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A ELEVOLUÇÃO HISTÓRIA E A VISÃO DO ATUAL ORDENAMENTO JURÍDICO SOB AS NOVAS FORMAS DE CONSTITUIÇÃO FAMILIAR NOS TEMPOS CONTEMPORÂNEOS

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A ELEVOLUÇÃO HISTÓRIA E A VISÃO DO ATUAL ORDENAMENTO JURÍDICO SOB AS NOVAS FORMAS DE CONSTITUIÇÃO FAMILIAR NOS TEMPOS CONTEMPORÂNEOS
Fernando Benedito da Silva[1: Pós-Graduando em Direito Civil e Processo Civil; Graduado em Direito; e-mail: nando.sk822@gmail.com]
Resumo
O objetivo deste trabalho é demonstrar o quanto o instituto da família cresceu e adotou as mais diversas formas no decorrer do tempo. Para isto, necessário se fez conceituar tal instituto, discorrer sobre suas modalidades e evoluções a cada tempo. Tem este trabalho como objetivo secundário, ainda que não expressamente, demonstrar o quanto é necessário que cada indivíduo, como membro integrante de uma sociedade, entenda a família em toda a sua dimensão e profundidade para que possamos, como ser humano, entender e aceitar as diferenças de forma justa e sábia. 
Palavras-chave: Evolução; Modelos de família; Princípios Constitucionais.
Abstract
The objective of this work is to demonstrate how much the family institute has grown and adopted in the most diverse ways in the course of time. For this, it was necessary to conceptualize such an institute, to discuss its modalities and evolutions at each time. This work has as secondary objective, although not expressly, to demonstrate how much it is necessary that each individual, as an integrating member of a society, understands the family in all its dimension and depth so that, as a human being, to understand and accept the differences fairly and wisely.
Keywords: Evolution; Constitutional principles; Family models.
INTRODUÇÃO
Com o passar do tempo, o instituto da família passou pelas mais diversas modificações, tanto em seu aspecto quanto em seus reflexos, e em razão disso, o Direito teve que se adequar às mais possíveis situações que, com o passar dos anos, foi se modificando e exigindo da sociedade um amparo muito além do jurídico, mas sim, de uma aceitação e respeito de todos, num aspecto geral. 
Com a evolução histórica da Família, foram sendo necessárias algumas adaptações em nossa legislação, visto que, além das vertentes que conceituam tal instituto de forma distinta, os princípios constitucionais que norteiam nosso ordenamento jurídico com relação ao Direito de Família, bem como, acerca das evoluções, foi inserido em nosso ordenamento jurídico observando a importância do indivíduo frente à organização do Estado, tema este que sempre fora o principal das Constituições anteriores.
Sendo assim, o artigo traz, de forma minuciosa, cada um dos princípios, a saber: Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, Princípio da Igualdade entre os Cônjuges, Princípio da Igualdade entre os Filhos, Princípio da Paternidade Responsável e Planejamento Familiar, do Princípio do Pluralismo Familiar etc..., bem como, sobre as modalidades do instituto familiar, e seus conceitos, aspectos gerais e ainda, como as referidas modalidades enquadram-se em nossa legislação.
 
A HISTÓRIA DA FAMÍLIA
Como é sabido, o instituto da família tem passado por inúmeras mudanças com o passar do tempo e inúmeras dessas mudanças ocorreram em razão das mais diversas influências, tanto do ser humano como um ser único, quanto do ser humano como ente integrante de uma sociedade e, por conta disso, a nossa legislação nem sempre conseguiu “acompanhar” tais mudanças de forma uníssona. 
Conforme preceitua Gonçalves (2010), se compararmos o direito de família aos demais ramos do Direito de nossa legislação, fica evidente que este ramo é o que mais possui ligação com a própria vida, pois, no geral, todos os indivíduos são providos de uma organização familiar. Para ele, a família constitui a base do Estado. 
Em qualquer aspecto em que é considerada, aparece a família como uma instituição necessária e sagrada que vai merecer a mais ampla proteção do Estado. A Constituição Federal e o Código Civil a ela se reportam e estabelecem a sua estrutura, sem, no entanto, defini-la, uma vez que não há identidade de conceitos tanto no direito como na sociologia. Dentro do próprio direito a sua natureza e sua extensão variam, conforme o ramo (GONÇALVES, 2010, p.17).
Há três vertentes que conceituam o instituto da família: a jurídico-normativa, a antropológica e, por fim, a subjetivista. 
Para a primeira vertente, ou seja, a jurídico-normativa, segundo o entendimento de Gonçalves (2010), os direitos decorrentes da família existem por si sós, porque um indivíduo pertence a determinada família. 
Todavia, é importante destacar que, não obstante o direito de família regulamente as relações entre os indivíduos a quem ela compõem, acabou atribuindo para si, o direito patrimonial, conforme melhor elucida Gonçalves: 
Conforme a sua finalidade ou o seu objetivo, as normas do direito de família ora regulam as relações pessoais entre os cônjuges, ou entre os ascendentes e os descendentes ou entre parentes fora da linha reta, ora disciplinam as relações patrimoniais que se desenvolvem no seio da família, compreendendo as que se passam entre cônjuges, entre pais e filhos, entre tutor e pupilo; ora, finalmente assumem a direção das relações assistenciais, e, novamente, tem em vista cônjuges entre si, os filhos perante os pais, o tutelado em face do tutor, o interdito diante do seu curador. Relações pessoais, patrimoniais e assistenciais são, portanto os três setores em que o direito de família atua (GONÇALVES, 2010, p.18).
Para a vertente antropológica, cujo doutrinador defensor trata-se da pessoa de Luiz Gonzaga de Mello, o termo família é uma terminologia vaga, pois as famílias podem se formar das mais diversas formas, como por exemplo, sanguíneas ou por afinidade. Destacando, ainda, que a afinidade possui papel fundamental em qualquer modalidade de organização social com humanos. 
No entanto, não se pode esquecer que as instituições familiares são universalmente reconhecidas, embora em cada sociedade elas assumam formas diferentes. O certo é que o termo “família” é um tanto vago e pode significar: a) o grupo composto de pais e filhos; b) uma linhagem patrilinear; c) um grupo cognático, isto é, de pessoas que descendem de um mesmo antepassado, seja através de homens ou de mulheres; d) um grupo de parentes e seus descendentes, que vivem juntos (MELLO, 2009, p. 326). 
Por fim, para a vertente subjetivista, cuja doutrinadora que ora cito, trata-se de Maria Berenice Dias, a qual defende que a sociedade somente aceitava o conceito de família instituída sob o matrimônio, e, por esta razão, nosso ordenamento jurídico apenas dissertava sobre o casamento. Sendo certo que as relações extramatrimoniais ingressaram em nosso ordenamento por jurisprudência. Para Maria Berenice Dias (2010), o instituto da família não está em decadência, senão vejamos: 
A família, apesar do que muitos dizem, não está em decadência. Ao contrário, é o resultado das transformações sociais. Houve a repersonalização das relações familiares na busca do atendimento aos interesses mais valiosos das pessoas humanas: afeto, solidariedade, lealdade, confiança, respeito e amor. Ao Estado, inclusive das suas funções legislativas e jurisdicionais, foi imposto o dever jurídico constitucional de implementar medidas necessárias e indispensáveis para a constituição e desenvolvimento das famílias (DIAS, 2010, p. 33).
Diante de todo o assunto discorrido, mostram-se claras as transformações sofridas pelo instituto da família no decorrer do tempo. Não obstante a isto, inegável a importância desta para a nossa sociedade, como bem nos ensina Venosa (2005): nas primeiras civilizações, como a assíria, hindu, egípcia, grega e romana, a família era uma entidade ampla e hierarquizada, sendo hoje quase de âmbito exclusivo de pais e filhos. 
Com a evolução da família, como instituto, mudaram-se os motivos que levam os indivíduos a constituí-las, e por conta disso, é necessário que nosso ordenamento jurídico se adeque à referida evolução.
 A Família no Direito Romano
Para o Direito Romano, a organização familiar era regida pelo princípio da autoridade, a qual eraexercida pelo chamado “chefe de família”, que detinha todo o poder sobre aqueles que estavam sob a sua autoridade. Exercia sobre seus filhos o direito à vida e de morte, podendo, inclusive, vendê-los, impor-lhes castigo e até mesmo os matar, se assim fosse a sua vontade. 
O “chefe de família” possuía autoridade também sobre seus descendentes não emancipados e sobre sua esposa.
Os ascendentes mais velhos exercia um papel muito além de um integrante da família, pois exercia o papel de um chefe político, que comandava todas as decisões dentro da família.
Importante destacar que a família tratava-se de um conjunto de unidades, as quais eram de natureza religiosa, econômica e política. 
Com o advento da concepção cristã, o poder pater, ou seja, aquele exercido pelo “chefe de família” tornou-se mais restringido pelo direito romano, conforme nos ensina Gonçalves: 
[...] Com o tempo, a severidade das regras foi atenuada, conhecendo os romanos o casamento sine manu, sendo que as necessidades militares estimularam a criação de patrimônio independente para os filhos. Com o Imperador Constantino, a partir do Século IV, instala-se, no direito romano, a concepção cristã da família, na qual predominam as preocupações de ordem moral. Aos poucos foi, então, a família romana evoluindo no sentido de se restringir progressivamente a autoridade do pater, dando-se maior autonomia à mulher e aos filhos, passando estes a administrar os pecúlios castrenses (vencimentos militares) (GONÇALVES, 2010, p. 31).
Por fim, para os romanos, affectio possuía muita relevância para o casamento, tanto para sua celebração quanto para sua permanência. Os motivos que ensejariam uma dissolução do casamento poderiam ser tanto a ausência de convivência como também o desaparecimento do affectio.
A Família no Direito Canônico
O Direito Canônico foi regido pelo cristianismo e, por conta disso, o instituto familiar sofreu todas as influências do referido direito. 
Com o advento do Direito Canônico, as famílias só eram instituídas através da cerimônia religiosa, e, por entender-se o casamento como uma forma de “sacramento”, o qual foi incluído dessa forma pelo cristianismo medieval, era tido pela sociedade como algo de suma importância, cuja importância era tanta que é tido como impossível de ser dissolvido. 
Para Arnold Wald, o Direito Canônico é compreendido com as seguintes palavras: “o ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana; a denominação “canônico” deriva da palavra grega Kánon (regra, norma), com a qual originalmente se indicava qualquer prescrição relativa à fé ou à ação cristã”. (WALD, 2002, p. 53-4). 
Conforme dito acima, o casamento não poderia ser desfeito, exceto em caso de falecimento do outro cônjuge. 
Para o doutrinador Russo (2005, p. 43), a ascensão da concepção de família se deu por conta da queda do Império Romano, e, por conta disso, pode-se dizer que o casamento se tornou a base do conceito de família, pois tornou-se um sacramento, consolidado na livre e espontânea vontade dos nubentes. 
Com este novo conceito de família, a mulher tornou-se responsável pela administração doméstica e também pela educação da prole, e, comparando o Direito Canônico com o Romano, o “pater família” foi dividido entre os cônjuges. 
Por ser tido como um sacramento, o casamento ganhou força, tanto social, quanto religiosa e, por conta disso, o adultério era considerando como uma conduta criminosa aos olhos dos cristãos. 
Neste contexto, foi, então, instituída uma família padronizada, e, como dito, nas regras do Direito Canônico, através do catolicismo e, em decorrência disto, e por ser o casamento a única forma de constituição de família aceita à época, não seria possível a instituição de família por meio de união estável e nem mesmo homoafetivas. Isto porque não seguiriam os padrões da época. 
Importante dizer que, muito embora atualmente vivenciemos as uniões estáveis ou homoafetivas, ainda há uma certa reprovação por parte da nossa sociedade, pois, como é sabido, de certa forma, a base da nossa sociedade está enraizada no Direito Canônico e, por conta disso, trazemos alguns conceitos dele, até os dias atuais. É bem certa tal afirmativa, que os impedimentos do casamento possuem influência do referido direito, conforme se denota do artigo 1.521 do Código Civil. 
A Família na Grécia da Idade Antiga
A família na Grécia pertencia ao regime patriarcal e, desta forma, cabia ao homem ser o chefe da família, prover o sustento da esposa, dos filhos e dos escravos, ao passo que à mulher cabia a concepção, bem como os afazeres domésticos, além de ter obediência e respeito para com o marido. 
Se analisarmos, na Grécia Antiga, os indivíduos casavam-se por conveniência social, pode-se afirmar, desta forma, pois as normas sociais da época tinham caráter coercitivo sobre os indivíduos, obrigando-os a adquirem matrimônio, com o fito de gerar filhos, isto porque, o primogênito varão deveria prestar aos pais e à família auxílio durante a velhice, conforme bem nos diz Robert Flacelière: 
Casavam-se, antes de tudo, para ter filhos varões, ao menos um, que lhe perpetuasse a raça, e assegurasse a seu paio culto que este celebrara em honra dos seus antepassados, culto que era considerado indispensável à felicidade dos mortos no outro mundo (FLACELIERE, 1985, p. 68).
Em Atenas, apesar de haver certa coação para o indivíduo casar-se, não havia uma obrigação jurídica para tanto, pois a pessoa que possuísse um irmão mais velho e casado ficava isento de tal obrigação, uma vez que a família já possuiria alguém que pudesse cumprir com as obrigações acima mencionadas. 
Em Esparta, por sua vez, a coação era existente e aplicada por meio das Leis de Licurgo, que obrigava os indivíduos a adquirirem o matrimônio perante a sua sociedade, isto com o fito da reprodução de novos cidadãos, os quais seriam treinados como guerreiros para defenderem à pátria contra os inimigos tanto da própria Grécia como os de fora. 
Nesta época, o casamento era tratado como forma de um negócio onde a família do noivo recebia dote em razão do casamento. Importante destacar que, normalmente, a mulher não tinha autonomia ao escolher seu pretendente, visto que tal encargo ficava para seu pai, pois, conforme dito, o casamento era uma espécie de comércio, em que o pai pagava o dote à família do noivo, para livrar-se na obrigação de ter que sustentar a filha, conforme nos diz Mazel:
[...] de todos os seres dotados de razão, que vivem sobre a terra, as mulheres é que tiveram o destino mais desgraçado. Por alto preço temos que comprar os esposos e a ele nos sujeitar. Toda a felicidade da nossa vida depende do bom ou mau esposo que nos couber (MAZEL, 1988, p. 210). 
A FAMÍLIA NA VISÃO DAS CONSTITUIÇÕES AO DECORRER DO TEMPO
Com o decurso do tempo, nossa legislação teve que adequar-se a realidade vivida à época pela sociedade e, em razão disso, as Constituições vigentes em cada época trataram da família de formas diversas. 
É inegável o vínculo havido entre a Igreja e o Estado e, em decorrência disso, para a Constituição de 1824, o casamento religioso era a única fonte formal para formação de uma família.
Na Constituição de 1891, inaugurou-se o Estado laico, marcado pelo liberalismo, e, sendo assim, fora instituído o casamento civil, cujo processo era gratuito, tornando-se, então, o casamento civil o único ato capaz de constituir uma família, não mais sendo o casamento religioso, o qual perdeu seu valor jurídico. 
Na vigência da Constituição de 1934, era consagrado o Estado Social Brasileiro, que era caracterizado pela intervenção estatal nas esferas econômica e social e, em decorrência disso, o Estado passa a assumir a obrigação de amparar família cuja prole era numerosa; sendo que, nesta época, foi estendido o efeito civil ao casamento religioso, sendo estimulada a indissolubilidade do casamento, estabelecendo que pudesse ser destituído por anulação ou desquite. 
Na Constituição de 1937, a qual sofreu influência da Constituição Polonesa, foi reconhecidaa igualdade entre os filhos naturais e legítimos, e foi estabelecida como obrigação do Estado a proteção da infância e juventude. Todavia, na vigência desta Constituição não foram estendidos os efeitos civis ao casamento religioso, e por conta disso, a única forma de constituição familiar se dava por meio do casamento civil. 
Para a Constituição de 1946, sendo esta elaborada após o fim do chamado Estado-Novo, foram novamente estendidos os efeitos do casamento civil ao casamento religioso, garantindo a este proteção estatal. Nesta esteira, o casamento válido e indissolúvel se dava por meio de casamento civil ou religioso, sendo estas as únicas formas de formação familiar. Adicionalmente, além de conferir proteção à infância e juventude, garantia proteção à maternidade. 
Na vigência da Constituição de 1967, não houve qualquer modificação no que se refere aos artigos que tratavam da família. Entretanto, no ano de 1977, com a aprovação da Emenda Constitucional de nº 1/1969, foi aprovada a Lei do Divórcio. 
A referida Lei dispunha que o casamento poderia ser dissolvido após prévia separação judicial por três anos. Com a Emenda nº 2, admitiu-se o divórcio direto em caso de separação de fato por mais de cinco anos. Sendo instituída a assistência à maternidade, à infância e à juventude, celebração gratuita do casamento religioso com efeitos civis, e, ainda, assistência aos excepcionais. 
E, por fim, na vigência da Constituição de 1988, a qual vigora sob o pálio do Estado Democrático de Direito e influência da Constituição Europeia, cujo valor maior passa a ser a dignidade da pessoa humana, e, por conta disso, a família passa a ser reconhecida como natural e, então passa a ter dimensão mais ampla. Nesta esteira, o casamento, seja ele civil ou religioso com efeitos civis, deixa de ser a única forma de constituição familiar, isto porque a referida Constituição passa a reconhecer, expressamente, a união estável entre homem e mulher na sociedade conjugal e ainda a família monoparental, a qual se trata de família constituída por qualquer dos pais e seus descendentes. 
A constituição de 1988 fora revolucionária, pois instituiu a igualdade entre homens e mulheres no que se refere à sociedade conjugal e, ainda, reduziu o prazo para dissolução do casamento pelo divórcio para dois anos após a separação de fato e a conversão da separação judicial em divórcio após um ano da ruptura do vínculo. Estabeleceu que cabia ao casal o planejamento familiar, sendo dever do Estado garantir meios para a realização do planejamento, criando meios para coibir a violência doméstica. 
Por derradeiro e, ainda na Carta de 1988, foram consagrados princípios aplicáveis à família, tais como o da Dignidade da Pessoa Humana, da Igualdade, da Liberdade, da Convivência Familiar, do Melhor Interesse da Criança e da Afetividade. Adotou ainda, o valor eudomonista, cujo maior objetivo é que o indivíduo possa atingir a paz e a felicidade. 
Assim, podemos extrair desta análise que a Constituição de 1988 deixa de proteger o casamento para proteger a instituição familiar, independentemente de que seja ou não derivada do casamento e, assim, a família deixa de se patriarcal para tornar-se nuclear, sendo o pátrio-poder substituído pelo poder familiar.
MODALIDADES DE FAMÍLIA NA ERA CONTEMPORÂNEA
Inicialmente, para que possamos conhecer e entender essas modalidades de família, precisaremos trazer à baila o conceito de família. Importante destacarmos que a nossa legislação não nos apresenta um conceito definido e, por conta disso, utilizaremos o conceito didático apresentado por Maria Helena Diniz, o qual pode ser dividido em três formas: o sentido amplíssimo, o sentido lato e a acepção restrita. 
Para o sentido amplíssimo, a família seria aquela em que os indivíduos estão ligados pelo vínculo da consanguinidade ou da afinidade. Por sua vez, para o sentido lato sensu, a família refere-se àquela formada além dos cônjuges e/ou companheiros e filhos, abrangendo os parentes de linha reta ou colateral, bem como os afins e, por derradeiro, para a acepção restrita, restringe a família à comunidade formada pelos pais e a filiação. 
De forma a sintetizar o conceito de família, de maneira brilhante nos diz Orlando Gomes, que considera família “o grupo fechado de pessoas, composto dos genitores e filhos, e para limitados efeitos, outros parentes, unificados pela convivência e comunhão de afetos, em uma só e mesma economia, sob a mesma direção.”
Da União Homoafetiva 
É bem certo que a sexualidade e orientação sexual dos indivíduos integram a sua natureza e, por conta disso, restringir ou impedir o exercício desta é a clara prática de um ato que atenta contra os direitos da personalidade, consagrado em nossa Constituição, na qual também está fundado o direito à igualdade. 
Neste contexto, em 05 de maio de 2011, foi proferida decisão no Supremo Tribunal Federal, na qual os dez ministros votantes do julgamento da ADPF nº 132 e da ADI nº 4277, manifestaram-se pela procedência das referidas ações constitucionais, de modo a reconhecer as uniões homoafetivas como entidade familiar e aplicando a ela o regime concernente à união estável entre homem e mulher. 
Embasado na referida decisão acima mencionada, o Conselho Nacional de Justiça, isto em 14 de maio de 2013, prolatou uma Resolução nº 175, a qual determina que os cartórios de todos os país celebrem casamento homoafetivo, bem como que convertam a união homoafetiva em casamento.
É bem certo que, tanto a decisão do Supremo Tribunal Federal quanto a Resolução do Conselho Nacional de Justiça, caracterizaram um grande avanço quanto ao reconhecimento do direito à sexualidade e ainda quanto ao fortalecimento do direito à igualdade. 
Nesta esteira, não obstante haja uma lacuna constitucional e legal, por não haver menção expressa à união estável e ao casamento homoafetivo, embasado nos princípios constitucionais, tais como da Dignidade da Pessoa Humana, da não Discriminação e da Concretização do Princípio Fundamental à Felicidade, por meio do afeto, o Poder Judiciário tem prolatado decisões reconhecendo as uniões homoafetivas como entidade familiar equivalentes ao casamento e à união estável heterossexual, isto como forma de obtenção de igualdade entre os indivíduos e combate à homofobia. 
Da Família Monoparental 
Ao falarmos da Família Monoparental destacamos que é a modalidade de família formada por apenas um dos pais e sua prole, e possui forma expressa na Constituição de 1988, mas, diferentemente das demais modalidades de família, como o casamento, o concubinato, a união estável, a família monoparental não possui referência no Código Civil e, por conta disso, lhe são aplicadas as regras atinentes às relações de parentesco em geral. 
Sua forma de constituição pode se dar por diversas formas, tais como a adoção unilateral, divórcio, viuvez, inseminação artificial, não reconhecimento da prole, entre outras. 
Segundo as estatísticas atuais, a família monoparental é, em sua maioria, formada pela mulher e seus filhos. Acredita-se que isto se tornou mais frequente em decorrência da emancipação feminina, sob o aspecto financeiro, cultural, dentre outros.
Da Família Anaparental 
Entende-se por Família Anaparental, a relação que possui vínculo de parentesco, mas não possui vinculo de ascendência e descendência.
Temos como exemplo desta modalidade de família, dois irmãos que vivem juntos. Sendo disciplinada essa modalidade, no artigo 69, caput, do Projeto do Estatuto das Famílias, in verbis: “As famílias parentais se constituem entre pessoas com relação de parentesco entre si e decorrem da comunhão de vida instituída com a finalidade de convivência familiar”. 
No que se refere ao assunto, disciplina Maria Berenice Dias: 
A convivência entre parentes ou entre pessoas, ainda que não parentes, dentro de uma estruturação com identidade de propósito, impõe o reconhecimento da existência de entidade familiar batizada com nome de família anaparental (DIAS, 2007, p. 46).
Da Família Pluriparental
Trata-se daespécie de entidade familiar, que surge a partir do desfazimento de anteriores vínculos familiares e criação de novos vínculos. 
Acerca do tema, nos ensina novamente Maria Berenice Dias: 
A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo reconstruído por casais onde um ou ambos, são egressos de casamentos ou uniões anteriores. Eles trazem para a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm filhos em comum. É a clássica expressão: “os meus, os teus, os nossos...” (DIAS, 2007, p. 46).
A sua definição encontra-se no artigo 69, § 2ª, do Projeto do Estatuto das Famílias, in verbis: “Família Pluriparental é a constituída pela convivência entre irmãos, bem como as uniões afetivas estáveis existentes entre parentes colaterais”.
Da Família Constituída pelo Afeto 
Esta modalidade de família, também é conhecida por Família Eudemonista, que é aquela decorrente do afeto. Eudemonismo é um sistema ou teoria filosófica-moral, que tem por fim a felicidade do homem, como supremacia da vida humana. 
Ainda nos ensinamentos de Maria Berenice Dias:
Surgiu um novo nome para essa tendência de identificar a família pelo seu envolvimento afetivo. Família Eudemonista, que busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação de seus membros. O eudemonismo é a doutrina que enfatiza o sentido de busca pelo sujeito de sua felicidade. A absorção do princípio eudemonista pelo ordenamento altera o sentido da proteção jurídica da família, deslocando-o, da instituição para o sujeito, como se infere da primeira parte do § 8º do artigo 226 da CF: ‘ O estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos componentes que a integram (DIAS, 2007. p. 53).
 
Ao decorrer dos anos, a família sempre possuiu duas origens, a consanguinidade e o afeto entre duas pessoas, formalizado através do casamento. Muito embora o Direito Romano tenha instituído o afeto como um dos pressupostos do casamento, é bem certo que o afeto era tratado em segundo plano frente à sua série de outras questões. 
Todavia, o Direito tem que acompanhar a evolução da sociedade e, por isso, cada vez mais a família, como instituto, evoluiu. 
É bem certo que o afeto transcende da família, não se trata apenas de um laço que une os integrantes, mas, sim, de um sentimento que nutre as relações. 
DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE NORTEIAM O DIREITO DE
FAMÍLIA 
Como é sabido, com a vigência da Constituição de 1988, houve uma revolução no sistema jurídico, isto porque, nas Constituições anteriores, o fito do legislador era sempre a organização do Estado e, diferentemente disto, a Carta Magna de 1988 possui como objetivo primordial o indivíduo, e ainda à coletividade, abrangendo assim, os direitos individuais e ainda os difusos e coletivos. 
Pode-se dizer que a Constituição de 1988 é antropocêntrica, haja vista que possui como destaque a construção de uma sociedade justa, livre e soberana, e, ainda, a garantia do desenvolvimento nacional e a erradicação da pobreza. 
Nesta esteira, a família foi reconhecida como base da sociedade e recebe proteção do Estado, sendo tratada no artigo 226 e seguintes da Constituição de 1988, desta feita, abordaremos cada um dos princípios constitucionais que norteiam o Direito de Família.
Do Princípio do Respeito à Dignidade da Pessoa Humana
Não se pode falar de família dentro do ordenamento jurídico brasileiro sem o principal fundamento basilar da Dignidade da Pessoa Humana. Neste viés, o artigo 1º da Constituição Federal de 1988, dispõe:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Este princípio tem como objetivo o indivíduo e não apenas a organização do Estado, e, em decorrência disso, a família passa a ser enfoque da tutela individualizada dos membros. Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2010):
O Direito de Família é o mais humano de todos os ramos do Direito. Em razão disso, e também pelo sentido ideológico e histórico de exclusões, como preleciona Rodrigo Cunha, ‘ é que se torna imperativo pensar o Direito de Família na contemporaneidade com a ajuda e pelo ângulo dos Direitos Humanos, cuja base e ingredientes estão, também, diretamente relacionados à noção de cidadania’. A evolução do conhecimento cientifico, os movimentos políticos e sociais do século XX e o fenômeno da globalização provocam mudanças profundas na estrutura da família e nos ordenamentos jurídicos de todo o mundo, acrescenta o mencionado autor, que ainda enfatiza: ‘ Todas essas mudanças trouxeram novos ideais, provocam um declínio do patriarcalismo e lançaram as bases de sustentação e compreensão dos Direitos Humanos, a partir da noção da dignidade da pessoa humana, hoje esculpida em quase todas as instituições democráticas.
De acordo com o douto Rizzatto Nunes (2009), em sua obra “O Principio da Dignidade da Pessoa Humana,” no qual, também preleciona os direitos sociais previstos no artigo 6º da Carta Magna como norteadores desta seara. Este artigo garante direitos sociais como, a educação, a saúde, o lazer, o trabalho, a segurança, a previdência social, a proteção à infância e a maternidade, a assistência aos desamparados e, por fim, a inclusão da proteção à família como base da sociedade para proteção estatal, in verbis
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Desta forma, o instituto família tem reconhecida a sua importância na sociedade, passando a ter proteção constitucional, por este motivo tal princípio citado possui tamanha importância ao direito de família, passando a ser um dos principais e mais valorosos ao reconhecimento das relações humanas. 
Considerando que tal princípio tem um papel indispensável em nosso ordenamento jurídico, no qual a soberania do Estado passa a ter uma orientação mais plena com relação as mais diferentes formas de constituição familiar, levando em conta não simplesmente os valores jurídicos, destaca Maria Berenice Dias (2007), como um princípio ao qual faz com que a base da estrutura familiar seja firme a se desenvolver, senão vejamos a seguir:
A multiplicação das entidades familiares preserva e desenvolve as qualidades mais relevantes entre os familiares – afeto, a união, o respeito, a confiança, o amor, o projeto de vida comum -, permitindo o pleno desenvolvimento pessoal e social de cada partícipe (DIAS, 2007, p. 60).
A atual Carta Política Brasileira atribuiu à família responsabilidades vinculadas à promoção da dignidade humana, enquanto princípio, merecendo, por parte do poder público, especial atenção. A interpretação dos dispositivos confere ao instituto importância tridimensional, na medida em que a família é entendida como base da sociedade (aspecto social), merece especial atenção do Estado (aspecto relacionado ao interesse público) e o seu regramento é disciplinado por normas de Direito (aspecto jurídico) (GERMANO, 2003, p. 53).
É no Direito de Família que mais se sente o reflexo dos princípios eleitos pela Constituição Federal, que consagrou como fundamentais valores sociais dominantes. Os princípios que regem o Direito de Família não podem se distanciar da atual concepção da família dentro de sua feição desdobrada em múltiplas facetas. A Constituição Federal consagra alguns princípios, transformando-os em direito positivo (DIAS, 2005, p. 54)
Resta salientar que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ampara o indivíduo como um todo, não deixando de priorizar assim a família. A proteção legal deste institutose inicia ao passo do respeito e da conivência familiar.
 Do Princípio da Igualdade Jurídica dos Cônjuges e Companheiro
O Princípio da Igualdade Jurídica dos Cônjuges e Companheiros está embasado no artigo 226, § 5º, da Constituição Federal de 1988, e reza que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal serão exercidos de forma igualitária tanto pelo homem, quanto pela mulher, como segue:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] 
§5º. Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 
Com esta inclusão da isonomia conjugal, para alguns doutrinadores, tal como Maria Helena Diniz (2006), houve o fim do poder marital e com o sistema de encapsulamento da mulher, restrita apenas às tarefas domésticas e à procriação. 
Assim, como defende Carlos Roberto Gonçalves (2010), em obra já citada, o qual preleciona que, com o advento deste princípio, desaparece o poder marital, e a autocracia do chefe de família é substituída por um sistema em que as decisões devem ser tomadas de comum acordo, sejam eles conviventes ou sejam marido e mulher. 
É bem certo que a evolução tecnológica pela qual estamos passando muito contribuiu para a atualização da legislação e correção dos textos em que vitimavam a mulher no decorrer do tempo, pois, a partir daí, a mulher conquistou o mercado de trabalho, assumindo uma carreira, cuidando da casa e dos filhos, ou seja, desempenhando inúmeras tarefas e gerindo sua família, e, então aí, podemos dizer que a mulher conquistou a isonomia. 
Do Princípio da Igualdade Jurídica de Todos os Filhos
Este princípio possui arrimo na Constituição Federal, em seu artigo 227, § 6º, e em nosso Código Civil de 2002, nos artigos 1.596 a 1.629, e, ainda, decorrente do Princípio da dignidade da pessoa humana. Assim segue:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) [...] § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. [...]
Seu intuito é que não haja discrepância entre os filhos advindos do casamento com relação aos filhos adotivos. O referido princípio não admite distinção entre os filhos legítimos, naturais e adotivos, isto em relação ao nome, aos alimentos, ao poder familiar e os direitos sucessórios. 
Preleciona ainda que poderá haver o reconhecimento a qualquer tempo de filhos havidos fora do casamento, proíbe que faça constar no assento de nascimento à filiação ilegítima e, por fim, veda a designação discriminatória relativa à filiação. 
Do Princípio da Paternidade Responsável e Planejamento Familiar
Como dizemos, a Constituição de 1988 revolucionou uma série de conceitos da nossa sociedade, dentre esses conceitos, está o poder de decisão do planejamento familiar. 
Este Princípio está embasado no artigo 226, § 7º, da Constituição Federal, e dispõe que o planejamento familiar é livre decisão do casal, não podendo ser admitida qualquer restrição impositiva à procriação. 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
Com a entrada em vigor da Lei 9.253/95, esta questão fora regulamentada, principalmente no tocante à responsabilidade do Poder Público e, ainda, no artigo 1.565 do Código Civil de 2002, o qual traçou diretrizes, acerca do planejamento familiar, sendo vedada qualquer tipo de coerção por parte das instituições públicas e privadas.
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
§ 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. 
§ 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.
Do Princípio do Pluralismo Familiar ou da Liberdade da Constituição de uma Comunhão de Vida Familiar
É bem certo que, atualmente podemos dizer a Constituição de 1988 permite a formação de uma família pelo casamento ou pela união estável, sem que haja qualquer imposição ou restrição para isto. 
Para Maria Helena Diniz (2006), este princípio pode ser chamado de pluralismo familiar, uma vez que abrange a família matrimonial e as entidades familiares, as quais são decorrentes de união estável e família monoparental. 
Para Silvio de Salvo Venosa (2005), a Constituição de 1988 consagrou a família independentemente da forma de sua formação, senão vejamos: 
A família à margem do casamento é uma formação social merecedora de tutela constitucional porque apresenta as condições de sentimento da personalidade de seus membros e a execução da tarefa de educação dos filhos. As formas de vida familiar à margem dos quadros legais revelam não ser essencial o nexo família-matrimônio: a família não se funda necessariamente no casamento, o que significa que casamento e família são para a Constituição realidades distintas. A Constituição apreende a família por seu aspecto social (família sociológica). E do ponto de vista sociológico inexiste um conceito unitário de família (VENOSA, 2005).
Nesta esteira, pode-se dizer que o Direito é norma de conduta social e a família é base da sociedade, e inevitável que a sociedade em que vivemos sofre inúmeras mudanças com o decorrer do tempo. Assim, a nossa legislação precisa acompanhar tais mudanças, sob pena de termos normas legítimas, mas, ineficazes.
CONCLUSÃO
Diante de toda a evolução que a nossa sociedade sofreu no decorrer dos tempos, pudemos notar o quanto o instituto da família modificou-se, ganhando as mais diversas formas e requisitos. 
Porém, como é sabido, o Direito regulamenta as relações humanas e, como não poderia ser diferente, passou a reconhecer as novas espécies de família. Isto ocorreu, legalmente, a cada Constituição que então vigorava a cada época, e, por conta disso, as formas de constituição de família também sofreu alterações consideráveis, como por exemplo, na Constituição de 1981, reforçado pelo Código Civil de 1916, a família só poderia ser constituída pelo casamento, que se modificou ao passar dos anos.
Daí que, a Constituição Familiar nos Tempos Contemporâneos, que ainda está em evolução, buscando o devido amparo estatal foi tratada neste trabalho, não só como efetivamente na lei, mas, a situação vivenciada no dia-a-dia pelas pessoas em seus relacionamentos afetivos.
Conclui-se que, esta evolução trouxe consequências jurídicas que tem sido debatidas diariamente pelos juristas, mas a realidade em que vivemos é de que, cada indivíduo, integrante de uma sociedade, deseja apenas, ter sua vida de forma amparada, tanto pela sociedade, quanto pelo Estado, de modo que, veja valer-se do princípio mais sublime de nosso ordenamento, o da igualdade, pois, não há porque, desde que, não se prejudique terceiros, deixar de se reconhecer e efetivar situações, que ainda que não expressamente reconhecemo-las,sabemos que são vivenciadas por milhões de brasileiros e mundialmente, sejam elas, homoafetivas, monoparental, matrimonial ou concubinato, o que vale mesmo, é o afeto existente dos indivíduos que as compõem, pois é bem certo que, com famílias enraizadas no afeto e na igualdade, teremos uma sociedade muito melhor para se viver. 
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