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Fichamento da obra:
SOUZA, Laura de Mello e. Violência e práticas culturais no cotidiano de uma expedição contra quilombolas: Minas Gerais, 1769. In: REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos (Org.). Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 193-212.
“Os quilombos em Minas existiram durante todo o século XVIII (...) Tudo indica que eram numerosos no final do primeiro quartel do século, e na década seguinte já se sistematizara a forma de combatê-los, não se passando ano, então, sem registro das investidas armadas contra quilombolas (...) A população aumentava, o ouro ficava escasso e um número crescente de pessoas buscava alternativas de sobrevivência, disputando com os negros fugidos terras mais férteis e afastadas do núcleo minerador, ate então deixadas de lado por causa da febre aurífera (...) Para “alimpar” o interior e dar continuidade ao povoamento de uma frente avançada, houve em 1746 verdadeira guerra contra quilombos na região do alto São Francisco”. (pág.193).
“Após uma luta terrível, que se arrastou por sete horas e na qual se usaram até granadas, o quilombo foi arrasado, e muitos escravos feitos prisioneiros (...) Consta que o próprio governador transferira provisoriamente para São João del Rey a sede administrativa, visando desta forma a ficar mais próximo do campo de operações – o que ilustra bem a ameaça que os quilombos chegaram a representar (...) Os caçadores de quilombolas defendiam suas terras e ainda obtinham outras, novas, mas nem sempre os senhores recuperavam os negros fugidos (...) Sem escravos, não se concediam sesmarias aos requerentes, pois não teriam como comprovar sua capacidade em cultiva-las; apesar disso, os escravos recuperados não eram muitas vezes devolvidos ao dono, passando a servir ao Estado”. (pág. 194 – 195).
“Nos sertões de Minas, reeditava-se, portanto a prática antiquíssima de recompensar com terras o massacre do adversário religioso e cultural, presa dos europeus nas Cruzadas e dos ibéricos na Reconquista da Península (...) O empenho em povoar a fronteira sudoeste da capitania de Minas, portanto, não dizia respeito a uma política regional, devendo ser compreendido no quadro mais amplo do esforço pombalino em povoar a América portuguesa a qualquer preço”. (pág.195).
“Foi justamente essa a parte da capitania onde o confronto de agricultores potenciais e quilombolas se manifestou com maior intensidade, assim como a que hoje mais propriamente se conhece como Triangulo Mineiro”. (pág.196).
“Mas Pamplona não se tornou célebre pelas atividades desbravadoras, nem pela confiança nele depositada por todos os governantes das décadas de 1760, 70 e 80 (...) ele é conhecido antes de tudo, como o terceiro delator da Inconfidência Mineira, precedido no ato vil por duas personagens sinistras, Joaquim Silvério dos Reis e Basílio de Brito Malheiro, também portugueses. Amigo íntimo e vizinho do padre Carlos Correia de Toledo, Pamplona fora por ele convidado a participar do levante, tendo, na ocasião, se ajoelhado e erguido as mãos para o céu, dizendo: “Deus assim o permitirá””. (pág.197).
“Pamplona escapou da condenação. Até o fim da vida, bajulou autoridades e pediu favores incontáveis – nunca em nome da delação, como o fizeram Silvério dos Reis e Brito Malheiros, mas sempre em nome dos serviços prestados como “entrante” dos sertões”. (pág. 198).
“A 18 de agosto de 1769 partia da fazenda do Capote uma formidável expedição chefiada por Inácio Correia Pamplona (...) Com isso, pensava-se descobrir novas zonas auríferas, dar emprego aos desocupados que a decadência da mineração só fazia proliferar nos centros antigos e, o que não era de menor importância, exterminar os quilombos de negros fugidos que teimavam em crescer sobre as ruínas dos anteriores: nada diferente, portanto, das incursões usuais em frentes avançadas de povoamento da capitania”. (pág. 198-199).
“Com seus duzentos e tantos homens, a entrada deliberadamente impositiva de Pamplona consolidava a colonização fronteiriça e, simultaneamente, levava a norma ao espaço ainda desordenado do alto São Francisco; do seu rastro deliberadamente normativo e repressor, contudo, iam se destacando práticas menos óbvias e conscientes, referidas ao universo da cultura num sentido mais restrito e menos antropológico, apesar de igualmente multifacetado”. (pág.203).
“Conforme a expedição ia se afundando pelo interior, começavam os reveses: algumas das colunas enviadas na busca de ouro retornam sem sinal dele, impossibilitando qualquer justificativa plausível para o grande custo do empreendimento”. (pág. 204).
“Dos boatos e referencias vagas ia igualmente surgindo uma geografia mais precisa. O primeiro contato com o quilombo de São Gonçalo foi feito do alto da serra de São Rafael> um lugar perdido na paisagem”. (pág. 205).
“Nomeando sesmarias, morros, serras, rios, córregos, o termo quilombo perpetuou-se na toponímia mineira”. (pág. 206).
“Pamplona certamente nunca foi flor que se cheirasse, e se a complacência dos historiadores o eximiu do comando de massacres de negros e índios – como os caiapós, por ele exterminados com sanha no ano de 1782 - não haverá certamente argumentos que justifiquem seu comportamento vergonhoso na Inconfidência Mineira (...) No centro de Minas, nas regiões auríferas mais antigas e urbanizadas – rio das Mortes, rio das Velhas, Ouro Preto, distrito Diamantino – brotou a melhor floração do Setecentos luso-brasileiro”. (pág. 208).
“Daí talvez o fato de terem os colonos mineiros carregado para as zonas de fronteira – (...) – hábitos sem os quais não podiam mais viver: hábitos de polidez e de civilização que, num aparente paradoxo, conviviam e contrastavam com o seu reverso de crueldade, rudeza e exploração – de homens e do meio natural”. (pág. 209).
Comentários
Em Minas Gerais, no século 18, os negros fugidos, causavam medo tanto na população quanto nas autoridades, e uma forma encontrada para deter esses quilombos que se formavam era de recompensar pela captura dos negros. A população se afasta do núcleo de mineração devido a febre aurífera, e vai em busca de terras mais férteis para se viver, entrando em disputa com os negros. 
Para dar continuidade ao povoamento e acabar com os quilombos, ocorre uma verdadeira guerra em uma região propícia para a agricultura, no alto São Francisco, no ano de 1746, onde de um lado estava o maior quilombo do Ambrósio e do outro o governador José Antônio Freire de Andrada, onde o quilombo saiu devastado. Mas o medo não demorou pra voltar, fazendeiros voltaram a reclamar, juntamente com a população, ressurgindo o quilombo do Ambrósio.
Dessa vez, não se contava só com negros o quilombo, mas com índios também, e a batalha contra este quilombo toma tamanha proporção que o próprio governador transfere a sede administrativa para uma cidade mais próxima do campo de operações. Desta vez o quilombo foi totalmente destruído, com o aproveitamento das terras que foram bem cuidadas pelos que ali viveram refugiados.
Muitos que participaram desses tipos de conflitos recebiam sesmarias como recompensa, ou seja, concessão de terras no Brasil, pelo governo português, aonde logo mais viriam a se tornar agricultores daquelas terras.
Posse de terras e escravos, eram situações complexas e contraditórias, pois, sem escravos, não lhe era concedido sesmarias, por não ter como comprovar a capacidade de cultiva-la. Apesar disso, os escravos recuperados não eram sempre devolvidos para o dono, indo servir o Estado. E ainda, caçar negro fugido, abri as portas para acesso à terras, onde garanti a continuidade dos trabalhos naquela terra e seu povoamento, mas que com as investidas quilombolas, não conseguiam prosperar. Nesse período o receio maior não era que ocorresse revoltas dos quilombolas, ou a possibilidade dos negros assumirem o comando da sociedade, mas sim, de não ter continuidade e sobrevivência as explorações agrícolas nas zonas afastadas.Tanto que em alguns casos, se recuperou atitudes tomadas no passado de se recompensar com terras, quem massacra-se seu adversário religioso e cultural (Europa). A região hoje denominada como Triângulo Mineiro, foi onde se deu o confronto pesado entre agricultores potenciais e quilombolas.
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