acordao cheque pos datado prescricao

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Nº 70071672422 (Nº CNJ: 0377436-93.2016.8.21.7000)
2016/Cível
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EXECUÇÃO. CHEQUE.
A prescrição da pretensão do credor em promover ação de execução baseada em cheque ocorre no prazo de 6 (seis) meses, a contar do término do prazo de apresentação (30 dias se emitido dentro da praça de pagamento e 60 dias se emitido fora da praça de pagamento). Para fins de contagem do prazo prescricional de cheque pós-datado, a data oposta no espaço reservado para a data de emissão é a que prevalece. Precedentes do STJ e desta Corte. 
Prescrição implementada.
O quantum indenizatório decorrente de dano moral deve ser fixado levando-se em consideração as condições pessoais do autor e do réu, sopesadas pelo prudente arbítrio do julgador, com a observância da teoria do desestímulo, isto é, o valor não deve enriquecer ilicitamente o ofendido, mas há de ser suficientemente elevado para desencorajar novas agressões à honra alheia. Manutenção do valor fixado na sentença. 
DERAM PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME.
	Apelação Cível
	Vigésima Câmara Cível
	Nº 70071672422 (Nº CNJ: 0377436-93.2016.8.21.7000)
	Comarca de Novo Hamburgo
	JOSE VALDAIR DE MORAES 
	APELANTE
	JOAO FRANCISCO AIRES 
	APELANTE
	SPILMAN FOMENTO MERCANTIL LTDA 
	APELADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar parcial provimento à apelação.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores Des. Carlos Cini Marchionatti (Presidente) e Des. Dilso Domingos Pereira.
Porto Alegre, 14 de dezembro de 2016.
DES.ª WALDA MARIA MELO PIERRO, 
Relatora.
RELATÓRIO
Des.ª Walda Maria Melo Pierro (RELATORA)
Trata a espécie de apelação interposta por JOSE VALDAIR DE MORAES e OUTRO diante da sentença lançada nos autos dos embargos opostos à execução que lhes move SPILMAN FOMENTO MERCANTIL LTDA, nos seguintes termos:
“Julgo PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação ordinária para 1) reconhecer o pagamento parcial, no valor de R$2.000,00, do título de crédito dado em garantia aos réus SPILMAN FOMENTO MERCANTIL LTDA e ERNI CAR LTDA; 2) condenar o réu Erni Car Ltda ao pagamento de danos morais no valor de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) à parte autora, a ser corrigido monetariamente pelo IGPM desta data, e acrescido de juros legais de 1% ao mês desde a citação. Diante da sucumbência recíproca, condeno a parte autora ao pagamento de 40% das custas processuais e ao réu Erni o pagamento dos 60% remanescentes. Condeno o autor ao pagamento de honorários advocatícios em favor do requerido Spilman, que fixo em R$ 600,00; e Condeno o requerido Erni ao pagamento de honorários advocatícios em favor da parte autora, que fixo em R$ 1.000,00, em observância ao disposto no 86, caput, do NCPC c/c art. 85, §8º, do NCPC, conforme os critérios de natureza, importância e o valor da causa e tempo nela empregado. As verbas permanecerão com a exigibilidade suspensa em relação aos autores, devido ao benefício da AJG concedido aos autores (fl. 34). 
JULGO IMPROCEDENTES OS EMBARGOS DE EXECUÇÃO opostos por JOSÉ VALDAIR DE MORAIS contra SPILMAN FOMENTO MERCANTIL LTDA. Condeno a embargante ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor atualizado da causa da ação executiva em apenso, nos termos do disposto no art. 85, § 2º, do NCPC, conforme os critérios de natureza, importância e o trabalho realizado pelo advogado. As verbas permanecerão com a exigibilidade suspensa, devido ao benefício da AJG concedido ao embargante (fl. 44). 
Irresignados, apelam os embargantes, invocando, novamente a prescrição dos cheques. Alegam, para tanto, que o termo inicial para a contagem do prazo prescricional da execução do cheque é de sua emissão, assim como o prazo prescricional da execução é de seis meses. Ademais, entendem que o valor arbitrado para a indenização não atende o caráter expiatório, punitivo e pedagógico ao réu. Postulam, assim, a majoração do quantum indenizatório. 
Oferecidas as contrarrazões, subiram os autos.
É o relatório.
VOTOS
Des.ª Walda Maria Melo Pierro (RELATORA)
Inicialmente, destaco que o presente recurso será analisado sob a égide do Novo Código de Processo Civil, pois a intimação da decisão recorrida é posterior à entrada em vigor da Lei nº 13.105/15.
É de seis meses o prazo para promover a execução, do portador contra o emitente do cheque, consoante dispõem os artigos 59 e 33 da Lei 7.357/1984. Nesse sentido, destaca-se a seguinte ementa:
APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CHEQUE. PRESCRIÇÃO DO TÍTULO AFASTADA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. I - À decisão publicada a partir do dia 18/03/2016, aplicam-se as normas do Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015). II - A contagem do prazo prescricional de seis meses para a execução de cheque inicia-se com o decurso do prazo de apresentação do título para pagamento, que é de trinta dias - se emitido e pago na mesma praça - ou de sessenta dias - se a praça de emissão for diversa da agência pagadora. III - No caso concreto, considerando-se a demanda executiva foi proposta antes o transcurso do prazo legal, não há falar em prescrição. IV - Fixação dos honorários advocatícios, conforme o disposto no art. 85, §11, do Código de Processo Civil de 2015. Apelação cível desprovida. Unânime. (Apelação Cível Nº 70071454151, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Dilso Domingos Pereira, Julgado em 16/11/2016)
O egrégio Superior Tribunal de Justiça tem entendimento sedimentado de que a data que prevalece, para fins de contagem da prescrição, é a posta no campo destinado à data de emissão do cheque. 
Nesse sentido:
CIVIL E PROCESSUAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM FACE DE DECISÃO EM RECURSO ESPECIAL. CARÁTER INFRINGENTE. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CHEQUES PÓS-DATADOS. PRESCRIÇÃO.
OBSERVÂNCIA DA DATA CONSIGNADA NAS CÁRTULAS. SATISFAÇÃO DOS REQUISITOS FORMAIS DO APELO. DECISÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
1. O acolhimento da pretensão reformatória deduzida no recurso especial implica, ainda que implicitamente, o afastamento dos óbices processuais contrários, levantados em contrarrazões. Precedentes.
2. "O termo inicial de contagem do prazo prescricional da ação de execução do cheque pelo beneficiário é de 6 (seis) meses, prevalecendo, para fins de contagem do prazo prescricional de cheque pós-datado, a data nele regularmente consignada, ou seja, aquela oposta no espaço reservado para a data de emissão" (2ª Seção, REsp 1.068.513/DF, Rel. Ministra Nancy Andrigui, DJe de 17.5.2012).
3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual se nega provimento.
(EDcl no REsp 1302287/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 15/08/2014).
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. TÍTULO DE CRÉDITO.
CHEQUES EMITIDOS EM BRANCO. PREENCHIMENTO ABUSIVO. EXIGIBILIDADE DA DÍVIDA. DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. SÚMULA Nº 7/STJ. CHEQUE PÓS-DATADO.
PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL.
1. A reforma do julgado que entendeu não caracterizado o dano moral, haja vista a exigibilidade da dívida constante dos títulos de crédito, demandaria o reexame do conjunto fático-probatório, procedimento vedado, nos termos da Súmula nº 7/STJ.
2. O termo inicial de contagem do prazo prescricional da ação de execução do cheque pelo beneficiário é de 6 (seis) meses, prevalecendo, para fins de contagem do prazo prescricional de cheque pós-datado, a data oposta no espaço reservado para a data de emissão.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 312.487/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/03/2014, DJe 31/03/2014).
Igualmentevem se posicionando este Tribunal:
APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CHEQUE PÓS-DATADO. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA. CONVERSÃO EM AÇÃO MONITÓRIA. DEVEDOR NÃO CITADO. POSSIBILIDADE. 1. Prescreve em seis meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a ação executiva do cheque, conforme disposto no artigo 59 da Lei nº 7.357/85. 2. A contagem do prazo prescricional inicia-se a partir da data de emissão do cheque. Tratando-se de cheque pós-datado, para que se tenha o efeito de prorrogar o prazo de apresentação e, via de conseqüência, o prazo prescricional, a data posterior para apresentação deve vir consignada no próprio campo destinado à sua data de emissão. Precedentes do STJ. 3. Extinto o processo, pela prescrição das cártulas, e não tendo havido a citação do devedor, mostra-se cabível a conversão do feito executivo em ação monitória. APELO PROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70063745277, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liege Puricelli Pires, Julgado em 28/05/2015).
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EMBARGOS À EXECUÇÃO. NULIDADE DE CITAÇÃO POR EDITAL. INOCORRÊNCIA. Não há falar em nulidade da citação realizada por edital, quando realizadas as diligências para a localização da parte executada. Atendidos os pressupostos dos arts. 231 e 232, CPC. Prefacial rejeitada. PRESCRIÇÃO. OCORRÊNCIA. A prescrição da pretensão do credor em promover ação de execução baseada em cheque, ocorre no prazo de 6 (seis) meses a contar do término do prazo de apresentação (30 dias se emitido dentro da praça de pagamento e 60 se emitido fora). Execução proposta com base em diversos cheques, com datas de emissão distintas, onde reconhecida a prescrição de 6 (seis) cártulas. No cheque pré ou pós-datado, para que se tenha o efeito de prorrogar o prazo de apresentação e de prescrição, a data futura para apresentação deve vir aposta no próprio campo destinado à sua data de emissão, por se tratar de título formal. Reconhecimento parcial da prescrição do direito reclamado pela parte credora é medida que se impõe. Precedentes jurisprudenciais. Sentença parcialmente reformada. Ônus sucumbenciais redimensionados. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70058215583, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson José Gonzaga, Julgado em 21/05/2015).
E, levando-se em conta que o cheque nº 000380 fora emitido em 07 de setembro de 2012, e que o prazo para apresentação, na hipótese dos autos, é de trinta dias, deve ser declarada a prescrição da força executiva de tal cártula, à medida que a presente demanda fora proposta somente em 17.04.2013.
Finalmente, quanto ao pedido de majoração da indenização estabelecida diante do aforamento de ação indenizatória proposta pelos apelantes, tanto a jurisprudência como a doutrina são uníssonas ao entender que o valor da indenização por danos morais deverá ser fixado levando em consideração as condições pessoais do autor e do réu, sopesadas pelo prudente arbítrio do Juiz, com a observância da teoria do desestímulo, isto é, o valor não deve enriquecer ilicitamente o ofendido, mas há de ser suficientemente elevado para desencorajar novas agressões à honra alheia. Da mesma forma não se pode esperar que um valor irrisório possa atender a esses requisitos.
Na mesma linha de pensamento, Oliveira Deda nos ensina que “ao fixar o valor da indenização, não procederá o juiz como um fantasiador, mas como um homem de responsabilidade e experiência, examinando as circunstâncias particulares do caso e decidindo com fundamento e moderação”. (DEDA, Artur Oscar Oliveira. Dano Moral - Reparação, 2005 in Enciclopédia Saraiva de Direito, vol. 22 p.290).
Assim, invocando o bom senso e a razoabilidade do pedido, considero que a quantia estabelecida para o caso, em que o réu Erni Car, recebeu mais uma das parcelas referentes ao negócio que estava garantido pelo cheque, e ainda assim o endossou para o requerido Spilman, tenho por manter o valor originariamente estabelecido em R$ 3.500,00.
Por tais fundamentos, DÁ-SE PARCIAL PROVIMENTO à apelação, para declarar a prescrição da execução. Custas e honorários relativos aos embargos, pelo embargado, sendo estes fixados em R$ 1.500,00 (art. 85, § 8º, CPC/2015). Os ônus sucumbenciais referentes à ação indenizatória restam mantidos na forma da sentença.
Des. Dilso Domingos Pereira - De acordo com o(a) Relator(a).
Des. Carlos Cini Marchionatti (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. CARLOS CINI MARCHIONATTI - Presidente - Apelação Cível nº 70071672422, Comarca de Novo Hamburgo: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO. UNÂNIME."
Julgador(a) de 1º Grau: MIRNA BENEDETTI RODRIGUES
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