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Apostila de Criminologia n. 1

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O CRIME COMO 
UM PROBLEMA 
SOCIOLÓGICO: 
Modelos teóricos em questão 
Professora: Gisele Alves 
BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE 
PUNIÇÃO. 
A palavra pena provém do latim poena e do grego poiné, e tem o significado 
de inflição de dor física ou moral que se impõe ao violador da lei. 
A primeira modalidade de pena foi consequência da chamada vingança 
privada, que visava primordialmente a retribuição do mal. A vingança 
poderia ser exercida não somente por quem sofreu o dano, mas também por 
seus parentes ou pelo grupo social em estava inserido. 
Tal vingança é característica nas sociedades selvagens e também na 
antiguidade. 
No período da vingança, surge a Lei de Talião, que naquele dado momento 
histórico tratava-se de um avanço, pois inaugura o princípio da 
proporcionalidade. 
Ainda durante a antiguidade inicia-se a fase da chamada composição, que 
substitui a punição corporal por uma utilidade material (entrega de 
materiais, armas, etc.) que deve ser dada pelo ofensor ao ofendido. 
Mais tarde surge a figura do árbitro, que é um terceiro estranho à relação 
conflituosa, que tinha a competência de definir quem estaria coma razão. Tal 
atribuição era geralmente conferida aos sacerdotes e aos anciãos. 
 
BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE 
PUNIÇÃO. 
Posteriormente no período medieval , o Estado chama para si a 
responsabilidade de resolução dos conflitos (exercício da jurisdição) e de 
aplicação das penas (titularidade do Jus Puniend – Direito de Punir). 
A modalidade das penas durante a antiguidade e no período medieval variou 
muito. A privação da liberdade como pena principal é recente na história da 
humanidade, tendo sido utilizada durante os dois períodos mencionados com 
caráter meramente custodial, ressalvadas as prisões de estado e eclesiásticas 
na idade média. 
Até o século XVIII as penas mais utilizadas eram: morte, corporais, 
infamantes, e em casos menos graves a pena pecuniária, sendo a prisão uma 
necessidade meramente “processual”. No segunda metade do século XVI 
surgiram na Inglaterra e na Holanda as chamadas casas de correção que 
eram utilizadas como medida cautelar, ou seja, para guardar o acusado para 
a aplicação da pena corporal. 
Até praticamente o período iluminista, as penas possuíam um caráter 
aflitivo, ou seja, o corpo humano era o objeto da retribuição do mal, somente 
a partir do fim do século XVIII, as penas corporais começam a ser 
substituídas aos poucos pela pena privativa de liberdade. Foucault 
analisando tal mudança, conclui que o sofrimento deixa de recair no corpo, e 
passa a atingir a alma. 
 
 
 
 
BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE 
PUNIÇÃO. 
O início do século XVI marca o que se convencionou chamar de Idade 
Moderna, e neste período começa a ganhar força a aplicação das penas 
privativas de liberdade. Neste século também foi aplicada uma das penas 
mais cruéis até então existentes – a pena de galera., que consistia na 
utilização de condenados que foram sentenciados à morte, e demais 
condenados por crimes graves ou prisioneiros de guerra, para trabalharem 
nas galeras dos navios militares remando incessantemente. 
Esse período é marcado também pelo surgimento das Casas de Correção, que 
são consideradas as antecessoras das prisões modernas, que surgem somente 
ao longo do século XVIII. Tais Casas de Correção aparecem em um período 
em que o desterro, os açoites, e a execução eram os principais instrumentos 
de política social na Inglaterra. 
Em 1530 foi publicado um Estatuto na Inglaterra que obrigava a realização 
de um registro de vagabundos, em que se distinguia os incapacitados para o 
trabalho, a quem era permitido mendigar, e os demais, que não poderiam 
exercer a mendicância, nem receber qualquer tipo de caridade, sob pena de 
serem açoitados até sangrar. Por solicitação do clero inglês castelos 
acolheriam ladrões, ociosos, vagabundos, e autores de pequenos delitos, com 
o fim de reforma através do trabalho obrigatório e da displina. 
 
 
BREVE HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE 
PUNIÇÃO. 
Esse foi um período em que mão-de-obra do preso era 
intensamente explorada, sob o argumento de que com o trabalho 
duro e penoso reformaria o delinquente. 
Com a chegada do século XVIII, por conta dos ideais iluministas, 
até meados do século XIX, foram sendo desenvolvidos novos 
sistemas penitenciários (Sistema Auburniano, Sistema 
Progressivo Inglês, Sistema Progressivo Irlândes, Sistema de 
Elmira e Sistema de Montesinos), procurando-se preservar a 
dignidade da pessoa humana. Importantes reformadores 
destacam-se: Cesare Beccaria, John Howard e Jeremy Bentham. 
O período iluminista teve fundamental importância no 
pensamento punitivo, uma vez que com apoio na “razão”, o que 
outrora era praticado despoticamente, agora exigia um processo 
penal com exigência de provas que justificassem a condenação 
do acusado. Por intermédio de um raciocínio jusnaturalista 
passa-se a reconhecer direitos inerentes ao ser humano (direito a 
ampla defesa, ao devido processo legal, a igualdade processual, a 
definição de condutas criminosas por leis, a proporcionalidade 
das penas, etc.). 
 
 
BREVE HISTÓRICO DA PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE. 
 Idade Antiga 
Regida pela adoção da vingança privada. Prevalece a aplicação de penas 
corporais, assim como a composição de danos. Havia ainda a possibilidade 
de prisão por dívidas. Submissão do acusado a interrogatórios cruéis. 
Pena privativa de liberdade com caráter custodial. 
 Período Medieval 
A pena privativa de liberdade continua a ter um caráter custodial, salvo 
poucas exceções (Prisão de Estado e Prisão Eclesiástica). 
Prevalece a aplicação de penas corporais, e uso das ordálias como meio de 
prova. As penas são muito cruéis, e geralmente executadas publicamente, 
promovendo-se um espetáculo de terror. É a partir deste período que a 
vingança cede lugar para o Jus Puniendi do Estado. 
 Idade Moderna 
Início do século XVI, momento em que a pena privativa de liberdade 
começa a se consolidar como a sanção retributiva. 
Marca o surgimento das casas de correção, que utilizavam os ociosos, 
desempregados, mendigos, criminalizados com o fim de serem utilizados 
como mão-de-obra indispensável para impulsionar o Mercantilismo. 
 
CIÊNCIA CRIMINOLÓGICA 
 Conceito e distinção com o Direito Penal. 
Para Antonio García-Pablos de Molina “Criminologia 
é uma ciência empírica e interdisciplinar que tem por 
objeto o crime, o criminoso, a vítima, e o controle 
social do comportamento delitivo; e que aporta uma 
informação válida, contrastada e confiável, sobre a 
gênese, dinâmica e variáveis do crime – contemplado 
este como fenômeno individual e como problema 
social, comunitário; assim como sua prevenção eficaz, 
as formas e estratégias de reação ao mesmo e as 
técnicas de intervenção positiva no infrator”. 
DISTINÇÃO COM O DIREITO PENAL 
Para Luiz Flávio Gomes (2008) a Criminologia 
pertence ao campo das ciências empíricas, isto 
significa que seus objetos de estudo (crime, 
criminosos, vítima e controle social) estão inseridos 
no mundo do real, do verificável, e não no mundo 
dos valores. A criminologia pretende conhecer a 
realidade para explicá-la, se aproxima do fenômeno 
criminal procurando obter uma informação direta. 
Já o Direito Penal se incumbe de valorar, ordenar, e 
orientar a realidade, com apoio de critérios 
axiológicos (valorativos), e observa o crime somente 
por um prisma do modelo típico definido na norma 
jurídica. 
BREVE HISTÓRIA DA ORIGEM DO 
PENSAMENTO CRIMINOLÓGICO 
 Período Pré-Científico – Abrange desde a 
antiguidade até o surgimento do trabalho de 
Beccaria ou de Lombroso. 
 
 Período Científico – Há uma controvérsia 
sobre o nascimento da criminologia. A maioria da 
doutrina se filia a opinião deque isso se deu com 
o aparecimento da Escola Posivista, com o 
trabalho de Cesare Lombroso. No entanto, uma 
outra parcela da doutrina entende ter a 
criminologia nascido com o trabalho de Cesare 
Beccaria, representante da Escola Clássica. 
DISTINÇÕES ENTRE ESCOLA CLÁSSICA E A 
POSITIVISTA. 
 De acordo com Sérgio Salomão Shecaira, a “Escola 
Clássica enraíza sua ideias exclusivamente na razão 
iluminista e a Escola Positivista, na exacerbação da razão 
confirmada por meio de experimentação. 
 Clássicos focaram seus estudos no fenômeno do crime. 
 Positivistas focaram sua observação sobre o autor do 
fenômeno criminal. (criminoso). 
 Foi a busca por um método criminológico, suas 
finalidades e funções, que deu início ao embate entre 
essas duas escolas, resultando no nascimento da 
criminologia como ciência autônoma em relação ao 
Direito Penal. 
 
 
ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME. 
 A partir da segunda metade do século XVIII ocorre um 
movimento de crítica à legislação penal vigente, que era 
caracterizada por sanções criminais cruéis. Tal movimento traz 
no bojo de suas obras a defesa das liberdades individuais. 
 Esta escola surge em meio à decadência da estrutura econômica 
feudal – baseada na propriedade feudal da terra, na servidão 
camponesa e na industria manufatureira, que determinavam as 
relações de classe e a ideologia reinante à epoca. 
 Fundamentada no Jusnaturalismo , baseado na ideia de direito 
natural e no Contratualismo, que define ser o Estado e a ordem 
jurídica frutos do livre acordo entre os homens, que renunciam a 
seus direitos em prol da ordem e segurança comum. 
 Os dois maiores expoentes da Escola Clássica são : Cesare 
Beccaria e Francesco Carrara, sendo este último o grande 
responsável pela criação da dogmática jurídica. 
 
 
 
ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME. 
 A obra de Beccaria, “Dos delitos e das Penas”, expressa 
o contrato social baseado na pregação da igualdade 
absoluta entre homens, sendo considerado delinquente 
aquele que rompe o pacto social. 
 O homem é um ser racional, por isso um 
comportamento ilegal para eles seria fruto da 
irracionalidade. 
 Beccaria procurou fundamentar a legitimidade do 
direito de punir, bem como definir critérios de sua 
utilidade, a partir do postulado do contrato social. Para 
ele eram ilegítimas todas as penas que não tem por fim 
a salvaguarda do contrato social. (tutela de interesses de 
terceiros) , e inúteis todas as que não sejam adequadas a 
evitar violações futuras, especialmente as que são 
ineficazes na prevenção geral (convencer a comunidade 
a não delinquir). 
 
ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME. 
 Francesco Carrara é o grande responsável pela criação 
da dogmática penal. Para ele o crime não é um ente de 
fato, é um ente jurídico, que consiste na violação de um 
direito, e a punição daquele que o produziu, baseia-se 
no seu livre arbítrio. 
 Inaugura-se aqui o princípio da legalidade que define o 
crime como o comportamento que, necessariamente, vai 
de encontro a uma lei. 
 Para os clássicos, à medida que o homem possuía livre 
arbítrio, poderia escolher entre fazer o bem ou o mal, 
sendo assim responsável por seus atos, responsabilidade 
esta que indicava a legitimidade da punição. 
 A principal conclusão é que esta escola se preocupa 
mais com o delito, do que com a personalidade do 
delinquente. 
 
ESCOLA CLÁSSICA E O CRIME. 
 
 O delito é percebido como fruto da violação do pacto entre os homens, que à luz 
do contrato social eram igualmente identificados, diferenciando-se apenas por 
ocasião da violação do contrato que caracterizava o delito e apontava o ser 
irracional que o cometera. 
 A punição para os clássicos é uma retribuição jurídica que tem como objetivo o 
reestabelecimento da ordem externa violada., e também a retribuição do mal , 
fundada na defesa do direito. (Ideologia da defesa social). 
 A pena era para os Clássicos uma medida de repressão, aflição e possuía caráter 
pessoal, e deveria ser aplicada ao autor de uma fato criminoso que agiu com 
vontade e capacidade de entendimento, o que fundamentava sua culpa. 
(reprovação) 
 O método de estudo possível de aplicar a tal forma de pensar é o método lógico-
abstrato ou o dedutivo. 
 Os Clássicos refletiram a formação jurídica adotada pela ideologia burguesa, que 
possui os seguintes pilares: igualdade perante a lei, responsabilidade do indivíduo 
por seu comportamento social. 
 Critica-se tal escola afirmando que esses pilares contradizem a realidade, 
especialmente no aspecto da igualdade legal. 
 Tal escola, no entanto, responsável pelo direito penal liberal, introduziu uma série 
de princípios e garantias na ordem jurídica-social, que até então não eram 
observados: legalidade, proporcionalidade, devido processo legal, entre outros. 
 
ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO 
CRIMINAL. 
 Surge como uma crítica ao pensamento clássico sobre o 
crime, que entendia este apenas como um fenômeno 
jurídico. 
 O positivismo criminológico estabeleceu como meta 
conseguir explicar o comportamento desviante, e para tanto 
adaptou o método das ciências naturais. 
 Explicam o desvio como natureza do sujeito criminoso, 
produzida por causas desconhecidas e não controláveis. 
 Para eles o desvio não possui determinação política, mas 
sim natural. 
 A compreensão do comportamento desviante depende da 
imparcialidade do cientista social, que deve estar livre de 
interesses e valores para conhecer o objeto em estudo 
(tarefa impossível). 
 
 
 
ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO 
CRIMINAL. 
 Esta escola tenta explicar causalmente o comportamento social, 
argumentando que a compreensão das relações causais possibilita a 
prevenção e a previsão do comportamento delituosos, que possui 
explicações naturais e não políticas. 
 O Positivismo explica o desvio como natureza do sujeito criminoso, 
produzida por causas não conhecidas, nem mesmo controladas por ele. 
O comportamento criminosos é encardo como natureza anti-social do 
homem, internalizando no sujeito a causa do desvio. 
 Esta escola ao criar uma noção de que o comportamento desviante não 
possuía determinação política, e sim determinação natural, preserva 
de questionamentos a ordem social vigente. 
 Para verificar as causas do comportamento desviante, o positivismo 
estabelece como condição a imparcialidade científica, ou seja, a ciência 
social deve ser neutra, devendo o cientista estar livre de interesses e 
valores para melhor conhecer seu objeto de estudo, o que sabemos 
hoje ser impossível. Os positivistas ao tentar usar tal 
“imparcialidade” dedicavam-se ao seu objeto de estudo de estudo, no 
caso o comportamento desviante, a partir de um conceito de crime, 
que varia conforme condições de tempo, lugar, sistema de organização 
social, e limita-se aos comportamentos conhecidos pelos aparelhos de 
controle social. (Como ser imparcial assim?) 
 
ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO 
CRIMINAL. 
 A escola positivista abordou o crime através de dois 
aspectos: Biológico, Sociológico e Jurídico. 
 Biológico (fase antropológica – Principal representante: 
Lombroso) explica o comportamento desviante pela 
natureza hereditária do criminoso. 
 Sociológico (fase sociológica – Principal representante: 
Ferri) reconhece o comportamento desviante como produto 
do ambiente e, portanto adquirido socialmente. 
 Jurídico (fase jurídica – representante: Garofalo) seu papel 
foi o de criar para Escola Positivista, um sistema jurídico 
baseado nos seguintes postulados: a- responsabilidade 
penal fundamentada na periculosidade; b- o fim da pena é 
a prevenção especial; c- direito de punir justificado pela 
teoria da defesa social; d- definição de delito natural. 
Garofalo foi um grandedefensor da pena de morte para os 
delinquentes natos, segundo a concepção lombrosiana. 
 
 
 
ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL. 
 A fase antropológica da Escola Positivista (Positivismo Biológico) que teve 
como expoente máximo Cesare Lombroso, utilizou-se dos ensinamentos da 
antropologia em geral, demonstrando a anormalidade do criminoso e de 
seu ato, a partir da verificação de problemas orgânicos e psíquicos, 
hereditários ou adquiridos que apontassem para a tendência à prática 
delitiva. Esta posição foi inspirada por ideias evolucionista, na segunda 
metade do século XIX, e gerou a concepção de criminoso nato. 
 Lombroso admitia como hipóteses básicas as seguintes: o delito é um 
fenômeno da natureza; o criminoso, propriamente dito, é nato; o criminoso 
é idêntico ao louco moral; e o criminoso nato constitui um tipo especial. 
 Lombroso reconhecia o criminoso nato e as demais tipologias pela 
estigmatização física: estudos anatômicos (tamanho de crânio), 
estudos cromossomáticos, dentes imperfeitos, tatuagens, dedos 
irregulares, etc., estabelecendo uma tipologia de criminosos que ia 
desde o hereditário, louco, criminoso de ocasião, epilético e movido 
por paixão. 
 O Positivismo para tanto se utilizava da anatomia , fisiologia, psicologia e 
outras disciplinas para determinar o comportamento desviante e, mais 
precisamente, o tipo de sujeito capaz de praticar este comportamento. 
 
ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO 
CRIMINAL. 
 A principal ideia que o positivismo biológico pregou era que o 
criminoso nato se caracterizava por ser um indivíduo predisposto ao 
crime devido às anormalidades físicas. (Dissertação Gisele Alves - p. 
22). 
 Muitas críticas atingem esta teoria: deficiências metodológicas das 
técnicas estatísticas; invalidade dos indicadores biológicos que 
apontam o criminoso nato; e não constatação de que os indicadores 
das anomalias biológicas são, muitas vezes provenientes da origem 
social e da divisão social do trabalho. Tudo isso demonstrou que o 
positivismo biológico não avaliou que a tipologia não é só determinada 
biologicamente, porque os corpos também são produtos da realidade 
social e do modo de existir em um contexto social, cultural e histórico. 
E são tais fatores que se expressam na população carcerária desde 
aquela época, quase toda proveniente de uma mesma camada social e 
exposta às mesmas dificuldades ditadas pela divisão social do 
trabalho, acúmulo de capital e meios de produção. 
 Os Positivistas se esforçaram para provar que a hereditariedade é o 
fator fundamental do crime, negando o conteúdo social do 
comportamento, negando assim que a determinação do crime possa 
ser ditada pela significação ideológica da ordem social vigente. 
 
ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO 
CRIMINAL. 
 Na Fase Sociológica da Escola Positivista, surge a sociologia criminal 
que começa a ser consolidada por Ferri. Este justificava a punição do 
sujeito pelo fato deste ser um membro da sociedade, desenhando a 
ideia de defesa social através da intimidação geral. O positivismo 
sociológico posicionava-se, não pela responsabilidade moral, mas sim, 
pela responsabilidade social, prevenia também especialmente, a 
sociedade. Inaugura-se com Ferri a concepção de recuperação, só não 
considerou que isso fosse possível para a tipologia dos criminosos 
habituais. 
 O positivismo sociológico reduziu os fenômenos sociais em duas 
categoriais: normais e anormais (patológicos). O normal é socialmente 
funcional, pois adapta-se ao conjunto do corpo social, já o anormal, 
que não é socialmente funcional, não é adaptável, além de se adequar 
às alterações do corpo da sociedade (subculturas), desviando-se do 
status quo. Para Ferri o comportamento socialmente patológico, foge 
às regras determinadas pelo corpo social, e resulta “ou de defeitos 
individuais congênitos ou de socialização deficiente devido a esforços 
insuficientes da sociedade na transmissão das normas morais a cada 
geração. 
 Tudo acima demonstra que o positivismo sociológico é mero aspecto do 
positivismo biológico, completando-a. 
 
 
ESCOLA POSITIVISTA E O FENÔMENO CRIMINAL. 
 O positivismo sociológico também inspirou o positivismo jurídico 
(criminológico) de Garofalo, que trouxe no bojo de sua obra influências 
darwinistas. Seu papel foi o de criar para a Escola Positivista, um sistema 
jurídico baseadfo nos seguintes postulados: 
a- responsabilidade penal fundamentada na periculosidade. 
b- o fim da pena é a prevenção especial; 
c- direito de punir justificado pela teoria da defesa social. 
d- definição de delito natural. 
 Garofalo era grande defensor da pena de morte para os delinquentes que 
demonstrassem absoluta incapacidade de adaptação social, ou seja, os 
delinquentes natos. 
 Para Escola Positivista o delito é considerado um fenômeno natural e 
social, sendo a pena a única forma de defender a sociedade de tal mal, e 
prevenir outros, sendo o método experimental o mais adequado para 
conhecer o crime, o criminoso, a pena e o processo, e todos os demais 
objetos do direito penal. 
IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL 
 E o que é ideologia da defesa social/ou do fim? Tal ideologia surge 
contemporaneamente à revolução burguesa, e se impôs como elemento 
essencial do sistema jurídico burguês, especialmente no setor penal. Esta 
é a ideologia que fundamenta tanto as clássicas como positivistas. 
 A ideologia da defesa social se fundamenta nos seguintes princípios 
segundo Barata: 
 Princípio de legitimidade – O Estado como expressão da sociedade está 
legitimado para reprimir a criminalidade, da qual são responsáveis 
determinados indivíduos por meio de instâncias oficiais de controle social 
(legislador, polícia, magistratura, instituições penitenciárias). Tais 
instituições interpretam a legítima reação da sociedade, ou da grande 
maioria dela, dirigida à reprovação e condenação do comportamento 
desviante individual e à reafirmação dos valores e das normas sociais. 
 Princípio do bem e do mal - O delito é um dano para a sociedade. O 
delinquente é um elemento negativo e disfuncional do sistema social. O 
desvio criminal é, pois, o mal; a sociedade constituída, o bem. 
 Princípio da culpabilidade – O delito é expressão de uma atitude interior 
reprovável, porque contrária aos valores e às normas presentes na 
sociedade, mesmo antes de serem sancionadas pelo legislador. 
 
IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL 
 
 Princípio de igualdade – A criminalidade é violação da lei penal, e como 
tal, é o comportamento de uma minoria desviante. A lei penal é igual para 
todos. A reação penal se aplica de modo igual aos autores de delitos. 
 Princípio da prevenção ou da finalidade – A pena não tem ou não tem 
somente, a função de retribuir, mas de prevenir o crime. Como sanção 
abstratamente prevista em lei, tem a função de criar uma justa e 
adequada contra motivação ao comportamento criminoso, e como sanção 
concreta, exerce a função de ressocializar o delinquente. 
 Princípio do interesse social e do delito natural – O núcleo central dos 
delitos definidos nos códigos penais das nações civilizadas representa 
ofensa de interesses fundamentais, de codificações essenciais à existência 
de toda a sociedade. Os interesses protegidos pelo direito penal são 
interesses comuns a todos os cidadãos. 
 Em pese a ideologia da defesa social em um dado momento histórico ter se 
apresentado como um avanço, verifica-se que do ponto de vista da 
sociologia criminal, há algum tempo ela (ideologia da defesa social) se 
apresenta como elemento legitimador do sistema penal e de praticas 
penais autoritárias e inclusive desumanas. 
 
IDEOLOGIA DA DEFESA SOCIAL 
 
 A sociologia criminal moderna já nega uma série de princípios 
norteadores da Ideologia da defesa socialcomo: princípio do bem 
e do mal, princípio da culpabilidade (subculturas delinquentes 
com valores próprios), princípio do fim/da prevenção, princípio da 
igualdade e princípio do interesse social e do delito natural. (Os 
interesses que estão na base da formação e da aplicação do 
direito penal são os interesses daqueles grupos que têm o poder 
de influir sobre os processos de criminalização – os interesses 
protegidos pelo direito penal não são, pois, interesses comuns a 
todos os cidadãos - a criminalidade é uma realidade social 
criada através do processo de criminalização, portanto a 
criminalidade e o direito penal têm sempre natureza política). 
 Percebemos que esta ideologia, reforçada mais modernamente 
pela teoria do direito penal do inimigo, e em nome da defesa 
absoluta e a qualquer custo da sociedade, justifica cada vez mais 
este criação desenfreada de novos crimes, a exasperação das 
penas e supressão de garantias. 
 
MÉTODO DA CRIMINOLOGIA – ORIUNDO 
DO POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO. 
 A criminologia moderna adota o método científico empírico e 
interdisciplinar. 
 A criminologia ganha status de ciência quando o positivismo 
criminológico emprega o método empírico, baseado na 
análise, observação e indução da realidade, substituindo o 
método abstrato, formal e dedutivo dos clássicos. 
 O método empírico garante um conhecimento mais confiável 
e seguro do problema criminal. 
 Segue-se a essa observação da realidade a adoção do princípio 
da interdisciplinaridade, em que se usa diversas disciplinas 
científicas em cooperação uma com a outra, com o fim de 
explicar os dados colhidos na realidade, produzindo-se assim 
um saber próprio do que seria produzido por qualquer 
disciplina de forma independente. Diversos métodos e 
técnicas de investigação foram desenvolvidos: 
reconhecimento médico, entrevistas, questionários, 
observação, etc. 
OBJETOS DA CRIMINOLOGIA 
 
 A criminologia dedica seus estudos modernamente para análise 
dos seguintes objetos: Delito, Delinquente, Vítima e Controle 
Social. 
1- Delito – É um fenômeno humano e cultural. O direito penal 
trabalha com 3 conceitos: formal, material e analítico, 
predominando o último, que define o delito como fato típico, ilícito 
e culpável. 
2- Delinquente – Enquanto o delito foi a principal preocupação da 
Escola Clássica, o delinquente, por sua vez foi a preocupação 
primordial da Escola Positivista. Na moderna criminologia o estudo 
do homem delinquente ficou em segundo plano, em razão do giro 
sociológico experimentado por ela, que superou as análises 
individualistas da pessoa do infrator, e colocou seu enfoque na 
explicação político-criminal da conduta delitiva e do controle social 
sobre esta. 
O delinquente é examinado em suas interdependências sociais, 
como unidade biopsicossocial, e não de uma perspectiva 
biopsicopatológica, como fazia a criminologia tradicional. 
OBJETOS DA CRIMINOLOGIA 
3- Vítima – O valor do estudo da vítima para ciência 
criminológica, e para o Direito é inquestionável. Há 
quem entenda que o estuda da vítima, consitui uma 
ciência a parte, a Vitimologia. 
Destacaremos tal tema separadamente. 
4- Controle social/ Reação social sobre o 
comportamento criminoso. 
Trata-se de tema extremamente relevante, com 
amplas definições, especialmente a partir do giro 
sociológico da criminologia, especialmente a partir da 
década de 60, e por isso será abordado 
separadamente também. 
 
VITIMOLOGIA 
Introdução histórica - Vitimologia foi primeiramente abordada 
pelo advogado Benjamin Mendelsohn. Após a Segunda Guerra, 
Mendelsohn através de pesquisas procurava entender os fatores que 
faziam os judeus continuarem trabalhando na organização e 
administração internas dos campos de concentração, mesmo frente à 
possibilidade da morte. Seu interesse recai especialmente sobre 
como as vítimas agem e pensam, e a partir de tais estudos surgiram 
os primórdios da Vitimologia. 
Conceito e importância. 
Mendelsohn, então, definiu a Vitimologia como “ciência sobre as 
vítimas e a vitimização”. Portanto, a Vitimologia passou a ser 
discutida ou como 
parte da Criminologia, ou como ciência autônoma. Seus estudos 
passaram a visar todos os tipos de vítima, assim como suas condutas 
antes e após sua vitimização. Os estudos de Mendelsohn começaram 
a atrair a atenção de muitos criminólogos, os quais iniciaram 
estudos próprios acerca do assunto. Desde então, muitos outros 
conceitos de renomados estudiosos emergiram. 
 
 
 
 
 
 
VITIMOLOGIA 
Lola Aniyar Castro, famosa criminóloga venezuelana e adepta da Teoria 
Crítica, entende a Vitimologia como “estudo da personalidade da vítima (de 
um delinqüente ou de outros fatores), com o descobrimento dos elementos 
psíquicos que compõem a dupla penal, definindo a proximidade entre vítima 
e criminoso”. A autora destaca ainda a Vitimologia como meio de estudar 
personalidades cuja tendência é tornarem-se vítimas, e buscar prevenir sua 
recidiva. A Vitimologia buscaria por fim determinar se certos indivíduos são 
passíveis de vitimização e se há meios para evitá-la, de modo a incluir 
também a relação entre vítima e criminoso. 
 
Conceito de Vítima 
Vítima tem sua origem no latim victima, cujo significado é “pessoa ou animal 
sacrificado ou que se destina a um sacrifício” (PIEDADE JÚNIOR, 1993, p. 
86). Com o passar dos séculos, o sentido de vítima mudou desde uma 
expressão religiosa até uma designação de “estado” em que se encontra uma 
pessoa. Mendelsohn define vítima como “a personalidade do indivíduo ou da 
coletividade na medida em que está afetada pelas conseqüências sociais de 
seu sofrimento determinado por fatores de origem muito diversificada”. Tais 
fatores seriam físico, psíquico, econômico, político ou social, assim como do 
ambiente natural ou técnico (PIEDADE JÚNIOR, 1993, p. 88). 
 
 
VITIMOLOGIA 
Dentre tantas definições, deve-se analisar a vítima e seu papel no 
crime. O estudo da vítima como sendo também o coletivo acaba com 
qualquer presunção de que exista crime sem vítima. Contudo, a 
expressão “vítima sem crime” pode ser amplamente discutida, mas 
sempre com o mesmo resultado: um crime, mesmo que não afete a 
pessoa diretamente, sempre irá ofender a coletividade. 
 
 
VITIMOLOGIA 
 História do status da vítima. 
 
Etapa da idade de ouro (protagonismo da vítima) - A fase 
relativa ao seu protagonismo está associada à época da justiça 
privada, em que à vítima era dado o direito à vingança face ao delito, 
por isso tal período é chamado de “idade de ouro” da vítima. Nesta 
fase de ouro, o delito mantinha uma dimensão particular, que dizia 
respeito somente àqueles diretamente afetados por ele, ou seja, 
delinquente e vítima. Esta era a autoridade do conflito, era quem, 
em última medida, decidia que tipo de resposta lhe convinha. 
Etapa clássica ou positivista (neutralização da vítima) - 
Quando saímos da era da justiça privada, e o Estado passa a exercer 
o dever/poder de punir, ocorre a chamada “neutralização” do papel 
da vítima, com o fim de evitar que esta encontre e promova uma 
solução fora do controle do Estado e que este detenha o monopólio na 
solução do conflito. 
Nesta fase, fica estabelecido que o delito atinge sim, a ordem pública 
e a vítima central do delito passa a ser o Estado. Desta forma, a 
vítima deixa de ser o centro das atenções e vai sendo 
paulatinamente afastada do processo legal. 
 
VITIMOLOGIA 
 
Etapa reivindicativa ou promocional (redescobrimento da 
vítima) 
A partir da década de 1950, a importância do papel da vítima 
começa a ser retomada, e entramos na chamada fase de 
redescobrimento da vítima quando começa se perceber e reivindicar 
os direitos das vítimas buscando solidarizar a sociedade na tentativa 
de minimizaros efeitos da chamada vitimização. 
Exemplos de que a vítima volta a assumir papel de relevo quanto ao 
fenômeno criminal são as Leis Federais 9099/95 (lei dos juizados 
especiais) e 11,340/06 (lei Maria da Penha). Na primeira, é a vítima 
o ator principal e determinante para a mediação e solução dos 
conflitos e a segunda reflete a crescente preocupação e solidariedade 
social para com as vítimas da violência doméstica, que até então 
cediam lugar de importância ao delinquente e ao delito em si. 
Novas propostas de apoio e prevenção começam a ser pensadas e 
desenvolvidas para a vítima como atendimento especializado, 
medidas de proteção e uma rede de incentivo e informação 
relacionadas ao tipo de violência a que é submetida a mulher no 
âmbito doméstico. 
 
 
 
 
 
 
VITIMOLOGIA 
Etapa crítica ou restauradora (justiça restaurativa) - A justiça 
restaurativa é um processo através do qual as partes envolvidas 
num delito específico, decidem em conjunto a forma de reagir às 
consequências do delito e às suas implicações para o futuro. A 
Justiça Restaurativa teve início no Brasil no ano de 2005. 
Baseia-se em um procedimento de consenso, em que a vítima, 
infrator e quando apropriado, outras pessoas ou membros da 
comunidade afetados pelo crime, que como sujeitos centrais, 
participam coletiva e ativamente na construção de soluções dos 
traumas e perdas causados pelo crime. 
O modelo traduz-se pela confrontação das partes envolvidas no 
conflito, com a utilização instrumental da mediação, por 
fórmulas, programas e procedimentos que devem observar os 
direitos fundamentais do infrator e da vítima. 
A intervenção restaurativa pode ocorrer em qualquer estágio do 
processo criminal, entretanto em algumas instancias é 
necessária alteração legislativa. 
 
 
 
 
VITIMOLOGIA 
Conceito e Processo de Vitimização. 
De acordo com Luiz Flávio Gomes, vitimização é “o 
processo pelo qual uma pessoa sofre as consequências 
negativas de um fato traumático, especialmente, de um 
delito.”. Neste cenário, o foco do estudo criminológico 
está assentado naquele que sente de fato, os efeitos do 
delito. 
Neste processo, tal como é entendida a vitimização, 
seriam analisados alguns fatores para não só descrever 
como avaliar os momentos dessa vitimização, quais 
sejam: fatores individuais relacionados a própria vítima, 
como idade, sexo e características de sua personalidade, 
bem como nível de exposição ao risco; fatores pessoais 
relacionados ao delinquente, às circunstâncias de tempo 
e espaço, que podem ser analisados como de maior ou 
menor periculosidade e exposição, além de fatores 
sociais. 
 
 
VITIMOLOGIA 
Classificação da vitimização 
-Vitimização primária - focaliza as intercorrências 
diretamente causadas à pessoa da vítima, sejam elas físicas 
ou psíquicas, por força do acontecimento do delito. Como a 
vítima reage pessoalmente ao delito sofrido. 
-Vitimização secundária - Seria o processo que envolve tudo 
ao que a vítima se expõe por força de ter sofrido a agressão. 
Esse processo abarcaria a exposição à investigação policial; 
realização de exames técnicos e laboratoriais que possam 
comprovar agressões físicas; avaliações psicológicas; 
audiências em juízo muitas vezes junto ao delinquente; a 
longa duração do processo e sua insegurança jurídica inerente 
ao caso, ou seja, a vitimização secundária pode ser entendida 
como o quão custoso é para a vítima permitir que o Estado, a 
partir do sistema de justiça criminal, intervenha na sua 
esfera pessoal para aplicar o jus puniendi. 
 
 
 
VITIMOLOGIA 
- Vitimização Terciáriária - Perceptível quando a 
comunidade, a sociedade em geral, é atingida e suporta de 
alguma maneira os efeitos do delito. São os reflexos no 
ambiente familiar, escolar e até no ambiente de trabalho, 
causados pelo processo de vitimização ou, como definiu Luis 
Flávio Gomes “é o conjunto de custos da penalização sobre 
quem a suporta e sobre terceiros”. Está intimamente ligada 
aos mecanismos de controle social, que vão desde o círculo 
mais íntimo que cerca a vítima, chegando aos vizinhos e, em 
muitos casos, à mídia, que explora tais fatos e consequências, 
de forma sensacionalista com o fim, especialmente, de 
promoção de políticas criminais de lei e ordem. 
ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME 
 
As teorias criminológicas que estudaremos estabelecem uma 
perspectiva macrocriminológica. 
 
De acordo com Shecaria (2004), o pensamento criminológico foi 
influenciado por duas importantes visões: a- Teorias do 
consenso (corte funcionalista) e, b- Teorias do conflito. 
 
As premissas das teorias do consenso são: 
1- Toda sociedade é uma estrutura de elementos bem integrada; 
2- Toda elemento em uma sociedade tem uma função (contribui 
para sua manutenção como sistema); 
3- Toda estrutura social é baseada em um consenso entre seus 
membros sobre valores. 
 
 
 
 
ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME 
As premissas das chamadas teorias do conflito são: 
1- Toda a sociedade está sujeita a todo momento a 
processos de mudança; 
2- A mudança social é ubíqua (onipresente – está em toda 
parte); 
3- Toda sociedade exibe a cada momento dissenso e 
conflito, e este é ubíquo; 
4- Todo elemento em uma sociedade contribui de certa 
forma para sua desintegração e mudança; 
5- Toda sociedade é baseada na coerção de alguns de seus 
membros por outros. 
 
 
ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO CRIME 
 São teorias do consenso: 
- Escola de Chicago → Teoria da Ecologia 
Criminal; 
- Teoria da associação diferencial; 
- Teoria da anomia; 
- Teoria da subcultura delinquente. 
 
 São teorias do conflito: 
- Labelling Approach → Teoria da 
rotulação/etiquetamento; 
- Teoria crítica. 
 
ESCOLA DE CHICAGO – TEORIA DA 
ECOLOGIA CRIMINAL. 
 Fruto de um pensamento centrado na Universidade 
de Chicago, que se convencionou chamar de teoria da 
ecologia criminal, ou teoria da desorganização social. 
 As ideias desta escola surgem em meio a uma 
explosão de crescimento da cidade, que se expande em 
círculos do centro para a periferia, criando graves 
problemas sociais, trabalhistas, familiares, morais e 
culturais, estabelecendo um terreno conflituoso, 
potencializador da criminalidade. 
 A inexistência de mecanismo de controle social e 
cultural permite o surgimento de um meio social 
desorganizado e criminógeno que se distribui 
diferentemente pela cidade. 
 
ESCOLA DE CHICAGO – TEORIA DA 
ECOLOGIA CRIMINAL. 
 Elementos conceituais da Escola de Chicago: 
→ Discutem múltiplos aspectos da vida humana, todos 
relacionados com a vida na cidade (cidade é um corpo de 
costumes e tradições). 
→ Toda organização ecológica (cidade) está em 
constante processo de mudança, e a mobilidade faz 
parte deste processo (mudança de residência, emprego, 
ascensão social, migração, etc) 
→ O excesso de mobilidade gera desorganização social, e 
afeta o controle social informal (família, vizinhança, 
igreja, etc.) 
→ A desorganização social contribui para gerar 
desorganização pessoal. 
→ Com a desorganização social surgem áreas de 
delinquência. 
 
 
 
ESCOLA DE CHICAGO – TEORIA DA 
ECOLOGIA CRIMINAL: CRÍTICAS 
 Contribuiu muito com o desenvolvimento 
metodológico da ciência criminológica, introduzindo 
métodos de pesquisa que propiciaram o conhecimento 
da realidade social, como os inquéritos sociais e os 
estudos biográficos de casos individuais. 
 O empirismo criou uma análise estatística de dados 
policiais e judiciais relacionados com o delito, 
chamando a atenção para maiores problemas de 
criminalidade nas áreas pobres e deterioradas da 
cidade. 
 Contribuiu para superar a visão etiológicada 
delinquência, introduzida pelo positivismo. 
 Foi duramente criticada por criar um determinismo 
ecológico, relacionando pobreza com criminalidade, e 
assim não explicando a criminalidade em áreas 
nobres e ricas da cidade. 
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL 
 Tem seus aportes iniciais com o pensamento de Edwin 
Sutherland, por volta de 1924. 
 Esta teoria foi muito influenciada pela produção teórica da 
Escola de Chicago. 
 Volta sua atenção para autores de crimes diferenciados, 
que não apresentavam semelhanças com os chamados 
criminosos comuns, surgindo a partir disso a expressão 
criminalidade do colarinho branco. O crime de colarinho 
branco é aquele cometido no âmbito do exercício da 
profissão por uma pessoa de respeitabilidade e elevado 
estatuto social. 
 Parte da ideia segundo a qual o crime não pode ser definido 
simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de 
classes menos desfavorecidas, não sendo exclusividade 
destas. 
 Nega, assim como os ecológicos a ideia positivista do 
determinismo biológico. 
 
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL 
 Elementos conceituais da teoria da associação diferencial: 
→ O comportamento criminal é um comportamento 
aprendido. 
→ Comportamento criminal é aprendido mediante a interação 
com outras pessoas (processo de comunicação). 
→ Esse processo de aprendizagem ocorre nos seios das 
relações sociais mais íntimas – a influência criminógena 
depende do grau de proximidade. 
→ O aprendizado inclui técnicas de cometimento, motivações, 
justificativas, etc. 
→ Uma pessoa se converte em delinquente quando as 
definições favoráveis à violação da norma, superam as 
desfavoráveis (modelos criminais superam os não criminais). 
→ Conflito cultural é causa da associação diferencial, e 
portanto do comportamento criminoso. 
→ Desorganização social (falta de controle social informal)é a 
causa básica do comportamento criminoso sistemático. 
TEORIA DA ANOMIA 
 Tem seus aportes iniciais com o pensamento de Émile 
Durkheim. 
 A palavra anomia tem sua origem etimológica no grego, 
e significa sem lei. 
 A anomia é pois uma ausência de regras, de normas 
sociais, ou sua desintegração. 
 Três diferentes ideias estão relacionadas com a 
situação de anomia: 
- A situação existente de transgressão das normas por 
quem pratica ilegalidades (caso do delinquente); 
- A existência de um conflito de normas claras, que torna 
difícil a adequação do indivíduo aos padrões sociais; 
- A existência de um movimento contestatório, que 
demonstra a inexistência de normas que vinculem as 
pessoas num contexto social. 
TEORIA DA ANOMIA 
As três situações demonstram uma crise de valores, que 
cria uma ausência de normas sociais de referência 
acarretando uma ruptura dos padrões sociais de 
conduta, produzindo uma situação de pouca coesão 
social. 
Haverá anomia sempre que os mecanismos 
institucionais reguladores do bom gerenciamento da 
sociedade não estiverem cumprindo seu papel funcional. 
As crises portanto decorrem do fenômeno da anomia. 
O crime para esta teoria é um fenômeno normal de toda 
estrutura social, só deixando de ser quando ultrapassa 
determinados limites, passando a ser negativo para a 
existência e desenvolvimento da estrutura social, 
gerando um estado de desorganização social, no qual o 
sistema de regras de condutas perde o valor. 
TEORIA DA ANOMIA 
 Para Durkheim se é normal que em toda 
sociedade haja crimes, não é menos normal que 
sejam punidos. Para este a função da pena é 
satisfazer a consciência comum, ferida pelo ato 
cometido por um dos membros da coletividade, 
sendo sua verdadeira função a de manter intacta 
a coesão social. 
 Secundariamente a pena seria reparação e 
castigo do culpado. 
 
TEORIA DA ANOMIA 
Conceito de Anomia de Robert Merton 
Merton entende que em todo contexto sociocultural desenvolvem-se 
metas culturais. 
Merton levanta as seguintes questões: Como uma pessoa pode 
atingir essas metas? E a resposta é: a própria sociedade estabelece 
meios para tanto, ou seja, recursos institucionalizados ou legítimos 
que são socialmente estabelecidos. 
No entanto, há meios não institucionalizados que podem levar a tais 
metas culturais, mas sua utilização consiste em violação das regras 
sociais em vigor, e portanto tais métodos são rejeitados pela cultura 
dominante. 
Para Merton, o insucesso em atingir tais metas, em razão da 
insuficiência dos meios institucionais disponibilizados, produz 
anomia (manifestação de um comportamento de abandono das 
regras em vigor), e com isso surge o desvio. Isso não significa que só 
grupos vulneráveis economicamente realizariam o desvio, mas todo 
e qualquer grupo que deseja alcançar uma meta cultural propagada 
socialmente , e sem possibilidade de alcançá-las pelos meios 
institucionais disponíveis, utiliza-se de meio não institucionalizado. 
TEORIA DA ANOMIA 
 Classificação da Anomia segundo Merton: 
- Inovação – Aceita as metas culturais, mas não os meios 
institucionalizados, e por isso rompe com o sistema de regras, e 
passa ao desvio para alcançar as metas culturais. 
- Ritualismo/Conformismo – O indivíduo observa com descaso o 
atendimento das metas socialmente dominantes, e por uma série 
de fatores acredita que nunca atingirá tais metas, mas mesmo 
assim continua obedecendo as regras sociais, como um ritual. É 
um conformista. Modo mais comum de adaptação social. 
- Evasão – Neste conjunto estão os párias, mendigos, bêbados 
crônicos, drogados, etc. Trata-se do modo mais raro de 
adaptação social. O sujeito vive na sociedade, mas não almeja as 
metas culturais, e consequentemente não adere aos meios 
disponibilizados para alcançá-las e não respeita as normas 
sociais. 
- Rebelião – Consiste na rejeição das metas e dos meios 
dominantes, julgados como insuficientes e inadequados. A 
conduta do rebelde é no sentido de substituição da ordem social 
estabelecida por outra. Ex. Movimentos contra culturais, 
revolucionários, etc. 
 
SUBCULTURA DELINQUENTE 
 Foi consagrada na literatura criminológica de Albert 
Cohen: Delinquent boys. 
 A subcultura é um conceito importante dentro das 
sociedades complexas e diferenciadas existentes no 
mundo contemporâneo, caracterizado pela pluralidade 
de classes, grupos, etnias e raças. 
 A conceituação subcultura não é pacífica, mas o termo 
sugere a ideia de que subcultura é uma cultura dentro 
da outra. 
 Figueiredo Dias conceitua cultura como “todos os 
modelos coletivos de ação, identificáveis nas palavras 
e na conduta dos membros de uma dada comunidade, 
dinamicamente transmitidos de geração para geração 
e dotados de certa durabilidade”. 
SUBCULTURA DELINQUENTE 
 Conceito de subcultura. 
É uma cultura associada a sistemas sociais (incluindo subgrupos) e 
categorias de pessoas (tais como grupos étnicos) que fazem parte de 
sistema mais vastos. É uma subcultura dentro de uma 
macrocultura. Podemos citar como exemplos: bairros étnicos 
urbanos, como indianos em Londres, mulçumanos em Paris, 
chineses em Nova York, japoneses em São Paulo, etc. São grupos 
que compartilham da mesma linguagem, ideias e práticas culturais 
que diferem das seguidas pela comunidade geral em que estão 
inseridos, e por isso sofrem pressão para conforma-se em certo grau 
à cultura mais vasta na qual está inserida sua subcultura. 
As teorias subculturais sustentam duas ideias fundamentais: 
 Caráter pluralista e atomizado da ordem social – sociedade é um 
todo dividido em pequenas unidades. 
 Cobertura normativa da conduta desviada e a semelhança , em 
sua gênese, do comportamento regular e irregular - Diferente do 
que sustentam os ecológicos, o crime não é produto da 
desorganização social ou da ausência de valores. 
SUBCULTURADELINQUENTE 
Para as teorias subculturais o crime é reflexo ou 
expressão de outros sistemas de normas e valores 
distintos do definido na cultura dominante, valores e 
regras subculturais, e por isso possui o desvio/crime um 
respaldo normativo. Assim, tanto a conduta regular, 
como a irregular (desvio), são definidas conforme seus 
respectivos sistemas sociais de normas e valores 
(sistema oficial e o sistema subcultural). O sujeito 
delinquente ou não, faz refletir com sua conduta o grau 
de aceitação e interiorização dos valores da cultura ou 
subcultura à qual pertence (não por decisão própria), 
valores que se interiorizam, se reforçam, e se 
transmitem, mediante mecanismos de aprendizagem e 
socialização. 
TEORIA DO LABELLING 
APROACH/ETIQUETAMENTO/ROTULAÇÃO 
A teoria da rotulação ou da reação social entende que o mundo é 
concebido através da definição de pessoas que apontam outras como 
desviantes. Esta teoria nega as explicações causais de crime e os 
estudos etiológicos, opondo-se a criminologia tradicional, e possui como 
objeto de conhecimento as regras sociais e sua aplicabilidade. 
Os teóricos da rotulação afirmam ainda que “a criminalização primária 
produz rotulação, que produz criminalizações secundárias (reincidência)” 
(Cirino, 1981, 14). 
Os teóricos da rotulação afirmam que: 
1- A existência do crime depende da natureza do ato (violação da norma) 
e da reação social contra o ato (rotulação): o crime “não é uma qualidade 
do ato, mas um ato qualificado como criminoso por agências de controle 
social” (Becker apud Barata, 1999: p.98). 
2- Não é o crime que produz o controle social, mas (freqüentemente) o 
controle social que produz o crime: a- o comportamento desviante é 
comportamento rotulado como desviante; b- um homem pode se tornar 
desviante porque uma infração inicial foi rotulada como desviante; c- os 
índices de crime (e desvio) são afetados pela atuação do controle social.” 
(Lemert apud Barata, 1999, 89) 
 
TEORIA DO LABELLING 
APROACH/ETIQUETAMENTO/ROTULAÇÃO 
Os aspectos acima citados desestruturam o Positivismo, e apontaram 
este como propagador da “estigmatização criminal” (Cirino, 1981,15). 
Para a teoria da reação social a criminalidade deve ser compreendida 
também através do estudo das atividades inerentes ao Sistema Penal, 
que a define e contra ela reage. De acordo com os teóricos da reação 
social, o status de delinqüente é alcançado a partir do exercício das 
atividades das instâncias oficiais (polícia, juízes, penitenciária, etc.) 
sobre o sujeito, que sofrem em virtude disto um processo de 
estigmatização. Estes teóricos provaram que o desvio não é anterior à 
reação social, pelo contrário, é construído a partir da reação social, 
transferindo assim o enfoque das teorias criminológicas, da 
criminalidade para o processo de criminalização ( BARATA, 1999, 113). 
De acordo com o labelling approach, o comportamento desviante é o que 
foi definido desta forma, gerando a sanção penal uma mudança na 
identidade social do indivíduo. Segundo Lemert (apud Barata, 1999), a 
primeira hipótese trata-se da delinqüência primária, e a segunda da 
delinqüência secundária, que é ocasionada pela mudança da identidade 
e conseqüente estigmatização, que tende a perpetuar o papel social no 
qual fora introduzido o sujeito a partir da delinqüência primária. 
As teorias baseadas no labelling approach revolucionaram as bases da 
criminologia tradicional, confrontado-se com princípios como o da 
igualdade, da prevenção da pena e sua função reeducativa. 
 
CRIMINOLOGIA RADICAL OU 
CRIMINOLOGIA CRÍTICA. 
As teorias criminológicas radicais (críticas) que explicam a relação 
entre crime e formação econômica-social, utilizando, para tanto, 
como conceitos principais as relações de produção e as questões de 
poder. Para os teóricos adeptos da criminologia crítica, o crime é um 
fenômeno proveniente das contradições de classes ditadas pelo 
modo capitalista de produção, que, para se perpetuar, organiza uma 
política de controle social e estruturas para aplicá-la (Santos, 1981). 
De acordo com Juarez Cirino, em sua obra “A Criminologia Radical”, 
foi o advento dos movimentos políticos de defesa dos direitos civis, 
movimentos contra a guerra do Vietnã, movimentos estudantis e de 
contraculturas, entre outros que surgiram a partir da década de 60, 
nos EUA e na Europa, que suscitaram a passagem da criminologia 
liberal para uma criminologia radical (crítica). 
A obra “A nova criminologia” de Taylor, acelerou a formação da 
criminologia crítica, e marcou uma “ruptura coletiva e coordenada 
com a criminologia tradicional (conservadora e liberal) e a superação 
de suas elaborações mais sofisticadas (como a teoria da rotulação)” 
(Cirino, 1981, 5). Tal obra edifica-se “com base no método e 
categorias do marxismo” (Cirino, 1981, 2), entendendo a 
criminalização como um propósito dirigido ao setor não detentor do 
capital na sociedade de classes. 
 
CRIMINOLOGIA RADICAL OU 
CRIMINOLOGIA CRÍTICA. 
A criminologia crítica desenvolveu conceitos sobre o crime e o 
controle social, através da crítica à ideologia dominante, e 
examina para isso as produções teóricas que captaram as 
transformações históricas e as lutas sociais e ideológicas, 
organizando um grupo de tendências que têm como objetivo 
investigar a função ideológica do direito penal e o desempenho 
de suas estruturas de poder ditadas pela sociedade de classes 
(Batista, 1990, 32). 
A criminologia crítica reconhece a grande contribuição da 
criminologia liberal (teoria da reação social), que abordou a 
função do estigma desempenhada pelos órgãos do controle 
social, no entanto entende que esta é limitada, já que apenas 
descreve as distorções do controle social vigente, sem atentarem 
para a origem da rotulação. Segundo os críticos, a teoria da 
rotulação não se importou com as diferenças de poder e de 
interesses entre os grupos sociais, e reduziu seu estudo ao efeito 
das “definições legais e dos mecanismos de estigmatização e de 
controle social”, desprezando a “análise das relações sociais e 
econômicas” como chave para interpretação das diversas 
questões criminais. (Barata, 1999, 98-99) 
 
CRIMINOLOGIA RADICAL OU 
CRIMINOLOGIA CRÍTICA. 
São representantes da criminologia crítica na América 
Latina: Rosa Del Olmo, Eugenio Raul Zaffaroni, Nilo 
Batista, Augusto Thompson, Vera Malaguti Batista e 
outros. 
De acordo com os criminólogos críticos o direito penal é o 
“direito desigual por excelência” (Barata, 1999,162). 
Afirmam ainda que o objeto da criminologia crítica deva 
ser o “conjunto de relações sociais, a estrutura econômica 
e as superestruturas jurídicas e políticas de controle 
social” (Cirino, 1981,30-31) e, além disso, estabelece o 
compromisso de transformar a sociedade e construir o 
socialismo. 
 
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brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 1990. 
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 SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2004. 
 THOMPSON, Augusto. A questão penitenciária. Rio de 
Janeiro, Forense, 2000. 
 WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Rio de 
Janeiro, Jorge Zahar, 2001. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José 
Henrique. Manual de direito penal brasileiro: parte 
geral. São Paulo, Revista dos Tribunais, 1997. 
 
 __________________. Em busca das penas perdidas: a 
perda da legitimidade do sistema penal. Rio de 
Janeiro, Revan, 1991.

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