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Técnica anestésica básica Estima-se de mais que a metade das situações emergenciais num consultório odontológico ocorre durante, ou até cinco minutos depois, da injeção de um anestésico local. Destas, a grande maioria foi associada diretamente com o aumento do nível de estresse associado à injeção. Ao contrário do que muitos pensam, a administração de anestésicos locais pode ser indolor e atraumática. Para tanto, basta-se seguir alguns passos básicos e dominar as técnicas de anestesia. 1 – A agulha deve estar afiada e esterilizada Agulhas bem afiadas, quando usadas corretamente, são menos propensas a causar dor ao serem introduzidas ou retiradas. Entretanto, em virtude da produção em massa, eventualmente as agulhas podem vir com a ponta “entortada”, o que pode contribuir com a geração de dor durante seu uso. Para evitar o uso de agulhas defeituosas, arrasta-se a agulha que será usada sobre uma gaze estéril. Se o instrumento engatar na gaze, deve-se descartar a agulha e usar uma nova. Também, as agulhas vão tornando-se rombas quanto mais inserções são feitas, de forma que por volta da 3ª\4ª introdução, a resistência oferecida pelos tecidos é mais perceptível. Como consequência, inserções subsequentes tornam-se gradativamente mais dolorosas. Portanto, recomenda-se que as agulhas sejam trocadas após a 4ª inserção. 2 – Verificar o fluxo da solução de anestésico local Após o preparo completo da seringa carpule com tubete anestésico, deve-se remover possíveis bolhas (posicionar a seringa com a agulha voltada para cima, de forma que a bolha se aproxime do local de ejeção. Daí, bater com o dedo no tubete e ejetar algumas gotas do anestésico local até que a bolha seja removida), uma vez que a injeção destas num vaso poderá causar embolia no paciente. Depois, deve-se ejetar algumas gotas do tubete, de forma a verificar que o fluxo do anestésico local está bem estabelecido. 3 – Posicionar o paciente O paciente deve ser posicionado em posição supina (cabeça e coração paralelos ao solo). Isto previne que, durante a administração de um anestésico local, efeitos psicogênicos possam causar desmaios, tontura, taquicardia e palpitações no paciente. 4 – Secar a região em que a agulha será introduzida Utilizar uma gaze estéril para secar a região em que a agulha será introduzida. Isto também contribui para a remoção de qualquer fragmento grosseiro. 5 – Utilizar anestésico tópico (opcional) Se o clínico resolver utilizar deste passo, deve-se mergulhar a ponta de um cotonete na substância anestésica local tópica e pressionar o instrumento embebido contra a região em que a agulha será introduzida. O uso do cotonete evita que haja aplicação excessiva do anestésico tópico, o que poderia causar desconforto ao paciente (geralmente, o gosto de um anestésico local é ruim), anestesiar áreas não desejadas (o que prejudicaria o processo de anestesia propriamente dito) e contribuir para toxicidades sistêmicas por anestésico local. 6 – Estabelecer um apoio firme para as mãos É necessário manter sempre controle completo e firme sobre a seringa. Isto garante que a perfuração tecidual ocorrerá facilmente, precisamente e sem corte inadvertido de tecidos indesejados. Dentre pontos que podem ser usados como apoio para os dedos destacam-se zigoma e mento. Para o cotovelo, pode-se apoiar no tórax do paciente ou no próprio tórax, na sua porção lateral. Deve-se evitar o apoio no braço ou no ombro do paciente, ou até mesmo não apoiar-se. Isto por que se o paciente inadvertidamente se mover, a seringa também moverá, o que provavelmente causará lesão. 7 – Tensionar o tecido Isto pode ser obtido em qualquer região da boca, exceto no palato duro, onde os tecidos são naturalmente tensos. Sugere-se o tensionamento, pois o tecido oferecerá muito menos resistência à introdução da agulha. Tecidos relaxados, frouxos, serão muito mais dilacerados e gerarão mais dor ao serem penetrados. 8 – Manter a seringa fora da linha de visão do paciente 9 – Introduzir a agulha na mucosa Deve-se ver as técnicas específicas da anestesia para saber qual deve ser a orientação do bisel da agulha. Com o bisel propriamente orientado, introduz-se a agulha delicadamente no tecido no local onde o anestésico local tópico foi administrado até que o bisel não seja mais visível. 10 – Injetar algumas gotas do anestésico local e avançar lentamente com a agulha em direção ao alvo Os tecidos moles situados à frente da agulha podem ser anestesiados com poucas gotas de anestésico local. Após a deposição da solução, espera-se 2 a 3 segundos até que o fármaco faça efeito e, daí, avança-se novamente com a seringa. Repete-se este processo até que a agulha chegue ao seu alvo. 11 – Infiltrar várias gotas do anestésico local antes de penetrar o periósteo O periósteo é ricamente inervado, e o contato da agulha sobre ele gera bastante dor. Este processo resulta na penetração indolor do periósteo. Por que a profundidade que a agulha deve penetrar até atingir o periósteo varia de paciente para paciente, é comum que se atinja esta estrutura inadvertidamente. Apenas com experiência é que o profissional saberá a melhor hora de executar este passo. OBS: as anestesias do nervo alveolar inferior, mandibular de Gow-Gates e do nervo infraorbitário não requerem este passo. 12 – Aspirar A aspiração sempre deve ser realizada antes da deposição de um anestésico local. Isto por que este passo diminui dramaticamente a possibilidade de uma injeção intravascular, uma vez que, corretamente realizado, fornece a informação se a agulha está dentro de um vaso. Para aspirar, deve ser criada uma pressão negativa no tubete. A maioria das seringas carpule não possui o arpão usado para a aspiração, de forma que tracionar a base da seringa para trás não criará uma pressão negativa. Com este tipo de instrumento, deve-se aplicar uma leve e rápida força sobre a sua base. A aspiração adequada necessita que a extremidade da agulha permaneça imóvel, ou seja, a agulha não deve ser empurrada nem puxada durante o procedimento. Com a aspiração corretamente realizada, qualquer substancia que esteja circundando a extremidade da agulha será aspirada para o tubete. Se houver a aspiração de sangue para dentro do tubete, pode-se dizer que foi feita uma aspiração positiva e que a solução anestésica não deve ser injetada naquele local. A ausência de retorno de sangue ou o retorno de uma bolha de ar indica uma aspiração negativa. Porém, a aspiração deve ser realizada pelo menos duas vezes antes da administração do anestésico local, sempre com o bisel orientado diferentemente (rodar cilindro em 45 graus para realizar segunda aspiração) – isto evita que ocorram falsos negativos para aspiração. 13 – Infiltrar lentamente a solução anestésica local Após aspirações negativas, o administrador deve empurrar lentamente o embolo da seringa até o volume predeterminado (depende da técnica específica). A injeção lenta é vital, pois evita toxicidade sistêmica por anestésico local e o rompimento dos tecidos pelo volume da solução (caso contrário, há dor antes e após o efeito do anestésico). Indica-se que a administração de um tubete (1,8mL) dure mais de 1 minuto. 14 – Registrar a(s) droga(s) utilizada(s) na ficha do paciente Para uso posterior, deve-se registrar: qual droga anestésica local foi usada, qual agente vasoconstritor foi usado, qual foram as dosagens administradas, quantas agulhas foram utilizadas, quantas injeções foram realizadas e como o paciente reagiu. Passos para técnica básica de anestesia Tipos de técnica anestésica O local de infiltração da droga em relação à área de intervenção operatória determina o tipo de injeção a ser administrada. Anestesia infiltrativa local Pequenas terminações nervosas na área do tratamento são infiltradas com o anestésico local. A incisão/tratamento é, então, realizada na área em que o anestésico local foi depositado. Anestesia de campo (regional) A solução de anestésico é infiltrada próxima do ramo terminal maior,de forma que a área a ser anestesiada será circunscrita, para evitar a passagem de impulsos do dente para o SNC. Exemplo: Anestesia do nervo palatino maior. Anestesia troncular (bloqueio do nervo) O anestésico local é depositado próximo a um tronco nervoso principal, usualmente distante do local de intervenção operatória. Exemplo: Bloqueio do nervo mandibular.
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