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* * DIREITO EMPRESARIAL IV FALÊNCIA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL (LEI nº 11.101/05) * AULA 9. FALÊNCIA 1. Conceito. 2. Princípios. 3. Pressupostos e Legitimidade. 4. Etapas do processo falimentar 5. Causas de insolvência, Impontualidade, Execução individual frustrada e Atos de falência. 6. Defesas pré-falimentares. 7. Depósito elisivo e causas impeditivas da falência. * * 1. CONCEITO A falência é o procedimento judicial cujo objeto é afastar o empresário da administração de suas atividades, preservando o patrimônio da sociedade para que posteriormente seja utilizado para garantir a satisfação de seus credores. * * 2. PRINCÍPIOS DA LEGISLAÇÃO FALIMENTAR Os princípios delineiam os procedimentos legais para a efetiva consecução do regime de insolvência da empresa. A doutrina majoritária estabelece os seguintes: I. Princípio da Preservação da Empresa; II. Princípio da Viabilidade da Empresa; III. Princípio da Proteção aos Trabalhadores; IV. Princípio da Celeridade e da Economia Processual; V. Princípio da par conditio creditorum; VI. Princípio do Rigorismo Penal. * * I. Princípio da Preservação da Empresa - Função social da empresa; - Preservação dos empregos; - Preservação dos tributos; - Geração de riquezas. * * II. Princípio da Viabilidade da Empresa - refere-se à recuperação judicial e extrajudicial; - tem a ver com os planos de recuperação judicial ou extrajudicial (art. 53). I – discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados (art. 50) ; II – demonstração de sua viabilidade econômica; e III – laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. * * III. Princípio da Proteção aos Trabalhadores - garantia de emprego - preferência no recebimento dos créditos na falência (1ª ordem de classificação) – art. 83 * * IV. Princípio da Celeridade e da Economia Processual (art. 75, § único) - Lei anterior era obsoleta e cheia de rigorismo formal; - A nova lei dificulta a prática de expedientes protelatórios; - Substituição da figura do síndico pela do administrador judicial (pode ser empresa especializada). * * V. Princípio da par conditio creditorum (tratamento paritário dos credores) - especifica a condição de equivalência em que se encontram os credores admitidos em um processo de falência; - os iguais, assim considerados de acordo com a qualidade de seus créditos, terão tratamento paritário. * * VI. Princípio do Rigorismo Penal - a Lei 11.101/05 possui 11 (onze) tipos penais; - dentre eles, 9 (nove) prescrevem pena de reclusão de 2 a 4 anos impossibilidade de concessão da suspensão condicional do processo. * * 3. PRESSUPOSTOS DO PROCESSO FALIMENTAR Para que se instaure o processo de execução concursal, é necessária a concorrência de três pressupostos: devedor empresário ou sociedade empresária (em geral, sociedade limitada ou anônima); insolvência (impontualidade injustificada, execução frustrada ou prática de ato de falência); sentença declaratória de falência. * * a) Devedor empresário ou sociedade empresária - algumas organizações, mesmo sendo reputadas empresariais, são excluídas do regime jurídico falimentar, parcial ou totalmente. - estudo do art. 2º da Lei nº 11.101/05. * * Art. 2o Esta Lei não se aplica a: I. empresa pública e sociedade de economia mista; II. instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. * * OBSERVAÇÃO: - Havia uma dúvida a respeito da falência de sociedades de economia mista quando houve a exclusão de dispositivo da Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) que proibia a falência de tais sociedades. - Com o advento da Lei nº 11.101/05 não resta mais dúvida a esse respeito. * * b) Insolvência do devedor - a configuração do estado de insolvência não deve ser assimilada no sentido estritamente patrimonial (passivo maior que o ativo), mas de acordo com as hipóteses enumeradas no art. 94, I, II e III. (SERÁ DECRETADA A FALÊNCIA DO DEVEDOR QUE...) - deve ser a insolvência compreendida num sentido jurídico preciso que a lei falimentar estabelece. * * - note-se que a prova da solvência econômica pelo devedor civil tem o efeito de afastar a instauração de sua execução concursal (CPC, art. 756, II), mas isso não acontece no âmbito do pedido de falência. - para se decretar a falência da sociedade empresária, é irrelevante a “insolvência econômica”, caracterizada pela insuficiência do ativo para solvência do passivo. * * - exige a lei a “insolvência jurídica”, que se caracteriza, no direito falimentar brasileiro, pela: * impontualidade injustificada (LF, art. 94, I); * execução frustrada (art. 94, II); * prática de ato de falência (art. 94, III). * * Impontualidade Injustificada – art. 94, I I. sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência. - servem à materialização da hipótese os títulos de crédito em geral, assim como certidões de dívida ativa. - análise do art. 96 – obsta o pedido de falência... * * Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: I. falsidade de título; II. prescrição; III. nulidade de obrigação ou de título; IV. pagamento da dívida; V. qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; * * VI. vício em protesto ou em seu instrumento; VII. apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII. cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado. * * - dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial. (art. 95) – 10 dias Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. (CUIDADO! Não são 15 dias como no CPC) Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, contestação, exceção e reconvenção. * * Execução frustrada – art. 94, II II. executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal. (tríplice omissão) - o empresário devedor que, executado, não paga, não deposita, nem nomeia bens à penhora no prazo legal incorre em execução frustrada; * * - trata-se da hipótese mais usual dos pedidos de falência, tirando os fundados na impontualidade, já estudada; - se está sendo promovida contra o empresário uma execução individual, isso significa que ele não pagou, no vencimento, obrigação líquida, certa e exigível (CPC, art. 586); * * - por outro lado, se não nomeou bens à penhora, é sinal de que talvez não disponha de meios sequer para garantir a execução; - aqui estamos falando do descumprimento de uma sentença judicial transitada em julgado, onde o credor, por título executivo, obteve decisão favorável ao seu pleito; - não é necessário que o título objeto da execução tenha valor mínimo. * * Prática de ato de falência – art. 94, III III. pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; * * c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; * * f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. § 1º Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste artigo. * * LEGITIMIDADE - podem requerer a falência do devedor (art. 97): I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor. (na recuperação judicial não pode) * * Porém, temos mais 2 (dois) casos, já estudados: a) É possível que a falência seja proveniente da conversão de um processo de recuperação judicial. Competência: Administrador Judicial (art. 22, II, b); b) Rejeição, por parte da Assembleia Geral de Credores, do plano de recuperação judicial proposto pelo devedor (art. 56, § 4º). * * 4. FASES DO PROCESSO FALIMENTAR O processo falimentar desdobra-se em três grandes fases: a) Fase pré-falimentar - dedicada à verificação dos dois pressupostos materiais da decretação da falência, que são a empresarialidade da sociedade devedora ou da atividade do devedor pessoa física e a insolvência jurídica. * * - essa fase é também conhecida por pedido de falência; - nela, ainda não se estabelece relação processual concursal; - é uma fase de conhecimento, e se inicia com a petição inicial, logicamente contendo o pedido de falência e termina com a sentença declaratória de falência. * * b) Fase falimentar - se inicia com a sentença declaratória. - é nesta fase que ocorre a realização do ativo onde há o levantamento dos bens e os direitos do falido, onerando-os em forma de vendas ou leilões, para a satisfação do passivo. * * c) Fase pós-falimentar ou fase de reabilitação - se inicia após a extinção da falência desaparecendo assim o status falimentar, ou seja, extingue as obrigações do devedor falido com a sentença declaratória. - É nesta fase que o falido pretende se reabilitar para a atividade empresarial, pois havia sido impedido pela sentença declaratória de falência de exercer suas atividades empresariais. * * 5. Causas de insolvência, Impontualidade, Execução individual frustrada e Atos de falência. (já estudadas) * * 6. DEFESAS PRÉ-FALIMENTARES (art. 98, § único) - a mudança mais importante na disciplina da resposta do requerido no pedido de falência, diz respeito ao prazo, que aumentou de 24 horas para 10 dias. Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10 (dez) dias. * * Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor. (depósito elisivo – dentro do prazo de contestação) * * Possibilidades: a) julgamento à revelia, por falta de atendimento ao chamado judicial; b) depositar a importância equivalente a seu débito, sem contestar. Nesse caso, extingue-se o processo de execução; c) depositar e apresentar defesa (contestar). Nesse caso, também se extingue o processo de execução; * * d) não depositar, limitando-se a apresentar defesa. Nesse caso, na hipótese de improcedência, terá a falência decretada; e) pedido de recuperação judicial no prazo da contestação (art. 95 e 96, VII) - neste caso, deverá fazer a juntada dos documentos previstos no art. 51. * * 7. DEPÓSITO ELISIVO - depósito elisivo é o realizado em dinheiro correspondente ao crédito reclamado; - efetivando-se, a falência não mais pode ser decretada, porque já não mais existe a impontualidade; a matéria de julgamento agora é deslocada para a legitimidade do crédito do autor; - o quantum a ser depositado deve incluir correção monetária, juros e honorários de advogado, segundo determina o parágrafo único do art. 98. * * EXERCÍCIOS 1. Em relação à falência, assinale a alternativa correta. (A) O devedor pode apresentar pedido de recuperação judicial no prazo de 15 dias a contar da citação. (B) A impontualidade do devedor empresário, na falência, somente pode ser comprovada com a certidão de protesto. (C) Na falência, a insolvência do devedor é real, ou seja, o passivo do devedor empresário tem que superar seu ativo. (D) As sociedades em conta de participação incidem em falência, mas podem requerer recuperação judicial. (E) Da decisão que decreta a falência cabe apelação. * * 1. RESPOSTA Alternativa “B”. Fundamentos art. 98. Art. 94, I. basta que se demonstre a insolvência jurídica. a sociedade em conta de participação nem é uma sociedade; é um contrato de investimento. cabe agravo de instrumento (art.100). * * 2. Paulo, Pedro e João são credores da empresa “Alpha Ltda.”, em decorrência de obrigações líquidas não pagas no vencimento e materializadas em títulos executivos protestados, cuja soma corresponde a 25 salários mínimos em relação a Paulo, a 18 salários mínimos em relação a Pedro e a 10 salários mínimos em relação a João. Nesse caso, é certo que a falência da empresa devedora pode ser requerida por: A) Pedro, com base nos títulos de que é credor. B) Paulo, com base nos títulos de que é credor. C) Paulo e Pedro, se reunidos em litisconsórcio. D) Pedro e João, se reunidos em litisconsórcio. E) Paulo e João, se reunidos em litisconsórcio. * * 2. RESPOSTA Alternativa “C” Fundamento: art. 94, I c/c § 1º. * * 1. Caso Concreto: Decretada falência da Brasil Ferrovias. Empresa controlada pela Previ e Funcef é acusada de não honrar dívida de R$ 5,6 milhões com credor. A Brasil Ferrovias S.A., controlada por dois fundos de pensão que estão sendo investigados pela CPI dos Correios, a Previ (funcionários do Banco do Brasil) e a Funcef (funcionários da Caixa Econômica Federal), teve a falência decretada pelo juiz da 2ª Vara de Falência de Recuperações do Fórum de São Paulo , Caio Marcelo Mendes de Oliveira. A decisão ainda não foi publicada no Diário Oficial e é passível de recurso ao Tribunal de Justiça. * EXERCÍCIOS DO CADERNO * A partir desta semana, quando for compromissado um administrador judicial, a ferrovia "terá as atividades paralisadas com a lacração das portas de seus estabelecimentos e arrecadação de seus bens". O juiz, no entanto, acolheu integralmente as razões do advogado do credor, Scala Participações e Negócios Ltda., Elias Katudjian, que entrou com o pedido de quebra em novembro do ano passado, a partir de uma nota promissória de R$ 5,6 milhões com base em nova promissória não paga e protestada no mês de setembro. O advogado requerente da falência , Elias Katudjian, entende que a Brasil Ferrovias agiu com " irresponsabilidade e imprudência". * * A empresa limitou-se a contestar o pedido de falência , mas não efetuou em juízo o depósito de R$ 5,6 milhões. Com a rejeição da contestação, houve a decretação. (Em 13.03.2006, Disponível em http://alertabrasiltextos.blogspot.com/2006/03/decretada-falncia-da-brasil-ferrovias.html). Com base na Legislação Falimentar e na reportagem apresentada, informe qual a consequência jurídica caso a Brasil ferrovia depositasse o valor de R$ 5,6 milhões? Estamos diante de qual figura jurídica? Fundamente. * * 1. RESPOSTA Estamos diante do depósito elisivo. De acordo com o artigo 98, parágrafo único: "Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor". * * Já os requisitos objetivos relacionam-se ao plano apresentado: * não poderá prever pagamento antecipado de dívida (artigo 161, § 2º); * igual tratamento de todos os credores (artigo 161 § 2º); * só poderá abranger os créditos até a data do pedido de homologação (artigo 163, § 1º); * venda de bem gravado ou substituição de garantia real se houver concordância expressa do credor (artigo 163, § 4º); * afastamento da variação cambial somente com a anuência expressa do credor (artigo 163, § 5º). * * 2. Questão Objetiva: Respeitando as normas da legislação falimentar, podemos afirmar que podem falir: A) As sociedades civis sem fins lucrativos; B) As autarquias e sociedades de economia mista; C) As sociedades empresárias; D) As empresas públicas; E) As sociedades de capitalização. * * RESPOSTA 2. Alternativa “C” Fundamento: art. 2º da Lei 11.101/05. *
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