época da vida e cada 
circunstância têm suas ciladas e tentações peculiares; é 
bom conhecê-las. Quem é avisado se acautela. Se tão- 
somente eu puder persuadi-lo a vigiar contra os perigos 
que vou mencionar, estou certo de que estarei dando à 
sua alma aquilo que é essencial.
O orgulho é o pecado mais antigo no mundo. 
Na verdade, veio a existir antes que o mundo fosse criado. 
Satanás e seus anjos caíram por causa do orgulho. Eles 
não ficaram satisfeitos com o seu primeiro estado. Assim, 
o orgulho abasteceu o inferno com os seus primeiros 
habitantes.
O orgulho lançou Adão fora do paraíso. Ele não 
ficou satisfeito com o lugar que Deus lhe designara. 
Tentou elevar-se e caiu. Desta forma, o pecado, a tristeza
24 Uma Palavra aos Moços
e a morte entraram neste mundo através do orgulho.
Por natureza,o orgulho ocupa todos os corações. 
Nós nascemos orgulhosos. O orgulho faz com que 
fiquemos satisfeitos conosco mesmos, levando-nos a 
pensar que, como estamos, somos bons o suficiente. 
Ele tapa os nossos ouvidos a todo e qualquer conselho e 
leva-nos a rejeitar o evangelho de Cristo. Ele encaminha 
cada pessoa ao seu próprio modo de viver. Porém, não 
há outro lugar onde o orgulho reina com mais força do 
que no coração de um moço.
Como é comum encontrarmos moços volunta­
riosos, arrogantes e sem paciência para ouvir conselhos! 
Como é freqüente não serem educados e corteses com 
os que estão à sua volta, por não se acharem valorizados 
e estimados como gostariam de ser. Com que freqüência 
não param, a fim de ouvir uma sugestão de alguém mais 
velho! Pensam que sabem tudo. São presunçosos quanto 
à própria sabedoria. Acham que os mais velhos, especial­
mente os seus familiares, são ignorantes, tolos e 
antiquados. Imaginam que não precisam de ensino ou 
instrução: já compreendem tudo. Dirigir-lhes qualquer 
palavra os torna quase irados. Como potrinhos, não 
suportam o menor controle exercido sobre eles. Precisam 
ser independentes e viver a sua própria vida. A seme­
lhança daqueles mencionados por Jó (12.2), esses moços 
demonstram pensar: Nós somos o povo, e conosco 
morrerá a sabedoria. Tudo isso é orgulho.
Roboão foi um jovem desse tipo. Desprezou o 
conselho de experientes homens idosos, que haviam 
estado diante do seu pai Salomão, e deu ouvidos aos 
conselhos dos jovens de sua própria geração. Ele viveu 
colhendo as conseqüências de sua loucura (1 Rs 12). 
Infelizmente, há muitos semelhantes a ele.
Também foi assim o filho pródigo, na parábola, 
o qual tomou a parte que lhe cabia da herança e partiu 
para viver por si mesmo. Não podia submeter-se a uma 
vida tranqüila, sob o teto do pai; mas precisava partir
Perigos Que os Moços Enfrentam 25
para uma terra distante e ser dono de si mesmo. Assim 
como uma criança que se afasta da mãe e vagueia 
sozinho, aquele jovem logo sofreu por sua tolice. Final­
mente, depois que foi forçado a comer alfarrobas com 
os porcos, tornou-se mais sábio (Lc 15.11-19). Infeliz­
mente, há muitos semelhantes a ele.
Moço, imploro-lhe com sinceridade, acautele-se 
do orgulho. Dizem que há duas coisas muito raras de 
serem vistas no mundo: uma é um moço que seja 
humilde, a outra é um velho satisfeito. Temo que essa 
afirmação seja, de fato, verdadeira.
Não se orgulhe de suas habilidades, de suas forças, 
de seu conhecimento, de sua aparência ou de sua inteli­
gência. Não se orgulhe de si mesmo ou de qualquer dos 
seus talentos. Tudo isso é conseqüência de não conhecer 
a si mesmo e ao mundo. Quanto mais você envelhece e 
mais compreende as coisas, menos razão tem para ser 
orgulhoso. A ignorância e a inexperiência são o pedestal 
do orgulho; uma vez que esse pedestal seja removido, o 
orgulho logo desabará.
Recorde-se de quantas vezes as Escrituras nos 
mostram a excelência de um espírito de humildade. 
Como somos intensamente exortados a não pensarmos 
de nós mesmos além do que devemos pensar! (Rm 12.3). 
Com que clareza somos informados que “se alguém julga 
saber alguma cousa, com efeito não aprendeu ainda 
como convém saber” (1 Co 8.2). Como a ordem é 
precisa: “Revesti-vos... de humildade” (Cl 3.12). E, ainda: 
“Cingi-vos todos de humildade” (1 Pe 5.5). Infelizmen­
te, muitos parecem não possuir nem um fragmento dessa 
vestimenta.
Pense no grande exemplo deixado pelo Senhor 
Jesus Cristo, quanto a isso. Ele lavou os pés dos discípulos 
e lhes disse: “Como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 
13.15). Está escrito: “Jesus Cristo... sendo rico, se fez 
pobre por amor de vós” (2 Co 8.9); e, em outro lugar: 
“Antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
26 Uma Palavra aos Moços
servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reco­
nhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou” 
(Fp 2.7,8). Obviamente, ser orgulhoso é ser mais seme­
lhante ao diabo e ao Adão decaído do que a Cristo. 
Com certeza, ser como Cristo jamais será desprezível 
ou desonroso.
Pense no homem mais sábio que já viveu; refiro- 
me, evidentemente, a Salomão. Veja como ele se 
considerou “uma criança”, alguém que não sabia como 
se conduzir (1 Rs 3.7). Havia nele um espírito bem 
diferente do que em seu irmão, Absalão, que se achava 
capacitado a qualquer coisa: “Ah! quem me dera ser juiz 
na terra! para que viesse a mim todo homem que tivesse 
demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça” (2 Sm 
15.4); diferente, também, de seu irmão Adonias, que 
“se exaltou e disse: Eu reinarei” (1 Rs 1.5). A humildade 
era o princípio da sabedoria de Salomão. Ele deixou 
escrito, por experiência própria: “Tens visto a um homem 
que é sábio a seus próprios olhos? Maior esperança há 
no insensato do que nele” (Pv 26.12).
Moço, guarde no coração esses versículos citados; 
não confie demasiadamente em seu próprio discerni­
mento. Pare de confiar que você está sempre certo e os 
outros sempre errados. Desconfie de sua própria opinião, 
quando vê que ela é contrária à dos mais velhos e, 
especialmente, à opinião de seus pais. A idade traz 
experiência e, portanto, merece respeito. No livro de 
Jó, vemos que uma característica da sabedoria de Eliú 
foi o fato de ele ter esperado para falar a Jó, pois este 
era de mais idade do que ele (Jó 32.4). Então, Eliú disse: 
“Eu sou de menos idade, e vós sois idosos; arreceei-me 
e temi de vos declarar a minha opinião. Dizia eu: falem 
os dias, e a multidão dos anos ensine a sabedoria” (Jó 
32.6,7). A modéstia e o silêncio são adornos graciosos 
nos jovens. Nunca se envergonhe de ser um aprendiz; 
Jesus o foi. Aos doze anos de idade, Ele foi encontrado 
no templo, “assentado no meio dos mestres, ouvindo-
Perigos Que os Moços Enfrentam 27
os e interrogando-os” (Lc 2.46). Os homens mais sábios 
lhe dirão que continuam sendo aprendizes; e são 
humildes em reconhecer, depois de tudo, quão pouco 
realmente sabem. O grande Isaac Newton1 costumava 
dizer que não se considerava melhor do que uma criança 
que colhera algumas pedras preciosas às margens do 
mar do conhecimento.
Moço, se você deseja ser sábio, se deseja ser feliz, 
lembre-se deste aviso: cuidado com o orgulhol
(2) Um outro perigo para os moços é o 
amor aos prazeres. A juventude é a época em que as 
nossas paixões são mais fortes - e, como criança 
indisciplinada, clamam o mais alto possível para serem 
satisfeitas. E a época em que geralmente estamos no 
máximo do nosso vigor e saúde; a morte parece distante, 
e, gozar a vida parece-nos a coisa mais importante. É 
também o período da vida em que a maioria das pessoas 
têm poucos problemas ou ansiedades com que se ocupa­
rem. .Tudo isso colabora para que o jovem pense no 
prazer mais que em qualquer outra coisa. Eu sirvo às 
paixões e aos prazeres - seria a resposta sincera que 
muitos moços deveriam dar, se lhes fosse perguntado: 
A quem você serve?
Moço, faltaria tempo, se eu fosse falar de todos 
os frutos produzidos pelo amor aos prazeres e de todas 
as maneiras pelas quais esse tipo de amor pode lhe 
prejudicar. Por que haveria de falar sobre bailes, 
bebedeiras, jogos de azar, teatro, danças e coisas seme­
lhantes? Poucos há que não conhecem em parte essas 
coisas, através de amarga experiência. E esses são 
apenas alguns exemplos. Tudo o que traz uma sensação 
de euforia momentânea, que faz naufragar o raciocínio, 
mantendo a mente num constante redemoinho, que 
agrada os sentidos e gratifica a carne é o tipo de coisa 
que agora exerce grande poder em sua vida. E esse 
poder provém do amor aos prazeres. Acautele-se! Não 
seja como aqueles mencionados por Paulo, que são
28 Uma Palavra aos Moços
“antes amigos dos prazeres que amigos de Deus” (2 
Tm 3.4).
Se você deseja apegar-se aos prazeres deste 
mundo, lembre-se do que lhe digo: são essesos que 
matam a alma. Ceder aos desejos da carne e dos pen­
samentos é o meio mais seguro de se obter uma 
consciência cauterizada e um coração impenitente e duro. 
A princípio, ceder aos desejos parece inconseqüente, 
mas o impacto é sentido a longo prazo.
Considere o que Pedro disse: “Exorto-vos... a vos 
absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra 
a alma” (1 Pe 2.11). Tais paixões destroem a paz que 
há na alma, quebrantam seu vigor, conduzem-na a um 
penoso cativeiro e fazem dela uma escrava.
Considere o que Paulo disse: “Fazei, pois, morrer 
a vossa natureza terrena” (Cl 3.5); “E os que são de 
Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões 
e concupiscências” (G15.24); “Mas esmurro o meu corpo 
e o reduzo à escravidão” (1 Co 9.27). Antes do pecado, 
o corpo era uma perfeita habitação para a alma; contudo, 
agora está todo corrompido, desregrado e necessita de 
constante vigilância. Ele é um peso para a alma, não 
um companheiro útil; um estorvo, não uma ajuda. O 
corpo pode se tornar um servo muito útil, mas será 
sempre um péssimo senhor.
Considere estas outras palavras de Paulo: 
“Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais 
para a carne, no tocante às suas concupiscências” (Rm 
13.14). “Essas são palavras”, disse Leighton, “cuja 
simples leitura operou de tal modo em Agostinho, que 
ele foi transformado de um jovem imoral e vil em um 
fiel servo de Jesus Cristo”.2 Moço, desejo que o mesmo 
aconteça com você.
Novamente, você deseja apegar-se aos prazeres 
deste mundo, lembre-se que eles são completamente 
uazios, fúteis e de modo algum satisfazem. Assim como 
os gafanhotos da visão em Apocalipse, esses prazeres
Perigos Que os Moços Enfrentam 29
aparentam possuir coroas em suas cabeças; mas, do 
mesmo modo que tais gafanhotos, você verá que 
possuem ferrões - verdadeiros ferrões - em suas 
caudas (Ap 9.7-10). Nem tudo que reluz é ouro; nem 
tudo que é doce é bom; nem tudo que dá prazer mo­
mentâneo é prazer verdadeiro.
Atire-se aos prazeres mundanos, se você desejar; 
porém, jamais seu coração se satisfará com eles. Sempre 
haverá uma voz interior, clamando como a sanguessuga: 
“Dá, dá!” (Fv 30.15). Há em seu coração um vazio que 
só Deus pode preencher, e nada mais. Assim como 
Salomão descobriu, por experiência própria, você tam­
bém descobrirá que os prazeres deste mundo não passam 
de um vão espetáculo - vaidade e vexação de espírito
- como sepulcros caiados, com boa aparência externa 
mas cheios de corrupção e cinzas em seu interior. É 
melhor ser sábio a tempo. E melhor rotular com a palavra 
“veneno” todos os prazeres terrenos. Dentre eles, até 
mesmo o prazer mais legítimo deve ser usado com 
moderação. Qualquer um deles destrói sua alma, se você 
coloca neles o coração.
Nessa altura não hesitarei em alertar a você e a 
todos os moços a recordarem-se do sétimo mandamento 
e a guardarem-se do adultério, da fornicação e de todo 
tipo de impureza. Temo que exista, freqüentemente, 
uma falta de franqueza ao se falar dessa parte da lei de 
Deus. Mas, quando vejo o modo como os profetas e os 
apóstolos lidaram com esse assunto, quando observo a 
maneira aberta com que os reformadores da igreja 
denunciam esses pecados, quando olho a quantidade 
de moços seguindo as pisadas de Rúbens, Amom, Hofni 
e Finéias, não posso, em sã consciência, ficar quieto. 
Duvido que o mundo se encontre em melhor situação 
por causa do silêncio excessivo que prevalece em rela­
ção a esse mandamento. De minha parte, penso que 
seria uma falsidade e uma cortesia sem fundamento 
bíblico dirigir-me aos moços e não falar deste pecado
30 Uma Palavra aos Moços
que é, preeminentemente, o pecado peculiar do moço.
A quebra do sétimo mandamento é o pecado que 
se sobrepõe a todos os outros e que, como disse Oséias, 
tira o entendimento (Os 4.11). E o pecado que deixa na 
alma márcas mais profundas do que qualquer outro que 
o homem pode cometer. E um pecado que extermina 
os seus milhares, em qualquer idade, e que arruinou não 
poucos dentre os santos de Deus, em épocas passadas. 
Ló, Sansão e Davi são desagradáveis provas desse fato. 
Esse é o pecado para o qual o homem ousa sorrir e o 
suaviza com nomes como diversão, fraqueza, impetu­
osidade. E, porém, o pecado com o qual o diabo 
especificamente se regozija, pois o diabo é o “espírito 
imundo”; e também é o pecado que Deus especifica­
mente abomina, declarando que “julgará os impuros e 
adúlteros” (Hb 13.4).
Moço, eu insisto, se você ama a vida, fuja da 
imoralidade sexual (1 Co 6.18). “Ninguém vos engane 
com palavras vãs; porque por estas cousas vem a ira de 
Deus sobre os filhos da desobediência” (Ef 5.6). Fuja 
das ocasiões para esse pecado, da companhia daqueles 
que podem induzi-lo a pecar e de lugares onde você 
pode ser tentado a cair nesse pecado. Leia o que nosso 
Senhor disse a respeito, em Mateus 5.28. Seja santo 
como Jó, que disse: “Fiz aliança com meus olhos” (Jó 
31.1). Fuja deconversas imorais. Essa é uma das coisas 
que nem sequer deve estar em nossos lábios. Não há 
como manusear o piche sem sujar as mãos. Fuja dos 
pensamentos imorais; resista-lhes, mortifique-os, ore a 
respeito, faça qualquer sacrifício, ao invés de ceder. Com 
muita freqüência, a imaginação é a incubadora onde é 
chocado esse pecado. Vigie os seus pensamentos, e 
pouco haverá que se temer quanto às suas ações.
Considere o alerta que tenho lhe dado. Se tudo o 
mais for esquecido, não se esqueça dessa advertência.
(3) Outro grande perigo para os moços é a 
falta de reflexão e ponderação. A falta de reflexão
Perigos Que os Moços Enfrentam 31
é um simples motivo pelo qual milhares de almas tornam- 
se perdidas eternamente. Os homens não querem refletir, 
não querem olhar adiante, não querem olhar ao seu redor 
nem meditar sobre o curso de sua vida presente e as 
óbvias conseqüências do seu modo de viver; e, final­
mente acordarão para o fato que foram condenados por 
falta de reflexão sobre essas coisas.
Moço, ninguém mais do que você corre perigo 
nessa área. Ao seu redor há perigos dos quais você sabe 
muito pouco; e assim se descuida quanto ao seu cami­
nhar. Você detesta a importunação de pensar calma e 
sobriamente; então toma decisões erradas e acaba 
colhendo tristezas. O jovem Esaú tinha necessidade do 
cozido de lentilhas do irmão e de vender-lhe o direito de 
primogenitura; ele não refletiu no quanto haveria de 
desejar esse direito um dia (Gn 25.27-34). Os jovens 
Simeão e Levi tinham necessidade de vingar sua irmã 
Diná e passar ao fio da espada os siquemitas; eles não 
ponderaram sobre o quanto de aborrecimento e 
preocupação trariam para suas casas e para seu pai, 
Jacó (Gn 34). Jó parecia temer especificamente essa 
falta de ponderação entre seus filhos. Está escrito que, 
“decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava 
Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madru­
gada e oferecia holocaustos segundo o número de todos 
eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e 
blasfemado contra Deus em seu coração. Assim fazia Jó 
continuamente” (Jó 1.5).
Acredite-me, este mundo não é um lugar onde 
nos damos bem, se não usamos o raciocínio; quanto 
mais nos assuntos referentes às nossas almas. “Não 
pense!”, sussurra Satanás. Ele sabe que um coração não- 
convertido é como os livros fiscais de um negociante 
desonesto - não resistirão a uma inspeção detalhada. 
“Considerai os vossos caminhos”, diz a Palavra de Deus. 
Pare e pense, considere os seus caminhos e seja sábio. 
E correto o provérbio espanhol: “A pressa vem do diabo”.
32 Uma Palavra aos Moços
Assim como muitos homens se casam, na hora da pressa, 
e se arrependem, na hora da reflexão, assim também 
em um instante cometem erros quanto as suas almas; e, 
por isso, sofrem durante anos. Assim como o mau servo 
procede erroneamente e então diz: “Nunca me preocupeicom aquilo”, assim também o moço corre para o pecado 
e depois diz: “Não pensei nisso, não parecia que era 
pecado”. Não parecia pecado! O que você esperava? O 
pecado não vem a você e diz: “Eu sou o pecado”. Se 
fizesse isso, ele lhe causaria poucos males. O pecado 
sempre parece bom, agradável e desejável, ao ser 
cometido. Ó, jovem! adquira a sabedoria e a prudência! 
Lembre-se das palavras de Salomão: “Pondera a vereda 
de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos” (Pv 
4.26). É sábio o que foi dito pelo Lorde Bacon:3 “Não 
faça nada de forma precipitada; aguarde um pouco mais 
e você acabará mais cedo”.
Alguns alegarão, ouso afirmar, que estou pedindo 
algo exorbitante, que a juventude não é o período da 
vida em que a pessoa deve ser séria e ponderada. Eu 
respondo que, hoje em dia, há pouco risco de os jovens 
serem muito inclinados a isso. Conversas fúteis, gracejos, 
piadas e diversão excessiva são coisas muito comuns. 
Sem dúvida, há tempo para tudo; no entanto, ser cons­
tantemente leviano e frívolo é ser qualquer outra coisa, 
menos sensato. O que nos disse o mais sábio dos 
homens? “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à 
casa onde há banquete; pois naquela se vê o fim de 
todos os homens; e os vivos que o tomem em conside­
ração. Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a 
tristeza do rosto se faz melhor o coração. O coração dos 
sábios está na casa do luto, mas o dos insensatos na 
casa da alegria” (Ec 7.2-4). Matthew Henry4 conta a 
história de um grande estadista, do período elisabetano, 
que aposentou-se da vida pública em seus últimos anos 
e dedicou-se à séria reflexão. Seus amigos foram visitá- 
lo e lhe disseram que estava agindo com melancolia.
Perigos Que os Moços Enfrentam 33
“Não”, respondeu ele, “estou agindo com seriedade; pois 
há seriedade em tudo, ao meu redor. Deus age com 
seriedade ao nos observar; Cristo age com seriedade ao 
interceder por nós; o Espírito age com seriedade ao 
contender conosco; as verdades de Deus são sérias; 
nossos inimigos espirituais são sérios em seus intentos 
para nos arruinar; a existência de pobres pecadores 
perdidos no inferno é uma séria realidade. Diante de 
tudo isso, por que eu e você não haveríamos de agir 
com seriedade também?”5
O, moço! aprenda a refletir! Aprenda a ponderar 
sobre as suas atitudes e sobre o seu destino final. Separe 
tempo para refletir calmamente. Medite em seu coração 
e aquiete-se. Lembre-se da minha advertência: não se 
perca meramente por falta de ponderação.
(4) Um outro perigo para os moços é o 
menosprezo à vida espiritual. Esse é, também, um 
dos perigos específicos que você enfrenta. Sempre 
observo não haver quem demonstre tão pouco respeito 
para com a verdadeira religião quanto os moços. Em 
comparação a eles, não há quem se dedique tão pouco 
aos meios da graça, quem participe menos dos cultos 
quando presentes, quem utilize tão pouco as Escrituras 
e livros devocionais, quem cante tão pouco ou dê tão 
pouca atenção às pregações. Ninguém, mais do que 
eles, deixa de participar dos cultos de oração, de estu­
dos bíblicos ou de qualquer outra atividade semanal que 
serve de ajuda para a alma. Parece que os moços pen­
sam não necessitarem dessas coisas; talvez sejam boas 
para os homens e mulheres de mais idade, mas não 
para eles. Parece que eles se envergonham de dar a 
impressão de que se importam com as suas almas; 
parece que eles consideram como uma desgraça o fato 
de ir para o céu. Isso é um menosprezo à vida espiritual; 
é a mesma atitude que levou os rapazinhos de Betei a 
zombar do consagrado Eliseu (2 Rs 2.23). E eu lhe digo: 
Acautele-se, moço, desse tipo de atitude! Se compensa
34 Uma Palavra aos Moços
ter uma religião verdadeira, também compensa tratá-la 
com seriedade.
O menosprezo às coisas espirituais é o principal 
caminho que conduz à infidelidade para com Deus. Uma 
vez que o homem tenha começado a zombar e a fazer 
piadas sobre qualquer área da vida cristã, nunca me sur­
preendo ao saber que se tornou um incrédulo resoluto.
Moço, você já se decidiu sobre esse assunto? Já 
visualizou com precisão o abismo que está à sua frente, 
se persistir em desprezar as coisas de Deus? Recorde-se 
das palavras de Davi: “Diz o insensato no seu coração: 
Não há Deus” (SI 14.1). O insensato, e somente ele, 
fala assim, mas sempre sem provas! Lembre-se, se já 
houve um livro cuja veracidade tem sido comprovada, 
do princípio ao fim, esse livro é a Bíblia. Ela tem resistido 
os ataques de todos os inimigos e de todos os que nela 
procuram alguma falta. “A palavra do S enhor é provada’ 
(SI 18.30). Tem sido provada de toda forma; e quanto 
mais é provada, mais evidentemente se comprova ser 
uma obra das mãos do próprio Deus. Em que você vai 
crer senão na Bíblia? Não há outra escolha, a não ser 
que você prefira acreditar em algo ridículo e absurdo. 
Esteja certo, ninguém é tão ingênuo quanto o homem 
que nega ser a Bíblia a Palavra de Deus;6 porém, se ela 
é a Palavra de Deus, cuide para não desprezá-la.
Os homens podem lhe dizer que há coisas difíceis 
de serem entendidas na Bíblia. Se não fosse assim, ela 
não seria o livro de Deus. E, qual o problema com isso? 
Você não despreza os medicamentos por não compre­
ender tudo que seu médico faz por meio deles. Mas, o 
que quer que digam os homens, aquilo que é necessário 
para a salvação está dito de modo tão claro quanto a luz 
do dia. Esteja bem certo disto: os homens nunca rejeitam 
a Bíblia por não conseguirem entendê-la. Eles a enten­
dem muito bem; compreendem que ela condena os seus 
procedimentos, testemunha contra os seus pecados e 
os intima ao julgamento. Os homens tentam acreditar
Perigos Que os Moços Enfrentam 35
que ela é falsa e inútil, porque não gostam de admitir a 
sua veracidade. O célebre Lorde Rochester,7 pondo sua 
mão sobre a Bíblia, afirmou: “A única grande objeção a 
este livro é levar uma vida perversa”. Robert South8 disse: 
“Os homens questionam a veracidade do cristianismo 
porque detestam a prática do mesmo”.
Moço, quando foi que Deus falhou em cumprir 
sua palavra? Nunca! O que disse que faria, Ele sempre 
fez; o que falou, Ele sempre cumpriu. Ele falhou em 
cumprir sua palavra a respeito do dilúvio? Não! Porven­
tura Ele falhou em relação a Sodoma e Gomorra? Não! 
Falhou com a incrédula Jerusalém? Não! Falhou com os 
judeus, até o presente momento? Não! Ele nunca falhou 
em cumprir a sua palavra. Cuidado para não ser achado 
entre aqueles que desprezam a Palavra de Deus.
Jamais zombe da religião bíblica. Não escarneça 
do que é sagrado. Não ridicularize os que são sinceros e 
zelosos com suas almas. Poderá chegar o tempo em 
que você considerará felizes os que lhe eram motivo de 
riso; uma hora em que o seu riso se tornará em tristeza 
e o seu escárnio em aflição.
(5) Outro perigo para os moços é o temor 
pelas opiniões de outros. “Quem teme ao homem arma 
ciladas” (Pv 29.25). E triste observar o poder exercido pelo 
temor, na maioria das mentes; e, em especial, na mente 
dos jovens. Poucos parecem ter qualquer opinião própria 
ou capacidade de pensar por si mesmos. São como os 
detritos no mar, levados pelas ondas e pelas marés; o que 
outros pensam estar correto, eles também pensam; o que 
outros consideram errado, também eles. Não há no mundo 
muitos jovens que pensam por si mesmos. A maioria deles 
é como ovelhas - seguem um líder. Se o que estiver em 
voga for pertencer ao catolicismo romano, eles serão cató­
licos romanos; se ao islamismo, serão islamitas. Esses 
detestam a idéia de ir contra a atual corrente de pensa­
mento. Resumindo, a opinião em voga se torna a sua 
religião, o seu credo, a sua bíblia e o seu deus.
36 Uma Palavra aos Moços
“O que os meus amigos vão_pensar ou dizer a 
meu respeito?” Tal pensamento corta pela raiz muitas 
das boas intenções. O temor de ser desprezado, escar­
necidoe ridicularizado impede^que muitos hábitos bons 
sejam adquiridos. Há muitas Bíblias cuja leitura poderia 
iniciar-se hoje mesmo, se os seus donos ousassem a isso. 
Muitos sabem que deveriam lê-las, mas têm receio: “O 
que as pessoas vão dizer?” Há joelhos que deveriam 
dobrar-se em oração, hoje mesmo, mas o temor ao ho­
mem é um impedimento: “Que dirão meus amigos, meu 
irmão, minha esposa, se me virem orando?” Que terrível 
escravidão é essa, e o quanto ela é comum! “Temi o 
povo” - disse Saul a Samuel; e assim transgrediu o 
mandamento do Senhor (1 Sm 15.24). “Receio-me dos 
judeus” - disse Zedequias, o infeliz rei de Judá; e assim 
desobedeceu o conselho dado a ele por Jeremias (Jr
38.19). Herodes teve receio do que os seus convidados 
pensariam dele; e, assim, fez aquilo que o entristeceu 
profundamente - decapitou João Batista (Mc 6.17-28). 
Pilatos temeu ofender os judeus; e, assim, efetuou o que 
ele tinha consciência de ser uma coisa injusta - entregou 
Jesus para ser crucificado. Se isso não é escravidão, 
então diga-me o que é.
Meu jovem, quero que você seja liberto dessa 
escravidão. Desejo que não se importe com a opinião 
dos homens, quando o caminho do dever é claro. 
Acredite, é uma grande coisa ser capaz de dizer “Não!” 
Este era o ponto fraco do bom rei Josafá; ele era muito 
complacente e flexível em seu modo de agir com Aca­
be; desse modo lhe sobrevieram muitos de seus 
problemas (1 Rs 22.4). Aprenda a dizer “Não!” Que o 
medo de parecer uma pessoa desagradável não o torne 
incapaz de resistir. Quando os pecadores procurarem 
seduzir você, diga com determinação: Não consentirei 
(Pv 1.10).
Considere como é irracional o temor ao homem. 
Como é de curta duração a inimizade humana e quão
Perigos Que os Moços Enfrentam 37
pequeno é o mal que o homem lhe pode causar! 
“Quem,pois, és tu, para que temas o homem, que é 
mortal, ou o filho do homem que não passa de erva? 
Quem és tu que te esqueces do S en h or que te criou, que 
estendeu os céus e fundou a terra?.” (Is 51.12,13). Pense 
quão ingrato é esse temor! Ninguém realmente o achará 
uma pessoa melhor, por causa disso. O mundo sempre 
tem um respeito maior por aqueles que servem a Deus 
com destemor. Oh! quebre esses grilhões e atire-os fora! 
Jamais se envergonhe de deixar os homens saberem 
que o seu desejo é ir para o céu. Não veja como infelici­
dade o demonstrar ser um servo de Deus. Não tenha 
medo de fazer o que é certo.
^ Lembre-se das palavras do Senhor Jesus: “Não 
temais os que matam o corpo e não podem matar a 
alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no 
inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28). Tão- 
somente procure servir a Deus, e logo Ele pode fazer 
com que outros se agradem de você. “Sendo o caminho 
dos homens agradável ao S e n h o r , este reconcilia com 
eles os seus inimigos” (Pv 16.7).
Moço, seja corajoso.9 Não se importe com o que 
o mundo pensa ou diz; você não permanecerá nele para 
sempre. Pode o homem salvar-lhe a alma? Não! No gran­
de e terrível Dia do Juízo, quem o julgará: o homem? 
Não! Pode ele lhe conceder uma boa consciência durante 
a vida, uma boa esperança na morte e uma boa resposta 
na manhã da ressurreição? Não! Não! Não! Nada disso 
o homem pode fazer. Então, “não temais o opróbrio 
dos homens, nem vos turbeis por causa das suas injúrias. 
Porque a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os 
comerá como à lã” (Is 51.7,8). Eis o que disse o bom 
Coronel Gardiner:10 “Temo a Deus; portanto, nada mais 
tenho a temer”. Imite-o, jovem!
Estes são os avisos que eu lhe dou. Guarde-os no 
coração; eles são dignos de reflexão. Estarei muito 
enganado, se não forem imensamente necessários.
Queira o Senhor que não lhe tenham sido dados em 
vão!
38 Uma Palavra aos Moços
1. Isaac Newton (1642-1727) foi um matemático e 
filósofo talentoso.
2. Agostinho (354-430) foi um famoso bispo da cidade 
de Hippo. O relato de sua conversão a Cristo pode ser visto 
na obra clássica Confessions (Confissões).
3. Francis Bacon (1561-1626) foi um estadista inglês 
e filósofo.
4. Matthew Henry (1662-1714) foi um expositor 
bíblico que escreveu um dos mais úteis comentários sobre 
toda a Bíblia.
5. Uma indicação trágica da atitude moderna quanto 
a esse assunto está contida no mote do Instituto Internacional 
do Humor: “Não existe nenhuma evidência de que a vida é 
coisa séria”.
6. Não é isso o que acontece quando se fala em criação 
e evolução? As Escrituras declaram, sem equívoco, que Deus 
criou o mundo pelo poder de sua própria palavra. O Senhor 
tornou em loucura a assim chamada sabedoria do mundo (1 
Co 3.18-20); portanto, ela está pronta a argumentar que o 
glorioso e complexo universo aconteceu por mero acaso.
7. John W. Rochester (1647-1680) foi um assistente 
da corte real inglêsa.
8. Robert South (1634-1716) foi um ministro 
anglicano, cujos sermões foram denominados de “Clássicos 
da Teologia Inglesa”. Procurava sempre pregar com clareza, 
simplicidade e fervor.
9. Veja nas Escrituras os seguintes versículos que 
utilizam linguagem idêntica: Deuteronômio 31.6,7,23; Josué 
1.6,9,18; Salmo 27.14.
10. Cel. James Gardiner (1687-1745) foi um consa­
grado pregador, convertido de forma notável, enquanto lia o 
livro de Thomas Watson: Heauen Taken by Storm (O Céu 
Tomado à Força).
Conselhos Gerais 
aos Moços
Desejo agora dar alguns conselhos gerais aos moços. (1) Procure obter uma compreensão clara sobre a malignidade do pecado. Moço, se você tão 
simplesmente soubesse o que é o pecado e o que ele 
tem efetuado, não estranharia que eu o exortasse dessa 
maneira. Você não enxerga o pecado em suas verdadei­
ras cores. Por natureza, seus olhos são cegos para ver a 
culpa e o perigo que ele encerra; por isso, não consegue 
entender o que me faz ficar tão preocupado com a sua 
vida. Não deixe o diabo ser bem sucedido em persuadi-lo 
de que o pecado não passa de um assunto insignificante 
e sem importância.
Pense, por um instante, sobre o que a Bíblia diz 
a respeito do pecado. Note como ele habita_natural- 
mente no coração de cada homem e de cada mulher 
(Ec 7.20; Rm 3.23); como corrompe nossos pensa­
mentos, palavras e ações, continuamente (Gn 6.5; Mt
15.19); como nos torna inteiramente culpados e 
abomináveis aos olhos de um Deus que é Santo (Is 64.6; 
Hc 1.13); como nos deixa completamente sem espe­
rança de salvação, se olharmos para nós mesmos (SI 
143.2; Rm 3.20). Observe como neste mundo o fruto 
do pecado é a vergonha e no mundo vindouro o seu 
salário é a morte (Rm 6.21,23). Reflita com calma em 
tudo isso. Eu lhe digo: não é mais triste estar morrendo
40 Uma Palavra aos Moços
de câncer, sem o saber, do que estar vivo e não estar 
ciente dessas coisas.
Pense na tremenda mudança que o pecado 
ocasionou em toda a nossa natureza. O homem não é 
mais o que era, quando Deus o formou do pó da terra.' 
Era reto e sem pecado, ao ser formado pelas mãos de 
Deus (Ec 7.29). Como tudo o mais, no dia de sua criação 
ele era “muito bom” (Gn 1.31). E, o que é o homem 
agora? Ele é uma criatura caída, arruinada; um ser que 
mostra inteiramente as marcas da corrupção. Seu 
coração é como *o de Nabucodonozor, degenerado e 
mundano, ligado à terra e não ao céu (Dn 4). Seus 
sentimentos são como uma família em desordem e sem 
liderança, cheios de extravagância e confusão. Seu 
entendimento é como uma luz enfraquecida, impotente 
para guiá-lo, não sabendo discernir entre o que é bom e 
o que é mau. Sua vontade é como um navio sem leme, 
atirado para cá e para lá pelos seus desejos, apresentando 
firmeza apenas quanto a escolher qualquer outro 
caminho que não seja o de Deus. Ora, que desastre é o 
homem, comparado com o que ele poderia ter sido. É 
possível compreender bem as figuras utilizadas pelo 
Espírito - cegueira, surdez, enfermidade, sono, morte
- quando quer retratar o homem do modocomo este 
está. Lembre-se que o homem se encontra desse modo 
devido ao pecado.
Pense, também, no quanto custou para ser feita 
a expiação pelo pecado, para prover redenção e perdão 
aos pecadores. O próprio Filho de Deus teve de vir ao 
mundo e tomar sobre Si a nossa natureza,_a fim de pagar 
o preço da nossa redenção e livrar-nos da maldição da 
lei, jnqual fora transgredida. Teve de sofrer petò pecado, 
Aquele que estava no princípio com o Pai e pelo qual 
todas as coisas foram criadas - o justo pelos injustos. 
Teve de morrer como um malfeitor, antes que o cami­
nho para o céu se abrisse a quem quer que fosse. Olhe 
para o Senhor Jesus Cristo sendo açoitado, zombado,
Conselhos Gerais aos Moços 41
insultado, desprezado e rejeitado pelos homens. Con- 
temple-0 derramando o seu sangue na cruz do Calvário. 
Ouça-O a clamar em agonia: “Deus meu, Deus meu, 
por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Note como o 
sol se escureceu e as rochas se fenderam com o que 
presenciaram. Considere, então, a extensão da maldade 
e da culpa do pecado.
Pense no que o pecado já tem feito sobre a terra: 
lançou Adão e Eva para fora do Éden; trouxe o dilúvio 
sobre o mundo antigo; fez com que caísse fogo sobre 
Sodoma e Gomorra; afundou Faraó e seu exército no 
Mar Vermelho; destruiu as sete nações ímpias de Canaã; 
dispersou as doze tribos de Israel pela face da terra. 
Sozinho, o pecado fez tudo isso.
Pense, ainda, em toda a miséria e tristeza que 
o pecado já causou e continua causando, até o mo­
mento. Morte, dores, contendas, doenças, intrigas, 
divisões, inveja, ciúmes, malícia, falsidade, fraudes, 
engano, violência, opressão, roubo, egoísmo, crueldade, 
ingratidão - todos esses são frutos do pecado; o pecado 
produz tudo isso. Na verdade, é o pecado que tanto tem 
arruinado e desfigurado a face da criação de Deus.
Moço, reflita nessas coisas e não ficará admirado 
por ser exortado desse modo. Se você simplesmente 
pensasse nesses frutos, certamente romperia com o 
pecado para sempre. Você brincaria com o veneno? 
Divertir-se-ia com o inferno? Tomaria o fogo nas mãos? 
Acolheria em seu coração o inimigo mais fatal? Conti­
nuaria a viver como se de modo algum importasse em 
ter ou não os seus pecados perdoados? Continuaria 
indiferente quanto a ter domínio sobre o pecado ou ser 
dominado por ele? Oh! desperte para a necessidade de 
compreender o perigo e a malignidade do pecado! Lem­
bre-se que Salomão afirmou que “os loucos”, e somente 
esses, “zombam do pecado” (Pv 14.9).
Portanto, ouça o pedido que lhe faço hoje: ore para 
que Deus lhe mostre a verdadeira perversidade do pecado.
42 Uma Palavra aos Moços
Se deseja ter sua alma salva, desperte agora e ore.
(2) Procure conhecer melhor o Senhor 
Jesus Cristo. Na verdade, esta é a essência da vida 
espiritual. E a pedra fundamental do cristianismo. En­
quanto você não reconhecer essa necessidade, os meus 
conselhos e admoestações lhe serão inúteis; e seus 
esforços, quaisquer que sejam, serão em vão. Um relógio 
sem a mola principal é tão imprestável quanto uma vida 
religiosa desprovida de Cristo. . ,
Entretanto, não desejo ser mal compreendido. O 
que quero dizer não é meramente ter conhecimento do 
nome de Cristo - é conhecer a sua misericórdia, graça 
e poder; é conhecê-Lo não por ouvir falar dEle. mas 
por prová-Lo no coração. Desejo que O conheça pela 
fé; e, como diz Paulo, que conheça “o poder da sua 
ressurreição”, conformando-se “com ele na sua morte” 
(Fp 3.10). Espero que você possa dizer sobre Ele: “Ele é 
a minha paz e minha força, minha vida e meu consolo, 
meu médico e meu pastor, meu Salvador e meu Deus”.
Por que encaro esse assunto com tanta seriedade? 
Faço isso porque somente em Cristo reside “toda a 
plenitude” (Cl 1.19); só nEle há o suprimento de tudo 
quanto nossas almas necessitam. Por nós mesmos somos 
criaturas pobres e vazias - sem retidão nem paz, sem 
vigor nem consolo, sem coragem nem paciência; sem 
forças para perseverar, prosseguir ou progredir neste 
mundo iníquo. Só em Cristo podemos encontrar graça., 
paz, sabedoria, retidão, santificação e redenção. E à 
medida em que vivemos na dependência de Cristo que 
nos tornamos cristãos fortes. Será apenas quando o 
nosso “eu” for nada e Cristo for toda "a nossa confiança 
que executaremos grandes feitos (Dn 11.32). Só então 
estaremos armados para a batalha da vida e venceremos. 
Só então estaremos prontos para a jornada da vida e 
prosseguiremos avante. Viver em Cristo, obter dEle todas 
as coisas, fazer tudo na força de Cristo e estar sempre 
olhando para Ele - esse é o verdadeiro segredo do pro­
Conselhos Gerais aos Moços 43
gresso espiritual. “Tudo posso naquele que me fortalece”, 
disse Paulo (Fp 4.13).
Jovem, apresento-lhe, nesse dia, Jesus Cristo 
como o tesouro de sua alma; e convido você a iniciar 
sua caminhada em direção a Ele, se deseja correr de tal 
modo a alcançar o prêmio. Que ir a Cristo seja o seu 
primeiro passo. Você quer consultar os amigos? Ele é o 
melhor amigo: “Amigo mais chegado do que um irmão” 
(Pv 18.24). Você se acha indigno por-causa dos seus 
pecados? Não tema; o sangue de Cristo nos purifica de 
todo pecado. Ele diz: “Ainda que os vossos pecados são 
como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; 
ainda que são vermelhos como o carmesim, se tornarão 
como a lã” (Is 1.18). Sente-se fraco e incapaz de segui- 
Lo? Não tema; Ele lhe dará poder para que você se 
torne um filho de Deus. Dar-lhe-á o Espírito Santo para 
habitar em sua vida e o selará para Ele mesmo. Também 
lhe concederá um novo coração e colocará em seu 
interior um novo espírito. Encontra-se perturbado ou 
afligido por alguma debilidade espiritual? Não tema; não 
há espírito maligno que Jesus não possa expulsar; não 
há enfermidade da alma que Ele não possa curar. Tem 
dúvidas e temores? Deixe-os de lado. Cristo diz: Venha 
a mim; e “o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei 
fora” (Jo 6.37). Ele conhece bem o coração do jovem 
rapaz. Conhece as suas provações e tentações, suas 
dificuldades e lutas. Quando aqui viveu em carne, Ele foi 
como você - um jovem, em Nazaré. Por experiência 
própria conhece a mentalidade de um rapaz. Pode 
comover-se por causa das suas fraquezas, moço; pois 
Ele mesmo sofreu, ao ser tentado. Não haverá desculpas, 
certamente, caso você vire as costas para um Salvador 
e amigo como este.
Ouça o pedido que hoje lhe faço: se você ama a 
vida, procure conhecer melhor a Jesus Cristo.1
(3) Nunca esqueça que nada é tão impor­
tante quanto sua alma. Sua alma é eterna; viverá
44 Uma Palavra aos Moços
para sempre. O mundo e tudo o que ele contém há de 
passar; embora firme, sólido, belo e bem ordenado como 
é, o mundo terá o seu fim. “Os céus passarão com 
estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão 
abrasados; também a terra e as obras que nela existem 
serão atingidas (2 Pe 3.10). As obras dos governadores, 
pintores, arquitetos e outros são todas de vida curta; 
mas sua alma subsistirá, depois do fim de todas elas. 
Um dia, soará uma grande voz do céu, dizendo: “Feito 
está” (Ap 16.17). Mas o mesmo nunca será dito em 
relação à sua alma.
Eu lhe peço, procure compreender que a sua alma 
é o que há de mais importante. E a parte da sua vida 
que deve sempre ser considerada em primeiro lugar. 
Nenhum lugar ou emprego será bom, se lhe trouxer 
prejuízo para a alma. Não merece a sua confiança qual­
quer amigo ou companheiro que considera uma coisa 
sem importância a preocupação que você tem com a 
sua alma. O homem que causa danos ao seu corpo, aos 
seus bens e à sua reputação traz prejuízos apenas tem­
porários. O verdadeiro inimigo é o que procura sempre 
prejudicar a sua alma.
Pense por um instante. Por que você veio a este 
mundo? Não foi meramente para comer, beber e 
satisfazer os desejos da carne. Não foi simplesmente 
para vestir o corpo e seguirsuas paixões, aonde quer 
que elas o conduzam; ou apenas para trabalhar, dormir, 
rir, falar, alegrar-se e pensar em mais nada além do 
momento presente. Não! você veio por causa de um 
propósito melhor e mais elevado; foi colocado aqui para 
ser treinado para a eternidade.2 O seu corpo lhe foi dado 
apenas para servir de habitação a um espírito imortal. 
Tornar a alma uma serva do corpo, ao investe tornar o 
corpo um servo da alma é fazer como muitos fazem e 
significa fugir dos propósitos de Deus.
Moço, Deus não faz acepção de pessoas. Ele não 
observa a vestimenta, o dinheiro, a classe social ou po­
Conselhos Gerais aos Moços 45
sição do homem. “O S enhor não vê como vê o homem” 
(1 S m 16.7). O mais pobre entre os santos, que tenha 
morrido em um lugar humilde, é mais nobre à vista de 
Deus do que o pecador mais rico, que tenha morrido 
em um palácio. Deus não olha para riquezas, diplomas, 
erudição, beleza ou coisas semelhantes a essas. Há, 
porém, uma coisa para a qual Ele olha: para a alma 
imortal. Ele avalia todos os homens por uma mesma 
norma, uma mesma medida, um mesmo teste e um 
mesmo critério, a saber, a condição de suas almas.
Não esqueça essas coisas. De manhã, ao meio 
dia e à noite, tenha sempre em vista aquilo que diz res­
peito à sua alma. Ao levantar-se, a cada dia, deseje que 
ela prospere; ao deitar-se, a cada noite, verifique consigo 
mesmo se realmente ela tem feito progressos. Lembre- 
se de Zeuxis,3 o grande pintor da antiguidade. Quando 
lhe interrogaram sobre a razão de trabalhar tanto e se 
dedicar de tal forma a cada um de seus quadros, sua 
resposta foi simplesmente esta: “Eu pinto para a eterni­
dade”. Não se envergonhe de ser semelhante a ele. 
Contemple a sua alma imortal com os olhos do entendi­
mento; e, quando os homens lhe perguntarem a razão 
de viver com tal seriedade, responda-lhes à maneira de 
Zeuxis: ”Vivo de modo a importar-me com minha alma”. 
Acredite, rapidamente se aproxima o dia em que a alma 
será a única preocupação do homem, e a questão de 
real importância será esta: “A minha alma está perdida 
ou está salua?”
(4) Lembre que é possível ser jovem e, 
mesmo assim, servir a Deus. Quanto a isso, temo 
os laços que Satanás arma para você. Temo que ele seja 
bem sucedido em encher a sua mente com a falsa idéia 
de que, na juventude, ser um cristão verdadeiro é coisa 
impossível. Tenho visto muitos que são levados por esse 
engano. Já ouvi o seguinte: “Você exige coisas impossí- 
veis, ao esperar tanta dedicação espiritual por parte dos 
jovens. Ã juventude não é época para seriedade. Nossos
46 Uma Palavra aos Moços
desejos são fortes, e nunca foi tencionado que os tivés­
semos sob controle, como você quer que façamos. Deus 
tencionava que nos divertíssemos. Mais tarde haverá 
tempo jufiçiente para assuntos religiosos”. Esse tipo de 
conversa é encorajada demais pelo mundo, que está 
sempre pronto a ignorar os pecados cometidos pelos 
jovens. O mundo parece assumir que os moços devem 
procurar “entregar-se aos prazeres da mocidade”. O 
mundo tem por certo que os jovens devem ser irreligiosos 
e que é impossível seguirem a Cristo.
Moço, faço-lhe esta simples pergunta: em qual 
parte da Palavra de Deus podè~ser encontrada qualquer 
coisa semelhante? Onde está o capítulo ou o versículo 
que dá base para esses comentários e argumentos mun­
danos? Porventura a Bíblia não fala sobre os velhos e 
sobre os jovens sem qualquer distinção? Acaso o pecado 
não será pecado, se for cometido por alguém aos vinte 
ou cinqüenta anos? Se, no Dia do Juízo, alguém disser: 
“Sei que pequei, mas na ocasião eu era jovem”, servirá 
isso como desculpa? Demonstre ter bom senso, eu peço, 
deixando de lado tais desculpas fúteis. Diante de Deus, 
você é responsável a partir do momento em que conhece 
o certo e o errado.
Sei muito bem que há muitas dificuldades nos 
caminhos de um jovem. Admito-o inteiramente. Mas, 
sempre há dificuldades no caminho certo. O caminho 
para o céu é sempre estreito, quer para o jovem quer 
para o velho (veja o que Jesus disse, em Mateus 7.13,14).
As dificuldades existem, mas Deus lhe dará graça 
para superá-las. Deus não é um mestre severo. Ao con­
trário de Faraó, Ele não exigirá que você produza tijolos 
sem lhe dar a palha (Ex 5.7-18). Ele cuidará para que o 
caminho do pleno dever nunca seja impossível. Ele jamais 
deu ordenanças aos homens, sem lhes conceder forças 
para cumpri-las.4 As dificuldades existem, mas muitos 
moços têm obtido vitória sobre elas, no passado; e você 
também pode obter. Moisés era um jovem com as
Conselhos Gerais aos Moços 47
mesmas paixões que as suas; mas, veja o que foi dito 
sobre ele, nas Escrituras: “Pela fé Moisés, quando já 
homem feito, recusou ser chamado filho da filha de 
Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de 
Deus, a usufruir prazeres transitórios do pecado; por­
quanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores 
riquezas do que os tesouros do Egito, porque contem­
plava o galardão” (Hb 11.24-26). DariieLera jovem 
quando começou a servir a Deus em Babilônia. Estava 
rodeado por tentações de todos os tipos. Havia poucos 
a seu lado e muitos contra ele. Ainda assim, a vida de 
Daniel era tão inculpável e coerente que nem mesmo os 
seus inimigos conseguiam achar nele falta alguma, a não 
ser que procurassem algo contra ele “na lei do seu Deus” 
(Dn 6.5). Esses que citei não são casos isolados. Há uma 
nuvem de testemunhas que eu poderia enumerar. Cer­
tamente me faltaria tempo para falar dos jovens Isaque, 
José, Josué, Samuel, Davi, Salomão, Obadias, Josias e 
Timóteo.5 Eles não foram anjos, mas homens; com 
corações que tinham a mesma natureza que o seu. Assim 
como você, também tinham obstáculos a enfrentar, 
paixões a mortificar, provações a suportar e tarefas 
difíceis de serem realizadas. Mas, embora sendo jovens, 
todos viram que era possível servir a Deus. Não irão 
todos eles se levantar no Dia do Juízo e condená-lo, se 
você persistir em dizer que isso não é possível?
Jovem, tente servir a Deus. Resista o diabo, 
quando ele lhe sussurrar que isso é impossível. Tente 
servir a Deus, e esse mesmo Senhor Deus das promessas 
lhe dará forças nessa tentativa. Deus tem prazer em vir 
ao encontro dos que se esforçam em aproximar-se dEle. 
Ele virá ao seu encontro e lhe concederá as forças 
necessárias. Seja como o corajoso homem que o Pere­
grino viu na casa do Intérprete; prossiga com ousadia e 
diga: “Escreva o meu nome” (“O Peregrino”, John 
Bunyan6). Lembre das palavras de Jesus: “Buscai, e 
achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). São^vèrdadei-
48 Uma Palavra aos Moços
ras, embora freqüentemente eu as ouça sendo repetidas 
por pessoas insensíveis. As dificuldades que, no início 
se parecem com grandes montes, se derreterão como a 
neve na primavera. Os obstáculos, que parecem gigan­
tescos à distância, serão reduzidos a nada, quando você 
corajosamente enfrentá-los. O leão em meio ao caminho, 
ao qual você teme, mostrar-se-á estar acorrentado. Se 
os homens cressem mais nas promessas divinas, nunca 
teriam receio de cumprir os seus deveres. Mas, lembre- 
se da pequena palavra - “tentar” - sobre a qual tenho 
insistido com você; e, quando Satanás disser: "Você não 
consegue ser um cristão enquanto é jovem”, responda- 
lhe: “Para trás de mim, Satanás: com a ajuda de Deus, 
eu tentarei”.
(5) Determine fazer da Bíblia o seu guia e 
conselheiro, enquanto você viver. A Bíblia é a 
misericordiosa provisão, da parte de Deus. para a alma 
pecaminosa do homem. E o mapa pelo qual ele deve 
orientar o seu curso, se quiser alcançar a vida eterna. 
Ela contém, de forma riquíssima, tudo o que precisamos 
saber, a fim de sermos serenos, santos e felizes. Se o 
moço deseja saber o que fazer para iniciar bem a vida, 
então que ouça as palavras de Davi: “De que maneira 
poderá o jovem guardar puro o seu

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