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PROCESSO PENAL II. CASO CONCRETO. SEMANA 16. ESTÁCIO. FIC. 2017.

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PROCESSO PENAL II
CASO 16.
1) Tício e Caio foram acusados de receberem vultosa quantia em dinheiro através de emissão de duplicatas sem causa debendi, causando prejuízo a terceiros, tendo o Ministério Público capitulado a infração no artigo 172 do Código Penal (crime de duplicata simulada). Na sentença, o juiz concordou com a narrativa fática, condenando os acusados nas penas do artigo 171, caput do Código Penal (crime de estelionato). Com base nisto, responda: 
a) A hipótese retratada é de Emendatio ou Mutatio Libelli? Justifique a sua resposta ; 
	Trata-se da ocorrência da emendatio libelli, a qual se verifica quando o juiz, não inserindo circunstância fática nova, dá capitulação diversa a que originariamente posta na denúncia pelo órgão acusador. 
	Diferente da mutatio Libelli, que ocorre quando o magistrado insere, com base nas provas postas nos autos, circunstância fática nova que, por conseguinte, trará uma mudança de capitulação no crime atribuído, devendo ocorrer o aditamento na peça acusatória, e com isso abrindo-se vistas ao ministério público (caso este seja o autor). Veja-se:
Mutatio libelli se verifica quando o juiz, percebe durante a instrução probatória, em consequência de prova existente nos autos ou de circunstâncias da infração penal não contida na acusação, acontecimento que na verdade trará uma nova definição jurídica do fato. Aqui há um fato novo não exposto na peça acusatória. Assim, sendo uma ação pública incondicionada, deve o magistrado abrir vistas ao ministério público, para que no prazo de 5 dias promova o aditamento da denúncia, conforme mandamento expresso no artigo 384 do CPP:
Art. 384.  Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (CPP)
EMENDATIO LIBELLI, aqui a definição jurídica do fato sofre mudança, podendo ser fruto de um ato de ofício do juiz ainda que seja no momento da prolação da sentença, uma vez que as circunstâncias fáticas-probatórias (descrição dos fatos) são exatamente as mesmas que foram narradas na peça inicial. Não sendo obrigatório, portanto, nova oportunidade ao contraditório, visto que o réu já se defendeu de todos os fatos descritos na exordial, não tendo o juiz acrescentado circunstância nova.
Portanto, ocorre a emendatio libelli, quando o juiz, verificando que a tipificação contida na peça acusatória não tem correspondência lógica aos fatos narrados (esses não mudam e nem sofrem adendos), podendo de ofício o magistrado apontar a correta definição jurídica, ainda que seja no momento de se proferir a sentença. Nesses termos o artigo 383 do CPP:
 
Art. 383.  O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. (CPP)
b) A situação apresentada no enunciado poderia ocorrer em grau de 2 instância? Fundamente a sua resposta: 
	Com relação a emendatio libelli, é pacificado na doutrina e jurisprudência a possibilidade de sua ocorrência em sede de segunda instância, visto que aqui não há inserção de fatos e provas novas, pois o réu já bem tivera toda a oportunidade de contradize-las no juízo de primeira instância.
	Todavia, em referência a mutatio libelli, é entendimento consagrado na súmula nº 453 do Supremo Tribunal Federal sobre a sua impossibilidade de ocorrência em sede de segunda instância, vez que do contrário, haveria claro cerceamento de defesa para o réu e de que não poderia haver a reforma da sentença para agravar a situação do mesmo (vedação a reforma em in pejus). 
SÚMULA 453 DO STF.
Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.
2) No que consiste o Princípio da Congruência ou da Correlação? Fundamente a sua resposta: 
	O princípio da congruência (também chamado de correlação) pode ser definido como a obrigatoriedade que se vê o magistrado em julgar a demanda com base, e assim restrito, às circunstâncias fáticas-probatórias que foram narrados na denúncia ou queixa, não podendo o juiz condenar o réu em fatos que naquela peça não foram expostos. Sob pena de nulidade absoluta por decorrência de sentença extra ou ultra petita. Valendo salientar que a restrição é nas circunstâncias fáticas e probatórias, não abrangendo a capitulação do crime atribuído na denúncia ou queixa. 
Como afirma o Min. Marco Aurélio Bellize: “(...) O princípio da correlação entre acusação e sentença, também chamado de princípio da congruência, representa uma das mais relevantes garantias do direito de defesa, visto que assegura a não condenação do acusado por fatos não descritos na peça acusatória, é dizer, o réu sempre terá a oportunidade de refutar a acusação, exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa. (...)” (STJ. REsp 1193929/RJ, julgado em 27/11/2012).
3) Em uma colisão de veículos, uma das vítimas sofre lesões corporais. Ela é levada a um hospital particular, onde fica internada por alguns dias. Quando sai do hospital, as lesões já estão imperceptíveis e a vítima não comparece ao Instituto Médico Legal para fazer o exame de corpo de delito. O Ministério Público oferece a denúncia instruída com os exames feitos no hospital em que a vítima foi atendida e arrola o médico responsável como testemunha. Assinale a resposta que descreve o procedimento correto:
 a) O juiz deve rejeitar a denúncia, pois o exame de corpo de delito feito por perito oficial é indispensável, não havendo no caso justa causa para a ação penal; Errado.
  Art. 159.  O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.                   (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
        § 1o  Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.                 (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)(CPP)
Xb) O juiz deve receber a denúncia pois a falta do exame de corpo de delito pode ser suprida por outras provas, notadamente a prova testemunhal, no caso de desaparecimento dos vestígios; Correto:
   Art. 167.  Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. (CPP)
c) O juiz deve receber a denúncia pois a falta do exame de corpo de delito pode ser suprida pela confissão do acusado, desde que feita perante o juiz e na presença do defensor; Errado:
  Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. (CPP)
d) O juiz deve rejeitar a denúncia pois o desaparecimento das lesões exclui o crime de lesão corporal, inexistindo infração penal a ser apurada na hipótese; 
e) O juiz deve suspender o recebimento da denúncia e intimar as partes para que formulem quesitos ao médico responsável pelo exame, de modo a suprir a falta de exame de corpo de delito. 
4) Ticio está residindo na França mas em endereço desconhecido. Nesse caso, a sua citação far-se-á por:
Xa) Edital; Correto:
Processo: HC 28425 PR 2005.04.01.028425-2
Relator(a): LUIZ FERNANDO WOWK PENTEADO
Julgamento: 03/08/2005 Órgão Julgador: OITAVA TURMA
Publicação: DJ 17/08/2005 PÁGINA: 785
Ementa HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. RÉU NO ESTRANGEIRO. LOCAL NÃO-SABIDO. CITAÇÃO EDITALÍCIA. 1- A citação no processopenal deve ser feita pessoalmente.Todavia, será procedida mediante edital quando não for localizado (artigo 361 do CPP), "quando inacessível, em virtude de epidemia, de guerra ou por outro motivo de força maior, o lugar em que estiver o réu", ou "quando incerta a pessoa que tiver de ser citada:(artigo 363 do CPP). Quando se verifica a primeira hipótese, o juízo inicialmente deve envidar os meios que tiver a seu alcance para localizar o acusado, efetuando assim a citação pessoal. Infrutíferas as tentativas, proceder-se-á a citação editalícia. 2- "Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o prazo de prescrição até o seu cumprimento" (artigo 368 do CPP). 3- Não obstante a informação de que o acusado encontra-se no exterior, a inexistência da indicação do local, com declinação de endereço, determina a incerteza de sua localização, o que justifica a citação por edital.
b) Carta Rogatória; 
c) Carta Precatória; 
d) Carta com aviso de recebimento; 
e) Hora certa no respectivo consulado. 
5). Determinado delegado de polícia obtém autorização judicial para proceder a interceptação telefônica em inquérito instaurado para apurar tráfico de entorpecentes. No curso da interceptação, a polícia consegue provas de que Semprônio, parte integrante da quadrilha, matou um desafeto. O advogado de defesa de Semprônio alega judicialmente que a prova do homicídio seria uma prova ilícita pois a realização da interceptação teria sido autorizada somente para apurar suposto crime de tráfico, delimitando assim o alcance da diligência. Com base nisto, responda: A alegação da defesa é procedente? Fundamente a sua resposta:
	Não assiste razão a defesa. No caso em tela, ocorreu o que se chama de serendipidade (descoberta fortuita feita por acaso), que se dá no âmbito penal sempre que durante a investigação de um crime, a polícia, quer por acaso, quer por indícios do investigado, acaba descobrindo práticas ou a preparação de novos crimes que até então não eram objeto de apuração policial, executadas pelo suspeito ou por terceiros. Não podendo o Estado se quedar inerte ante a tal descoberta ainda que fortuita (Saliente-se que esse entendimento é o que prevalece na jurisprudência pátria, mesmo quando não há na investigação a ocorrência da conexão entre as infrações). 
	No caso, resta-se demonstrada a conexão (Art. 76, II, III, do CPP) que o crime descoberto por acaso tem com a investigação da organização criminosa a que faz parte Semprônio. Dando-se assim o reconhecimento da licitude da prova colhida. Caso não houvesse essa conexão entre os crimes, segundo a maior parte da doutrina, a descoberta deveria ser tomada como notitia criminis, a qual ensejaria em uma nova investigação policial em um novo inquérito. Sobre o tema já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal:
“‘HABEAS CORPUS’. CORRUPÇÃO ATIVA. 1. SERENDIPIDADE DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS. POSSIBILIDADE. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. PRORROGAÇÕES SUCESSIVAS MOTIVADAS E PROPORCIONAIS. IMPRESCINDIBILIDADE PARA O PROSSEGUIMENTO DAS INVESTIGAÇÕES. 2. PRORROGAÇÃO COM BASE EM INDÍCIOS DE CRIME PUNIDO COM DETENÇÃO. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. CRIMES CONEXOS. 3. PRORROGAÇÃO SUPERIOR À TRINTA DIAS. RAZOABILIDADE. INVESTIGAÇÃO COMPLEXA. 4. ORDEM DENEGADA. 1. A interceptação telefônica vale não apenas para o crime ou indiciado objeto do pedido, mas também para outros crimes ou pessoas, até então não identificados, que vierem a se relacionar com as práticas ilícitas. A autoridade policial ao formular o pedido de representação pela quebra do sigilo telefônico não pode antecipar ou adivinhar tudo o que está por vir. Desse modo, se a escuta foi autorizada judicialmente, ela é lícita e, como tal, captará licitamente toda a conversa. 2. Durante a interceptação das conversas telefônicas, pode a autoridade policial divisar novos fatos, diversos daqueles que ensejaram o pedido de quebra do sigilo. Esses novos fatos, por sua vez, podem envolver terceiros inicialmente não investigados, mas que guardam relação com o sujeito objeto inicial do monitoramento. Fenômeno da serendipidade. 3. Na espécie, os pressupostos exigidos pela lei foram satisfeitos. Tratava-se de investigação de crimes punidos com reclusão, conexos com crimes contra a fauna, punidos com detenção. Além disso, tendo em vista que os crimes de corrupção ativa e passiva não costumam acontecer às escâncaras – em especial tratando-se de delitos cometidos contra a Administração Pública, cujo modus operandi prima pelo apurado esmero nas operações – está satisfeita a imprescindibilidade da medida excepcional. 4. Todas as decisões do Juízo singular autorizando a renovação das escutas telefônicas foram precedidas e alicerçadas em pedidos da Autoridade Policial. O magistrado utilizou-se da técnica de motivação ‘per relationem’, o que basta para afastar a alegação de que a terceira prorrogação do monitoramento telefônico baseou-se apenas em indícios de crime apenado com detenção, pois depreende-se da representação da autoridade policial que os crimes objeto da investigação eram os de corrupção passiva –punido com reclusão – e o descrito no art. 29, § 1º, inciso III, da Lei n.º 9.605/1998. 5. A Lei n.º 9.296/96 é explícita quanto ao prazo de quinze dias, bem assim quanto à renovação. No entanto, segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, essa aparente limitação do prazo para a realização das interceptações telefônicas não constitui óbice à renovação do pedido de monitoramento telefônico por mais de uma vez. Precedentes. 6. No caso, não seria razoável limitar as escutas ao prazo único de trinta dias, pois, a denúncia indica a participação de 10 (dez) réus, e se pauta em um conjunto complexo de relações e de fatos, com a imputação de diversos crimes, dentre os quais a corrupção ativa. Assim, não poderia ser ela viabilizada senão por meio de uma investigação contínua e dilatada a exigir a interceptação ao longo de diversos períodos de quinze dias. Precedentes. 7. ‘Habeas corpus’ denegado.” (HC 144.137/ES, Rel. Min. MARCO AURÉLIO BELLIZZE – grifei)
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
        I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
        II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas;
        III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
        Art. 77.  A competência será determinada pela continência quando:
        I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
        II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. (CPP)

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